Na festa de São Luiz Gonzaga, padroeiro dos seminaristas, o Seminário São José de Manaus encerrou o primeiro semestre do Ano Formativo 2025. O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, presidiu a celebração eucarística com os 46 seminaristas das igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), a equipe formativa, padres que acolhem os seminaristas na pastoral aos finais de semana e outros convidados.
Agradecer o dom da vocação
Uma oportunidade para agradecer o dom da vocação, segundo o cardeal Steiner, mas também para agradecer as pessoas que ajudam o Seminário, “as comunidades, os irmãos e irmãs que rezam por nós. Essa oração nos ajuda, não é apenas um apoio, é um alento, é um incentivo a permanecermos fiéis no dom da vocação que recebemos.” Algo que “nós recebemos na convivência, recebemos na oração, recebemos no estudo, recebemos nas comunidades, tantos momentos em que nós fomos percebendo o quanto Deus nos quer bem, o quanto Ele nos quer ao nos chamar, ao nos doar o dom da vocação”.

Na homilia, o arcebispo de Manaus, comentando as palavras da Primeira Leitura, ele definiu a vocação como “um arrebatamento, como uma elevação, como uma transportação, como uma percepção de que existe uma outra realidade que atrai, que transforma.” Ele insistiu em que “a vocação é um arrebatamento que nos dá a sensação, inclusive, de percebermos que na fraqueza está uma só pessoa.” Diante disso, o cardeal questionou “Quem de nós não é fraco?”, respondendo que “no entanto, fomos arrebatados pelo chamado, e é justamente na fraqueza que Deus nos arrebata, nos transforma. Portanto, uma atração, vocação é uma atração.”
A vocação não é uma conquista nossa
“Deixar-se cada vez mais arrebatar, atrair é a tarefa do Seminário, onde nós semeamos, para que vocação cada vez mais nos transforme”, disse o cardeal. Ele insistiu em que “esse arrebatamento é gratuito, não é uma conquista nossa”, lembrando que “Deus vai cuidando, como que cultivando, da nossa parte, apenas uma correspondência ao chamado, a tentativa de correspondermos à graça do dom para sermos também cuidados, revestidos, alimentados.”
O arcebispo de Manaus sublinhou que “o chamado tem a ver com o reino de Deus e a sua justiça. Toda vocação, a vocação de ser presbítero tem a ver com o reino de Deus. A razão é o reino de Deus que nos arrebata e nos atrai. É o reino de Deus que nos alimenta e nos reveste. Esse reino de Deus e a sua justiça que desejamos anunciar na graça do chamado.” Ele fez um convite a agradecer pela “vocação que Deus nos deu, mas correspondamos a essa vocação, corresponder como possibilidade de sermos cuidados, cultivados por Deus. Nós sozinhos não temos forças suficientes, é Ele que se faz em nós, é Jesus que se faz em cada um de nós, e assim participamos cada vez mais intensamente do reino de Deus e a sua justiça.”

Tempo da graça de Deus
O reitor do Seminário São José, padre Pedro Cavalcante, agradeceu a presença do cardeal e de todos os bispos que constantemente passam no Seminário São José, assim como todos aqueles que de diversos modos participam do processo formativo, todos os que oram, incentivam e se tornam uma presença educativa e solícita na vida dos seminaristas.
No final do primeiro semestre, o reitor disse que “o retorno para casa nos traz alento, alegria e liberdade. É justo para quem o viveu com intensidade, com responsabilidade e generosidade.” Aos seminaristas, ele exortou para que “como discípulos e configurados ao Senhor, olhar com mais clareza e profundidade o semestre vivido como um tempo favorável da graça de Deus, do qual cada seminarista, seja no cotidiano da casa e dos relacionamentos, seja na vida acadêmica e eclesial, você foi chamado a aprofundar o seu processo formativo, confrontando a sua resposta, a sua vida e a sua adesão sem reservas a Jesus Cristo, o Pão da Esperança, e ao seu reino, que é o reino de justiça e paz.”
Vencer a tentação de querer viver para si mesmo
Padre Pedro Cavalcante lembrou as palavras de Papa Francisco, que definiu a juventude como um tempo abençoado. Diante disso, ele fez um chamado aos seminaristas a “vencer ainda as tentações de querer viver para si mesmo, de perder tempo com superficialidades e buscar as satisfações imediatas e fugas que o mundo oferece”, pedindo que “aproveitem bem, e com toda largueza e beleza, essas férias.”
Nas férias, lembrou o reitor aos seminaristas, “estarão em vossas igrejas locais, próximos dos vossos bispos, dos padres e religiosos das comunidades de origem, dos líderes e agentes das igrejas, mas especialmente, próximos e no aconchego dos vossos familiares.” Diante disso, ele pediu que “refaçam os laços afetivos e saibam doar-se com generosidade, demonstrando a riqueza e a prodigalidade do Espírito, derramado em nossos corações neste semestre. A amizade com Cristo nos fortaleceu e na descoberta que a vida é um dom, sabereis oferecer-se ainda mais com generosidade a todos que encontrarem.”

Perceber a presença de Deus nas comunidades
Um semestre que, segundo o cardeal Steiner, foi “uma oportunidade de amadurecer, crescer, uma oportunidade de estarmos ao serviço dos outros, de podermos participar da vida das nossas comunidades”. Seguindo o exemplo de compromisso com os mais pobres de São Luiz Gonzaga, ele fez um convite aos seminaristas para que nas férias, procurem ler as expressões de fé presentes em suas comunidades de origem, “perceber essa presença de Deus, como na comunidade, nas famílias, vão tentando viver o Evangelho, vão sendo sinais do reino de Deus.”
Para isso, “abrirmos os olhos e vermos” nas comunidades a presença da grandeza do Evangelho, recordou o cardeal. Ele disse que “isso tudo nos ajuda, nos alenta, nos impulsiona para que o arrebatamento da vocação continue, possamos cada vez mais corresponder ao convite que nós recebemos.”