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Cardeal Steiner: “Não sabemos a hora em que Ele virá, mas gostaríamos de ficar preparados!”

Cardeal Steiner: “Não sabemos a hora em que Ele virá, mas gostaríamos de ficar preparados!”

No Primeiro Domingo do Advento, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que “ingressamos no tempo da vinda do Filho do Homem! Iniciamos o tempo do Advento.” O purpurado disse, se referindo ao tempo que se inicia, que “ele contém duas realidades que nos atraem e despertam: primeiro lugar, vinda do Filho de Deus que manifestou visivelmente na carne, a sua presença, esperada e desejada pelos Patriarcas, a vinda que nos trouxe a salvação. Essa vinda nos faz esperar a manifestação de Jesus na sua glória, o dia do Juízo, quando ele se manifestar no fim dos tempos”, inspirado no  Sermão para o Advento do Senhor de Santo Aelredo de Rievaulx.

O filho do homem virá!

“Iniciamos o tempo da espera, da expectativa, do nascer da criança de Belém. O tempo que nos é dado como caminho da admiração pelas manifestações de Deus em nossa humanidade. Entramos, novamente, em compasso de espera.” Ele recordou que “a Palavra de Deus a nos anuncia: ‘o Filho do Homem virá’! Ele está por vir, Ele é um Advento. Espera e expectativa; não sabemos a hora em que Ele virá, mas gostaríamos de ficar preparados!

Citando o texto bíblico: “Ficai preparados” e “na hora em que menos pensais”, o arcebispo de Manaus refletiu: “o Filho do Homem virá, porque é um por-vir; é sempre um vir ao encontro. O Senhor veio e se tornou a presença inefável na nossa humanidade e fragilidade. A crença de que o Senhor já chegou, já nos visitou, chegou e fez sua morada em nosso meio, nos dá a disposição de continuarmos nos expondo a esse Senhor que deseja nos visitar mais uma vez. A liturgia celebra a essa visita, visibiliza essa visita. E para que ela possa se tornar audível e visível nós entramos em preparação, exercitamos os nossos olhos, para ver Aquele que nossos olhos não poderiam ver”.

Ficai preparados!

Segundo o presidente do Regional Norte 1: “Ficai preparados! É o convite do Evangelho deste primeiro domingo do Advento. Estar preparados, permanecer vigilantes, pois pode acontecer que Ele venha, nasça e nós não o vejamos, permanecemos cegos.”  Ele recordou as palavras de Santo Agostinho: “tenho medo que Jesus passe sem me dar conta” (Sermão, 88, 14, 13). Daí que “o Evangelho a nos dizer da necessidade da preparação, da atenção para vermos uma nova presença de Deus em Belém. Às vezes arrastados pelos nossos interesses meramente pessoais, às vezes distraídos por tantas coisas insignificantes, corremos o risco de perder o essencial. Por isso, hoje, o Senhor repete “estai preparados” (Mt 24, 44). Como se dissesse: vigiai, estai atentos, ficar preparados, desejo visitar-vos!”

Vigiar, preparar, é esperar! Estar em vigília! Viver na esperança da vinda transformativa de Deus em nossa humanidade! Como antes de nascer fomos esperados por quem nos amava, assim agora somos esperados pelo Amor que está por nascer em nossa humanidade. Tudo passa, só o amor que nos busca e deseja revelar-se em Belém, não passa. Preparemo-nos!”, disse o arcebispo.

Oração para ficar vigilantes

Diante disso, o arcebispo questionou: “E como podemos estar preparados, vigilantes?” Sua resposta foi: “Com a oração. Rezar é acender uma luz na noite. A oração desperta da frieza duma vida superficial, ergue o olhar para o alto: um encontro com Deus. A oração permite estarmos na proximidade de Deus; por isso liberta da solidão e devolve esperança. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não podemos viver sem rezar. Perdemos um pouco o sentido da oração, da adoração: permanecer em silêncio diante do Senhor, adorando, reverenciando, auscultando! A oração nos deixa vigilantes e conduz até Belém. Como estar preparados vigilantes? Com a vigilância da caridade que é amor em movimento. Para não cair no sono da indiferença e estarmos na preparação, estar na vigilância do amor, da caridade. A caridade é o coração pulsante do discípulo, da discipula de Jesus. Como não se pode viver sem a pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade. Sentir compaixão, ajudar, cuidar, aproximar-se, servir! Tudo e apenas no amor. É com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor”, inspirado nas palavras de Papa Francisco.

