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52ª Assembleia Regional Norte 1: Procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal

52ª Assembleia Regional Norte 1: Procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal

As Diretrizes da Ação Evangelizadora marcam a vida pastoral da Igreja do Brasil, também no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1). Elas são iluminadoras para a caminhada da Igreja, e que ajudam para poder afirmar que “Jesus Cristo é anunciado com clareza em nossa região”, segundo disse o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima.

O horizonte do Reino de Deus

A Igreja do Regional Norte 1 tem feito um chamado á conversão, a descobrir os sinais de sinodalidade, a entender que as assembleias são momentos que tratam não só como a Igreja se organiza, senão como a Igreja é. Daí a insistência em que “estamos trabalhando nossa identidade”, disse dom Zenildo, procurando que “não fique longe da nossa perspectiva o horizonte do Reino de Deus”, recordando as palavras do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, cardeal Leonardo Steiner.

A evangelização da Igreja no Brasil e as diretrizes não podem esquecer que o mundo é cada vez mais urbano, uma realidade presente no Brasil e na Amazônia. Junto com isso, o “ethos religioso brasileiro”, marcado hoje pela pluralidade de religiões, de caráter individual, mutante e palpável. Algo que provoca um descompasso entre o querer da Igreja no que faz referência à evangelização e os caminhos que está tomando a sociedade, com uma Igreja que tem uma incidência cada vez menor na vida cotidiana. Diante disso missão, comunidade e iniciação cristã aparecem como elementos que não podem ser ignorados.

Iniciação à Vida Cristã, comunidades de discípulos missionários, liturgia e piedade popular, cuidar das fragilidades das pessoas e da casa comum, aparecem como elementos presentes nas novas Diretrizes que estão sendo elaboradas. Tudo isso em uma sociedade marcada pela indiferença, migração e crise humanista, a manipulação das ideias e informações, o cansaço, a crise política e o novo cenário religioso.

Elementos que marcam a caminhada

No Regional Norte 1, nas igrejas locais e as pastorais, existem elementos que marcam a caminhada: o anúncio querigmático, a centralidade da Palavra de Deus, a Iniciação à Vida Cristã, o seguimento de Jesus Cristo, a família, o diálogo com as novas expressões religiosas, a missão, a ecologia integral, a avaliação dos processos e o fundo para a Evangelização.

Diante disso o grande desafio é procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal, para evangelizar sinodalmente. Uma dinâmica que deve partir das situações e realidades que estão nos chamando a atenção, mas também das propostas que aparecem no Instrumento de Trabalho das Diretrizes: Iniciação à Vida Cristã, comunidades de discípulos missionários, liturgia e piedade popular e cuidar das fragilidades. Se busca assumir coletivamente como Regional Norte 1 as causas comuns que devem marcar o caminho evangelizador.

Existem situações que levam à reflexão na Igreja do Regional Norte 1. Dentre outras, foi destacada a realidade política, as redes sociais e a internet como espaço em disputa e como instrumento de manipulação, gerando uma espiritualidade de guerra e de combate aos outros. Junto com isso, o impacto das facções, do garimpo, da pirataria, das guerras urbanas, do narcotráfico no território e nas pessoas.

Uma realidade eclesial marcada pelo individualismo, a fragilidade da identidade católica, a falta de pertença e de inserção eclesial, a preocupação com a vida comunitária, lugar privilegiado para a vivência da fé e da formação para o discipulado missionário. Igualmente foi destacada a mobilidade religiosa, o avanço de grupos evangélicos neopentecostais de modo sistemático e organizado, a espiritualidade marcada pela teologia da prosperidade e do domínio, realidades que interpelam a evangelização sinodal.

Caminhos de evangelização

O Documento de Aparecida fala sobre a diferença do olhar do discípulo missionário, marcado pelo amor e o comprometimento, em vista de um processo de redenção de Deus, sempre muito amoroso. Daí surgem os caminhos de evangelização, com alguns elementos destacados: a Palavra de Deus, no estudo, na celebração, nos círculos bíblicos; a Iniciação à Vida Cristã como formação para o discipulado; as comunidades, lugar de evangelização, de formação do sujeito e da promoção da vida plena, de preocupação com a ecologia integral; a identidade missionária, caminho e fundamento da evangelização sinodal; a atenção aos jovens; a opção pelos pobres, como cabeçalho do comprometimento.

Os elementos que não podem ser ignorados nas Diretrizes a serem construídas partem do binômio eclesialidade-sinodalidade, que leve a recolocar as estruturas em chave de sinodalidade, com um instrumento metodológico de avaliação das iniciativas evangelizadoras. Uma dinâmica que deve ter em conta a realidade atual deve marcar as propostas evangelizadoras em vista do cuidado da vida plena.

Comunidade, formação, sinodalidade

Reafirmar a comunidade” deve ser sempre o propósito na Igreja católica, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1. Algo que deve ser feito, “pessoa a pessoa, não virtual”, em uma sociedade em que diante do avança da tecnologia e da Inteligência Artificial, “as relações não estão mais sendo construídas, mesmo familiarmente”, sublinha o cardeal. Ele destaca “a questão das relações da comunidade, das relações interpessoais, cada vez mais se exige um cultivo”.

Igualmente, o presidente do Regional Norte 1 ressalta a questão da formação para todos, um elemento destacado no Sínodo da Sinodalidade e na reflexão da 52ª Assembleia Regional Norte 1. Uma formação “para poder darmos as razões da nossa fé”, e que deve ser oferecida às comunidades. Junto com isso a eclesialidade sinodal, um caminho feito no Regional Norte 1, mas que deve ser aprofundado. Refletindo sobre a avaliação, o cardeal Steiner afirma que “nós poderíamos avaliar as nossas ações, nossos projetos, mas é tão difícil, quase impossível, avaliar a fé, até que ponto nós cremos”. Nesse sentido, ele disse ter a impressão de que “a fé é que nos tem, não que nós temos fé”, que “nós fomos despertados para a fé”, que “a experiência da fé é algo extraordinário que não se consegue mensurar”.

Junto com isso ele vê a necessidade de abordar a questão da ideologização da fé, “que não é mais fé, é uma ideologia”. O cardeal falou dessa “espécie de segurança que se busca hoje em determinados dogmatismos, em determinadas ideias e se ache que por isso tenha fé, mas quando chega o momento da cruz e da morte não se sabe onde se apegam.” Sobre a questão da Palavra, dos círculos bíblicos, da ligação na Liturgia entre a Palavra e as expressões religiosas, as expressões de reza que se tem, um aspecto que necessita avançar. Se trata de que “no momento da celebração da Palavra que a comunidade possa expressar as suas espiritualidades, as suas rezas, que às vezes são tradições de gerações e que nós não damos importância no momento celebrativo”.   

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