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Dom Leonardo: “No Dia Mundial da Paz como deixar de gritar para que deixem em paz os povos indígenas”

Dom Leonardo: “No Dia Mundial da Paz como deixar de gritar para que deixem em paz os povos indígenas”

Na
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, no Dia Mundial da Paz, Dom Leonardo
Steiner iniciou sua reflexão afirmando que “a Igreja expressa e celebra,
jubilosa, a identidade mais profunda, misteriosa e encantadora, mas, também
dramática de Maria: Mãe de Deus!
A Mãe de Jesus, a Mãe de Deus e, por extensão,
nossa Mãe; a Mãe do Príncipe da Paz, Mãe do Menino de Belém, Mãe do Crucificado:
na mãe de Deus, a nossa mãe!”. 

Segundo
o arcebispo de Manaus, “a Mãe de Deus nos recorda a graça da encarnação, o
olhar benevolente de Deus, a presença da Paz e da concórdia
. Ela como Mãe de
Deus continua a oferecer-nos o Filho, como acolhimento, graça, benção e paz. No
Filho não estamos desamparados, mas sempre guardados e abençoados”.

O
cardeal lembrou que “o Evangelho, mais uma vez, nos apresenta os pastores
visitando o Menino de Belém. Eles seguem a boa notícia, aceitam o convite para
a averiguação da presença do Salvador
. São
esses homens e essas mulheres que diante do maravilhamento e da confirmação da
presença do Salvador, louvam, bendizem, agradecem. Sentem-se acolhidos e
abençoado, pois ouviram o anúncio da paz”.

Por isso, Dom Leonardo ressaltou que “os
pastores nos mostram o paradoxo do ser cristão: o Salvador vem como um menino,
indefeso, deitado numa manjedoura, envolto em faixas pobres, em meio a animais.
Um Menino visitado pelos pobres e esquecidos da sociedade, se tornará o pobre
Crucificado, o Cordeiro de Deus
. Aos mais humildes, pequenos e marginalizados
de Israel começou a brilhar, a nova luz que brilhará como salvação na Cruz e no
túmulo vazio. A salvação nasce da fraqueza e com a fraqueza, da pobreza e com a
pobreza, com o despojamento. A paz é possível onde há almas desarmadas, onde a
diferença é graça, onde a harmonia brota da despretensão do poder e do domínio.
A paz se retrai diante da prepotência, da ganância, do poder, das armas”.

No Evangelho proclamado, vemos Maria guardando,
recolhendo, cuidadosamente todos os aconteceres em seu coração
.
Recolhida,
via e ouvia tudo, buscando nos acontecimentos-palavras um sentido, os sinais da
salvação. E ela a recolher tudo em si, na busca de deixar que tudo fale, tudo
direcione, tudo ilumine com a clareza e clarividência, transparência e
pequenez, da nudez de Deus no mundo. Sem saber o que dizer, sem saber o que
pensar, apenas no silenciar-recolher está ela na receptividade de em tudo fazer
a vontade de Deus. Ela a meditar e a recolher; e o Menino fazendo brotar
maravilhas”, disse o presidente do Regional Norte1 da CNBB.

Falando
sobre o ano que se inicia, ele destacou que “para nós que estamos na
expectativa do ano vindouro, o recolher de Maria, nossa Mãe, ajuda a encaminhar
os passos dos acontecimentos do porvir. Estamos na receptividade das
manifestações e estamos na vigilância de quem está à espera do nascer e
renascer da vida também nas tensões e ilusões, nas alegrias e esperança, na
decepção-desolação, no amor e na fé. A nossa Mãe a nos indicar o modo do
caminhar, de abrir veredas: nada de antecipação, de desespero, de dissintonia,
mas abertura de quem deseja auscultar as ações de Deus nas próprias ações
. No
recolher, esperar, esperançar! Um silêncio ativo e altivo!”.

O
cardeal Steiner disse que “ao saudarmos hoje a nossa Mãe como a Mãe de Deus, a Theotokos, afirmamos o desejo de com ela
aprendermos a ler a história
, os acontecimentos, guardando as maravilhas da
ação de Deus em nós e entre nós. Não temeremos os dias mais difíceis, as
guerras, as mortes, pois desejamos ouvir e ver Deus, como a fez a Mãe de Deus”.

Ele a definiu como “Mãe de Deus, silenciosa, acolhedora,
repassando tudo em seu coração diante de Deus. Nada escondeu, de nada se
esquivou; nenhum ressentimento, nenhum desconsolo, nenhum sentimento de
amargura, de solidão. Tudo límpida e transparente diante de Deus: Eis aqui a
tua serva!
Não deixou a vida à mercê do medo, do desânimo ou da desilusão. Nada
de fechamento, nem esquecimento, mas rememoração, meditação, diálogo com Deus.
E Deus a habitar nas aflições e nas alegrias. O caminho da Mãe de Deus, nosso
caminhar: meditando, recolhendo, sem desprezar a nada das alegrias e das
aflições, sabedores da presença de Deus e que nele colocação nossos corações”.

