Manaus, a
maior cidade da Amazônia, é um claro exemplo de falta de cuidado com a Casa
Comum. O descaso do poder público e a falta de consciência da população mostra
a importância de a Campanha da Fraternidade abordar o tema da ecologia integral
e fazer um chamado à conversão ecológica.
Um caminho
que na arquidiocese de Manaus foi iniciado na manhã da Quarta-feira de Cinzas,
continuando uma tradição presente há muitos anos na Igreja da capital do
Amazonas. Os bispos junto com todo o povo de Deus iniciaram uma caminhada nas
portas da catedral de Nossa Senhora da Conceição para, percorrendo as ruas do
centro da cidade, chegar na Orla do Rio Negro, onde foi realizada uma
celebração da Palavra, presidida pelo arcebispo, cardeal Leonardo Ulrich
Steiner.
Uma
caminhada que foi oportunidade para refletir sobre a moradia, a reciclagem, o
cuidado com a água, as mudanças climáticas, para escutar a voz daqueles que
sempre foram mestres no cuidado da casa comum, os povos indígenas. Mas também
para realizar gestos concretos, como foi o plantio de várias mudas nos jardins
do Santuário de Aparecida pelos bispos de Manaus, um gesto que depois se
repetiu no Parque Rio Negro.
A Campanha
da Fraternidade 2025 nos recorda, segundo salientou o cardeal Steiner, os 10
anos da Laudato Si´, “um texto belíssimo do Papa Francisco, que nos ilumina,
vai iluminando a Igreja e a sociedade”, um texto baseado no Cântico das
Criaturas de São Francisco, que “vem a nos recordar a necessidade urgente de
uma conversão ecológica”, destacou o arcebispo de Manaus.
Comentando
a parábola do semeador, lida na celebração, o cardeal Steiner ressaltou que “o
semeador é um homem de esperança. Ele semeia, e nem todas as sementes chegam a
dar fruto, mas ele semeia”, fazendo um chamado para poder descobrir que “a Campanha
da Fraternidade deste ano quer que cada um de nós, mulheres e homens, sejamos
de esperança”. Junto com isso, ele pediu que “semeemos uma ecologia integral, semeemos
sempre, despertemos sempre, ajudemos a abrir os olhos para que realmente a
ecologia seja integral, quer dizer, seja de todos, todas as criaturas sejam
respeitadas, cuidadas. Todas as criaturas, conforme o texto de Papa Francisco,
sejam cultivadas.”
O arcebispo
de Manaus disse que “nós, com a Campanha da Fraternidade, queremos recordar
alguns pecados nossos. Nós queremos abordar as realidades difíceis que nós
vivemos, os nossos rios que se enchem de mercúrio, as nossas florestas que são
devastadas pelo garimpo, pela ganância da madeira, os nossos peixes que são
roubados e vendidos. Queremos recordar também que o saneamento básico na nossa
cidade ainda é pouco.” Diante dessa realidade, o cardeal Steiner pediu nesta
quaresma, “fazer o caminho da conversão ecológica”, pedindo a contribuição de
todos, “porque, dando a nossa contribuição, seremos também nós, semeadores e
semeadoras da esperança de uma ecologia integral”, recordando algumas
iniciativas presentes na Igreja de Manaus e fazendo um convite a outras novas,
pois assim, “devagarinho vamos dando uma contribuição para que a nossa ecologia
realmente seja integral”, e a Igreja de Manaus, irá “mostrar que estamos
dispostos a nos converter junto à ecologia.”
No final da
celebração, o arcebispo de Manaus insistiu na necessidade de gestos concretos, como
é o fato de evitar que o lixo acabe nos igarapés, recordando que se isso fosse
assumido pelas mais de mil comunidades que fazem parte da Igreja de Manaus, “só
isso já seria uma benção enorme”. Um pedido que é uma urgência, pois no momento
em que o arcebispo falava, uma balsa recolhia toneladas de resíduos das águas
do Rio Negro, um fato comum nos rios e igarapés da cidade de Manaus.
O cardeal
Steiner fez um pedido à Igreja de Manaus: “lá na comunidade, reflitam,
discutam, vamos tentar fazer esse gesto durante a campanha e depois da campanha
levar adiante, reflitam isso para que assim nós possamos dar uma contribuição
realmente grande na Campanha da Fraternidade.” Ele recordou o Papa Francisco,
internado no Hospital Gemelli de Roma, “que sempre nos animou tanto no caminho
da ecologia integral, sempre nos colocou diante dos olhos a necessidade de uma
conversão ecológica e de maneira insistente. Nós queremos também acompanhá-lo
com as nossas orações nesse momento de sofrimento, para que ele possa nos
ajudar a sermos realmente testemunhas de uma ecologia integral, mas
especialmente missionários, missionárias de Jesus.”