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Dia: 12 de fevereiro de 2023

Dom Leonardo: “Os olhos do Evangelho pedem que adotemos o modo da cordialidade, da simpatia, da solicitude e afeto”

“Jesus continua a nos indicar a que fomos chamados: às bem-aventuranças, à realização, à plenificação”, afirma o Cardeal Leonardo Steiner comentando o Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum, onde “Ele a nos dizer do caminho a que somos convidados: percorrer um caminho, uma vida digna, livre e plenificada”. Citando o texto evangélico, Dom Leonardo vê nele “uma nova visão, um novo modo de viver, um viver que possibilita a verdadeira liberdade, um viver na cordialidade. O modo de viver da justiça, da boa medida, da medida equilibrada. As decisões segundo o que convém e é necessário, não conforme a lei, as normas. Viver que tem a boa medida da bondade, da misericórdia, como Deus, o justo”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “a justiça dos homens, a nossa justiça é diversa da justiça da Deus. A de Deus é equânime, livre, libertadora, consoladora, resgatadora. A justiça de Deus não se desvia, não acusa, não condena. Ela resgata, eleva, santifica”. A partir do texto, o Cardeal ressalta “Como dependemos de nossos olhos! Como dependemos da visão que temos da pessoa, de Deus, do mundo! Grandeza de nosso olhar, fraqueza de nossos olhos: purificação, transparência do olhar!”.  Dom Leonardo lembrou o que nos possibilitam os olhos: perceber grandezas, belezas; se deixar atrair pela beleza de uma paisagem, pela obra de arte escondida atrás de um edifício; se deixar encantar com a beleza das pequenas e estreitas ruas da cidade medieval sobre a colina; é de encher os olhos o vale florido”. O Arcebispo lembrou “o olhar que se perde ao buscar o alto, o sem confim do mar”, e também os olhos a seguir o ritmo das águas dos rios, a vida que nela acontece, a vida nascida do rio. O olhar que lê as águas, os igarapés, os rios; que percebem os pequenos gestos, as pequenas mudanças, os mínimos acenos de ternura e aconchego; que veem a dignidade humana perdida, descartada e o menosprezo em relação à natureza, à casa comum”. Um olhar que “vê a beleza da face enrugada, digna e cheia de história. São os olhos tomados de grandeza e beleza. Olhos capazes de nos dar a sensação e percepção de um mundo digno de ser visto e vivido”. “No andar da vida, nossos olhos enxergam aquilo que permanece esquecido e velado”, disse o Cardeal Steiner. Ele chamou a atenção em “tantas coisas que nos distraem”, que não nos deixam enxergar o cotidiano: nossa casa que acabou de ser arrumada e limpa; nossas roupas bem passadas e cuidadas; como cresceram nossos filhos, como eles cresceram em idade sabedoria e graça; a grandeza do amor que pode alimentar e dar criatividade às nossas diferenças. Citando o texto que diz “Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”, Dom Leonardo insistiu no “olhar que se tornou unidirecional, uni focal. Perdeu o horizonte do ver que tudo vê na sua transparência, na quase inocência. Perdemos o olhar que nos indica nossas raízes, nossa pertença, nossa terra, o nosso céu. O olhar que já não vê beleza, delicadeza, apenas desejo de posse, de possuir. Possuir é traição ao modo que nos é proposto e indicado no Evangelho, perceber a cada um como filho e filhas de Deus. Posse, dominação, que no Evangelho em dito como não consumação física, mas a consumação no coração. Aquele adultério, aquela traição, uma relação que nos afasta do amor primeiro, da pessoa amada e deixamos que o olhar se torno traição”. Por isso, o Cardeal destacou que “o convite de Deus hoje é de arrancarmos esse olho doentio, distorcido, para não perdermos a vida, isto é permanecer na cercania do amor, da convivialidade de termos sido amados”. Segundo ele “às vezes estamos na iminência de perder a sensibilidade do olhar dos pequenos, simples e humildes amados de Deus e por ele desejados como prediletos, como filhos e filha de seu coração”, convidando a reparar no “olhar que se desvia do indiferente, do meramente atraente” e chamando a perceber que “vivemos nessa espécie de dualidade de olhos, do olhar”. Daí, Dom Leonardo fez ver que “é preciso arrancar o olhar distraído, traído, traiçoeiro, pois somente o olho da vida nos conduz ao Reino de Deus. E o Reino de Deus não desejamos perder”. “Olhos que veem, olhos que, no entanto, podem estar dispersos e desatentos nessa multiplicidade de ver, sem estar concentrados e guiados pelo olhar salvador. O olhar disperso, distraído, o olhar sem grandeza, sem beleza”, destacou. Por isso, ele fez ver que “arrancar indica salvação, permanecer com o olho mau indica a condenação ao fogo do inferno, pois perdemos a graça de ver o que é invisível aos olhos. Já não vemos mais. No não ver a verdade, pecamos com nosso olho. Então é melhor entrar na vida com um olho só do que nos perdermos”. Uma reflexão que o levou a questionar: “Mas como receber esse olhar, esse olho renovador, ágil, simples, grandioso que nos deixar ver na nossa realidade a realidade e a