Comentando
a segunda leitura, o arcebispo de Manaus ressaltou que “São Paulo anuncia o
cumprimento do tempo messiânico: Quando
chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho…
(Gl 4,4). E Maria
no meio das vicissitudes do tempo, nas contrariedades, escutou a plenitude dos
tempos. O nosso desafio será experimentar essa plenitude no meio das dificuldades
do nosso dia a dia, no ano que anuncia; dispor-nos a acolher o mistério da
humanidade e da humildade de Deus, do Deus Menino, nas contrariedades, nos
descompassos da história, na mudança de época. Talvez, também nós experimentaremos
a plenitude de nosso tempo que é a nossa Paz. A plenitude do tempo se
estivermos na escuta, no recolhimento e na guarda como a Mãe de Deus. Se
vivermos sempre de novo, a cada amanhecer, o irromper da plenitude de nosso
tempo
. Celebrar a Mãe de Deus, significa dispor-nos a abrir a nossa vida para
que a plenitude do tempo, a presença do Menino Deus, se aconteça nos apertos e
alívios, nas alegrias e tristezas de cada dia (Gl 4,4-7)”.

Dom
Leonardo lembrou que “na Solenidade
da Mãe de Deus, celebramos o Dia Mundial da Paz
”, afirmando que “a paz será realidade, quando superarmos a indiferença com a
cultura de solidariedade, do amor, da justiça, da fraternidade e da
misericórdia. A cultura que supera a indiferença, a dominação, o poder, a
violência, a ganância. Uma cultura que promove a política do bem comum, que não
despreza os pobres, que acolhe os imigrantes, que não descarta a humanidade por
raça, gênero, cor, religião. A paz é perturbada pela economia que mata e
descarta, pelos julgamentos injustos e de interesse, pela política que
beneficia a grupos, negocia o voto e perde o horizonte da ética, pela
destruição do meio ambiente, pela ganância em relação às terras indígenas.
Interesses de grupos e interesses econômicos, não sustentam a paz, trazem
violência e destruição”.

Ele fez ver que “no dia Mundial da Paz, com a Mãe de Deus, os
governos dos Estados são chamados a estabelecer relações fraternas com os
outros povos, para que aconteça a fraternidade dentro da família das nações”, lembrando
que “no dia mundial da Paz, com Papa Francisco, fazemos o apelo de abster-se de
arrastar outros povos para conflitos ou guerras que destroem não só as suas
riquezas materiais, culturais e sociais, mas também a sua integridade moral e
espiritual; apelo ao cancelamento ou gestão sustentável da dívida internacional
dos Estados mais pobres; apelo à adoção de políticas de cooperação que, em vez
de submeter à ditadura de ideologias, sejam respeitadoras dos valores das
populações locais e, de maneira nenhuma, lesem o direito fundamental e
inalienável dos nascituros à vida. E como deixar de
gritar para que deixem em paz os povos indígenas
. Paremos com essa matança
e com o desastre ambiental por interesses econômicos
”.


Lembrando
das palavras do Papa Francisco na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2024, o
cardeal disse que ele “nos recorda que a paz corre perigo com o emprego antiético,
desfraterno e injusto da inteligência artificial. A inteligência humana é
expressão da dignidade que nos foi dada pelo Criador, que nos fez à sua imagem
e semelhança (cf. Gn 1,26) e nos tornou capazes, através da liberdade
e do conhecimento, de responder ao seu amor. Esta qualidade fundamentalmente
relacional da inteligência humana manifesta-se de modo particular na ciência e
na tecnologia, que são produtos extraordinários do seu potencial criativo.
necessidade de verificar se a inteligência artificial, corresponde à dignidade da
pessoa, da fraternidade que devem estar na base do desenvolvimento tecnológico
e científico
. É fundamental verificar se respeita a justiça e contribui para a
causa da paz”.

Olhando
para a primeira leitura, o cardeal Steiner destacou que “invocava a benção da
dádiva paz, para que sejamos guardados pela graça do olhar de Deus e do cuidado
da benevolência divina. ‘O Senhor te abençoe e te guarde…’ Que Ele nos
conceda proteção. Ele nos doe proteção.
‘O Senhor faça resplandecer sobre ti
seu olhar e te conceda sua graça!’
Nos conceda comungarmos de sua benevolência, de seu amor, através da alegria e
a misericórdia. ‘O Senhor volte para ti o seu olhar e te dê a paz!’ O Senhor levante seu rosto para
nós e nos dê a sua paz! O Senhor nos acolha! não desvie o seu rosto de nós! Nos
acolha e cuide de cada um de seus filhos e filhas”, citando o comentário de Fernandes.
M.A. e Fasini. D.

Finalmente,
o arcebispo disse que “para nós que estamos na expectativa do ano iniciado, o
recolher de nossa Mãe, nos ajuda a encaminhar os passos dos acontecimentos do
porvir. Estamos na receptividade das manifestações e estamos na vigilância de
quem está à espera do nascer e renascer da vida
também nas tensões e ilusões,
nas alegrias e esperanças, na decepção-desolação, no amor e na fé. A nossa Mãe
a nos indicar o modo do caminhar, do trilhar: nada de antecipação, de
desespero, de dissintonia, mas abertura de quem deseja auscultar as ações de
Deus nas nossas ações”, pedindo a Santa Maria, Mãe de Deus, que rogue por nós.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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