Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 1 de março de 2021

Dom Sérgio Castriani continua na UTI, com quadro “estável, apesar de grave”

Em nota divulgada na tarde desta segunda-feira, 1º de março, a Arquidiocese de Manaus, através da Assessoria de Comunicação, tem informado que Dom Sergio Eduardo Castriani, CSSp, Arcebispo Emérito “continua na Unidade de Terapia Intensiva, sedado e entubado”. A nota diz que no final do dia de ontem, domingo, 28 de fevereiro, “houve necessidade de realizar hemodiálise”. O quadro de Dom Sérgio é “estável, apesar de grave”. A nota encerra pedindo oração pela saúde Dom Sergio.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Maurício López: o Sínodo Amazônico é “um processo que torna possível e acompanha a irreversível conversão integral da Igreja”

  A sinodalidade, que não é uma estrutura e sim uma dinâmica, está se impondo como uma prática e uma reflexão cada vez mais presente na Igreja. Estamos diante de uma tentativa de voltar ao espírito que guiava as primeiras comunidades cristãs, um jeito de ser Igreja que busca assumir o discernimento como como caminho que ajuda nas mudanças, tendo como base a comunhão, numa perspectiva escatológica, que mostra que estamos colaborando no caminho do Reino. Nessa perspectiva, a aula inaugural da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte – MG, versava sobre “Sinodalidade, um jeito de ser Igreja na Amazônia e no mundo”. O palestrante foi Maurício López Oropeza, um dos melhores conhecedores do que significa a sinodalidade na prática, algo que descobriu e assumiu ao longo do processo do Sínodo para a Amazônia. Ele refletia partindo das vozes que fizeram parte desse processo sinodal, vozes do território e da própria Igreja, e a partir daí fazia uma leitura espiritual inaciana da Igreja, do que representa sentir com a Igreja. O Sínodo para a Amazônia representou um novo tempo de caminhada comum entre os povos originários e a Igreja, segundo Anitalia Pijachi, indígena colombiana, palavras que serviram como preâmbulo para a fala de Maurício López. Ele, bom conhecedor da espiritualidade inaciana, já foi Presidente Mundial das Comunidades de Vida Cristã – CVX, destacava três elementos próprios dessa espiritualidade, presentes nos Exercícios Espirituais, para compreender a sinodalidade na Igreja. Segundo o Secretário interino da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, “o maior propósito é o cumprimento da vontade de Deus”, algo que se faz realidades no relacionamento de uns com os outros de forma sinodal. Nessa realidade, o exercício sinodal da Trindade se concretiza como um processo comunitário de ver-escuta da realidade, desde a multiculturalidade, e a Encarnação que transforma a realidade. Tudo isso, segundo Maurício López, como “um ato que se origina em e para o amor”, que implica sair de si mesmo e “saber que somos convidados a ser cocriadores e contemplativos em ação”.  O caminho sinodal deve nos levar a entender que “o problema é que a Igreja não conhece nossa cultura, se ela nos conhecesse, saberia que lutamos pela mesma coisa”, uma reflexão do indígena peruano Santiago Yahuarcani. Esse pensamento está presente numa das cartas de São Paulo aos Filipenses, “uma comunidade com fortes desafios internos em termos de divisões e diferentes visões opostas”, segundo Maurício, algo que também faz parte da vida social e eclesial atuais. Isso tem aparecido de forma mais clara com a pandemia da Covid-19, que em palavras do conferencista, “ela revela sobre nosso fracasso como uma humanidade intolerante – desigual – autodestrutiva”, que torna “essencial testar e consolidar novos caminhos em nossa missão eclesial”.  Discernir uma nova maneira de ser Igreja no mundo, mais fiel ao Evangelho de Jesus, é o convite de onde surge a sinodalidade, afirmava Maurício. Trata-se de um caminho que “implica a afirmação dos sujeitos em sua diversidade, em toda sua gama de rostos e olhares pluriformes”, que tem como condições a unidade, a caridade e a paz, algo já definido na Lumen Gentium. Mas não podemos esquecer que existem “doenças” que dificultam a sinodalidade, que López Oropeza define como esclerose sinodal (farisaica) e misofobia sinodal (esenia), que provocam um gnosticismo alienante, “um sentimento de separação, de superioridade”.   Para superar essa realidade, Maurício fazia a proposta de formas de purificação, próprias do itinerário de Jesus, para avançar na plena sinodalidade. Ele destaca a necessidade de uma conversão do coração e dos fundamentos da sociedade e das instituições, fechadas e injustas. Tudo em vista do Reino de Deus, algo que fundamenta a sinodalidade, que não procura o triunfo de uma ideologia e que deve ser vivida no seguimento de Jesus. Isso tem sido assumido pelo Papa Francisco, que insiste em que o Sínodo é mais do que um Parlamento, o que, seguindo a terminologia inaciana, deve nos levar, com urgência, a “purificar a intenção, através do discernimento, diante das grandes tretas”, tendo como fundamento o sensus fidei versus o depositum fidei. O Sínodo Amazônico, que Maurício López considera “uma expressão particular, com implicações universais, da forma como o Concílio Vaticano II está tomando forma para garantir a relevância da missão da Igreja no mundo e no coração de seus gritos e esperanças”, concretizou tudo isso, gerando num mundo quebrado a possibilidade de um outro amanhã. Ele vê o Sínodo Amazônico como “um processo que torna possível e acompanha a irreversível conversão integral da Igreja”. Estamos diante de uma escuta sem precedentes, do Papa Francisco, na visita ao território amazônico em Puerto Maldonado, Peru (janeiro de 2018), do processo de escuta sinodal e da Assembleia Sinodal, que foi amplamente recolhido no Documento Final do Sínodo e ajudou o próprio Pontífice a identificar possíveis novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral na Amazônia, apontados na Querida Amazônia. Trata-se de um Sínodo que, segundo o conferencista, aborda três tensões substanciais: dimensão (território específico e universalidade), temporalidade (kairós e chronos) e reforma em andamento (passagem de um modelo centralizador, hierárquico-vertical, a outro mais participativo, colegial e comunitário, que tem em conta os gritos e esperanças da realidade, uma experiência inculturada e intercultural).   Ao longo do processo sinodal, o Papa Francisco foi dando algumas orientações: “a periferia é o centro”, que faz do secundário a pedra angular para criar novos caminhos; “não perder o foco”, que dinâmica territorial não seja diluída, evitando que o Sínodo se torne uma arena de disputa ideológica ou de lutas de poder, uma tentativa que esteve presente em alguns, centrando-se nos temas concretos do território; “a perspectiva do desborde”, superando estruturas, que mesmo importantes, são meios e não fins, e nos levando abraçar “os muitos rostos crucificados que pedem à Igreja esse papel profético e presença credível”; “o Sínodo Amazônico e filho da Laudato Si´”, algo que “expressa a visão multidimensional necessária da ecologia integral para um território específico”. Finalmente, voltando a Santo Inácio, Maurício López apresentava premissas inacianas essenciais…
Leia mais

