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Categoria: Palavra do Presidente

Cardeal Steiner: “Não sabemos a hora em que Ele virá, mas gostaríamos de ficar preparados!”

No Primeiro Domingo do Advento, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que “ingressamos no tempo da vinda do Filho do Homem! Iniciamos o tempo do Advento.” O purpurado disse, se referindo ao tempo que se inicia, que “ele contém duas realidades que nos atraem e despertam: primeiro lugar, vinda do Filho de Deus que manifestou visivelmente na carne, a sua presença, esperada e desejada pelos Patriarcas, a vinda que nos trouxe a salvação. Essa vinda nos faz esperar a manifestação de Jesus na sua glória, o dia do Juízo, quando ele se manifestar no fim dos tempos”, inspirado no  Sermão para o Advento do Senhor de Santo Aelredo de Rievaulx. O filho do homem virá! “Iniciamos o tempo da espera, da expectativa, do nascer da criança de Belém. O tempo que nos é dado como caminho da admiração pelas manifestações de Deus em nossa humanidade. Entramos, novamente, em compasso de espera.” Ele recordou que “a Palavra de Deus a nos anuncia: ‘o Filho do Homem virá’! Ele está por vir, Ele é um Advento. Espera e expectativa; não sabemos a hora em que Ele virá, mas gostaríamos de ficar preparados!” Citando o texto bíblico: “Ficai preparados” e “na hora em que menos pensais”, o arcebispo de Manaus refletiu: “o Filho do Homem virá, porque é um por-vir; é sempre um vir ao encontro. O Senhor veio e se tornou a presença inefável na nossa humanidade e fragilidade. A crença de que o Senhor já chegou, já nos visitou, chegou e fez sua morada em nosso meio, nos dá a disposição de continuarmos nos expondo a esse Senhor que deseja nos visitar mais uma vez. A liturgia celebra a essa visita, visibiliza essa visita. E para que ela possa se tornar audível e visível nós entramos em preparação, exercitamos os nossos olhos, para ver Aquele que nossos olhos não poderiam ver”. Ficai preparados! Segundo o presidente do Regional Norte 1: “Ficai preparados! É o convite do Evangelho deste primeiro domingo do Advento. Estar preparados, permanecer vigilantes, pois pode acontecer que Ele venha, nasça e nós não o vejamos, permanecemos cegos.”  Ele recordou as palavras de Santo Agostinho: “tenho medo que Jesus passe sem me dar conta” (Sermão, 88, 14, 13). Daí que “o Evangelho a nos dizer da necessidade da preparação, da atenção para vermos uma nova presença de Deus em Belém. Às vezes arrastados pelos nossos interesses meramente pessoais, às vezes distraídos por tantas coisas insignificantes, corremos o risco de perder o essencial. Por isso, hoje, o Senhor repete “estai preparados” (Mt 24, 44). Como se dissesse: vigiai, estai atentos, ficar preparados, desejo visitar-vos!” “Vigiar, preparar, é esperar! Estar em vigília! Viver na esperança da vinda transformativa de Deus em nossa humanidade! Como antes de nascer fomos esperados por quem nos amava, assim agora somos esperados pelo Amor que está por nascer em nossa humanidade. Tudo passa, só o amor que nos busca e deseja revelar-se em Belém, não passa. Preparemo-nos!”, disse o arcebispo. Oração para ficar vigilantes Diante disso, o arcebispo questionou: “E como podemos estar preparados, vigilantes?” Sua resposta foi: “Com a oração. Rezar é acender uma luz na noite. A oração desperta da frieza duma vida superficial, ergue o olhar para o alto: um encontro com Deus. A oração permite estarmos na proximidade de Deus; por isso liberta da solidão e devolve esperança. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não podemos viver sem rezar. Perdemos um pouco o sentido da oração, da adoração: permanecer em silêncio diante do Senhor, adorando, reverenciando, auscultando! A oração nos deixa vigilantes e conduz até Belém. Como estar preparados vigilantes? Com a vigilância da caridade que é amor em movimento. Para não cair no sono da indiferença e estarmos na preparação, estar na vigilância do amor, da caridade. A caridade é o coração pulsante do discípulo, da discipula de Jesus. Como não se pode viver sem a pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade. Sentir compaixão, ajudar, cuidar, aproximar-se, servir! Tudo e apenas no amor. É com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor”, inspirado nas palavras de Papa Francisco. Ele recordou que “São Francisco de Assis desejo de ver o nascer de Deus em Belém, reuniu o povo do vilarejo de Greccio e encenou o nascimento de Deus. Ele desejava ver Aquele que nossos olhos não podem ver: a encarnação de Deus, a aproximação de Deus, a singeleza de Deus, o Deus criança.  Ele compreendeu o que o Evangelho nos dizia com “ficai preparados, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”. O Filho do Homem, aquele no colo e nos braços de Maria lhe deu uma alegria incontida, uma admiração poética. Ele compreendeu que a vinda, o nascer de Deus não era coisa do passado, da história, mas encontro cada vez renovado, porque o Filho do Homem era a sua vida. Por isso, ficar preparado era estar todo, por inteiro, à disposição do Filho do Homem. Para ele não existia aquela hora, a melhor hora, a hora decisiva, a hora que não sabemos, o desespero daquela hora. Não saber a hora, é a cada hora, em todas as horas, para além das horas, para quem das horas, meditando, admirando, vivendo, o Deus que se fez Filho do Homem”. A caminho de Belém “Nesse Advento, nos colocamos a caminho de Belém. Uma caminhada de quatro semanas para percorremos com o Povo de Israel os séculos da espera, de súplica, da esperança. É caminhar com Ele, o Deus conosco. Estaremos a caminho de Belém como nesses séculos os homens e a mulheres na confiança da vinda do Salvador. Por isso, o Advento desperta hoje, como no passado, a súplica: ‘Vem Senhor Jesus!’”, disse o cardeal Steiner. Segundo o arcebispo, “a primeira leitura nos serve de alento”, citando o texto bíblico: “Vamos subir ao…
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Cardeal Steiner: “A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”

