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Lançamento da Campanha da Fraternidade em Manaus: “A ecologia integral é uma questão de fé”

Lançamento da Campanha da Fraternidade em Manaus: “A ecologia integral é uma questão de fé”

O cuidado da
Casa Comum, a promoção da ecologia integral, é uma preocupação no Magistério do
Papa Francisco, um caminho assumido pela Igreja da Amazônia, pela arquidiocese de
Manaus. A Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia
Integral
”, uma temática abordada pela nona vez na Igreja do Brasil durante o
tempo da Quaresma, é mais uma oportunidade para refletir sobre essa temática e
sentir a necessidade de avançar no caminho da conversão ecológica.

A
arquidiocese de Manaus lançou nesta quinta-feira a Campanha da Fraternidade, que
lembra os 10 anos da Laudato Si´, segundo o arcebispo de Manaus, cardeal
Leonardo Ulrich Steiner, que sublinhou a necessidade da conversão ecológica, dado
que o tempo da Quaresma nos faz um chamado à conversão, como a Igreja tem feito
ao longo da história, conversão pessoal, conversão social, segundo pediu o Papa
João Paulo II, e conversão ecológica, a pedido do Papa Francisco.

Afirmando
que “não estamos desligados, como nós sabemos pela Laudato Si, de toda a
realidade em que nós vivemos
”, o arcebispo de Manaus disse que “necessitamos
de converter as nossas ações, as nossas relações, para criarmos um pouco
mais de harmonia.” Isso porque “se continuarmos no modo como estamos de
dominação e de destruição do meio ambiente, nós como Terra e como
humanidade não teremos futuro.” Diante disso, ele fez um chamado à esperança,
seguindo a temática do Ano Jubilar, ressaltando que “a Campanha da Fraternidade
nos aponta a esperança, através da conversão ecológica.”

A Campanha
da Fraternidade ajuda a refletir diante das catástrofes ecológicas que
aconteceram, a grande seca, as enchentes, buscando “sobre quanto seja
importante cuidar da nossa Casa Comum”, disse a coordenadora de Pastoral da
arquidiocese de Manaus, Ir. Rosana Marchetti. A religiosa lembrou o objetivo da
campanha, que nos chama a “um processo de conversão integral, ouvindo o grito
dos pobres e da Terra
.” Um chamado “para que nós possamos deixar descansar a
terra”, seguindo o espírito do ano jubilar na Bíblia. Nessa perspectiva, ela
disse que “escutar o grito da terra, escutar os gritos dos pobres, é algo que
interpela a nossa fé.”

“Os santos
padres diziam que a glória de Deus é a vida do homem e da mulher. A gente
pode parafrasear dizendo que a glória de Deus é a vida de tudo aquilo que
existe”, disse o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. Ele insistiu em
que “a questão socioambiental, a questão da ecologia integral, para nós é,
sim, também um problema religioso, uma questão de fé
. O que está em ameaça
é a glória de Deus na medida em que a vida do que existe é ameaçada.”

O bispo
auxiliar insistiu em que “há muito a igreja que está na Amazônia se
reconhece como uma Igreja irmã da Criação”, afirmando que “toda a Igreja que
está desenvolvendo sua ação evangelizadora na Amazônia entende como
horizonte de realização do Reino de Deus toda a realidade criada.” Nesse
sentido, dom Zemildo Lima lembrou que essa temática se fez pressente na décima
Assembleia Pastoral Arquidiocesana, onde “nós reconhecemos que este horizonte
da casa comum, que enfim é o horizonte do Reino de Deus, é uma condição
indispensável
, podíamos dizer uma condição sine qua non, para o nosso
exercício de evangelização.”

