Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Moema Miranda: Igreja na Amazônia, uma mística madalena, de mulheres que constroem novas possibilidades

Moema Miranda: Igreja na Amazônia, uma mística madalena, de mulheres que constroem novas possibilidades

O Congresso
Internacional da SOTER, que tem reunido presencialmente e on-line mais de 600 congressistas
de 11 a 14 de julho, tendo como foco a Amazônia, contou em seu último dia com a
presença de Moema Miranda, que refletiu sobre “A Amazônia e a Igreja do Brasil:
desafios para a ecologia integral e a ecoespiritualidade

Desde seu
chamado a um olhar esperançoso, a uma esperança muito frágil que não se perde
na catástrofe, mas também não nega essa catástrofe, Moema Miranda centro sua
intervenção em três elementos: floresta, mundo, Igreja.

A floresta,
que ela vê como aquilo que está do outro lado, como “um grande acontecimento
biotecnológico em que milhares de seres humanos se encontram e interagem
”. Isso
nos desafia a pensar no mundo em um mundo complexo, cada vez mais complexo.
Diante disso a Igreja na Amazônia está motivada por uma mística de quem não arreda
o pé, uma mística madalena, inspirada em mulheres que caminhando juntas puderam
construir a possibilidade de hoje falar de uma Igreja que hoje constrói a possibilidade
de novos vínculos, de novas alianças.

Analisando
a realidade, Moema Miranda disse que no tempo atual, “estamos passando a viver
em uma terra que não conhecemos, um planeta cada vez mais complexo e com mais
dificuldade
”. Um mundo onde tudo está interligado pela lógica do capital, uma
das imensas ameaças para a Amazônia brasileira, denunciando que 80% do
desmatamento da Amazônia brasileira deve-se ao avanço da pecuária, algo que vai
unido à ameaça crescente do avanço da mineração.

A leiga
franciscana definiu a floresta como “essa comunidade ecumênica da vida à qual
nós podemos mudar o nosso olhar e aprender dela a conviver”
. Uma floresta onde
aqueles que a defendem são vítimas da perseguição, da violência e da morte. Situações
que são provocadas pelo sistema capitalista, que se apresenta em diferentes
modos e realidades, apresentando o novo conceito de “hidra capitalista”, em uma
sociedade onde tem acontecido uma institucionalização do delito.

Diante
dessa realidade, ela fez a proposta de alternativas, que levem a descobrir que “a
selva não é ameaça, a selva salva
”, colocando como exemplo disso as quatro crianças
perdidas na floresta amazônica na Colômbia durante 40 dias, que sobreviveram
porque elas estiveram em sintonia com a natureza, com uma selva que em cada centímetro
tem sua espiritualidade.

A Igreja na
Amazônia hoje habita um mundo muito diferente ao mundo de 1972, uma data de
grande importância. Diante disso sua proposta é um caminho de volta para casa,
que não é só uma casa, um tempo de reconstruir caminhos e reconfigurar nosso
lugar. Nessa Igreja da Amazônia, Moema refletiu sobre a figura da Ir. Dorothy, que
foi para a Amazônia porque se sentiu chamada pela floresta. Ela lembrou o testemunho
de quem conviveu com ela, que vê seu sangue como “um sangue que fertilizou a
terra”, e afirma que “ela foi plantada e continua a crescer, ela foi convertida
em encantado, ela foi sendo ressignificada como vida
e ela continua presente na
caminhada, viva, criando novas formas de vida, de resistência, de barrar o fim
do mundo”.

A Ir.
Dorothy é considerada por Moema Miranda como exemplo de uma espiritualidade
encarnada, “o espírito dela continua presente”, vendo a religiosa como mártir e
santa do povo da floresta, “ela foi chamada pela floresta e se fez uma com
muitos outros”.

É por isso
que se faz necessária uma conversão à cosmofilia, a amar o cosmos. Uma atitude
presente nos povos indígenas, destacando o trabalho realizado pelo Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), que ajudou a recriar as identidades dos povos
indígenas e a tomar consciência de seu ser indígenas, de povos diferentes, mas
unidos. Ela também destacou um outro exemplo do trabalho da Igreja com os povos
indígenas, o realizado pelas irmãzinhas de Foucauld com os Tapirapés, um povo
condenado a desaparecer que ressurgiu com sua presença samaritana
.

Finalmente,
Moema Mirando insistiu em que “uma releitura apocalíptica hoje nos coloca em
disputa contra o império capitalista, que não tem a última palavra”. Diante
disso, ela enfatizou que “Cristo aponta para a Amazônia, onde Ela já habitava
antes da chegada daqueles que vieram destruir”, desafiando a estar dispostos a
acreditar nos espíritos da floresta, se colocar na escuta daqueles que hoje
ainda escutam as árvores. E fazê-lo como uma Igreja madalena, acolhedora, que
não tem medo porque ama
.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Fale Conosco
(92) 3232-1890