Na Solenidade de Cristo, Rei do Universo, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia recordando que “concluímos, hoje o Ano Litúrgico. Na conclusão a liturgia de hoje celebra a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. As leituras no despertam para o sentido da Solenidade de hoje”. Unção de Davi NaPrimeira Leitura, ele destacou que “Davi é ungido rei das tribos de Israel (2Sm 5,1-3).O seu reino tornou-se símbolo do reino de paz, de justiça, de liberdade que um dia Deus teria instaurado na terra. E vemos como os Profetas prometeram a chegada de um descendente de Davi, que iria realizar esse sonho, a realização das promessas de um reino livre e libertador. O povo de Israel esperou durante muitos séculos a realização do reino estável e duradouro. Especialmente no tempo de Jesus em que o povo estava dominado pelos romanos, estavam sob o jugo do estrangeiro, esperavam um salvador, um libertador. Um povo que havia recebido a terra prometida, havia conquistado um reino de justiça e liberdade com Davi, agora sob a dominação de estrangeiros. Conhecemos como muitos reis foram traidores da Aliança e levaram o povo à escravidão. Descuidaram, não pastorearam devidamente a promessa, a Aliança de Deus para com os patriarcas, Abraão Isaac, Jacó e sua descendência”. Já na segunda leitura, o cardeal disse que “a Carta de São Paulo aos Colossenses, a nos ensinar porque Jesus se tornou rei, o centro, a possibilidade de realização do existir na nossa humanidade”. Ele citou o texto bíblico: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, porque temos a redenção, o perdão dos pecados. (…) Ele o primogênito de toda a criatura, pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as coisas visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas tem nele a sua consistência. (…) Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.” (Cl 1,12-20) Segundo o arcebispo de Manaus, “Paulo a nos recordar que Jesus é o centro da história, o fundamento de tudo o que existe. Foi Ele que nos devolveu a graça da filiação divina. Ele que nos salvou, nos ofereceu o perdão dos pecados. Os vivos e os mortos estão referidos a Ele. Ele o início e o fim de todas as coisas. Ele reconciliou todo o universo. E tudo na graça da cruz. Assim, Ele é o rei, pois reina, supera, a divisão, a maldade. O que nos impressiona é que esse rei que a tudo dá sentido e tudo deixa ser, é o Crucificado segundo o Evangelho”. Um Reino de serviço, de amor, de entrega “Na celebração de Cristo Rei do universo, o Evangelho a nos dizer que participamos da sua realeza crucificada. Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos, com uma inscrição sobre a cabeça: “Jesus Nazareno, rei dos Judeus”. Rodeado de dois homens que seriam ladrões, insultado, escarnecido pelos soldados. Nada poder, autoridade, realeza terrena. Jesus na cruz, apresenta um Reino de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida; um reino de reconciliação”, ressaltou o presidente do Regional Norte 1 da CNBB. O cardeal Steiner mostrou que “nas palavras dos zombadores, vem a palavra de que Jesus é que salva, ele é o Salvador. A recordação da salvação vem como ironia, agressão para que ele salve a si mesmo. E Jesus não salva a si mesmo, morre crucificado, para salvar a todos. E na dor, no sofrimento, na passagem da morte salva toda a humanidade; nele somos salvos e libertos”. “Reino do amor, da vida veio visibilizado no pedido do homem que como ele está no infortúnio. No suplício da cruz, o bom ladrão reconhece a salvação que é Jesus, o seu reinado”, destacou o arcebispo de Manaus. “Por isso, pede a salvação”, disse ele, citando o texto evangélico: “lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Diante disso, “Jesus o acolhe”, disse, recordando as palavras de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso“. Segundo ele, “a cruz é o Trono, em que se manifesta plenamente a salvação, a realeza de Jesus. Na cruz acontece a reconciliação, o perdão e a vida plena para todos. A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”. Inaugurar o Reino de Deus “A missão de Jesus foi anunciar e inaugurar o Reino de Deus, a salvação. Missão da Igreja, a nossa missão de discípulos missionários, de discípulas missionárias é continuar o anúncio do Reino de Deus e convocar a todos homens e todas as mulheres para construir aqui na terra, esse Reino da benevolência, do consolo, da misericórdia, do acolhimento, da bondade, da fraternidade universal, da salvação”, refletiu o cardeal Steiner. Ele recordou as palavras do Prefácio da solenidade de hoje, “Reino, eterno e universal, é o Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz”. Isso porque “esse é o Reino anunciado por Jesus, e plenificado na cruz, na sua morte e ressurreição”. “Ao nos ensinar a oração do Pai Nosso Jesus nos disse para pedirmos que seu reino venha”, disse, recordando as palavras da oração dos cristãos: “venha nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terá como no céu”. “Venha a nós o vosso Reino!” Nisso ele vê “Jesus a nos convidar a fazer parte desse Reino e a trabalhar para que esse Reino chegue ao coração de todos. Todos possam participar desse…
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Cardeal Steiner: “A Igreja nascida de Jesus é hoje o testemunho vivo da presença de Deus na história”

Na comemoração da Dedicação da Igreja do Latrão, a catedral do bispo de Roma, do Papa, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia recordando que “construída pelo imperador Constantino, no tempo do Papa Silvestre I, foi consagrada no ano 324. Ela é chamada ‘a igreja-mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe’. Mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo, símbolo das igrejas de todo o mundo, unidas ao sucessor de Pedro. No fontal da Basília pode-se ler: ‘Papa Clemente XII, no quinto ano de seu pontificado, dedicou este edifício a Cristo, o Salvador, em homenagem aos Santos João Batista e João Evangelista’. A Igreja do Latrão foi dedicada inicialmente a Cristo Salvador e somente séculos depois é que foi codedicada aos dois outros santos”. A morada de Deus “A Festa da Dedicação da Basílica de Latrão que se celebra no dia 9 de novembro, convida-nos a perceber que a Igreja nascida de Jesus é hoje, no meio do mundo, a ‘morada de Deus’, o testemunho vivo da presença de Deus na história dos homens. Ao celebrarmos a dedicação, a consagração, dessa igreja, renovamos a unidade, a comunhão e a sinodalidade da Igreja Católica. Na celebração de hoje expressamos a nossa comunhão com todas as comunidades em unidade com o Papa Leão XIV”, disse o cardeal Steiner. Segundo ele, “na Festa de hoje, meditemos as leituras que nos remetem para o templo: Igreja templo; nós como templo”. A experiência de Israel Na primeira leitura, ele enfatizou que “o profeta ‘vê’ brotar um rio de águas correntes, vivas. Símbolo de vida, de fecundidade, de abundância, de felicidade, a água tem sua fonte no templo na morda de Deus. Para o Povo marcado pela experiência do deserto, onde a falta água, a ervas são escassas, as frutas não abundantes, água traz vida, o verdor, a frutificação, a vida em abundância; é a experiência da vida, da terra da promessa.  O ‘rio’ de que o profeta fala brota da casa de Deus, a sua água evoca o poder vivificante e fecundante de Deus que, de Jerusalém, se derrama sobre o seu Povo, uma vez que transforma até as águas do mar morto”. “O profeta nos anuncia a sua visão de vida: rio de água viva e abundante que brota do Templo de Deus desce para a região mais desolada e árida do país até o Mar Morto. A água do templo de Deus que desce caudalosa e viva, fecunda a aridez do deserto, a tudo de vida, faz frutificar. As águas fazem nascer o verdor nas margens, fazem crescer árvores de toda a espécie, carregadas de frutos saborosos e levam vida fazendo submergir a morte. Os seus frutos servem de alimento e suas folhas são remédios. As águas fecundam e transformam a vida em todas as partes”, comentou o arcebispo. Continuando com a reflexão, ele ressaltou que “durante os anos sombrios da deportação, nas terras estrangeiras, esta promessa animou os exilados, despertando a esperança. De olhos postos em Jerusalém, no Monte do Templo, os exilados sonhavam de olhos abertos com esse novo templo prometido a partir do qual a vida de Deus voltaria a derramar-se abundantemente sobre toda a terra e em todo o povo. Do templo que renasce a vida, tudo se transforma, tudo é fecundado, e há abundância de bens, de vida e saúde” inspirado em Dehonianos, Festa da Dedicação. Nós somos templo de Deus São Paulo, na segunda leitura, segundo o cardeal, “a nos recordar que nós somos o templo de Deus, somos a casa do Espírito, Deus habita em nós. ‘Vós sois edifício de Deus… Veja cada um como constrói: ninguém pode colocar outro alicerce além do que está posto, que é Jesus Cristo. Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo’ (1Cor 3, 9-17)”. “Somos templos em Cristo! Pela sua morte e ressurreição nos tornamos templos, morada! Fomos atraídos por Cristo, pertencemos à comunidade dos redimidos, dos libertados, dos esperançados. A comunidade que recebe o seu corpo e seu sangue, fonte abundante que conduz sempre à vida.  Fazemos parte de um Corpo do qual Cristo é a cabeça (cf. Rm 12,5; 1 Cor 12,27; Ef 1,22-23), a fonte que tudo transforma e vivifica. Somos templos que podem visibilizar o rosto bondoso e terno de Deus. Na partilha, solidariedade, serviço, reconciliação, consolo, gratuidade, se manifestam as águas que saem do templo e transformam os vales desérticos e secos em fertilidade, verdor, saúde! Fecundam com a justiça, a paz e o amor os desertos existenciais dos homens”, sublinhou o presidente do Regional Norte 1 da CNBB. Lugar de negócio Na passagem do Evangelho, ele destacou que “Jesus encontra os vendedores de bois e ovelhas no templo e os expulsa; convida os vendedores de pomba a retirarem seus animais. Limpa o templo, não deseja que o templo seja um lugar de comércio, de negócios. O templo tornara-se um lugar de compra e venda. O lugar do encontro, da oferta, da oferenda, transformada em negócio, em lucro. A templo de Deus, lugar da doação, do encontro, feito lugar de negociação. O lugar das águas fecundas e abundantes transformado no deserto da compra e venda”. Ele recordou que “Mestre Eckhart comentando a expulsão dos vendilhões do templo ensina”, citando o texto: “Quem eram as pessoas que compravam e vendiam, e quem eram elas? (…) todas elas são pessoas que compram (…) que desejam ser pessoas boas e fazem as suas boas obras como jejuar, dar esmolas e rezar e tudo o mais possível de boas obras (…) para que o Senhor lhes dê algo em troca ou Deus lhes faça alguma coisa que para eles fosse bom: Esses são compradores” (Deutsche Predigten und Traktate). É por isso que “a purificação do templo, a desobstrução do templo, possibilidade ser…
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Cardeal Steiner: o juiz mostra “o desprezo pela justiça, a injustiça para com os pobres e desvalidos”

No 29º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “o Evangelho nos despertar para ‘a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir’. Não se trata de rezar de vez enquanto, quando temos vontade. O convite de Jesus é permanecermos, de estarmos em oração. Em um estado de oração. Um modo de viver ‘de rezar sempre, e nunca desistir’”. A injustiça para com os pobres Em suas palavras, o arcebispo de Manaus disse que “Jesus se refere a um juiz”, recordando que “o livro do Êxodo recomenda que os juízes sejam pessoas tementes a Deus, dignas de fé, imparciais e incorruptíveis (cf. Êx 18,21). Moisés instituiu juízes imparciais e inimigos do suborno, que julgassem segundo a Lei. Assim, as palavras do juiz, diante da pobre viúva, nos espantam”. Segundo o cardeal “aquele que tem a justiça como guia, como orientação de vida afirma: ‘Eu não temo a Deus e não respeito homem algum’. Linguagem que expressa a dureza de coração, a autossuficiência, o desprezo pela justiça, a injustiça para com os pobres e desvalidos, os quase sem ninguém”. O presidente do Regional Norte 1 explicou que “a viúva era, em geral, a mais pobre dos pobres. O juiz no texto usa uma linguagem de quem se julgam acima de todos, intocável e único intérprete da verdade. O Evangelho a nos apresentar uma pessoa que, diante da responsabilidade da justiça colocar-se na distância, na irresponsabilidade da justiça, no desprezo pela viúva, necessitada, desamparada. Sem escrúpulos, sem consideração à Lei, fazia o que queria, é um surdo, um insensível; vive como que a parte da justiça”. Ele citou o texto do Evangelho: “Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: Faz-me justiça contra o meu adversário”. Diante disso, o cardeal Steiner citou as palavras de Papa Francisco em 25 de maio de 2016: “as viúvas, os órfãos e os estrangeiros, eram as pessoas mais frágeis da sociedade. Os direitos assegurados pela Lei podiam ser espezinhados com facilidade, pois eram pessoas sós e indefesas: uma pobre viúva, ali sozinha, ninguém a defendia, podiam ignorá-la, sem lhe fazer justiça. Do mesmo modo também o órfão, o estrangeiro, o migrante: naquela época esta problemática era muito acentuada”. Apenas guiada pela justiça “Ela sem guarida, sem valia, pobre, normalmente perdia até os filhos, uma vez viúva”, enfatizou o cardeal. Segundo ele, “o que nos encanta é a mulher que vive no desamparo, na desvalia, na não escuta, permanecer fiel na busca de receber justiça, ser justiça. A confiança, o destemor, a perseverança, a crença na justiça. Apenas guiada pela justiça permanece dia a dia na sua busca. Injustiçada e lesada em seus direitos, sente-se incapaz de ser ouvida, mas persevera. Sem poder fazer pressão por influências, muito menos dar presentes, sem dar compensação, àquele juiz insensível e descrente, retorna pacientemente, insiste, apresenta-se à presença do juiz. A surdez da justiça foi um confronto de liberdade, busca de encontro de amor e de doação de si mesma. Humilde, perseverante, sem gritos, sem desesperos, continua a apresentar-se ao juiz, guiada pela justiça e necessidade de vida. Como não lhe restava ninguém permaneceu fiel ao desejo de receber o dom da vida na justiça”. Depois de citar o texto do Evangelho: “Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me”, o presidente do Regional Norte 1 destacou que “a perseverança, a ousadia, o comprometimento, desperta o surdo da insensibilidade, se não pela justiça, pela insistência da presença. A perseverança, a insistência, o destemor, foi tal que infundiu temor. O que desperta o homem de sua insensibilidade é o permanecer na busca, de apresentar-se quase cotidianamente, de oferecer as mesmas palavras, a mesma necessidade, sem desfalecer. Havia nela um ânimo e uma disposição que amedrontou o juiz. O apresentar-se na sua viuvez, temperada, fortalecida, acordou o juiz injusto para a justiça, a verdade. A fortaleza, a segurança, a determinação, a constância, fez descer a justiça!” O exercício da justiça é mais que direito De novo partindo do texto bíblico: “Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me”, o cardeal disso que “sentiu-se agredido! Agredido na sua percepção