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Dom Leonardo: “Tantas vezes também nós sentimos soçobrar e com confiança dizemos: salva-me”

Dom Leonardo: “Tantas vezes também nós sentimos soçobrar e com confiança dizemos: salva-me”

Vem! Sou eu!”, lhe disse Jesus a Pedro, segundo lembrou o
cardeal Leonardo Steiner comentando o Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum.
O arcebispo de Manaus, recordou o feito por Jesus antes da passagem do
Evangelho do dia, como
“depois
da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus envia os discípulos para o outro
lado do lago e,
despedida a multidão, sobe o
monte para orar, estar com o Pai”.

Dom
Leonardo afirmou que “o pouco dos cinco pães e dois peixes a saciara a
multidão! O pouco para todos, porque o pouco pode ser multiplicação, quando
solidariedade, caridade, misericórdia
. Todos alimentados do pouco. O pouco que
a todos saciara e recolhera ainda cestos cheios, faz Jesus enviar os discípulos
para o outro lado”.

Seguindo
o texto, o arcebispo lembrou que “a noite chegou e Jesus continuava, sozinho no
alto da montanha. Ele busca a solidão para encontra-se com o Pai. No encontro
com o Pai, não mais sós, mas só com o tudo e todo. O Pai é seu repouso, seu
conforto, a sua sabedoria, a sua inspiração
. No encontro do silêncio da noite
pode ouvir o Pai. O Pai e eu somos um: comunhão, coração no coração do Pai.
Jesus que recolhe o dom do tudo no pouco e oferece ao Pai. Agradece ao Pai,
louva e bendiz o Pai. O Pai a sua inspiração, pois desejo de fazer sua vontade”.

“No
alto do monte em oração, vê a dificuldade dos discípulos de aportarem a outra
margem.
A barca já longe
da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.
O vento, as ondas,
sacodem aqueles homens antes tocados pela beleza da partilha, e ao percorrem o
caminho da outra margem entram em crise. Libertos no pouco dos pães e dos
peixes, entram em crise
. Haviam percebido em Jesus a transformação, a
abundância, o cuidado. Agora estão a temer, entre as ondas, a travessia. Jesus
os enviara para a outra margem e eles a não suportar as contrariedades, as
dificuldades nas ondas agitadas e no vento forte”, comentou o cardeal Steiner.

Ele analisou os elementos presentes
no texto: ele identificou a
“noite” como
as trevas, a escuridão, a confusão, a desilusão, a insegurança da ‘navegação’
através da história, os discípulos de Jesus, sem saberem exatamente que
caminhos percorrer nem para onde ir
”. As ondas são vistas como “as hostilidades, as incertezas, a morte, a
frustração, o desânimo; os embates, contra o barco da vida”. Já os ventos contrários são assimilados com
“as resistências ao Reino dos céus, anunciado e visibilizado por Jesus”.

Segundo o arcebispo de Manaus, “os
discípulos sentem-se perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos,
incapazes de enfrentar as forças contrárias à vida
. Difícil permanecer na
atenção e na sintonia da doação do pouco, tudo. Naquele pouco do pão houve pão
para todos. Em meio às intempéries Jesus se faz presente. Ele se apresenta
caminhando com a noite, com as ondas e os ventos contrários.
Ele caminha sobre o
mar”.

“No quase raiar de um novo dia,
pelas três da manhã, Jesus encontra os discípulos. Foi-lhes ao encontro andando
sobre as ondas agitadas e o vento contrário. Os discípulos
ao avistarem a Jesus
andando sobre as águas agitadas, foram tomados de pavor, e gritaram de medo”, destacou
Dom Leonardo. Ele disse que “no meio da agitação, em meio a visão o pavor e o
medo, vem-lhes ao encontro a palavra: Sou eu!
Não tenhais medo, coragem, calma,
tranquilizai-vos sou eu, apenas eu. Estavam agitados demais, inquietos demais,
para perceberem que era Jesus”.

Nesse
ponto, o cardeal lembrou as palavras de Pedro: “Senhor, se és tu, manda-me ir
ao teu encontro caminhando sobre as águas”. Umas palavras que segundo ele vem a
dizer: “Se és tu, ensina-me a caminhar na liberdade das ondas agitadas e do
vento contrário. As minhas agitações, as minhas incompreensões necessitam de ti”.  Diante do chamado de Jesus: “Vem!”, o cardeal
afirmou que “Pedro desceu da barca e foi ao encontro de Jesus. O vento, o medo,
a dúvida, a mente distraída, o leva para o fundo
. Só então o grito: Senhor,
salva-me”!

