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Dia: 15 de junho de 2023

38ª Semana do Migrante: “Para o Migrante, Pátria é a terra que lhe dá o Pão”

A migração é uma realidade que aumenta a cada dia, tendo dobrado o número de migrantes no mundo nos últimos 10 anos. Diante disso o Papa Francisco chama a “acolher, proteger, promover e integrar” os migrantes, insistindo em que migrar é um direito. Em sua Mensagem para o 109º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será celebrado no 24 de setembro com o tema “Livres de escolher se migrar ou ficar”, ele faz um chamado “a ter o maior respeito pela dignidade de cada migrante; e isto significa acompanhar e gerir da melhor forma possível os seus fluxos, construindo pontes e não muros, alargando os canais para uma migração segura e regular”. A Igreja do Brasil inicia no próximo domingo, 18 de junho, a 38ª Semana do Migrante, realizada pela Pastoral dos Migrantes (SPM) e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com apoio da Misereor e Adveniat, do programa Puentes de Solidaridad e da Rede Clamor. Ao longo da semana, que será encerrada no dia 25 de junho, será refletido sobre Migração e Soberania Alimentar, tendo como lema: “Para o Migrante, Pátria é a terra que lhe dá o Pão”. A abertura da 38ª Semana do Migrante será realizada no Santuário Nacional de Aparecida (SP), no domingo 18 de junho com uma Eucaristia presidida por Dom José Luiz Ferreira Salles, bispo da diocese de Pesqueira (PE), presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes e referencial do Setor da Mobilidade Humana da CNBB. O tema da Semana do Migrante está inspirado na Campanha da Fraternidade 2023, que teve como tema Fraternidade e Fome.   A falta de acesso a alimentos saudáveis e nutritivos é uma das causas da migração forçada, sendo muitos os migrantes e refugiados que enfrentam a fome e a miséria, uma realidade que demanda uma reflexão. Para isso, durante a Semana do Migrante, irão acontecer atividades em todo país, com rodas de conversa, debates, oficinas, gestos concretos com os migrantes, além de atividades virtuais. A segurança alimentar “compreende, sobretudo, oportunizar ao indivíduo que exerça seu protagonismo, gerar a sustentabilidade e promover a dignidade humana”, segundo afirma Dom José Luiz Ferreira Sales no Texto Base da 38ª Semana do Migrante. Um texto que quer fomentar a reflexão e o diálogo sobre o esperançar da superação da fome, buscando identificar as causas e, assumindo nosso papel e missão, caminharmos atentos e comprometidos, inspirando nossa prática na metodologia de Jesus, o Bom Pastor: “Dai-lhe vós mesmo de comer!”. O Texto Base analisa a relação entre fome e migração, e a globalização da fome e da pobreza, mostrando as diferentes fomes presentes na sociedade: habitação, água potável e saneamento básico, reforma agrária, educação e trabalho digno. Junto com isso é realizado um pequeno mapa do tempo sobre a fome no Brasil e a migração forçada, mostrando esboços da institucionalização de políticas de prevenção e combate à fome. O material elaborado também inclui um roteiro de celebração ecumênica para o Dia Nacional do Migrante. Durante a Semana do Migrante, a Cáritas Brasileira realizará atividades que ajudem para que seja “uma semana de visibilidade da realidade das pessoas migrantes no Brasil e as lutas que precisam ser assumidas, por elas e pelas organizações da sociedade civil que caminham junto a essa população”, segundo Cristina dos Anjos, assessora nacional que coordena a área de Migração, Refúgio e Apatridia da Cáritas Brasileira. A Cáritas Brasileira quer promover momentos de diálogo com a população migrante e refugiada de todo o Brasil para olhar para a política que está sendo construída pelo Governo Federal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Uma Igreja servidora e defensora da vida