de juiz, no cumprimento do seu dever, na aplicação da Lei, do seu dever de cuidar dos fracos, pequenos, desvalidos, estrangeiros, viúvas e órgãos. A presença da viúva na sua persistência e constância, acorda este homem para o exercício da justiça que é mais que direito”. O arcebispo de Manaus recordou que “Santo Agostinho ensinando a partir da oração nos diz: ‘Será mesmo necessário pedir-te em oração? Ora, quem nos diz: ‘Não useis de vãs repetições’ declara-nos noutro passo: ‘Pedi e recebereis’; e, para que não pensemos que o diz com leveza, acrescenta: ‘Procurai e encontrareis’; e, para que não pensemos que se trata de uma simples maneira de falar, vede como termina: ‘Batei, e vos será aberto’ (Mt 7,7). Ele quer, portanto que, para que possas receber, comeces por pedir, para que possas encontrar, te ponhas a procurar, para que possas entrar, não deixes, enfim, de bater à porta. […] Por que pedir em oração? Por que procurar? Por que bater? Porque cansarmo-nos a pedir, a procurar, a bater, como se estivéssemos a instruir Aquele que tudo sabe já? E lemos inclusive, noutra passagem: ‘Disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer’ (Lc 18,2). […] Pois bem, para esclareceres este mistério, pede em oração, procura e bate à porta! Se Ele cobre com véus este mistério, é porque quer animar-te e levar-te a que procures e encontres tu próprio a explicação. Todos nós, todos, devemos animar-nos a orar’” (Santo Agostinho, Sermão 80). A prece em favor do povo Na primeira leitura, o cardeal Steiner ressaltou que “ouvíamos a prece de Moisés em favor de seu povo, diante da luta desigual, desconfortável, sem possibilidade de vitória. Confiança, determinação, permanência em prece diante de Deus, de abraços estendidos. No…
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Cardeal Steiner: “Jesus é o vinho novo na celebração das Bodas entre Deus e a humanidade”

“Celebramos neste domingo, na Igreja no Brasil, a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil”, disse o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, no início de sua homilia. Segundo ele, “o Evangelho nos ensinava que Jesus iniciou a sua presença de salvação com um sinal. As Bodas de Caná na Galileia foi o primeiro sinal de Jesus realizado, indicando o encontro entre Deus e a nossa humanidade. Os sinais sinalizam, indicam realidades que no dia a dia não percebemos. Sinais despertam para a razão, verdades e grandezas desapercebidas e, no entanto, nos deixam participar da festa, do encontro”. Maria percebe a dificuldade O primeiro sinal, recordou o cardeal, “expressa a celebração do amor de dois recém-casados que se encontram em dificuldade no dia mais importante da vida. No meio da festa falta um elemento essencial, o vinho, e a alegria corre o risco de desaparecer entre os convivas. Maria, a Mãe de Jesus, percebeu a dificuldade e diz a Jesus: ‘Eles não têm mais vinho’. As palavras e o gesto de Nossa Senhora é o sinal da participação e do cuidado dela para com a festa de casamento. Nas palavras de Jesus, Nossa Senhora diz aos serventes: ‘Fazei tudo o que ele vos disser!’” Segundo o cardeal, “o mandato, o mandamento, da transformação, a mudança, a alegre continuidade das bodas, pede serviço, trabalho: encher as talhas com águas. O servir é que transforma o encontro das núpcias em sabor, em degustação da preciosidade do amor. As talhas que guardavam a água para a purificação estavam vazias. Jesus pede que sejam enchidas e transforma a água das talhas em vinho. A festa de casamento, sinal da comunidade humana que não tem mais vinho e, por isso, perdeu a alegria de viver, indicando que a humanidade perdeu a esperança”. “Na transformação da água em vinho vemos que Jesus é o vinho novo na celebração das Bodas entre Deus e a humanidade”, sublinhou o arcebispo de Manaus. Isso porque “Ele é o vinho novo da celebração do amor que concede a alegria do encontro e a esperança do caminho. Sinal de que a purificação exterior, não possibilita a alegria, não devolve a esperança. A Mãe de Jesus percebeu que havia necessidade de um vinho novo, um vinho melhor para experimentar a alegria de conviver, experimentar a esperança. O ‘Fazei o que ele vos disser’, acende a esperança, possibilita a alegria de quem vislumbra a beleza e a ternura da celebração do amor”. Falta-lhes o essencial “Irmãs e irmãos encanta o milagre do Evangelho de hoje!”, disse o cardeal. Segundo ele, “a delicadeza da percepção de Maria, o cuidado de Jesus em encher novamente de água as talhas da purificação, o trabalho generoso dos servos, o servir a água transformada em vinho. Toda narrativa Joanea indicando a transformação da nossa vida, da existência humana. Nossa Senhora participando das núpcias, dos encontros de amor, de nossas vidas, percebendo a falta, a penúria, a necessidade, a quase mendicância da nossa vida, atenta à nossa pobreza, fraqueza, dizendo: ‘Eles não têm mais vinho!’ Como que dizendo: falta-lhes o essencial, falta-lhes o vital, o mais importante, falta o que dê sentido ao encontro, falta o vinho… sem o essencial, sem o vital, não acontece mais a festa, vem a morte, desaparece o encanto de viver, a força de viver. E ela, então, nos repete hoje a palavra: ‘Fazei tudo o que ele voz disser!’” “E nós aceitamos o convite de encher as talhas da purificação. As talhas, a nossa vida, tanta capacidade, com tanto de possibilidade de purificação, de transformação na medida em que caminhamos entre a nossa casa, o nosso coração, e a fonte, Deus fonte de nossas vidas. E depois de pensarmos que fizemos tudo o que deveríamos fazer, talhas cheias, repletas da generosidade de nossa pobreza, transbordantes das possibilidades das nossas deficiências, somos, mais uma vez convidados: ‘Agora tirai e levai ao mestre-sala’. Depois de termos feito tudo o que poderíamos fazer vem o convite da transformação: servir! No servir às necessidades dos que desejam celebrar a bodas da vida que somos purificados, transformados, plenificados”, afirmou o cardeal Steiner. Isso porque “o Evangelho na Bodas de Caná nos revela o amor transformativo de Deus; o amor próximo, terno e compassivo, consolador!”, recordou. A vida do seu povo Na primeira leitura, ele destacou que “Rainha Ester vê as necessidades do povo e vai em socorro. Se apresenta ao rei correndo o risco de morte e implora: ‘A vida do meu povo, eis o meu desejo’! Não pensou em si mesma, mas na vida de seu povo. O rei acolheu o pedido de Ester e salvou o povo. O sinal de Ester é o sinal dos pequenos, dos humilhados, que não temem o poder frente a liberdade do conviver. Ester pôs toda a sua vida a serviço da vida do seu povo. Tornou-se sinal de beleza, de inteligência, da esperança, da libertação do povo”. Na segunda leitura, o arcebispo referiu-se a outro sinal: “apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. Segundo ele, “uma mulher e um dragão, a fragilidade e a pequenez da mulher, que acabara de dar à luz e a força e a violência do dragão, que destrói e persegue. O Apocalipse a indicar a realidade de conflito e perseguição que as primeiras comunidades cristãs da Ásia Menor estavam sofrendo. Os cristãos eram perseguidos, aniquilados, destruídos pelo Império Romano. O dragão é o símbolo desse mal, da força destruidora. A mulher vestida de sol é o sinal de que o mal é vencido. O sinal, Deus gerado menino, não pode ser dominado pelo mal. A Mulher, força das pequenas comunidades, vence a tentação do medo e confia que Deus veio para permanecer junto ao seu povo”. Aparecida, a Mãe atenta O cardeal Steiner relatou que “em 1717,…