Perdão, Senhor, por não ouvirmos a tua voz na “voz da Amazônia”

  40 Dias navengando com a Laudato Si´ na Querida Amazônia  1º DE MARÇO: Segunda-feira da 2ª Semana da Quaresma PEDIDO DA GRAÇA No início de cada dia, busco entrar em clima de oração e rezo: Senhor, neste  tempo favorável a voltarmos o nosso coração para os teus sonhos para a humanidade e para toda as tuas criaturas, te pedimos luz para refletirmos sobre como estamos vivendo as nossas relações contigo, com as pessoas, com o mundo que é a nossa casa comum e conosco mesmo. Ajuda-nos a reencontrar o sentido da vida no louvor e na contemplação agradecida da Criação, na saída de nós mesmos em direção aos que mais sofrem e se sentem sós, especialmente nestes tempos de pandemia, e na construção do teu reino de justiça e paz, tecendo redes de solidariedade e fraternidade entre todos os povos e culturas desta imensa região pan-amazônica e pelo mundo inteiro. Em especial hoje te peço … (apresente o seu pedido particular). Amém. OUVINDO A PALAVRA QUE NOS GUIA A ti, Senhor, convém a justiça; e a nós, hoje, resta-nos ter vergonha no rosto: seja ao homem de Judá, aos habitantes de Jerusalém e a todo Israel, seja aos que moram perto e aos que moram longe, de todos os países, para onde os escorraçaste por causa das infidelidades cometidas contra ti. A nós, Senhor, resta-nos ter vergonha no rosto: a nossos reis e príncipes, e a nossos antepassados, pois que pecamos contra ti; mas a ti, Senhor, nosso Deus, cabe misericórdia e perdão, pois nos temos rebelado contra ti, e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, indicando-nos o caminho de sua lei, que nos propôs mediante seus servos, os profetas. (Daniel 9, 7-10) REFLETINDO COM A LAUDATO SI’ O profeta Daniel afirma que ao povo resta sentir vergonha e pedir perdão ao Senhor por não ter ouvido a sua voz, que indica o caminho que devem seguir. São palavras muito atuais quando vemos como fácilmente também nós nos tornamos surdos à voz de Deus, que fala e muitas vezes grita pela voz dos que sofrem e pela “Mãe Terra” (a natureza) agredida. Na preparação do Sínodo para a Amazônia, pudemos perceber que este “é o momento de ouvir a voz da Amazônia e de responder como Igreja profética e samaritana” (IL, 43). Contudo, isso exige a conversão dos nossos corações e ouvidos, para ouvirmos a voz de Deus falando na e pela Amazônia. Pois, como recorda o Papa Francisco, “quando, na própria realidade, não se reconhece a importância de um pobre, de um embrião humano, de uma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos –, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza” (LS, 117).   AVANÇANDO PARA ÁGUAS MAIS PROFUNDAS Após um momento de silêncio… À luz do texto bíblico e das palavras do Papa Francisco, busco aprofundar minha experiência de encontro com o Senhor, trazendo para a minha oração a realidade concreta na qual estou envolvido, a situação pela qual passa o mundo, a região pan-amazônica, a minha cidade ou comunidade, a Igreja etc. Procuro perceber os apelos de mudança que Deus me faz e peço forças para concretizá-los, a fim de que o meu louvor a Ele se manifeste em obras concretas de compromisso pela vida, na defesa da nossa Querida Amazônia, dos seus povos e dos pobres da Terra. Concluo com um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.  FRASE PARA ME AJUDAR A CONTINUAR MEDITANDO NESTE DIA Se entrarmos em comunhão com a floresta, facilmente a nossa voz se unirá à dela e transformar-se-á em oração. (Querida Amazônia, 56) Pe. Adelson Araújo dos Santos, SJ