“O
‘sou Eu’, no mar agitado da vida, nas agitações e dúvidas interiores que a
cotidianidade desperta também em nós no caminhar em meio a agitação e a
contrariedade, desejamos desfazendo-nos das aflições e às vezes até das
angústias”, disse o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “também nós suplicamos:
deixa-me ir ao teu encontro. E Ele benevolamente, amavelmente nos diz ‘vem!’ E
pensamos que Ele retira os dessabores, as mortes, as aflições naquele vem”.

Em
palavras de Dom Leonardo, “o vem de Jesus tão consolável está a nos dizer:
caminha com, anda com, estou contigo, ‘Sou eu’. Mas tantas
vezes também nós sentimos soçobrar e com confiança dizemos: salva-me
. E Ele
estende sempre a mão e nos ergue.
Nós como Pedro, com os nossos
impulsos e debilidades, percorremos o caminho da fé. Caminhamos ao encontro de
Jesus ressuscitado com a fragilidade e pobreza, inquietação e insegurança, no
meio das tempestades e dos perigos em que vivemos”.


“A
presença de Jesus se torna um silêncio suspenso”, segundo o arcebispo, que citou
Papa Francisco. Como nos diz Papa Francisco em um comentário ao mesmo texto, onde
diz que “
estamos seguros sobretudo quando sabemos ajoelhar-nos e
adorar Jesus, o único Senhor da nossa vida
.” O cardeal vê o sou eu na primeira
leitura, “quando Elias é convidado a perceber a passagem de Deus. Ele passa na
suavidade da brisa”. Ele lembrou o texto de Martin Buber onde traduziu o texto do
1º Livro dos Reis
.


“Um
silêncio suspenso, um silêncio sutil”, segundo o arcebispo, que disse que “a
presença de Deus, de Jesus, mesmo em meio aos tormentos e desilusões, é sempre
um silêncio sutil, um silêncio suspenso.
Deus não é o grande rumor, não é o
furacão, não é o incêndio, não é o terremoto, mas é a brisa ligeira, é aquele ‘fio
de silêncio sonoro’ que não se impõe
, mas pede para ser ouvido: ‘Sou eu’! Naquele
‘coragem, sou eu’, a suavidade de uma brisa suave, um silêncio sutil!  Aquele silêncio de Jesus: vem! Aquele
silêncio suspenso, a suspender Pedro que se sentia tragado pelas águas.
Suspende a Pedro, mantém, sem violência, na suavidade de uma presença que
conduz à outra margem”.


Citando de novo Papa Francisco, onde disse que “Jesus
é a mão do Pai que nunca nos abandona; a mão forte e fiel do Pai, que quer
sempre e só o nosso bem
”. O cardeal convidou a fazer com que “as palavras de
Pedro possam ser a nossa oração: ‘Senhor, salva-me!’. Salva-me, acolhe-me, segura-me,
sem ti não compreendo nosso mundo violento, cheio de morte, desprezo, descarte
dos inocentes e pobres. Salva-me, estende a tua mão para ser no meio do agito e
da perturbação a presença da tu paz, do Reino de amor e esperança. Salva-nos,
pois em ti somos todos irmãos, irmãs”.


Finalmente,
Dom Leonardo lembrou do Dia dos Pais, afirmando que “
no mês vocacional rezamos
pelas nossas mães e pelos nossos pais
”. Segundo o arcebispo, “a beleza e a grandeza
da vocação e da missão da maternidade e da paternidade na sociedade e na Igreja
nos seduzem a lembrar e rezar por todos que receberam a graça da vocação e da
missão do matrimônio. Ser pai e ser mãe, tem as suas preocupações e às vezes
também vento contrário e mar agitado. Tudo para chegar ao outro lado: a
maturidade de ser mãe, a maturidade de ser pai”.


A
vida familiar tem as suas agruras, mas especialmente o seu dom: cuidado,
comunhão, doação, perdão; ser pessoa
”, insistiu. Ele chamou os pais e as mães a
que “deixem ressoar a palavra de Jesus aos discípulos amedrontados: ‘Coragem!
Sou eu. Não tenhas medo!’ Ele no centro o barco da família singra com mais
suavidade”. Segundo o cardeal, “a vocação ao matrimônio, gerar como Deus gera,
despertar para a fé como Jesus, ensinar o caminho da salvação como o Espírito
Santo. Nossas mães e nossos pais possam ensinar a grandeza da vida, do serviço,
do cuidado aos pobres, o extraordinário da doação, da disponibilidade, da
solidariedade, da proximidade. As mães e os pães rezem pelos filhos, mas antes
rezem com os filhos. E eles aprendem em casa a grandeza da relação
inqualificável com Deus nosso Pai”.


Por
isso, seu pedido a rezar hoje “
pelos pais e pelas mães possam realizar-se
profundamente na vocação matrimonial
. Façam a travessia do amor, da doação”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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