verdade de Deus?”, lembrando que “o Evangelho de hoje nos fala de entrar na vida com um olho só. Esse olhar é aquele olhar que na Sagrada Escritura vem dito como: ‘E Deus olhando o criado, viu que tudo era bom’. Esse olhar que se recolhe, que contempla, que se deixa invadir pela grandeza das criaturas é que nos salva. O olhar da benevolência, o olhar do perdão, o olhar que sempre descobre em toda miséria humana uma grandeza toda própria: a fraqueza de Deus. Para isso precisamos perder nossos olhos, sem perdê-los não limpamos o olhar com que Deus nos presenteou”. Dom Leonardo fez ver que “recebemos olhos que enxergam a pobreza e a degradação humana perambulando pela nossa cidade. Olhos atentos para a injustiça, para a poluição. O olhar que de Deus provém, é pleno de positividade, de jovialidade, de cordialidade. É sem descanso, sem rótulos. É o olhar que já viu tudo, que sabe tudo, não…
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6º Domingo do Tempo Comum: “O revolucionário é fazer o bem até mesmo aqueles que nos desejam o mal”

No 6º domingo do Tempo Comum do ciclo A, Verónica Rubi nos lembra que “cada domingo vamos fazendo uma leitura consecutiva do Evangelho de Mateo”. Três domingos atras, nos lembra a missionária leiga na Diocese de Alto Solimões, “ouvimos que Jesus subiu ao monte com seus discípulos para ensinar-lhes, e lhes deu a conhecer as bem-aventuranças como fundamento principal para a verdadeira felicidade”. “No domingo passado ouvimos outro ensinamento: ‘vos sois o sal da terra, vos sois a luz do mundo’, destacando a importância de nossas obras, da nossa vida que glorifica ao Pai”, afirma. “Neste domingo continuando os ensinamentos na montanha, Jesus diz que Ele veio para dar pleno cumprimento à Lei e aos Profetas, não porque faça outra interpretação ou explicação das profecias, senão porque Ele mesmo é a plenitude da Lei, Jesus é a Plenitude, ele com sua vida, sua maneira de obrar, suas prioridades, sua atenção aos desfavorecidos, com seus ensinamentos, nos revela o coração do Pai”, segundo a missionária.  “Nós estamos chamados a segui-lo de perto, para conhecê-lo e aprender dele, e assumindo nosso batismo, ser discipulas- discípulos do Deus conosco e com ele protagonistas do Reino dos Céus”, lembra Verônica. Segundo ela, “nesse momento, no Monte, Jesus também lembra o que diz a Lei: ‘não mataras’, ‘não cometeras adultério’, ‘não jurarás falso’, mais Ele não fica na proibição do que não devemos fazer, do que no está certo, ele se preocupa pelas intenções mais profundas do nosso coração, por ser elas as que motivam nossas ações”. Jesus “nos chama a reconciliação com quem temos brigado, insultado, mal decido no nosso coração, tenta fazer-nos entender que na Lei de Deus que é o Amor, não adianta só não matar, o revolucionário é fazer o bem até mesmo aqueles que nos desejam o mal”, destaca Verónica Rubi. Ela nos levar a nos questionar: “Alguma vez tenho conseguido responder bem por mal? Procuro a reconciliação explicita ou implícita com aquele que me distanciei?” Segundo a missionária, “quanto ao adultério, que é romper a relação de fidelidade entre conjugues, Jesus não fica só na relação carnal, também fala do desejo, deixando claro que é a intenção, o impulso, o que estamos chamados a trabalhar, em função do bem, da verdade, da plenitude”. Daí ela se pergunta: “Como estou neste aspecto de minha vida? Consigo trabalhar, modelar meus impulsos ou eles me cegam em busca da satisfação?”   “Por último, fala do valor da palavra dada e nos motiva a viver na Verdade, a dizer as coisas como são, até mesmo se assumir a realidade nos causa problemas”, destaca, nos questionado: “Qual é minha experiencia, vivo na verdade ou vou pelo mundo modificando as situações a minha conveniência? Reconheço que dizer uma coisa por outra é uma mentira, tento trabalhar isso em mim?”. Daí ela lembra: “que seja nosso Sim, Sim, nosso Não, Não”. Isso a faz ver que “ainda temos muito por andar, muito que melhorar, que Jesus nos anime no caminho de discípulas-missionários e nos fortaleça com sua graça para glorificar ao Pai”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia CIMI Regional Norte1: Celebrar, fazer memória, buscar ser um sinal de presença da Igreja

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Regional Norte1 realiza de 11 a 13 de fevereiro no Xare (Manaus) sua assembleia, a primeira que acontece de modo presencial após a pandemia, segundo lembra Jussara Góes, Coordenadora do CIMI Regional Norte1, algo que considera muito significativo. A missionária do CIMI vê este momento como “fortalecedor depois de 4 anos de governo genocida anti indígena e agora com o novo governo”. Uma assembleia que busca discutir temas “que vão nos proporcionar encontrar caminhos para os próximos anos, principalmente na questão do fortalecimento da luta indígena, de esperança para os missionários do CIMI, fortaleza na luta e também na garantia e efetivação dos povos indígenas”. Ao longo da assembleia será apresentada a Conjuntura Política Indigenista e os desafios depois de 