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Dom Leonardo Steiner: Não tenhais medo!

Dom Leonardo Steiner: Não tenhais medo!

Não tenhais medo!
Vós valeis mais do que muitos pardais!” No envio, na missão recebida, no
caminhar pelas incertezas, pode nascer receios, medos. Jesus a confortar: “Não
tenhais medo!”.

O Evangelho de hoje a nos libertar do medo: nada de encoberto, mas
revelado; nada de escondido, mas conhecido; Luz, não escuridão; Proclamação em
praça pública, não cochichos escamoteados, escondidos. O corpo pode passar pela
morte, a alma permanece vida; ser viventes!

São muitos os medos que fazem
as pessoas sofrer em silêncio, no escondimento. Medo do sofrimento, medo da
fome, medo da perda do amado, da amada, medo da perda dos filhos, medos do desamparo,
medo do desemprego, medo da morte.

No medo, a vida definha, se
apaga; a alegria desaparece, o medo causa danos, afasta; uma vida tomada pelo
medo definha. O medo afasta da solidariedade, da bondade. O medo nos afasta de
Deus.

“Não temais”, se repete por três vezes no Evangelho
proclamado. Ao enviar os discípulos Jesus assegura a sua presença, a sua ajuda,
a sua proteção, no desejo de que os discípulos superem o medo e a angústia que
resultarem do confronto, do embate, da perseguição. Jesus oferece três
ensinamentos para a superação do medo: pede aos discípulos que o medo não
impeça a proclamação da Boa Nova. A mensagem libertadora de Jesus não pode
correr o risco de ficar, por causa do medo, circunscrita a um pequeno grupo,
recolhido, escondido e comodamente fechado dentro de quatro paredes. A
proclamação corre riscos, incomoda. A proclamação da vida nova, do Reino, tenha
ousadia, coragem, convicção, coerência, esperança. Por isso, quanto mais livre
e visível melhor:
à luz do dia. Uma mensagem transformativa e transformadora para
todos.

Ele ensina às discípulas e aos discípulos que se deixem
guiar pela vida em plenitude, não pela morte. Não se deixem vencer pelo medo da
morte física. O que é decisivo, para os discípulos, não é que os perseguidores
o possam eliminar fisicamente, mas é perder a possibilidade de chegar à vida
plena, à consumação da vida, à vida definitiva. A vida do Reino que é
anunciado, a vida definitiva, é um dom de Deus. Os discípulos que percorrem com
fidelidade o caminho de Jesus não precisam, viver angustiados pelo medo da
morte.

E Jesus convida os discípulos a confiarem em Deus: Ele
cuida dos pássaros! Revela a tocante ternura e cuidado de Deus por todas as
criaturas, mesmo as que consideramos insignificantes e indefesas. Deus sabe a
quantia de cabelos que temos em nossa cabeça, isto é nos conhece na
profundidade de nós mesmos. Ele conhece de forma única, profunda, os nossos
problemas, as nossas dificuldades, os nossos dons. É cheio de amor e de
ternura, sempre preocupado em cuidar dos seus filhos e filhas.

Ora, depois de terem descoberto este “rosto” de Deus,
os discípulos têm alguma razão para ter medo? A certeza de ser filho, de ser
filha de Deus é, sem dúvida, algo que alimenta a capacidade do discípulo em
empenhar-se, sem medo, sem prevenções, sem preconceitos, sem condições, na
missão de anunciar o Reino de Deus. Reino da liberdade e da graça, Reino da
verdade da justiça, do amor e da paz. Nada, nem as dificuldades, nem as
perseguições, deveriam calar os discípulos e as discípulas, pois guiados e
guiadas, direcionados e direcionadas pela confiança na solicitude, no cuidado e
no amor de Deus, o Pai.

Jesus na sua pregação, com a sua presença, com os seus milagres, buscou
despertar confiança. Se Deus cuida com tanta ternura dos pardais do campo, os
pequeninos pássaros da Galileia, como não vai cuidar der nós, de cada um de
nós? Se faz crescer as ervas do campo e faz florir os campos, como não vela e
se debruça sobre cada um de nós? Para Deus somos muito mais importantes e
queridos que todos os pássaros do céu e as flores do campo. Como nos diz um
texto dos primeiros tempos do cristianismo: “Descarregai em Deus tudo que vos a
bate ou oprime, pois a Ele só
interessa o vosso bem”.

Jesus que sempre transmitia
esperança, confortava, buscava espantar o medo que se aninhava nos pobres, nos
famintos, nas viúvas e nos órfãos. E repetia e animava e espantava o medo: Tem
fé; a tua fé te salvou; Vai em paz, não voltes a pecar; Não julgueis, vive em
paz.


Deveríamos ser discipulas e
discípulos de Jesus, comunidades, que espantam o medo e oferecem o Evangelho da
confiança. Uma comunidade onde se respira uma paz contagiosa e se vive o amor
entranhável, que escuta o apelo de Jesus: “Não tenhais medo”!

Ao deixarmos ressoar as
palavras de Jesus “não tenhas medo”, talvez possamos fazer a experiência de
sermos amados por Deus. Tudo o que nasce dele é confiança e amor. Dele recebemos
a vida, não a morte, a paz e o bem, não a violência e a guerra. Podemos até
afastar-nos dele, mas ele não se afasta de nós. Deus nos ama
incondicionalmente. Não temos necessidade de conquistarmos a Deus, apenas nossa
abrirmos à sua graça e ao seu amor. Mesmo não sendo melhores, santos, santas,
continuamos a ser amados por Deus.

Não ter medo.  Jesus encoraja
os discípulos, nos ensina Papa Francisco. Fala do cuidado amoroso e providente
do Pai, que se preocupa com os lírios do campo e as aves do céu, e, portanto,
ainda mais com os seus filhos. Assim, não devemos preocupar-nos, nem nos agitar:
a nossa história está firmemente nas mãos de Deus. Este convite de Jesus a não
ter medo encoraja-nos. Com efeito, às vezes sentimo-nos presos num sentimento
de desconfiança e angústia: é o medo de falhar, de não ser reconhecido e amado,
o receio de não ser capaz de realizar os próprios projetos, de nunca ser feliz,
e assim por diante. Então lutamos para procurar soluções, para encontrar algum
espaço onde sobressair, para acumular bens e riquezas, para alcançar
seguranças; e como acabamos? Acabamos por viver na ansiedade e na preocupação
constante. Jesus, ao contrário, tranquiliza-nos: não tenhais medo! Confiai no
Pai, que quer oferecer-vos tudo aquilo de que realmente tendes necessidade. Já
vos ofereceu o seu Filho, o seu Reino, e acompanha-vos sempre com a sua
providência, cuidando de vós todos os dias. Não tenhais medo: eis a certeza à
qual o coração deve apegar-se! Não tenhais medo: um coração apegado a esta
certeza. Não temais!” (cf. Angelus, 07/08/2022)

A confiança fundamental que
Jesus transmite a seus discípulos: “Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas
não podem matar a alma”, fortalece os nossos passos, aquece nosso coração e
abre os nossos olhos para a benevolência e bondade de Deus. Especialmente quando
das contradições e decepções da cotidianidade. Permanecermos na confiança do
amor que Deus tem por nós. Nele está a salvação, a libertação da morte e do
fracasso. “Não tenhais medo”.

Irmãs e irmãos, Santo Agostinho dizia:
“Tenho medo que o Senhor passe e eu não o veja”. Caminhemos na confiança, na
certeza que Jesus e o Espírito Santo nos acompanham sempre. Amém.

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