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Dom Leonardo: “A oração conserva a fé, a confiança em Deus mesmo não compreendendo a sua vontade”

Dom Leonardo: “A oração conserva a fé, a confiança em Deus mesmo não compreendendo a sua vontade”

“A necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” é o convite de Jesus a permanecer, a estar em oração, segundo
Dom Leonardo Steiner. Em sua homilia dominical, o Arcebispo de Manaus afirmou
que “não se trata de rezar de vez enquanto, quando temos vontade. Em um estado orante.
Perseverar!”

Analisando a passagem do livro
do Êxodo 18,21, o cardeal vê que “recomenda que os juízes sejam pessoas
tementes a Deus, dignas de fé, imparciais e incorruptíveis”. Segundo ele, “
Moisés instituiu juízes imparciais,
inimigos do suborno, que julgassem segundo a Lei.
Assim, as palavras do juiz,
diante da pobre viúva, nos espantam. Aquele que deveria ter a justiça como
guia, como orientação de vida afirma: ‘Eu não temo a Deus e não respeito homem
algum’”.

Nas palavras do juiz, Dom Leonardo vê uma “linguagem
que expressa a dureza de coração, a autossuficiência, o desprezo pela justiça, a
injustiça para com os pobres e desvalidos, os quase sem ninguém
. A linguagem de
quem se julgam acima de todos, intocável e único intérprete da verdade. O
Evangelho a nos apresentar uma pessoa que, diante da responsabilidade da
justiça coloca-se na distância, na irresponsabilidade da justiça, no desprezo
pela viúva, necessitada, desamparada. Sem escrúpulos,
sem consideração à Lei, faz o que quer, é um surdo, um insensível; vive como que
a parte da justiça”.

Segundo o arcebispo, citando o
Papa Francisco,
a viúva era,
em geral, a mais pobre dos pobres
. Ela sem guarida, sem valia, pobre,
normalmente perdia até os filhos, uma vez viúva. Elas,
os órfãos e os estrangeiros, eram as pessoas mais frágeis da sociedade. Os
direitos assegurados pela Lei podiam ser espezinhados com facilidade, pois eram
pessoas sós e indefesas: uma pobre viúva, ali sozinha, ninguém a defendia,
podiam ignorá-la, sem lhe fazer justiça. O mesmo pode-se dizer do órfão, do
estrangeiro, do migrante”.

“O que nos encanta é a mulher que vive no
desamparo, na desvalia, na não escuta, permanecer fiel na busca da justiça, ser
justiça;
perseverante. Apenas guiada pela justiça permanece dia a dia na sua busca:
confiança, destemor, perseverança, crença na justiça. Injustiçada e lesada em
seus direitos, sente-se incapaz de ser ouvida, mas persevera. Sem poder fazer
pressão por influências, muito menos dar presentes, retorna pacientemente, insiste,
apresenta-se ao juiz”, afirmou o cardeal Steiner. Segundo o purpurado, “a
surdez da justiça foi um confronto de liberdade, busca de encontro, de amor e
de doação de si mesma. Humilde, perseverante, sem gritos, sem desesperos,
continua a apresentar-se ao juiz, guiada pela justiça e necessidade de vida. Como
não lhe restava ninguém permaneceu fiel ao desejo de receber o dom da vida na
justiça”.

Dom Leonardo destacou que “a perseverança,
a ousadia, o comprometimento, desperta o surdo da insensibilidade, se não pela
justiça, pela insistência, presença. A perseverança, a insistência, o destemor,
foi tal que infundiu temor. O que desperta o homem de sua insensibilidade é o
permanecer na busca
, o apresentar-se quase cotidianamente, o oferecer as mesmas
palavras, a mesma necessidade, sem desfalecer. Havia nela um ânimo e uma disposição
que amedrontou o juiz. O apresentar-se na sua viuvez, temperamentada,
fortalecida, acordou para a justiça, a verdade, aquele homem insensível. A
fortaleza, a segurança, a determinação, a constância, fez descer a justiça!”.

Diante da atitude da viúva, o juiz, agredido na sua percepção de justiça, no cumprimento do
seu dever, na aplicação da Lei, do seu dever de cuidar dos fracos, pequenos,
desvalidos, estrangeiros, viúvas e órfãos
”, faz com que “a presença da viúva na
sua persistência e constância, acorda o homem para o exercício da justiça que é
mais que direito”, segundo o arcebispo.
Ele citou o Sermão 80 de Santo
Agostinho, onde ensina a partir da oração e insiste em que “Todos nós, todos,
devemos animar-nos a orar”.

