A diocese
de São Gabriel da Cachoeira iniciou com uma celebração carregada de simbolismo
sua 37ª Assembleia Diocesana, que tem como tema “Na Tua Palavra, cheios de
esperança, lançaremos as redes do Evangelho” acontece de 14 a 17 de novembro de
2024, com representantes das 11 paróquias da diocese. Uma assembleia que
segundo o bispo local, dom Raimundo Vanthuy Neto, passará a se chamar, após ser
proposto aos participantes, de Assembleia Sinodal da Igreja do Rio Negro.
A celebração
de abertura foi marcada por três grandes momentos: na praia foi lembrado e
feito a memória dos primeiros missionários, que chegaram ao Rio Negro, foram
acolhidos pelos povos indígenas e experimentaram a oferecer a luz da fé,
marcada pelos limites, pelos acertos, mas também pelos erros, iniciando uma
procissão, à luz das velas, conduzidos pelo Cirio Pascal, onde foi pedido perdão
pelas falhas no caminho da evangelização, e a luz do Espírito Santo.
No segundo
momento, dentro da Catedral, foi entoada uma ladainha, lembrando os santos que
o povo do Rio Negro tanto gosta e celebra, como auge de sua fé, concretizada
nas festas dos santos. Com os padroeiros e padroeiras das comunidades, o povo
foi repetindo cânticos populares e hinos dos santos, sendo feita uma memória com
a ajuda do padre Ivo Trevisol, missionário de longa data na diocese, sobre a
presença da Igreja na vida social, de modo especial na demarcação das terras
indígenas, no compromisso da formação das lideranças, na formação das
comunidades e no diálogo, na defesa da vida, de modo especial o fórum das
instituições do Rio Negro.
A
celebração deu continuidade, com a ajuda da Ir. Cidinha Fernandes com uma
leitura da vida pastoral dos caminhos que a Igreja do Rio Negro foi assumindo,
sobretudo a partir das prioridades de Santarém: formação das comunidades,
formação das lideranças, povos indígenas e a questão da migração, uma questão
muito atual na Igreja local. A Ir. Nazaré fez memória de um dos caminhos mais
intensos da evangelização no Rio Negro, que foi a questão da educação, os
grandes colégios, os internados, que levou a região a ser a mais alfabetizada
da Amazônia, fruto da grande contribuição salesiana.
A passagem
do Evangelho de Lucas, onde Jesus na sinagoga se diz cheio do Espírito e
apresenta o seu programa, proclamado em português e nheengatu, deu pé à partilha
do padre Maurício Sete, que convidou os participantes a descobrir o caminho
comum. Jesus continua a missão dele através de nós, lembrou o missionário
italiano, afirmando que somos capazes porque somos homens e mulheres do espírito,
destacando como Jesus tem um programa de companhia com os pobres, da defesa da
vida e dos oprimidos e da questão da libertação. A celebração da Palavra
continuou com a benção e partilha do pão.
Na
celebração, o bispo diocesano destacou três aspetos: o primeiro, que, no
caminho, as nossas velas se apagam e nós precisamos dos outros. Isso nos faz
lembrar que “a fé é vivida comunitariamente e quando nossa fé fica mais frágil,
outros podem ajudar ela a se tornar mais intensa, luminosa”, disse dom Vanthuy,
dando passo a um canto para pedir que as luzes se espalhassem na vida de cada
um e cada uma, a ajuda do Santo Espírito. O segundo aspecto foi que “a
experiência da assembleia é como o movimento de Jesus, as primeiras comunidades
que seguem a missão de Jesus”, afirmou o bispo, que sublinhou que “a assembleia
se pauta na experiência do Cristo que envia seus discípulos. Por isso, é comum,
na vida discipular dos homens e mulheres que seguem Cristo, sentarem juntos
para pensar o caminho que Jesus lhes ofereceu, o caminho que o Senhor lhes
convidou a participar, e como responder a esse anúncio na atualidade”.
O terceiro aspecto
colocado por dom Vanthuy foi a formação das comunidades, que levou a assembleia
a cantar que é feliz viver na comunidade. Ele lembrou o caminho vindo do
Concílio, “a Igreja comunidade, Povo de Deus, testemunha, sal e fermento no
mundo e na sociedade, de modo especial numa pluralidade de povos indígenas,
comunidade que tem no chão a experiência tão própria dos povos originários”.
Finalmente, o bispo convidou a se somar ao grande movimento iniciado no Sínodo
para a Amazônia e agora confirmado “não é possível caminhar separado, mas
caminharmos juntos, em sinodalidade”.
Diante do
flagelo das guerras em que muitas comunidades no mundo vivem, a assembleia
rezou pela paz no mundo, pedindo a benção e a invocação da Virgem Maria, nela
que residiu a força do Espírito e a docilidade para, como ela, seguir seu Filho
mais de perto. A assembleia tem na programação a avaliação do Plano diocesano
de evangelização e partilhas sobre a caminhada da diocese e como viver o
centenário da criação da prelazia 1925-2025, sendo lançado o logo do
Centenário. Da assembleia participa a secretária executiva do Regional Norte1,
Ir. Rose Bertoldo, que ajudará a refletir sobre o Protocolo de Proteção de
Crianças e Adolescentes e Pessoas Vulneráveis.