Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 17 de junho de 2021

Cardeal Hummes recebe o título de Doutor Honoris Causa por “Uma vida dada aos esquecidos do mundo”

A Universidade Nacional de Rosário (Argentina), concedeu esta quinta-feira, 17 de junho, o título de Doutor Honoris Causa ao Cardeal brasileiro Cláudio Hummes, presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A razão desta distinção reside nas suas “meritórias contribuições para a sociedade e para a defesa dos direitos humanos“, de acordo com Dario Maiorana, o patrocinador do candidato a doutorado. Nas suas palavras, o antigo reitor da universidade destacou alguns elementos presentes na vida do cardeal, tais como a defesa da casa comum, “um slogan para todos os homens e mulheres de boa vontade”. Juntamente com isto, reconheceu o seu papel notável na defesa dos trabalhadores durante a ditadura brasileira. Assim como o seu envolvimento em questões climáticas, o que o tornou um dos grandes defensores da Amazônia e dos seus povos. O reconhecimento do Cardeal Hummes como Doutor Honoris Causa foi uma proposta do Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro. Na Laudatio da investidura, o seu diretor, reconhecendo as muitas razões para isso, destacou no Cardeal o fato de ser “um líder esperançoso que partilha a alegria do espírito num sentido fraterno”, e juntamente com isto, ser “um professor que nos ensina o caminho encorajando-nos a uma compreensão plena dos desafios que nos esperam”. Além disso, “o irmão que consola e alcança”, e “o Pastor que alegremente guia a comunidade num sentido de fraternidade, diálogo e transcendência, fora da zona de conforto, entendendo o futuro como um desafio”. Ao fazer um breve relato da vida do homenageado, Luis Liberman sublinhou “o seu compromisso com os pobres é o horizonte da sua ação pastoral”. Insistiu também que “a sua vocação pedagógica traça a sua identidade como construtor de caminhos de esperança”, relatando diferentes fatos que atestam esta afirmação, um deles o seu envolvimento na Cátedra do Diálogo e da Cultura do Encontro, onde manifestou a sua vocação para “semear e semear, para conhecer, para partilhar”. O mesmo na necessidade de “criar uma Universidade Católica Amazónica intercultural, localizada no território, que atenda tanto à renovação na formação da Igreja como às necessidades de desenvolvimento e crescimento da comunidade”. No novo Doutor Honoris Causa, Liberman sublinha que “o seu compromisso social e pastoral foi sempre com os mais fracos em testemunho, pregação e ação”, colaborando no que ele chama “a compreensão dos processos de mudança na Igreja latino-americana nos últimos 50 anos”. É alguém que está empenhado na sinodalidade, que Luis Liberman define como “o instrumento necessário para compreender que o nosso caminho está na periferia geográfica e existencial. Questionar a cultura do descarte e a globalização da indiferença. Criar uma pedagogia do cuidado baseada na ecologia integral que, juntamente com a boa política, nos permita projetar uma cultura de encontro”. É uma história de vida que, nos últimos anos, tem estado ligada a novas experiências eclesiais, tais como a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), cuja criação liderou e que presidiu durante seis anos, o Sínodo para a Amazônia, do qual foi relator geral, e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que “é um organismo episcopal que visa promover a sinodalidade entre as igrejas da região e continuar a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora, especialmente incorporando a proposta da ecologia integral”, segundo Liberman. Ele insistiu que o homenageado “tornou-se uma figura de grande importância global pelo seu trabalho na defesa dos direitos humanos e do ambiente”. A cerimónia contou com a presença de alguém que disse dever muito ao Cardeal Hummes, o Papa Francisco, pelo “exemplo que me deu durante a sua vida“. Com uma mensagem de autografada, que o homenageado disse não merecer, o Papa Francisco disse estar “feliz com esta decisão porque se trata de agradecer a Deus e à vida por nos terem dado estes companheiros de caminho, estes líderes que têm a coragem de abrir trilhas, caminhos e de provocar sonhos; a coragem de continuar sempre olhando o horizonte sobre os problemas e dificuldades do caminho”. Para o Santo Padre, o Cardeal Hummes é “um homem de esperança e um semeador de esperança“. Alguém que no momento em que foi eleito Papa disse-lhe duas frases que ficaram marcadas nos seus pensamentos e na história da Igreja, e que ele recordou na sua mensagem: “é assim que o Espírito Santo age“, e juntamente com isso “não se esqueçam dos pobres“. O Cardeal Pedro Barreto também participou no ato académico, realizado virtualmente, e mostrou a sua profunda alegria pelo reconhecimento do Cardeal Hummes, alguém que tem sido um companheiro no caminho e nos sonhos desde setembro de 2014, quando a REPAM foi criada, na qual foram presidente e vice-presidente. Nas suas palavras, o cardeal peruano insistiu no papel do Cardeal Hummes como “um líder de esperança que, agora aposentado, se dedicou a servir a Amazônia”. Daí a importância dos passos dados neste tempo, com a celebração do Sínodo e a criação da Conferência Eclesial da Amazônia, que, nas palavras de Pedro Barreto, “o Cardeal Hummes preside, encorajando a esperança para a Amazônia e para a Igreja“. O reitor da universidade anfitriã definiu o evento como “o mais importante da vida académica de uma universidade”, enfatizando a “alegria de ter uma personalidade tão simples e enorme entre o corpo docente”. Franco Bartolazzi disse que foi um título atribuído por unanimidade e com força, reconhecendo no Cardeal Hummes, um espelho no qual escolhem olhar para si próprios, olhando para os princípios e valores que impulsionam o seu compromisso. Por esta razão, afirmou que “neste ato estamos pondo em evidência a universidade que queremos ser“. O Reitor da Universidade Nacional de Rosário, falando do testemunho da vida do homenageado, definiu-o como “um apelo de Deus que se torna uma vida dada aos mais fracos, aos trabalhadores, aos povos originarios, àqueles que o mundo deixa de lado, marginaliza”, insistindo na necessidade de “reconhecer a sua vida dada aos esquecidos do mundo“. Bortolazzi agradeceu ao Cardeal Hummes pelo seu testemunho de vida, pelo seu empenho no cuidado da nossa casa comum, pela sua mensagem de alegria e…
Leia mais