Uma Igreja que segue o caminho de Jesus tem que ser uma Igreja que serve e defende a vida em todas suas etapas, e essa sempre foi uma prioridade em nossas igrejas do Regional Norte1, comprometidas em reafirmar a “formação de agentes nesta dimensão sociopolítica da fé por meio das escolas de fé e cidadania, à luz da Doutrina Social da Igreja”. Nesta quinta-feira dá início o Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1, buscando “contribuir na formação de lideranças que possam atuar na dimensão sociopolítica da fé, dando a conhecer às lideranças os documentos sociais da Igreja, contribuindo para um engajamento e compromisso na defesa e promoção da vida”. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, que pode ser considerada o programa pastoral do Papa Francisco, ele diz: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida”. O Papa insiste em que “mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’”. Somos chamados a entender que não adianta ser católico dentro dos templos, que o nosso compromisso é com o Evangelho, que deve ser anunciado com o nosso compromisso em defesa da vida, mais do que com as palavras. Um compromisso que transforma a realidade seguindo os parâmetros de Jesus de Nazaré, que sempre foi ao encontro do povo, especialmente dos descartados pela sociedade. O que fazer como Igreja para mudar a realidade social? Qual deve ser meu compromisso como discípulo, discípula de Jesus, em favor de um mundo melhor para todos e todas? Como fazer realidade em nosso relacionamento com os outros a defesa da vida e o serviço como Igreja e como batizados e batizadas? Sejamos Igreja em saída, segundo nos pede o Papa Francisco, lutemos para que os valores do Reino de Deus sejam assumidos como modo de olhar a vida e nos comprometermos com ela. É tempo de fazer realidade aquilo que cada dia pedimos em nossa oração: “venha a nós o vosso Reino”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Uma experiência missionária encarnada na realidade, em uma evangelização libertadora

Cristo aponta para a Amazônia, e a Igreja de Manaus foi convidada a sediar a 1ª Experiência Vocacional-Missionária. Vimos nisso um sinal de Deus! Durante o processo de construção da Experiência, entendemos ser importante partilhar dessa responsabilidade com as Igrejas Particulares vizinhas, Itacoatiara e Coari, que participam do mesmo caminho como Igrejas amazônidas. Nesses espaços, estiveram quase trezentos participantes que puderam fazer essa experiência de Missão, experiência de ser Igreja na Amazônia. Foram mais de quinhentas comunidades visitadas nos diversos contextos da realidade eclesial, das pequenas comunidades aos grandes santuários, na várzea, nos ramais, nas estradas, no grande centro urbano, na periferia, em novas ocupações e assentamentos, nas comunidades indígenas, com os diversos grupos de pastorais e movimentos. É preciso considerar que a Amazônia é um grande mosaico, caracterizada por gigantesca biodiversidade e marcante sociodiversidade. Aqui, a diferença “que pode ser uma bandeira ou uma fronteira, transforma-se em uma ponte” . A missão feita a partir do diálogo reconhece e está atenta aos “aspectos sociais, culturais, religiosos e políticos da situação, como também dá atenção aos sinais dos tempos, por meio dos quais o Espírito de Deus está falando, ensinando e guiando. Essa sensibilidade e atenção são desenvolvidas através do espírito de diálogo” . Os participantes puseram os pés no Caminho que a Igreja que está na Amazônia faz, encarnada na realidade, em uma evangelização libertadora. Estou convencido de que o Espírito falou muitas coisas a todos e todas que puderam participar e fazer a Experiência Vocacional-Missionária. Em tempos de extremismos religiosos e de uma ligeira tendência de retorno às atitudes de clericalismo do passado – por vezes desligada do mundo concreto – o sinal que a Amazônia emite pela articulação de novos caminhos para a missão cristã é, em si, profecia. Um grito para que não percamos a chance de influenciar positivamente os outros, pelo testemunho de quem, como Jesus, passa pelo mundo fazendo o bem. Testemunhamos o empenho em aprender, desaprender e reaprender ao nos inserir, progressivamente, na lógica decolonizadora da missão, confiando que o diálogo é mesmo “poder de Deus, não uma força que esmaga e força, mas uma força que leva pacientemente e gentilmente para a liberdade e a vida abundante” . Chegamos a essa compreensão tão antiga, mas particularmente nova nos tempos hodiernos, de que a missão é encontro, superando monólogos, desde uma compreensão de que o outro não tem aquilo que o missionário pretensiosamente acha que pode oferecer. Foram dias de celebração da vida missionária de nossas comunidades. Louvamos e agradecemos a Deus por tantas mãos estendidas, de homens e de muitas mulheres, por tantas preces que ajudaram a concretizar essa Experiência, bem como pelo testemunho desses missionários e missionárias que puderam ver nossa Igreja da Amazônia de perto, nela se inserir, integrar-se nessa Igreja discípula-missionária, sinodal, servidora, profética, defensora da vida, testemunha do diálogo, irmã e cuidadora da criação e, de mártires. Fonte: POM Pe. Matheus Marques da Costa