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Cardeal Czerny: Para a Igreja na Amazônia, assumir uma pastoral de conjunto é “a mãe de todas as prioridades”

Cardeal Czerny: Para a Igreja na Amazônia, assumir uma pastoral de conjunto é “a mãe de todas as prioridades”

Os bispos da Amazônia brasileira
reuniram-se durante dois dias, 18 e 19 de maio, para refletir sobre a realidade
da Amazônia, tendo como pano de fundo as reflexões do Sínodo para a Amazônia. O
encontro virtual, que reuniu cerca de 90 participantes, quis ajudar a
vislumbrar possibilidades de continuar a construir os novos caminhos propostos
pelo Sínodo e de tornar realidade os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia.

Numa tentativa de oferecer reflexões
sobre o caminho percorrido pela Igreja na Amazônia nos últimos tempos, com base
na sensibilidade em relação ao território e ao seu povo, o Cardeal Michael
Czerny, mostrou a importância que a Amazônia tem para o mundo.

Partindo da ideia de que Deus guia o seu
povo na história da salvação, o cardeal fez um apelo para redescobrir como Deus
continua chamando, dando passos, algo que deveria provocar um sentimento de
gratidão “pela sua grande providência e para ouvir a sua chamada”.
 


Na sua análise partiu de Aparecida, que
oferece algumas propostas e orientações para um ministério pastoral global na Amazônia,
especialmente nos números 474 e 475, onde se nota a necessidade de
“evangelizar os nossos povos para descobrir o dom da criação, aprendendo a
contemplá-la e a cuidar dela como a casa de todos os seres vivos e a matriz da
vida no planeta”. Juntamente com isto, em algo que pode ser considerado
como uma proposta clara de uma Igreja em saída missionária, insistiu em
“aprofundar a presença pastoral nas populações mais frágeis e
ameaçadas”. Trata-se, afirma Aparecida, de “procurar um modelo
alternativo, integral e solidário de desenvolvimento, baseado numa ética que
inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, baseada
no Evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens, e
que supere a lógica utilitária e individualista, que não submete os poderes
económicos e tecnológicos a critérios éticos”.
 

Aparecida reflete sobre a necessidade de
políticas públicas “que garantam a proteção, conservação e restauração da
natureza”, algo que hoje assume uma importância decisiva face à realidade
que se vive na Amazônia brasileira. Ao mesmo tempo, apela a uma consciência
comum da “importância da Amazônia para toda a humanidade”, chamando a
Igreja a uma pastoral de conjunto, algo que tem avançado com a criação da Rede
Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, nascida “misteriosa e providencialmente”
em 2014, e a Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA.
 

Estes são passos importantes, que
provocam uma pergunta naquele que foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia:
“Porque não ouvimos isto de imediato na Igreja e na sociedade como um todo?”.
Não o fazer significou que os últimos 15 anos foram desperdiçados,
“pastoralmente, ambiental e integralmente”. Nestes anos, o Cardeal
Czerny destaca também a importância do encontro realizado a 27 de julho de
2013, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, com o
Episcopado brasileiro, onde a Amazônia foi colocada “como um teste
decisivo para a Igreja e a sociedade brasileira”. Isto ajudou a
compreender “que a Amazônia é crucial, mesmo decisivamente relevante para
o caminho presente e futuro”. O Santo Padre disse que “A Igreja não
está na Amazônia como se ela tivesse feito as malas para partir depois de a ter
explorado o máximo possível. A Igreja está presente na Amazônia desde o início
com missionários, congregações religiosas, padres, leigos e bispos e ainda hoje
está presente e é um fator determinante para o futuro da região”.
 




O Sínodo foi um processo que nem todos
compreenderam, na opinião do Cardeal Czerny. É por isso que o descreve como
“um processo de conversão que nos faz descobrir como um tema único e
inseparável nos espera, não só para ser compreendido, mas, mais importante
ainda, para ser vivido”. Tudo isto está recolhido no documento final e nos
quatro sonhos da Querida Amazônia, que devem ser vistos numa perspectiva de integridade,
de “uma maior eclesialidade, abrindo horizontes”, que deve levar a
assumir uma pastoral de conjunto, que o cardeal considera “a mãe de todas
as prioridades”, e que deve ter a missão como o seu foco.

Para tornar isto uma realidade, “o
Sínodo apresenta-nos algumas pistas, especialmente na busca desse rosto
amazónico, de uma Igreja inculturada em diálogo intercultural, uma Igreja muito
próxima dos povos amazónicos”. Ofereceu alguns exemplos de uma Igreja em saída,
sinodal, samaritana, que reconhece a importância dos leigos e o papel da mulher
e da juventude, a inculturação e a interculturalidade, a consciência da
necessidade de uma conversão integral, refletindo sobre a importância dos
processos de reconciliação, referindo-se ao conceito de pecado ecológico, que
nos deve levar a “reconciliar-nos com a destruição da casa comum”.

Por esta razão, o Cardeal Czerny
perguntou: “Quais são os desafios que ainda enfrentamos?” Ele próprio
respondeu, dizendo que eles podem ser resumidos dizendo “que a nossa
Igreja amazónica e brasileira seja sempre mais missionária e evangelizadora na
(re)construção da casa comum na Amazônia”. Para isso, vê a necessidade de
“processos de articulação e sinergia e abertura a opções, planeamento e
resultados que acolhemos com a graça da novidade do Espírito Santo”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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