Uma
reflexão que levou à arquidiocese de 
Manaus a assumir que “é muito importante que em todos os nossos
processos, processos missionários, processos formativos, processos de
solidificação das nossas comunidades, processos da celebração da fé,
passem por esta perspectiva ecológica
, por esta perspectiva socioambiental”,
levando a ecologia integral a permear toda a ação evangelizadora e a partir daí́
articular processos pastorais organizados, com ministérios do cuidado da Casa
Comum, dado que “guardar a Casa Comum é também um ministério eclesial”,
sublinhou o bispo auxiliar. Assim surgiu na arquidiocese de Manaus a Comissão
de Ecologia Integral, que tem articulado as numerosas iniciativas presentes nas
comunidades, fazendo o trabalho mais eficaz.

Na frente
dessa comissão está Frei Paulo Xavier Ribeiro, que a definiu como “uma
tentativa de potenciar esse processo de a partir da ação evangelizadora da
Igreja de Manaus, essa dimensão da ecologia integral
”, um caminho que tem
levado a descobrir inúmeras atividades, com adultos, jovens e crianças, citando
alguns exemplos que ajudam na incidência política e no compromisso com a vida
das famílias, a vida da sociedade. O frei Capuchinho destacou “o
encaminhamento disso com responsabilidade, com honestidade, um critério que
pode vigilumbrar ações que nos ajudam a consolidar um mundo diferente.”

Na
arquidiocese de Manaus, segundo relatou o coordenador de Pastoral, padre Geraldo
Bendaham, estão sendo realizadas diversas atividades em volta da Campanha da
Fraternidade, como está sendo a formação comunidades, áreas missionárias, paróquias,
setores, regiões episcopais. Junto com isso, ele destacou a importância das
novenas nas famílias, que ajudarão na conscientização, na oração, para
restabelecer novamente o amor à natureza. Mais um ano, na Quarta-feira de
Cinzas será realizada a abertura da campanha, que em 2025 se concretizará numa
caminhada ecológica da Catedral até o Parque Rio Negro, tendo como elemento de
reflexão o cuidado da água.

O cardeal
Steiner insistiu em que “como discípulos missionários, como discípulas missionárias,
nós queremos que a ecologia faça parte da caminhada da nossa fé, para
podermos assim cuidar melhor da obra que Deus entregou nas nossas mãos
.” Ele falou
sobre a reflexão de Papa Francisco, que faz um chamado para passar do desejo de
dominar ao desejo de cultivar e cuidar. Segundo o arcebispo, “temos que ter uma
relação de maior respeito, de maior cuidado, não de domínio, de
destruição”, lembrando o modo de São Francisco de Assis se relacionar com as
criaturas, “se relacionava como irmão e irmã”, o que deve nos levar a “retomar
esse modo de uma relação fraterna com todas as criaturas.”

O cardeal
Steiner denunciou que “o que comanda hoje é o mercado, é a economia, é poder
tirar da Natureza o mais que nós podemos, mas não em vista dos pobres, em
vista de quem já tem
.” Isso diante de uma realidade que nos mostra que “o
momento da terra está ficando muito difícil, muito difícil, mas nós
queremos continuar a crer que somos capazes de buscar soluções e somos
capazes de cuidar da nossa casa comum.” O arcebispo destacou como a Igreja de
Manaus sempre reza pelo Papa Francisco, “um homem que tem nos levado a perceber
a grandeza de viver o Evangelho, a alegria de poder viver o Evangelho, um homem
que não tem medo de dizer as coisas, não tem medo de dizer das nossas
fraquezas, das nossas fragilidades”, ressaltando que Papa Francisco desde o
começo tem se preocupado com a questão do meio ambiente e a ligação muito
grande entre o meio ambiente e os pobres.

A situação
climática na Amazônia tem provocado receio, medo, para não falar de pânico,
em que nós entremos numa situação de irreversibilidade como consequências
das mudanças climáticas, segundo dom Zenildo Lima. O bispo auxiliar demandou “a
necessidade de grandes intervenções a nível de governos mundiais, mas a
gente percebe quando entra em jogo a questão dos mercados, a coisa sempre fica
muito atrofiada. As iniciativas de ecologia integral parecem uma gota no oceano
do que nós temos como enfrentamento
.” Nesse sentido, ele vê a realização da
COP30 na Amazônia como algo que vai exigir muita pressão da sociedade
organizada.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

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