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Cardeal Steiner: “Jesus nos pede que percorramos, com coragem e empenho, o caminho da fé”

No vigésimo sétimo domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que “aumenta a fé é a súplica dos discípulos a Jesus. O pedido, a súplica, que nasce depois de ouvirem a parábola do pobre Lázaro que nos foi proclamado no domingo passado e depois de ouvirem o ensinamento do perdão”, citando o texto do Evangelho: “Se pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe”. Os apóstolos pedem a graça da fé Ele sublinhou que “diante das revelações de Jesus que não cabem na compreensão dos apóstolos, eles pedem a graça da fé. A fé que permite ultrapassar o que é incompreensível, impensável; uma fé que acolhe e oferece horizonte extraordinariamente sem limites. Diante da dificuldade em acolher os ensinamentos de Jesus os discípulos são despertados para a necessidade de uma fé mais robusta, mais aberta, que leva à liberdade diante das contradições e cruzes da vida. A fé que supera a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstratas sobre Deus. Fé que é fé, é adesão a Jesus, à sua proposta de vida, à vida do ‘Reino’”. O arcebispo recordou que Santo Ambrósio, nos diz Comentário sobre o Evangelho de Lucas VII, 176-180: “Lembro-me de outra passagem que evoca o grão de mostarda, e onde ele é comparado com a fé; diz o Senhor: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se» (Mt 17,19). […] Se, portanto, o Reino dos Céus é como um grão de mostarda e a fé também é como um grão de mostarda, a fé é seguramente o Reino dos Céus e o Reino dos Céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos Céus. […] Foi por isso que Pedro, que tinha fé, recebeu as chaves do Reino dos Céus: para poder abri-lo aos outros (Mt 16,19). Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma coisa comum e simples; mas, se o trituramos, faz irradiar a sua força. Do mesmo modo, à primeira vista, a fé é simples; mas, tocada pela adversidade, faz irradiar a sua força”. Adesão a Jesus Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos de Brasil: “a adesão a Jesus e ao seu modo de viver, ao seu Reino, é um caminho incômodo, às vezes difícil, pois é um caminho na fragilidade, nas incertezas, na nossa finitude. Um estar a caminho que devagar vai abrindo horizontes, iluminando as incompreensões, os não saberes, possibilitando novas relações e uma percepção sempre mais profunda e real da vida com Deus”. “Nesse caminhar na fé existe um exercício de abandono. Um abandonar-se na fé, abandonar que é próprio da fé ‘é a máxima ousadia do homem’!”, disse citando Karl Rahner. Isso porque “uma partícula ínfima do cosmos se atreve a relacionar-se com a ‘totalidade incompreensível e fundante do universo” e, além disso, o faz confiando absolutamente com seu poder e em seu amor. Perceber a audácia inaudita que implicada atrever-nos a confiar no mistério de Deus’”, disse seguindo José Antônio Pagola, no “Caminho aberto por Jesus, S. Lucas”. Confiar incondicionalmente no Mistério Em palavras do arcebispo de Manaus, “a mensagem central e original de Jesus consiste precisamente em convidar a cada um de nós a confiar incondicionalmente no Mistério insondável que está na origem de tudo. A confiança que ressoa no anúncio: Não tenhas medo, confiai em Deus, chamai-o de Abbá, pai querido, papai. Ele cuida de vós, até os cabelos de vossa cabeça estão contados. Tende fé em Deus. Não vos preocupes.” Ele recordou o texto de Lucas 12,22-28: “Não fiqueis preocupados quanto a vossa vida, pelo que haveis de comer, nem, quanto aos vosso corpo, pelo que haveis de vestir. A vida vale mais quem o alimento, e o corpo mais que o vestuário. Observai os pássaros não semeiam, nem colhem, não tem dispensa, nem celeiro, e Deus os alimenta. Vós valeis mais que os pássaros do céu. Observai os lírios do campo, como crescem. Não trabalham, nem fiam, no entanto, eu vos digo que nem Salomão em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora se Deus veste assim a erva do campo que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, quanto mais a vós fracos na fé.” O cardeal prosseguiu: “Sim, a fé como confiança, como experimentar o cuidado de Deus para conosco”. O arcebispo referiu-se “à confiança proclamada pelo profeta na primeira leitura. Uma confiança que se torna em determinadas situações um clamor, um confronto: Senhor, até quando clamarei, sem me atenderdes, sem me socorres? Destruição e prepotência estão à minha frente; reina a discussão, surge a discórdia”. Ele considera que “as palavras tão atuais, ressoam os nossos dias, a nossas aflições, e e desilusões. E, no entanto, Habacuc a nos despertar para uma confiança: ‘se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. (…) o justo viverá por sua fé’ (Hab 1,3; 2,3-4)”. Igualmente, ele recordou as palavras de Paulo a Timóteo que nos ilumina ao ensinar: “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Usa um compêndio de palavras sadias que de mim ouviste em matéria de fé e de amor em Cristo Jesus. Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1,6;8.13-14). É a fé que tem a nós “O Espírito Santo que nos concede o dom da fé, nos concede a gentileza que percebermos que na dinâmica da fé nós não temos fé, é a fé que tem a nós. Mesmo a possibilidade, a disposição de nos abrimos à fé, é doação da fé. A fé é simples: una, inteiriça, coerente. Simples não quer dizer nem…
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Cardeal Steiner: “O abismo que se abre na parábola entre os dois modos de viver”