50 anos de caminhada do CIMI. Junto com isso a articulação e avanço do movimento indígena em âmbito regional. O encontro abordará as mudanças climáticas, a mercantilização da natureza e sua relação com os povos indígenas. A Coordenação Regional apresentará seu relatório que servirá como base para elaborar as prioridades e estratégias para a atuação do CIMI diante do cenário de desafios atual, elaborando a agenda a seguir. Na Assembleia do CIMI se fizeram presentes alguns dos Bispos do Regional Norte1. Dom Leonardo Steiner insistiu na importância de “uma assembleia celebrativa como memória, recordação do passado, mas também dos gestos importantes da missão que o CIMI exerceu e com isso também pensar no futuro do CIMI”. O Cardeal lembrou da situação dos tão difícil dos Yanomami, a quem ele visitou recentemente, “que fez o CIMI pensar em aprofundar a sua missão, serem missionários e missionárias junto aos povos originários levando sempre esperança, ajudando o povo a se organizar, buscado sempre de novo ser um sinal de presença da Igreja, sinal da presença do Evangelho, uma presença de ânimo”. O Arcebispo de Manaus lembrou da questão do Marco Temporal e de “buscar junto ao Supremo Tribunal Federal uma maneira de chegar ao julgamento final que terá repercussão na questão do Marco Temporal”, uma partilha muito rica “porque nós temos missionários e missionárias de todo o Regional Norte1”. Segundo Dom Leonardo, “essa partilha de experiências, momento celebrativo, momento de ação de graças sempre traz ânimo, sempre traz encorajamento para nunca perder de vista que estamos para servir”. O cardeal destacou que “mais uma vez foi repetida a palavra avancemos, avançar sempre, porque Jesus nos convida no Evangelho a buscar a profundidade de servir sempre”. “A Assembleia do CIMI ela tem uma importância muito grande porque Amazonas é o Estado que concentra maior população indígena do país, inclusive a maior diversidade cultural”, segundo Dom Edson Damian. Ele lembrou de sua Diocese, São Gabriel da Cachoeira que 90% são indígenas e pertencem a 23 povos diferentes e são faladas 18 línguas. Algo que o Presidente do Regional disse que “trata-se de um patrimônio étnico, linguístico, cultural e antropológico de primeira grandeza”. Segundo Dom Edson, “nossa Igreja está de mãos dadas com esses povos para preservar sua cultura, suas línguas e principalmente os territórios aos que eles têm direito porque vivem aqui desde tempos imemoriais”. Logo após a celebração dos 50 anos do Cimi, o Bispo insistiu em que “se não fosse o CIMI muitos povos indígenas teriam desaparecido literalmente do nosso país”. Ele destacou a importância do Ministério dos Povos Indígenas, a FUNAI e a SESAI totalmente administradas por eles. Ele chamou a “nos manter unidos e organizados, porque nossa democracia é muito fraca”, destacando que “os povos indígenas são para nós um testemunho de organização fantástica. Temos muito a aprender dos povos indígenas e caminhar com eles para que continuem nas suas lutas”. Um momento de “fazer memória, de celebração, de resistência, mas também de desafio”, segundo Gilmara Fernandes. A missionária do CIMI recordou a importância de “avaliar a caminhada de 50 anos e daí tirar os desafios para os próximos anos, o que a gente está vivenciando na atual conjuntura da política indigenista”, o que deve levar, depois de fazer uma análise da realidade e partilhar o trabalho das equipes, a tirar as prioridades para os próximos 3 anos no Regional Norte1. “Depois de 4 anos de retrocesso nós temos o desafio da reconstrução da política indigenista oficial, especialmente no que se refere a destravar todo o processo de demarcação dos territórios indígenas que foram travados nos últimos 4 anos”, afirmou Antônio Eduardo Oliveira. Segundo o Secretário Executivo do CIMI, “temos muitas pendências, represamentos das demarcações e isso faz com que aumente os conflitos nos territórios indígenas”. Desde o contato permanente com o movimento indígena, o CIMI quer “dar continuidade ao processo de mobilização, mesmo agora tendo essa recepção do Governo Federal com relação a uma maior participação deles no âmbito do executivo”. Segundo ele, “é necessário a continuidade do processo de mobilização para destravar toda uma legislação que foi construída contra os direitos dos povos indígenas no Brasil”. Ele lembrou da situação dos Yanomami, a invasão de territórios no Sul da Bahia, nos Munduruku e também em relação aos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Por isso, ele destacou que “são questões que são urgentes para poder ser tomadas providências e aí vamos fazer essa carga no Governo Federal a partir da mobilização dos povos indígenas e recuperar o julgamento de repercussão geral que discute duas teses fundamentais para os povos indígenas, a tese do Marco Temporal, que é uma articulação da Bancada Ruralistas, dos setores ruralistas, para poder retirar direitos dos povos indígenas e a tese do Indigenato que a Constituição Federal já contempla”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1