Na primeira leitura, o livro do Êxodo mostra,
segundo Dom Leonardo, que “Moisés é um orante, está à
frente do seu povo em oração. Não é um comandante, pois em vez de espada tem um
cajado, uma vara. Um suplicante que carrega em sua mão a vara de Deus. A vara
que toca, fere o coração misericordioso de Deus: a vara da súplica dos pobres,
perseguidos, dos desvalidos e desafortunados. Aquela que toca, abre o coração
de Deus! Do quase medo da derrota, ergue a súplica, na fraqueza da
dessustentação das mãos que suplicam, recebe ajuda de Hur e Araão. Uma súplica
que reúne e une o povo para a salvação
, libertação, a travessia do deserto,
permanecer a caminho. Moisés permaneceu em oração, perseverou”.

Na segundo leitura, o Arcebispo
de Manaus destaca a insistência “na necessidade da perseverança, permanecer na
graça recebida, permanecer no ensinamento recebido, permanecer em Cristo Jesus”.
Um chamado a “
abraçar a fé, a
Igreja, Jesus Cristo! Perseverar no caminho para o
qual foi despertado, o camin
ho iniciado. E permanecer firme, criar
raízes, crescer, deixar-se fortalecer pelo Mistério amoroso que tudo abarca, dá
sentido, transforma! Perseverar: ser tomado pela dinâmica da relação, da
profundidade”.

Dom Leonardo fez um apelo a perseverar.
Segundo ele, “nos dias que estamos a viver exige perseverança. Permanecer, insistir,
sem desfalecer, para que justiça mantenha a dignidade de nossas relações sociais.
Perseverar, sem desfalecer na superação da violência em todos os âmbitos,
também na política. Perseverar, sem desfalecer numa economia justa que não descarte
nenhum irmão, nenhuma irmã. Perseverar, sem desfalecer na dinâmica evangélica
da paz que supera toda violência. Perseverar, sem desfalecer na certeza de que
a democracia é a possibilidade de um Estado equânime e uma nação de
fraternidade. Perseverar, sem desfalecer, seguindo a esperança! Como pessoas
que receberam de Jesus a graça do Reino, perseverar”.

Um chamado a “perseverar no bem, na bondade, em oração!”, ressaltou
o arcebispo. “Às vezes temos a impressão de Deus ter silenciado. Pedimos, voltamos,
insistimos. Podemos ter a percepção do silêncio de Deus.  E Jesus no Evangelho a nos dizer que não
deixemos nunca de dialogar com Ele, de rezar”, afirmou Dom Leonardo. “É nessa
oração-escuta que somos tomados pelos projetos e os ritmos de Deus; é nessa
escuta-oração que Deus transforma os nossos ouvidos e nossos corações; é na oração-escuta
que vamos apreendendo a entregar-nos amorável e livremente nas mãos de Deus e a
confiar n’Ele, como a criança ao procurar a mão de sua mãe enquanto caminha. Nem
o desânimo, desconfiança perante o silêncio acolhedor de Deus, nos leve a
desistir da verdadeira comunhão, da convivência justa e digna e do encontro com
Deus”, insistiu o cardeal.

Junto com isso, Dom Leonardo
fez um chamado a “rezar sempre: cansaço, desânimo, alegria, desesperança,
realização, alegria, esperança: permanecer em oração, mesmo que tenhamos a percepção
da oração parecer ineficaz, sem sentido. Perseverar, mesmo que tenhamos a sensação
da inutilidade em relação ao bem, a justiça, a dignidade, a paz!
”. Segundo ele,
“Deus, diversamente do juiz da parábola, atende os filhos e as filhas mesmo que
não o faça segundo os tempos, modos, desejos, sonhos que nós gostaríamos. Talvez,
tenhamos que nos apresentar como a viúva na sua necessidade e solidão, na sua
pobreza e força. A oração não é uma varinha mágica! Ela conserva a fé, a confiança
em Deus mesmo não compreendendo a sua vontade”.

Finalmente, o Arcebispo de Manaus chamou anão desistir da oração, mesmo que não seja correspondida.
É a prece que preserva a fé, a esperança e a caridade, pois sem ela a fé
vacila!”. Por isso, ele convidou a pedir ao Senhor, inspirado nas palavras do
Papa Francisco, “uma fé que se faz oração incessante, perseverante, como a da
viúva da parábola, uma fé que se alimenta do desejo da sua vinda. E na prece
experimentamos a compaixão de Deus que, como um Pai, vem ao encontro dos seus
filhos cheio de amor misericordioso”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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