No 26ºDomingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua reflexão afirmando que “o Evangelho a nos apresentar duas pessoas e nelas dois modos de vida, de viver. Um pobre, desvalido, esquecido, maltrapilho, faminto; existencialmente no chão, como que sem chão. Não sabemos como sobrevivia, pois nem migalhas lhe eram permitidas. Temos diante dos olhos um homem, sem valia, desprotegido, apenas protegido e cuidado pelos cães. Um rejeitado da vida, sem eira nem beira”. Olhos fechados para o outro Segundo o arcebispo, “ousaríamos dizer como o profeta Isaías: ‘Não tinha aparência nem beleza para que o olhássemos, nem formosura que nos atraísse. Foi desprezado, como o último dos homens, homem de dores, experimentado no sofrimento e quase escondíamos o rosto diante dele; desprezado, não lhe demos nenhuma importância.’ (Is 53,2-3). Nossos olhos conseguem vê-lo na fome, na miséria, no desprezo, mas se fecham quando vemos suas feridas sendo lambidas pelos cães”. “A deshumanidade nos aterroriza, nos ataca, pode nos tornar insensíveis; ela nos machuca, nos faz sofrer. O afastado e desprezado nos leva a quase descompaixão. E, no entanto, este homem tem um nome: Lázaro. Lázaro que é a expressão de ‘Deus ajuda’, ‘Deus é meu auxílio’. Talvez até possa nascer em nós o desejo de uma prece: Deus vinde em seu auxílio, Deus seja o seu auxílio. E somos conduzidos em nosso olhar meditativo e contemplativo para a morte que conduz à vida: “Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão”. Da miséria à vida, ao seio, à vida abraâmica, à descendência de Deus. Um abismo, encontro no desencontro”, disse o cardeal Steiner. Uma narrativa que nos incomoda Em suas palavras, ele mostrou que “quase nos incomoda a narrativa de Lucas ao contemplar o desprezado e esquecido sendo conduzido à vida da Trindade. Aquele estranhamento de uma vida, não-vida, uma vida não vivida e que se torna vida eterna. Será necessário passar pela não-vida, para entrar na vida eterna?” O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), recordou as palavras de Santo Agostinho no Sermão 24,3: “Não foi a pobreza que conduziu Lázaro ao céu, mas a sua humildade. Nem foram as riquezas que impediram o rico de entrar no descanso eterno, mas o seu egoísmo e a sua infidelidade”. “O outro modo de vida apresentado pelo Evangelho é de uma pessoa que vive vestido com roupas finas e elegantes. Um estilo de vida que circula entorno de si mesmo, no descuido de si. No seu aparecer, na sua aparência tem luxo e elegância falsa. No seu conviver é de festa, prazer diário. Todos os dias no esplendor e no vagar existencial sem relações, sem envolvimento, sem comprometimento. Já não enxerga mais a entrada de sua vida e viver, perdeu o ingresso, a porta do convívio, perdeu os olhos para além de si mesmo. Os convivas são apenas a possibilidade da veste de si mesmo. Existe ele e mais ninguém”, refletiu o arcebispo de Manaus. Diante disso, o cardeal Steiner sublinhou que “a vida é dom! Ele, no entanto, acaba desprezando a sua vida. Não sabe assumir como dom. Quando dom, está a serviço dos outros, principalmente dos necessitados, dos pobres, que estão à porta do existir. Fechou sua vida à solidariedade, à comunhão, impedindo satisfazer as necessidades mais profundas de sua humanidade: cuidar, partilhar. É apenas desencontro!” Confundir utilidade com felicidade Ele recordou as palavras de Papa Francisco à Pontifícia Academia das Ciências Sociais: “Hoje estamos diante de um paradigma dominante, amplamente difundido pelo ‘pensamento único’, que confunde utilidade com felicidade, divertir-se com o viver bem, e afirma ser o único critério válido para o discernimento. Esta é uma forma sutil de colonialismo ideológico. Trata-se de impor a ideologia de que a felicidade consiste apenas no que é útil, nas coisas e posses, na abundância de coisas, na fama e no dinheiro.” Isso mostra “o sabor do dom da vida que se esvai. Perde o gosto de viver, da solidariedade, do amar sem porque, da gratuidade da porta aberta, do encontro com os necessitados”. O cardeal, seguindo as palavras do profeta Amós na primeira leitura, disse que “fazem ressoar a vida que se perde, se esvazia, se esvai e que acaba desterrada: ‘Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria! Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado; os que bebem vinho em taças e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José’ (Am 6,4-7)”. Palavras do profeta que o levaram a afirmar: “insensível, viver um mundo à parte, descuidado com a mundo que o rodeia, desligado da graça de pertença à tribo de José. Vida que flutua, desenraizado, sem fonte que satisfaça a sede de viver. Vida destruída, sorvida por si mesma, tomada pelo vazio do viver. Traição!” O abismo do mim mesmo “O abismo que se abre na parábola entre os dois modos de viver e que se fecha ao encontro é a inércia, o esquecimento, a indiferença diante daquele que está à porta. O abismo está na indiferença que às vezes atinge a cada um de nós quando somos indiferentes, nos habituamos a ver pessoas famintas, deserdadas e descartadas, somos indiferentes diante da pobreza, da violência, da injustiça. O abismo que vai se formando quando os olhos deixaram de alcançar a porta e quem está à porta, para além da porta do existir. E perdemos a sensibilidade para as chagas que hoje afligem a tantas pessoas”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele citou as palavras de São Jerônimo: “Oh! Quão infeliz és tu entre os homens! Vês um membro do teu corpo prostrado diante da porta e não tens compaixão! Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?”. Partindo disso, ele afirmou que “o abismo entre os dois modos de viver podem nos atingir, quando perdemos a…
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Cardeal Steiner: “Reconhecendo nossas murmurações e desacertos somos salvos”

“No Ano santo da redenção o Evangelho nos apresenta na liturgia de hoje a salvação que vem da cruz! A Igreja celebra hoje Exaltação da Santa Cruz”, disse o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Steiner. Elevado para ter vida eterna Ele mostrou que “Jesus no Evangelho dirige nossos olhos para o Filho do Homem elevado na cruz: ‘Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna’”. Na primeira leitura, destacou o cardeal, “vimos com o povo murmurava contra Deus e contra Moisés. Então ‘O Senhor enviou serpentes ardentes entre o povo. Elas morderam as pessoas e um grande número de israelitas morreu’ (Nm 21, 4-9). As serpentes da murmuração eram muitas e mortais. Foi necessário levantar a serpente da murmuração sobre uma cruz, torná-la visível, para que o povo visse o pecado da murmuração. Ao ver o pecado da murmuração na serpente erguida os Israelitas percebessem o seu pecado e fossem salvos. Por isso, Deus ordenou a Moisés: ‘Faz para ti uma serpente ardente e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido, olhando para ela, será salvo’”. O arcebispo de Manaus disse que “Deus não faz morrer as serpentes, poupa-as. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida. A serpente foi elevada para obter a salvação. Jesus foi elevado na Cruz, para que pudéssemos perceber a nossa fraqueza e pecado em contemplando o amor gratuito que dela pende e sejamos salvas. Nele pendente vemos os pecados da murmuração venosa que pode nos matar. Reconhecendo nossas murmurações e desacertos somos salvos. Como lemos em outro passo do Evangelho: ‘Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou’ (João 8,28). Ele o libertador, o salvador, o que redime!” Jesus tomou a morte e pregou-a na cruz No ensinar de Santo Agostinho, recordou o presidente do Regional Norte 1, “poderíamos dizer que Jesus tomou a morte e pregou-a na cruz. Com a morte levantada e pregada na cruz fomos salvos e libertos; libertos da morte. Jesus no Evangelho recorda o que aconteceu no passado de forma simbólica: “Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3,14-15). Mistério profundo!, nos diz Santo Agostinho”. Ele perguntava, disse citando Santo Agostinho no Sermão sobre o evangelho de João, 12: “O que representam as serpentes que mordem? Representam os pecados que provêm da mortalidade da carne. E o que é a serpente que foi elevada? É a morte do Senhor na cruz. Com efeito, como a morte veio pela serpente (Gn 3), foi simbolizada pela efígie de uma serpente. A mordedura da serpente produz a morte; a morte do Senhor dá a vida. O que significa isto? Que, para que a morte deixe de ter poder, temos de olhar para a morte. Mas para a morte de quem? Para a morte da Vida – se é que se pode falar da morte da Vida; e, como se pode, a expressão é maravilhosa. Hesitarei em referir o que o Senhor se dignou fazer por mim? Pois Cristo não é a Vida? E, contudo, Cristo foi crucificado. Cristo não é a Vida? E, contudo, Cristo morreu. Na morte de Cristo, a morte encontrou a morte. […] a plenitude da vida engoliu a morte, a morte foi aniquilada no corpo de Cristo. É isto que diremos à ressurreição quando cantarmos triunfantes: ‘Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?’ (1Cor 15,55)”. A morte não tem poder Segundo o arcebispo, “no Ano Santo da Redenção vislumbramos que a morte foi tragada pela vida; que a morte não tem poder, pois na cruz a vida venceu! Somos hoje convidados a olhar para a cruz como salvação, pois nela pende a vida, Cristo Jesus”. Ele enfatizou que “foi na cruz que se manifestou em plenitude o amor, como nos foi proclamado: ‘Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.’” O cardeal questionou: “E como nos salvou?” Ele disse que “São Paulo, nos ensinava na carta aos Filipenses que Jesus se esvaziou a si mesmo, assumindo a condição humana de escravo e tornando-se igual aos homens… humilhou-se a si mesmo, fazendo obediente até a morte, e morte de cruz.  Humilhou-se, aniquilou-se, fez-se morte, quase ousaríamos dizer ‘pecado’, para que fossemos salvos. Sim, irmãos e irmãs, amor maior não poderíamos merecer. Talvez por isso, São Paulo usou uma expressão fortíssima: ‘Fez-se pecado’. Poderíamos usar o símbolo bíblico do Evangelho: ‘Fez-se serpente’. Como afirmava Papa Francisco: O Filho do homem, como uma serpente, ‘que se fez pecado’, foi elevado para nos salvar”. A serpente alerta para a salvação no deserto “A serpente alerta para a salvação no deserto, no desconforto, na precisão, no conflito que gerou a murmuração, o afastamento da aliança, foi elevada e quem a olhava, ficava curada. Curado, pois viu na serpente a miséria da murmuração, do afastamento de Deus. Para nós esta salvação, não foi realizada com a varinha mágica por um deus que faz coisas; mas com o sofrimento do Filho do homem, com o sofrimento de Jesus Cristo. Um sofrimento tão grande que levou Jesus a pedir ao Pai: ‘Pai, se for possível afasta de mim este cálice’. Na angústia acompanhada pela entrega máxima: ‘Nas tuas mãos entrego o meu espírito’”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele recordou as palavras de Papa Francisco comentando esta passagem: “assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim…
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Cardeal Steiner: “ser discípulo de Jesus é aprender, é uma busca”

No 23º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), iniciou sua homilia citando o texto do evangelho do dia: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” Em suas palavras, ele insistiu em “ser discípulo, discípula de Jesus. caminhar com Jesus, seguir Jesus, com a cruz. Ser discípulos missionários, discípulas missionárias seguindo Jesus, também no carregar a cruz!” Aquele que aprende com Jesus “Discípulo aquele, aquela que aprende com Jesus, vai vendo os seus gestos, ouvindo as palavras, percebe como ele reza. Em vendo e ouvindo, vai se tornando sempre mais discípulo, vai se assemelhando a ele, no seu modo de ser e agir”, explicitou o arcebispo. Segundo ele, “ser discípulo de Jesus é aprender, é uma busca.  Busca aprender, saber, ver o que é, como é, como fazer; experimentar, caminhar. No caminhar, compreender em coerência com o empenho que assumimos em obediência àquele que seguimos: Jesus Cristo. A nossa busca não é outra coisa que o encontro com Jesus Cristo, corpo a corpo participação no seu modo de ser, identificação do nosso modo de ser com a sua vida, com a sua pessoa e com o seu Evangelho”. O cardeal Steiner disse, inspirado em John Vaughn, que “essa realidade do encontro introduz no aprender do discípulo uma seriedade existencial de empenho que poderemos denominar ‘mortal’, isto é: decisão de vida e morte, pois ‘aprender’ de Jesus é um concreto segui-lo para onde quer que ele vá; se for o caso, até a morte. Assim, aprender é bem mais que aprender lições: é seguir, sem hesitar, sem reservas e sem pôr condições”. Viver ao modo de Jesus “Não seria essa atitude, esse modo de viver a Jesus, de segui-lo que vem dito no Evangelho de hoje”, afirmou o cardeal, que citou o evangelho: “Quem não carrega sua cruz e não caminho atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Segundo ele, “esse modo de viver que vai fazendo de todos os momentos, dores, alegria, mortes, a possibilidade de ser como Jesus é: até a cruz. Isto é, as tensões, os dissabores, as incompreensões que nos levam à encruzilhada da vida, como possibilidade de viver ao modo de Jesus. Todas encruzilhadas que nos levam a decisão, de ter que tomar uma direção, de permanecer na tensão até perceber a abertura que existe, o novo caminho a ser trilhado”. “Sim, a cruz é sempre uma tensão, mas uma tensão criativa. Assumi-la, colocá-la sobre os ombros, ou como nos propunha o evangelho: carregar a cruz. No seguimento de Jesus estamos sempre na disponibilidade de tomarmos as tensões existenciais, de convivência, mesmo as dúvidas da fé, como possibilidade que transforma. A cruz como transformação, como foi para Jesus”, sublinhou o arcebispo de Manaus. Ele citou as palavras de Santo Hilário: “Devemos, pois, seguir ao Senhor, tomando a cruz de sua paixão se não na realidade, ao menos com a vontade”. Tome sua cruz Igualmente, mencionou Santo Agostinho, que se pergunta e responde:“O que significa: tome sua cruz? Que saiba suportar o que é doloroso e, desta maneira, siga-me. Porque quando um homem começar a me seguir comportando-se segundo meus preceitos, encontrará muitos que lhe contradirão, muitos que se oporão a ele, e muitas coisas para desanimá-lo. E tudo isso de parte dos que pretendem ser companheiros de Cristo. Também caminhavam com Cristo os que impediam os cegos de gritarem (Mt 20,31). Se você quer seguir a Cristo, tudo se converte em cruz, sejam as ameaças, as adulações ou proibições. Resista, suporta, não se deixe abater.” “No sofrer com Ele, sofrer por Ele e Dele aprendemos as virtudes que ele nos propõe nos seus gestos e palavras:  fraternidade, a filiação divina, a irmandade, o Reino de Deus.  