Alegria do Papa Francisco pelo Doutorado Honoris Causa do Cardeal Hummes: “um semeador de esperança”

Com uma mensagem manuscrita, da qual o homenageado diz não ser merecedor, o Papa Francisco quis estar presente na atribuição do Doutorado Honoris Causa da Universidade de Rosário (Argentina) ao Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Conferência Eclesial da Amazónia – CEAMA. O Santo Padre diz estar “feliz com esta decisão porque se trata de dar graças a Deus e à vida por nos ter dado estes companheiros de caminho, estes líderes que têm a coragem de abrir trilhas, caminhos e de provocar sonhos; a coragem de continuar sempre olhando o horizonte sobre os problemas e dificuldades do caminho”. O Papa define Dom Cláudio, um dos cardeais mais próximos do atual pontífice, que o encarregou de ser o relator geral do Sínodo para a Amazónia, como “um homem de esperança e semeador de esperança porque está convencido de que ‘a esperança não desilude’”. Na sua mensagem, o Papa Francisco mostra a sua gratidão ao Cardeal brasileiro, a quem diz dever tanto, pelo “exemplo que me deu durante a sua vida“, recordando duas frases que ficaram na história, pronunciadas pouco depois de ter sido eleito Papa, quando lhe disse, “é assim que o Espírito Santo age“, e juntamente com isso “não se esqueça dos pobres“. Um Papa que é sempre amigo dos seus amigos, mostra mais uma vez a importância de momentos como o vivido na Universidade Nacional de Rosário, uma universidade pública na Argentina, onde é reconhecido o testemunho de alguém que construiu pontes entre diferentes formas de pensar e de tomar uma posição face aos problemas do mundo de hoje. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Refletir diante de números que deixaram de interessar

Nos próximos dias, o Brasil vai ultrapassar os 500 mil óbitos em decorrência da pandemia da Covid-19, uma marca que deve nos levar a parar e pensar. Mas será que o povo brasileiro sente necessidade de refletir diante desse fato lamentável? Será que os números interessam ou o povo já se acostumou com uma realidade que se tornou corriqueira? Se realmente for assim, a gente deve refletir, pessoalmente e como sociedade, e nos perguntarmos qual é o nosso grau de humanidade. A insensibilidade diante da morte é uma prova de que a gente perdeu aquilo que nos torna humanos. Aos poucos nossos corações vão se endurecendo e perdendo a empatia, uma atitude da qual a gente não pode abrir mão na medida em que a gente se diz gente. Todos nós conhecemos muitas pessoas que partiram, vítimas desta pandemia que tanta dor e sofrimento tem provocado na vida da humanidade. O luto se fez presente em muitas famílias, que viram como seus entes queridos, inclusive vários da mesma família, partiam de modo prematuro. São perdas diante das quais somos chamados a ser sinal de esperança e de consolo. A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quer que este momento possa servir como oportunidade para rezar, homenagear e se mobilizar, fazendo memória de tantos brasileiros e brasileiras que partiram. Não se trata de números, são pessoas concretas, com quem a gente partilhou momentos importantes da nossa vida. Sim, momentos da vida, pois toda vida importa. Quando a gente fica impassível diante dos fatos, se torna difícil mudar a realidade. Uma transformação social que possa ajudar a construir um Brasil melhor para todos e todas, onde a defesa da vida seja colocada em primeiro lugar, se torna mais do que urgente. Cobrar políticas públicas que ajudem a estancar uma sangria e um sofrimento cada vez maiores é algo que não pode mais ser adiado. Diante do empenho que muitos têm em querer mostrar grandes números de apoiadores e seguidores, de gente que se deixa guiar por líderes autoproclamados salvadores da pátria, estamos ante fatos concretos que não deveriam ser negados, mesmo que alguns, cegados por quem nunca se importou com a morte, mostrem menosprezo. Se 500 mil mortos não mexem com a gente, se fazemos de conta que tudo está ok, se nos justificamos dizendo que isso não tem a ver com a gente, se deixamos de lado nossa necessária solidariedade, nos tornaremos cumplices de uma sociedade que ignora o sofrimento alheio. Ou a gente para, pensa e busca soluções concretas, também a longo prazo, ou estaremos condenados para sempre a viver como seres irracionais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1- Editorial Rádio Rio Mar