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O rosto da Igreja católica na Amazônia e o seu caminho sinodal

O rosto da Igreja católica na Amazônia e o seu caminho sinodal

No marco do Encontro de Bispos da Pan-Amazônia, convocado pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) de 17 a 20 de agosto de 2025, apresenta-se um panorama atualizado da realidade eclesial nesta região vital para a vida dos povos e a missão da Igreja.

A Amazônia, que ocupa 47,5% do território sul-americano (8,47 milhões de km²) e se estende por oito países e a Guiana Francesa, é uma região de vital importância para o planeta. Concentra 20% da água doce mundial, um terço do material genético e vastas florestas primárias. Ali habitam mais de 33 milhões de pessoas, entre elas de 3 a 4 milhões de indígenas pertencentes a cerca de 390 povos, que falam mais de 240 línguas, além de camponeses, afrodescendentes, ribeirinhos e diversas populações urbanas.

A região regula as chuvas na América do Sul e os fluxos de ar em nível global, mas também é uma das mais vulneráveis às mudanças climáticas. Sua riqueza natural e cultural está ameaçada pelo desmatamento, mineração, exploração de hidrocarbonetos e práticas econômicas insustentáveis que geram graves consequências ambientais e sociais.

A presença da Igreja na Pan-Amazônia

Neste vasto território existem 105 jurisdições eclesiásticas distribuídas na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, com um total de 2.581 paróquias, zonas pastorais ou áreas missionárias. Segundo o Annuario Pontificio 2023, a missão é realizada por 25.710 leigos agentes pastorais, 5.041 religiosas, 4.206 presbíteros, 2.329 religiosos, 297 diáconos permanentes e 168 bispos.

Em pesquisa realizada para o livro “Avancem para águas mais profundas: caminhos sinodais da Igreja na Amazônia”, a ser publicado este mês pela Editora CELAM, dos 168 bispos, 73 são diocesanos e 95 religiosos; 100 nasceram em seus países de missão e 68 provêm de outros países. A presença de 665 congregações femininas e 297 masculinas marcam a riqueza e diversidade da vida consagrada na região.

As jurisdições mais antigas da região são Santa Cruz de la Sierra (1605) na Bolívia e São Luís do Maranhão (1614) no Brasil, enquanto as mais recentes são Araguaína (2023) e Xingu-Tucumã (2019) no Brasil.

Um caminho sinodal

A Igreja amazônica, desde suas origens nos tempos coloniais até o Concílio Vaticano II, percorreu um processo de transformação rumo a uma pastoral mais integral e sinodal. Entre 1971 e 2013 multiplicaram-se os encontros e documentos que lançaram as bases de uma articulação Pan-Amazônica, como os de Iquitos, Santarém, Pucallpa, Manaus, Fusagasugá e Aparecida.

Com o pontificado do Papa Francisco, essas sementes floresceram com a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) em 2013. Dela brotou o Sínodo Amazônico (2017-2019), um processo de escuta, diálogo e discernimento que culminou em um Documento Final e na exortação apostólica Querida Amazônia, onde o Papa expressou os sonhos sociais, culturais, ecológicos e eclesiais para a região.

O fruto mais visível desse processo foi a criação, em 2020, da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), a primeira de caráter “eclesial” e não apenas episcopal na história recente da Igreja.

Encontro em Bogotá

Neste caminho, a CEAMA convoca, de 17 a 20 de agosto de 2025, em Bogotá, o primeiro grande encontro episcopal amazônico após o Sínodo de 2019. Será um espaço de oração, discernimento e fraternidade, com o propósito de renovar o compromisso com a vida, os povos e a Casa Comum, e impulsionar a prática dos sonhos de Querida Amazônia em um espírito de sinodalidade, missão compartilhada e esperança.

Julio Caldeira imc

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