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Cardeal Steiner: “A medida da porta é Jesus e o seu Evangelho”

Cardeal Steiner: “A medida da porta é Jesus e o seu Evangelho”

No 21º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando as palavras do Evangelho: “Procurai entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Ele enfatizou: “a porta, a porta estreita!” Segundo o cardeal: “No Evangelho de São João, Jesus se apresenta como a porta: ‘Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo’ (Jo 10,9). Para entrar na vida, na salvação, deixar-se tomar por Deus, passamos, entrarmos por Ele, e não por outro. Acolhe a sua palavra, o Evangelho, somos convidados a passar pela porta estreita”.

Participar da vida do Reino

O arcebispo de Manaus enfatizou que “A porta estreita é uma imagem muito significativa, um modo de participar da vida do Reino.  Jesus apresenta a imagem da época, provavelmente referindo-se ao anoitecer, quando as portas da cidade eram fechadas e apenas uma, mais estreita e pequena, permanecia aberta. Para entrar na cidade, voltar para casa, no anoitecer se oferecida a segurança da porta estreita. Para regressar a casa, só se podia passar por essa porta estreita, pequenina”.

Ele lembrou que “assim como para entrar na cidade era preciso ‘medir-se’ com a única porta estreita deixada aberta, também o nós entramos na morada, na casa do Reino pela porta estreita. Porta estreita, à medida de Jesus Cristo. Significa que a medida da porta é Jesus e o seu Evangelho: não o que pensamos, mas o que Ele nos ensina. E assim trata-se de uma porta estreita não porque se destina a poucos, mas porque ser como Jesus, segui-lo, comprometer a vida no amor, no serviço e no dom de si como Ele fez, passando pela porta estreita da cruz. A porta estreita da cruz é larga em generosidade, em amor, em cordialidade, em gratuidade. Entrar no com Jesus na vida do Reino, é superar o egoísmo, diminuir a presunção de autossuficiência, baixar as alturas da soberba e do orgulho”.

Segundo o presidente do Regional Norte 1, “quando anoitece na nossa vida, quando se faz noite, sempre existe uma passagem para encontrar a verdadeira morada, participar da graça salvífica. Talvez, quando se faz noite, surge a possibilidade de encontrar a morada verdadeira, o Reino de Deus. Será sempre uma porta estreita que abre a porta larga da redenção, do amor, da misericórdia”.

Jesus propõe a porta estreita

Ele recordou a pergunta feita a Jesus na passagem do Evangelho do dia: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” O cardeal respondeu que “diante da inquietação pela salvação, Jesus propõe a porta estreita.” Ainda mais, ele sublinhou: “Sim queridos irmãos e irmãs, a salvação é pela simplicidade, pela humildade, pela pequenez. Nada de ostentação, de grandiosidade, de poder, de força. A salvação, o Reino de Deus tem uma passagem que conduz à morada, à plenitude, à eternidade.”

A porta estreita indicada por Jesus, nos despertar para viver de forma responsável, agarrar a vida. compromete-se, recusar a mediocridade, a acomodação, a alienação; não ceder à tentação do bem-estar, mas desejar os valores que transformam a vida; viver para os outros, a serviço, buscando animar, transformar a vida dos irmãos e das irmãs em dificuldade.  A porta estreita é um convite a sermos pequenos, simples, humildes, servos e servas, estar na dinâmica do amor doativo!”, disse o arcebispo de Manaus.

Isso porque “se apalparmos a nossa cotidianidade, veremos, que tudo é pequeno, simples, sem ostentação, sem dominação. São relações, quase imperceptíveis, que nos deixam ser família, ser irmão, ser irmã, ser pai, ser mãe”, afirmou o arcebispo de Manaus.

Gestos diários de amor que realizamos com esforço

Ele recordou que Papa Francisco ao comentar o Evangelho de hoje nos ensina: “Pensemos, para sermos concretos, nos gestos diários de amor que realizamos com esforço: pensemos nos pais que se dedicam aos filhos fazendo sacrifícios e renunciando ao tempo para si mesmos; naqueles que cuidam dos outros e não apenas dos próprios interesses: quantas pessoas são assim, boas; pensemos em quantos se dedicam ao serviço dos idosos, dos mais pobres e mais frágeis; pensemos naquelas que continuam a trabalhar com empenho, suportando dificuldades e talvez incompreensões; pensemos em quantos sofrem por causa da fé, mas continuam a rezar e a amar; pensemos naqueles que, em vez de seguirem os próprios instintos, respondem ao mal com o bem, encontram a força para perdoar e a coragem para recomeçar. Estes são apenas alguns exemplos de pessoas que não escolhem a porta larga do próprio conforto, mas a porta estreita de Jesus, de uma vida vivida no amor. Estes, diz o Senhor hoje, serão reconhecidos pelo Pai muito mais do que aqueles que se consideram já salvos e, na realidade, na vida são ‘iníquos’ (Lc 13,27).”

