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Dia: 12 de novembro de 2023

5º Congresso Missionário Nacional faz memória e caminha com os mártires da Amazônia

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro quis lembrar na tarde deste domingo 12, aqueles que deram a vida pela Amazônia, muitos e muitas deles na missão. A Romaria dos Mártires da Amazônia, que contou com a participação das comunidades, áreas missionárias e paróquias da arquidiocese de Manaus, recordou a quem assumiu as consequências da profecia, sendo um momento para agradecer a Deus por seu compromisso missionário. Uma Igreja que faz memória e caminha com aqueles e aquelas que por fidelidade ao Evangelho deram sua vida pelos povos da floresta, pelo cuidado da casa comum. Nomes concretos, repetidos no percurso da Romaria, muitos conhecidos, mas também muitos homens e mulheres anónimos que viram ceifadas suas vidas a exemplo daquele que morreu na Cruz. Hoje ressuscitados continuam alimentando a profecia de uma Igreja em cuja memória permanecem vivos. Sede e saída Na homilia da missa, celebrada no mesmo local onde São João Paulo II celebrou a missa em sua visita a Manaus, Mons. Maurício Jardim destacou dois temas: a sede e a saída. Segundo o bispo de Rondonópolis-Guiratinga e presidente da Comissão para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, “nossas sedes não se reduzem a sede de água e de coisas materiais, mas temos sede de infinito, de transcendência, de interioridade, de beleza”. Uma sede, que citando o cardeal Tolentino, “mostra-se no desejo de ser amado, olhado, cuidado e reconhecido”, que afirma que “a dor de nossa sede é a dor de nossa vulnerabilidade”. Dom Maurício Jardim disse que “é necessário acolher e integrar nossas sedes e nossas vulnerabilidades com olhos da fé”, isso porque “a sede também nos faz sair, procurar, encontrar”. Segundo o presidente da Comissão Missionária, “nós também viemos aqui neste congresso sedentos, a procura do noivo que nos fortalece na vida missionária. Viemos sedentos e desejosos para que nossas Igrejas locais sejam cada vez mais em permanente saída missionária”. O texto do Evangelho do 32º Domingo do Tempo Comum, segundo o bispo, nos convida a “sair de frente do espelho, sair de si mesmo, sair e ir ao encontro do noivo, sair da auto referencialidade; sair para tornar-se próximo dos que estão distantes nas periferias. Sair em direção aos confins do mundo. Sair para encontrar os que mais sofrem, o que estão a margem, a beira do caminho, nas praças, nas ruas, nos hospitais, nos presídios, nas periferias que mais necessitam da luz do evangelho. Sair para concretizar uma das prioridades do programa missionário nacional, refletida no dia de hoje, o compromisso profético social”, insistindo em que “nossa fé se encarna na realidade, nossa fé não é nas nuvens”. Missão ad gentes nas periferias do mundo O bispo lembrou as palavras do Papa Francisco na mensagem do Dia Mundial das Missões 2018, que situa a missão ad gentes nas periferias do mundo, nos últimos confins da terra, sem excluir o conceito territorial, geográfico. Ele disse que “com este congresso sonhamos impulsionar a missão ad gentes das Igrejas particulares, até os confins do mundo.  O Espírito Santo nos impulsiona a sair, avançando no processo de uma verdadeira conversão missionária”, uma missão que precisa diálogo, escuta, inculturação, testemunho, anúncio explícito de Jesus Cristo. Um sair que não pode esquecer “do óleo da interioridade, do seguimento, da escuta da Palavra e da prática do amor”. Igualmente, o presidente da Comissão para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial, lembrou as palavras do Papa João Paulo II no dia 10 de julho de 1980 no mesmo local, quando ele se dirigiu aos povos originários: “Que seja reconhecido o direito de habitar as suas terras e dos antepassados na paz e na serenidade, sem o pesadelo que sejam desalojados em benefício de outros, mas seguros, no espaço vital de suas vidas, assim lhes será respeitada e favorecerá a dignidade de cada um de vocês como povo e como nação”. Um caminhar missionário para o que Dom Maurício Jardim pediu que “Deus nos ajude no caminho missionário da escuta e da interioridade, indo sempre em direção aos que mais precisam da luz do evangelho”. No final da celebração, o presidente da Comissão Missionária enviou o padre Josemar Silva, da arquidiocese de Florianópolis, enviado pelo Regional Sul 4 da CNBB para iniciar a missão na Arquidiocese de Nampula, onde iniciará sua missão junto ao Regional Sul 3 (Rio Grande do Sul), presente em Moçambique desde 1994. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Sônia Matos: “Na Amazônia o Espírito se move sobre águas”

