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Dia: 15 de outubro de 2023

Comunhão, corresponsabilidade e peregrinação às Catacumbas marcam a semana no Sínodo

A primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, de 4 a 29 de outubro, teve mais uma semana. De segunda-feira, 9 de outubro, a sábado 14, os membros do Sínodo das Mesas Redondas concluíram o segundo Módulo, o B1, e iniciaram os trabalhos do B2, o terceiro módulo em que se divide o Instrumentum Laboris. Comunhão, o fundamento e a fonte do ser Igreja Ambos os módulos seguiram o mesmo esquema: uma introdução do relator geral, uma análise da perspectiva da espiritualidade e da teologia e vários testemunhos. No Módulo B1, que teve a comunhão como tema principal, o Cardeal Hollerich afirmou que “a Santíssima Trindade é a base de todas as comunhões” e insistiu que “todos são convidados a fazer parte da Igreja”. Por sua vez, o Padre Timothy Radcliffe apresentou a Igreja sinodal como “aquela em que somos formados para um amor sem posses”, e a teóloga Anna Rowlands disse que a comunhão é “o fundamento da realidade e a fonte do ser da Igreja”, convidando a pensar “na comunhão como a primeira e a última palavra de um processo sinodal”. A apresentação foi concluída com quatro testemunhos de como viver a sinodalidade no Brasil, nas Igrejas Orientais e no mundo asiático. Nesse caminho sinodal, somos chamados a descobrir que a diversidade nunca é uma ameaça, pois existem “maneiras diferentes de fazer as mesmas coisas”, como disse o Cardeal Tobin em uma coletiva de imprensa, insistindo para que seja “um Sínodo que seja livre para falar e enfatizar todas as grandes questões”. Um Sínodo no qual Liliana Franco disse não sentir “que há agendas ocultas”. Um caminho sinodal que, para se tornar realidade, é necessário passar do “eu” ao “nós”, para ser “uma orquestra sinfônica na qual cada um tem seu próprio instrumento“, como afirmou o Cardeal Lacroix, insistindo que “nos ajuda a descobrir a presença do Senhor em cada batizado”. Corresponsabilidade na missão Nesta Assembleia Sinodal, que segue o método de conversação espiritual nos chamados círculos menores ou comunidades de discernimento comunitário, distribuídas em 35 mesas redondas, dinâmica que está sendo muito elogiada pelos participantes, o respeito, a sensibilidade e a acolhida são necessárias para resolver o difícil e complexo que evidentemente existe. Após uma visita às Catacumbas de Roma, momento em que os participantes da Assembleia Sinodal puderam respirar o ar dos primeiros cristãos, na sexta-feira iniciaram os trabalhos do terceiro Módulo, que visa aprofundar a corresponsabilidade na missão, buscando compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho. Uma missão que pertence a todos os batizados, homens e mulheres, “o batismo das mulheres não é inferior ao dos homens“, disse o Cardeal Hollerich, que ressaltou a importância da missão no campo virtual. Reconhecendo as mulheres para o bem da Igreja Nesse sentido, a monja beneditina Maria Grazia Angelini, inspirada nas atitudes de Jesus e na vida das primeiras comunidades cristãs, definiu o maior reconhecimento e a promoção da dignidade batismal das mulheres como algo não mundano, “mas para o bem da Igreja”. Algo que se expressa na “Corresponsabilidade sinodal na missão evangelizadora“, um aspecto que foi apresentado pelo teólogo argentino Carlos Galli. O que essa corresponsabilidade implica na prática foi apresentado nos testemunhos, que refletiram sobre o papel das mulheres na Igreja, cujo caminhar “está cheio de cicatrizes, de situações que envolveram dor e redenção”; sobre a missão no ambiente digital, “um território ideal para uma Igreja sinodal missionária, na qual todos os batizados assumem a corresponsabilidade de evangelizar“; e sobre o ministério do bispo, chamado a promover “uma comunhão missionária dentro da Igreja diocesana” e “favorecer uma mentalidade moldada pelo pensamento sinodal”. Uma Congregação Geral, a da sexta-feira 13, que pela primeira vez na história, uma mulher, a religiosa mexicana Dolores Palencia, que viveu seus mais de 50 anos de vida religiosa nas periferias, assumiu o papel de presidenta delegada em uma assembleia sinodal. “Uma experiência muito profunda, muito comovente, estar sentada na mesma mesa redonda com o Papa”, segundo a religiosa da Congregação de São José de Lyon, para quem esse serviço a ajuda a “perceber que essa é uma maneira de viver para sempre e no futuro a corresponsabilidade que todos nós temos como batizados”, e ela o vê como “um símbolo dessa abertura e desse desejo de que todos nós caminhemos em igualdade e juntos“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “A seca que estamos vivendo na Amazônia é dramática”. “Unamo-nos e nos ajudemos”

A combinação de diversos fenómenos, dentre eles o “El Niño”, e da falta de cuidado do ser humano, cada vez mais empenhado no avanço de uma economia que mata, tem provocado graves consequências para o bioma amazônico, um dos mais importantes para a sobrevivência do Planeta. A seca extrema dos rios da Amazônia, uma das maiores dos últimos tempos, o aumento da temperatura e a poluição do ar pelos muitos incêndios, tornam a situação insustentável. Situação de emergência A grande mortandade de peixes, o que coloca em risco a cadeia alimentaria nas comunidades ribeirinhas, o desabastecimento de alimentos pela dificuldade para o transporte, a falta de água potável, se tornou algo comum. Dos 62 municípios do Estado do Amazonas só dois estão em situação normal, com 42 em estado de emergência e 18 em alerta. Diante da situação que a Amazônia está passando, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB, tem se pronunciado, afirmando que “a seca que estamos vivendo na Amazônia é dramática, os rios diminuíram, os igarapés secaram, as comunidades estão isoladas, a fumaça tomou conta de várias regiões de nossa Amazônia”. Solidariedade com os necessitados Diante dessa realidade, o cardeal Steiner insiste em que “nós queremos manifestar nossa solidariedade para com as comunidades, as pessoas, as famílias”. O presidente do Regional Norte1 da CNBB disse incentivar “para que haja solidariedade e nós todos como cristãos saiamos ao encontro das pessoas que mais necessitam, mas também saiamos ao encontro da natureza, que neste momento está profundamente necessitada”. Em sua mensagem, o arcebispo de Manaus chamou a “participar do SOS Amazônia”. Essa campanha está sendo incentivada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM-Brasil) e a Cáritas. O chamado que Dom Leonardo Steiner está fazendo é a “participar para diminuir a angústia, diminuir a dor, e neste momento de dor nos sentirmos mais fraternos, mais solidários”. Finalmente, ele faz um pedido: “vamos no futuro cada vez mais cuidar da nossa casa comum, a nossa casa comum que está sendo destruída”. Nesse sentido, a última exortação apostólica do Papa Francisco, Laudate Deum, publicada recentemente, no dia 04 de outubro de 2023, considerada a segunda parte, um complemento da Encíclica Laudato Si´, publicada em 2015, se torna um instrumento importante, que deve ser estudado e assumido pelos cristãos, mas também por toda a humanidade. É por isso, que o cardeal Steiner encerrou sua mensagem dizendo: “Unamo-nos e nos ajudemos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunição CNBB Norte1