“O Evangelho nos indicava o caminho da porta, ao nos propor a porta do banquete que se fechou, impedindo a entrada daqueles que chegaram tarde. A porta estreita indica uma atenção própria de quem não adormece, se acomoda, negligenciando as oportunidades que a porta oferece. É uma passagem! A vida é uma passagem; passa rapidamente. Sem nos darmos conta, o tempo que temos à nossa disposição se esvai, esvazia, e a porta se fecha e acabamos por não entrar na morada, não participarmos da plenitude do Reino de Deus. Somos convidados a buscar as ‘coisas do alto’, as relações que edificam e realizam”, disse o cardeal Steiner.

Ele recordou que “na parábola contada por Jesus há pessoas, vindas ‘do oriente e do ocidente, do norte e do sul’ que têm acesso ao banquete; e há outras pessoas que pensavam ter acesso garantido ao banquete, talvez até em lugar de destaque, mas que não conseguem entrar na sala onde o banquete se realiza. Entrar pela porta estreita e sentar-se à mesa do Reino de Deus não depende de direitos adquiridos por nascimento, ou de um ato formal de adesão a uma instituição, mas depende de seguir a Jesus, o Crucificado-ressuscitado”.

Lei como sinalizações para o caminho da Aliança

Na primeira leitura, o arcebispo de Manaus enfatizou que “desejava abrir os olhos para a grandeza das leis e preceitos que Deus entregara aos Israelitas, no deserto, no tempo da porta estreita. A Lei como sinalizações, marcações para permanecer no caminho da Aliança. É um orgulho para Israel ser o Povo eleito, o Povo de Deus: “qual a grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto o Senhor nosso Deus sempre que O invocamos?” Deus elegeu Israel, de entre todos os povos da terra, como o seu povo predileto. O conduziu pela porta estreita do deserto, oferecendo a aliança como a porta larga, deixando-se guiar por Deus e viver na fidelidade aos seus mandamentos recebidos. As indicações, os mandamentos, a porta estreita, criam condições para que surja o Homem novo, o homem transformado, o homem da Vida plena”.

Junto com isso, ele recordou que “São Tiago nos ensinava que a Palavra escutada e acolhida com docilidade conduzi à ação. Escutar a Palavra é assumir um caminho de conversão, de mudança de vida, de abandono da vida de pecado; escutar a Palavra é, além disso, aceitar a porta estreita de Deus e comprometer-se na luta pela transformação do mundo. A porta estreita conduz a uma porta larga e que conduz a um novo céu e uma nova terra”.

Por isso, o arcebispo fez ver que “a segunda leitura deseja desperta-nos como comunidade cristã, para viver a fé de modo digno e generoso. A ‘religião pura e sem mancha’, a religião que Deus quer, é a que se traduz em ações concretas, como ‘visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações’ e ‘conservar-se limpo do contágio do mundo’. Perceber nas estreitezas e dificuldades dos irmãos e irmãs, a possibilidade de participar a porta que tudo transforma e refaz”.

Promoção do laicato, da mulher

Se referindo ao mês vocacional, ele disse que “lembramos e rezamos pela vocação laical. Leigos e leigas que vivem o Evangelho servindo as nossas comunidades e testemunhando a vida plena na sociedade. Devemos redescobrir os carismas dos leigos, porque isso faz com que a promoção do laicato, e da mulher em particular, seja entendida não apenas como um fato institucional e sociológico, mas em sua dimensão bíblica e espiritual. Os leigos não são os últimos, os leigos não são uma espécie de colaboradores externos ou “tropas auxiliares” do clero! Eles têm seus próprios carismas e dons com os quais podem contribuir para a missão da Igreja”, inspirado no Papa Francisco.

O cardeal ainda fez um chamado para que “lembramos os ministérios e os serviços dos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Evangelizar os pobres é a missão de Jesus. Esta é também a missão da Igreja, de cada batizado na Igreja. Ser cristão e ser missionário é a mesma coisa. Anunciar o Evangelho, com a palavra e, antes de tudo, com a vida, é a finalidade da comunidade cristã e de cada um dos seus membros” (Praça de São Pedro, em 24/01/2016). Ser presença que transforma, fortifica, ilumina e santifica a vida da Igreja”.

Isso porque “a ‘porta estreita’, que pede esforço, renúncia, sacrifício, coerência, risco, luta, movimento. Tudo para entrarmos na morada, na vida de Deus, no Reino de Deus.”  Nesse sentido, o cardeal recordou que ‘virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus’, pois passaram a porta estreita, aberta para todos. Ela conduz para a plenitude da vida!”

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