Porque seguir a Cristo consiste em ser ciumento pela virtude e sofrer tudo por Ele”, disse inspirado em São João Crisóstomo. “Carregar a cruz como Jesus que fez a vontade do Pai até a morte e morte de cruz. Fazer a vontade do Pai é algo particularmente exigente e delicado, uma vez que é possível confundir com a vontade do Pai as nossas habilidades, escolhas e desejos. Por isso, a necessidade de toda a vida aprender esse modo ‘sui generis’ aquilo que precisamente denominarmos seguimento. Fazer a vontade do Pai é viver o radicalismo evangélico com aquela atitude de Francisco, quando escutou o Evangelho do ‘discurso Missionário’: ‘é isso que eu quero, isso que procuro, é isso que desejo fazer de todo coração’ (1Cl 22)”, disse o cardeal Steiner. Liberdade e gratuidade Em palavras do presidente do Regional Norte 1, “fazer não significa simples execução de qualquer coisa; também não significa simplesmente uma ordem, um desejo. Fazer a vontade do Pai contém todo o dinamismo da liberdade e da gratuidade de Deus, a saber: é designo de amor do Pai de Cristo Jesus. Fazer a vontade do Pai é deixar-se tomar desta força criadora que enche o universo, que cria novos céus e nova terra, que envia o sol e a chuva sobre justos e injustos. que limpa os vales das sombras de morte com o sopro vivificante da ressurreição, que desce até aos abismos e sobe até aos céus, que cuida dos pássaros do céu e das flores do campo, que derruba os poderosos dos tronos e eleva os humildes. Em uma palavra, fazer a vontade do Pai é ser perfeito como é perfeito o nosso Pai celeste (Mt 5,48)”. A partir do texto evangélico: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me”, ele disse que “parece duro e penoso, diz santo Agostinho. Mas não é nem duro nem penoso, porque quem manda é o mesmo que nos ajuda a realizar o que nos manda. Porque se for verdade a palavra do salmo “conforme as palavras dos vossos lábios, segui os caminhos da lei” (Sal 16,4), também é uma palavra verdadeira a…
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Cardeal Steiner: “Na casa vemos a caridade de Maria”

No dia em que a Igreja celebra “uma das festividades mais importantes dedicadas à bem-aventurada Virgem Maria: a solenidade da sua Assunção”, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “a Mãe de Jesus é elevada ao Céu, à glória da vida eterna, está na plena comunhão com Deus”. Libertação definitiva do mistério da morte Segundo o arcebispo, “a vida de Maria, toda a sua existência, foi uma expressão da grandeza do amor da Trindade, por isso, a sua vida e sua morte celebram o mistério amoroso do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E porque toda manifestação amorosa da Trindade veio manifestada na mulher Maria ao dar à luz a Jesus, celebramos nesta liturgia a sua libertação definitiva do mistério da morte”. O cardeal Steiner recordou que “São Lucas nos fez ver e proclamar a presteza com que Maria deixa a própria casa e subindo as montanhas entra na casa de Isabel. Na casa vemos a caridade de Maria, a agitação de João no ventre materno; vemos e ouvimos o grito de alegria de Isabel, venerando a presença do Filho de Deus no ventre materno; ouvimos a exultação e louvação da Mãe de Deus pelo reconhecimento da presença do Filho Unigênito de Deus como fruto de seu ventre. E ‘Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa’. Na Ladainha a invocamos como Casa de Ouro!” “A casa!”, exclamou o presidente do Regional Norte 1 da CNBB, sublinhando que “gostamos de estar em casa, de voltar para casa. Saímos, viajamos, mas nos sentimos em casa, na nossa casa. Gostaríamos de sentir-nos sempre em casa como na nossa casa. Tentamos viver o Evangelho, como se estivéssemos por tudo em casa. Não suportamos viver sem uma referência, sem um porto, sem lugar. Nosso coração deseja estar em casa em algum lugar. Não suportaríamos viver sem sonhos, sem um lugar onde repousar e retomar as buscas”. Sempre em casa Nessa perspectiva, ele disse que “Maria sai da sua casa, entra na casa de sua prima Isabel e do mudo Zacarias, permaneceu na casa por três meses e volta para casa. Maria que sai da casa, entra na casa, permanece na casa e volta para casa. Muitas vezes deixará a casa! Já deixara a casa paterna para entrar na casa de José. Deixando a casa de Nazaré entra na casa-estábulo em Belém; de Belém entra na casa estrangeira no Egito; da casa do Egito entra na casa de Nazaré; de Nazaré entra na casa de João o discípulo amado; e da casa de João em quantas casas não terá entrado essa mulher e mãe no peregrinar com João? Parece sempre estar saindo de casa, entrando em casa e permanecendo na casa por três meses, três dias, três anos… Mas sempre em casa!” “E de casa em casa, saindo de casa, entrando na casa, permanecendo em casa, voltando para casa, ela sempre parece estar em casa. Ela fará de estábulo a sua casa. Nessa casa-estábulo dá à luz ao seu Filho único. No acolhimento da situação, da geração, ali agora, é a casa e ela está ali toda inteira de corpo e alma. Está em casa e recebe os pastores e os anjos. A casa-estábulo onde os pastores e os anjos se sentem em casa. Eles da casa-estábulo voltam para os céus e para os campos; uns cantando e outros cheios de alegria louvando a Deus. O recém-nascido a faz estar em casa”, afirmou o cardeal Steiner. “E quando tiver que abandonar a casa de Nazaré para acompanhar o Filho no caminho da Cruz e da morte habitará a casa da dor e da solidão. A casa da dor no caminho do calvário e aos pés da cruz. Nada mais existe somente a dor, a perda, o sofrer. A dor é sua casa e ela a habita e nela está de corpo e alma. A casa da solidão ao tomar em seus braços o seu filho único descido da cruz, despido, silenciado, sem respiro, sem vida. A vida de sua vida, a vida que lhe dera a vida e era a razão de sua vida, agora sem vida nos seus braços. Ela habita a casa da solidão e nela está de corpo e alma. Por que dizemos que habita a casa da dor e da solidão de corpo e alma? Nenhum desespero, nenhum fim, nenhum sem sentido, mas repetição silenciosa”, refletiu o arcebispo de Manaus, que citou o texto bíblico: “faça-se em mim segundo a tua palavra”. Maria sempre em casa Isso porque “Maria sempre está em casa em toda à parte. Cada parte é a sua casa; cada lugar é sua casa; em cada situação ela está em casa. Por tudo está em casa e habita sempre a mesma casa em todas as casas. Também na dor, na solidão; sem casa está ela sem casa. Ela está em casa de corpo e alma”, afirmou o cardeal. O arcebispo definiu Maria como “Mãe-mulher habitação de Deus, morada de Deus, a casa de Deus, na concepção; ela, mãe feita habitação de Deus ao dar à luz torna o mundo dos homens a habitação e a casa de Deus. Ela sabia que em tudo, por tudo, sempre, em todas as situações e lugares habitava sempre a mesma casa: Deus, o amor da Trindade. Como Deus desejoso de habitar e estar por tudo na casa dos homens, era ela desejo de deixar-se habitar, toda inteira pelo amor da Trindade. Hoje celebramos o habitar de Maria na Casa da Trindade Santa: Assunta aos Céu!” Ser uma Igreja que serve Diante disso, ele mostrou que “somos convidados, convidadas a estar a caminho com Maria e ser a habitação, a morada, na soltura, na liberdade e na receptividade transformante. Ser casa do aconchego, do cuidado, da misericórdia, morada, casa de Deus. “A nossa revolução passa pela ternura, dizia papa Francisco, pela alegria que sempre se faz…
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