No segundo domingo da
Páscoa, Domingo da Misericórdia, festa instituída pelo Papa São João Paulo II
no ano 2000, quem reflete sobre o Evangelho do dia é Verónica Rubí, missionária
leiga na Diocese de Alto Solimões.
Desde a Tríplice
Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, Verónica, relatando a atitude
dos discípulos “reunidos de portas fechadas, com medo”, relaciona essa situação
com a vida da gente, afirmando que “aí também estamos nós, com eles,
experimentando o medo pela solidão, o medo de que atentem contra nossa vida, o
medo à morte, medos que nos paralisam e nos isolam”.
A
missionária lembra como é que Jesus se faz presente, “com uma saudação que nos
conforta e nos enche de coragem: ‘A paz esteja convosco’”. Diante dessa
aparição, “a alegria de vê-lo e ouvi-lo, nos confirma verdadeiramente que é
ele, que está vivo, e elimina todos os nossos medos”, afirma.
Igual
aconteceu com os discípulos, “Jesus nos envia em missão: ‘Como o Pai me enviou,
também eu vos envio’”, recorda coordenadora da Caritas Alto Solimões. Segundo
ela, “não é para que fiquemos de portas fechadas, é para sair ao encontro,
especialmente daqueles com quem Jesus esteve: as viúvas, os pobres, os doentes,
os famintos…”. Algo que traduz à situação de hoje: “as vítimas de violência, os
migrantes, os drogo-dependentes”. A missionária insiste em que “Jesus nos envia
em missão com a força do Espírito Santo, experimentando o Reino pelo perdão dos
pecados”.
“A experiência da Ressurreição se vive em Comunidade”,
destaca a missionária. Segundo ela, “Jesus se faz presente na relação com os
outros, na construção coletiva, na partilha fraterna. Tomé se afastou da
comunidade e perdeu essa experiência”. Essa experiência a leva a refletir sobre
“quantas vezes também nós acabamos nos afastando da comunidade. Quantas vezes a
soberba nos faz pensar que a nossa verdade é a mais importante, mais até do que
aquela nos nossos irmãos, das nossas irmãs. Quantas vezes somos como Tomé,
incrédulas, incrédulos, pessoas de pouca fé”.
O
relato do Evangelho nos mostra que “uma semana depois Jesus volta a nos
confortar carinhosamente com sua saudação ‘a paz esteja convosco’”, nos lembra
Verônica. Ela mostra que “desta vez Tomé está presente e confirma por ele mesmo
a Ressurreição de Jesus, colocando seu dedo no lugar dos pregos e a mão no lado
ferido pela lança”. Diante disso questiona: “E eu, como experimento a
Ressurreição de Jesus? Acredito verdadeiramente que está vivo, ou ainda tenho
desconfiança de sua presença no meio de nós? No meu dia a dia, sento alegria de
estar com ele? Ou a tristeza, a autossuficiência, as dificuldades, me fazem não
acreditar?”
Finalmente,
Verónica lembra que “neste Domingo da Misericórdia estamos chamadas e chamados
a fazer profissão de fé e junto com Tomé, e dizer ‘Meu Senhor e meu Deus’.
Acreditar sem ter visto, nos dispõe a viver a vida com um olhar de fé,
reconhecendo a presença e Misericórdia de Deus que nos salva ‘Bem-aventurados
os que creram sem terem visto’”.