Ele recordou que “São Francisco de Assis desejo de ver o nascer de Deus em Belém, reuniu o povo do vilarejo de Greccio e encenou o nascimento de Deus. Ele desejava ver Aquele que nossos olhos não podem ver: a encarnação de Deus, a aproximação de Deus, a singeleza de Deus, o Deus criança.  Ele compreendeu o que o Evangelho nos dizia com “ficai preparados, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”. O Filho do Homem, aquele no colo e nos braços de Maria lhe deu uma alegria incontida, uma admiração poética. Ele compreendeu que a vinda, o nascer de Deus não era coisa do passado, da história, mas encontro cada vez renovado, porque o Filho do Homem era a sua vida. Por isso, ficar preparado era estar todo, por inteiro, à disposição do Filho do Homem. Para ele não existia aquela hora, a melhor hora, a hora decisiva, a hora que não sabemos, o desespero daquela hora. Não saber a hora, é a cada hora, em todas as horas, para além das horas, para quem das horas, meditando, admirando, vivendo, o Deus que se fez Filho do Homem”.

A caminho de Belém

Nesse Advento, nos colocamos a caminho de Belém. Uma caminhada de quatro semanas para percorremos com o Povo de Israel os séculos da espera, de súplica, da esperança. É caminhar com Ele, o Deus conosco. Estaremos a caminho de Belém como nesses séculos os homens e a mulheres na confiança da vinda do Salvador. Por isso, o Advento desperta hoje, como no passado, a súplica: ‘Vem Senhor Jesus!’”, disse o cardeal Steiner.

Segundo o arcebispo, “a primeira leitura nos serve de alento”, citando o texto bíblico: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir os seus preceitos. (Is 2,3) E ainda: Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5).” Ele enfatizou: “Sim vamos à casa do Deus de Jacó. A casa do Deus de Jacó é a nossa: Belém, nascer, renascer, revelação, manifestação, criança, pobreza. Humanidade! Ele assim é a luz! Deixemo-nos guiar em nossa caminhada até Belém pela sua luz. Luz que não é outra que a nossa, pois o Filho do Homem é a nossa luz”.

Ele quer vir, Ele vem sempre!

Isso porque “é a mensagem do Advento e do Ano Litúrgico que estamos a iniciar que reconhece a proximidade de Deus, e roga: ‘Aproximai-vos de novo, Senhor. Abre nossos olhos para contemplar-vos em nossa humanidade, em Belém!! Ele quer vir, Ele vem sempre! Na nossa rogação e imploração estamos a indicar nossa disponibilidade e abertura para que Ele esteja junto de nós. Mas, o extraordinário irmãs e irmãos é que Deus se propõe, não se impõe, se oferece, não obrigada, se revela, não se esconde. E o tempo da Advento a nos ajudar através da preparação e da oração a dizer: Vem Deus criança, Deus inocência, sem potência! Façamos a inovação, a rogação Adventícia: ‘Vem, Senhor Jesus!’ (Ap 22,20)”. Ele lembrou que “com esta invocação, termina o livro do Apocalipse: Vem, Senhor Jesus!” O cardeal recordou que “Nós hoje repetimos no início da nossa caminhada do Advento: Vem, Senhor Jesus! Uma oração breve, mas vinda do coração. Vamos repetir neste tempo de Advento: ‘Vem, Senhor Jesus!’ Cabe a nós repetir a oração do Advento: ‘Vinde!’. Jesus, nos lembra o Advento, veio entre nós e voltará no fim dos tempos”.

Na carta aos Romanos, ele destacou que “fomos lembrados que o tempo do Advento é o tempo de despertação, da acordação, pois “agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé.” É verdade nos caminhos e descaminhos fomos aprendendo a proximidade de Deus, a sua misericórdia, o seu acolhimento, a sua consolação, a sua salvação. Fomos aprendendo que há necessidade de nos despojarmos das ações das trevas e nos deixarmos revestir da luz, de Belém! Sim queridos irmãos e irmãs, estarmos revestidos da transparência, encantadora da criança de Belém”.

Caminhar para a casa do Senhor

“Poderíamos então exclamar como na antífona do salmo responsorial”, disse o cardeal: “Que alegria, quando ouvi que me disseram: vamos à casa do Senhor!” Isso porque “o Advento é esse caminhar para a casa do Senhor: Belém. Belém, o nascer do Filho do Homem, do Filho de Deus. E a casa do Senhor é a nossa casa e caminhamos com toda disposição, pois ouvimos o alegre anúncio, ouvimos dizer que vamos à casa do Senhor. A Liturgia não é repetição, mas recordação, memoração. Recordação do sempre estar a caminho de Belém, do entrar na casa do Senhor, do encontro com o Filho do Homem. A Liturgia nos recorda que ficar preparados é o caminhar, é colocar-se à disposição d’Aquele, do Filho do Homem que está por vir. Não sabemos a hora, mas sabemos que Ele virá, nos visitará como o fez em Belém. E nos ensinará a vir na sua casa, a nossa humanidade e fragilidade”.

Finalmente, o arcebispo de Manaus pediu que “Deus nos conceda a graça de estarmos preparados, estarmos a caminho, irmos a Belém. ‘Vem Senhor Jesus’! (Ap 22,20).  Amém”.

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