O terceiro dia do 5º Congresso Missionário Nacional iniciou neste domingo com o compromisso de iluminar a missão a partir da Amazônia. “Em Gênesis se lê que o Espírito pairava sobre as águas. Na Amazônia o Espírito se move sobre as águas, na sua superficialidade e na sua profundidade”, garante a Ir. Sônia Matos. A religiosa participou, junto com o Mons. Raimundo Vanthuy Neto, do segundo painel temático deste 5CMN, com o tema “Da Amazônia aos confins do mundo”. “Mulher, amazônida, ribeirinha e religiosa”, foi como a ir. Sônia se definiu ao iniciar sua exposição. Ela alertou sobre o perigo de olhar para a Amazônia como ‘terra de missão’, como se estivesse vazia, sem caminho e sem história, não levando em conta as inúmeras potencialidades da realidade local e das experiências já existentes. A religiosa seguiu realçando a riqueza da realidade amazônica e afirmou que não é possível estudar em teorias a diversidade, a pluralidade e tudo aquilo que fala além das palavras: “É preciso compreender a Amazônia não a partir dos livros, mas a partir da leitura dos rios e das árvores que se entrelaçam em harmonia e resistência”, afirmou, concluindo que para compreender essa realidade é preciso que o missionário e missionária passe por uma ‘alfabetização dos símbolos, a partir de dentro”. Os confins do mundo estão em nossas Igrejas locais Mons. Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito para São Gabriel da Cachoeira (AM), seguiu o painel questionando “Onde estão os confins do mundo?” e afirmou: “Aqui, na Amazônia também estão os confins do mundo”. O painelista apresentou a realidade Amazônica, com 180 povos indígenas, 180 culturas e modos diferentes de viver e 160 línguas. Mons. Vanthuy alertou sobre a tentação de chegar neste contexto, na missão, e dizer ‘esse povo é muito diferente’ e seguiu com a provocação: “Mas diferente de quem? Quando o ponto de vista é a apenas o nosso, tudo será mesmo diferente”. Para mons. Vanthuy, um ponto fundamental para compreender a missão da Igreja no chão da Amazônia é a terra e a sua importância para a vida das populações indígenas e os povos amazônidas. “Por isso a Igreja ousou e ousa ficar ao lado deste povo na luta pelos territórios. Talvez essa foi e se tornará cada vez mais a ação mais urgente da Igreja”, realçou. Ele continuou com a apresentação do que acredita serem os três grandes ensinamentos dos povos da Amazônia à Igreja: a vida comunitária; a consciência da pertença a um povo, de que somos uns com os outros; e a percepção de que tudo está interligado – “descuidar de uma terra indígena e ficar míope às periferias de nossas cidades, é continuar o desequilíbrio”, concluiu. Victória Holzbach, assessora de comunicação CNBB Sul 3

Cardeal Steiner: “São as boas obras que nos transformam, abrem a porta”

“Manter as lâmpadas acessas, manter a luminosidade para o tempo da visitação”, disse o cardeal Leonardo Steiner no início da homilia do 32º Domingo do Tempo Comum. Segundo o arcebispo de Manaus, “a visitação pede luz. Luz, lâmpadas acessas, óleo para manter a luminosidade na noite. Luz, lâmpadas acessas que o Evangelho nos indica como sair, aguardar e participar; tudo na graça do encontro!” Falando sobre a noite, o cardeal destacou que “tem nuances diversos: descanso, espera, vigília, novo dia. A espera acontece o cansaço, a vigília tem o seu peso, o aguardar traz o seu fardo. Mas para quem vigia, o despertar do novo dia traz esperança, novo ânimo. Quando a noite é vigília e espera, ela mesma se faz luminosidade, pois esperança de encontro”. Analisando a parábola, ele disse que “a espera, a visitação do noivo, do amado ilumina a própria espera. E será as lâmpadas com o óleo da vigilância a abrir a porta e conduzir para a participação da vida do noivo. Toda a preparação, toda a dedicação, ilumina a noite, o aguardar. Todo fazer e a afazer iluminado pela expectativa da chegada do amado”. Diante do pedido ao Senhor que abrisse a porta, ele disse que “para aquelas que não levaram óleo para as lâmpadas, a porta se fechou. Estavam ausentes na festa das núpcias. Para as virgens cujas lâmpadas estavam abastecidas com óleo, a porta estava aberta e participaram das núpcias”, algo que iluminou com as palavras de Santo Agostinho, onde refletia em torno aos cinco sentidos. Seguindo essa reflexão, o cardeal enfatizou: “Todos os que buscam guardar os cinco sentidos, ter uma vida na justiça e na verdade, na caridade e perdão, na benignidade e gratuidade, são virgem. Guardar, aguardar, viver na liberdade, na transparência, na limpidez da fragilidade deixando-nos tomar sempre mais pela vida do Evangelho, é ser virgem. Virgens eram todas, e também nós, no movimento da espera, numa vida movimentada pela bondade e a misericórdia, na expectativa da vinda do Senhor. Seguidores e seguidoras de Jesus que entram na sintonia e harmonia da receptividade de sua visitação. Nos ‘rins cingidos’, está a virgindade! Nas ‘lâmpadas ace­sas’, as boas obras”. Entre as boas obras colocou “o bem, a bondade, a benignidade que ilumina a noite, a espera”, que definiu como “o óleo para as lâmpadas. O óleo que conserva a disposição e a disponibilidade para entrar pela porta aberta do amor, das núpcias. São as boas obras que nos transformam, abrem a porta e entramos para as bem-aventuranças como meditamos no domingo passado”. Uma passagem analisada pelo Papa Francisco, que insiste em que “a condição para estarmos prontos para o encontro com o Senhor não é apenas a fé, mas uma vida cristã rica de amor e de caridade pelo próximo”. O arcebispo de Manaus ressaltou que “o Evangelho de hoje nos interpela a mantermos nossas lâmpadas acessas, pois Jesus vem ao nosso encontro todos os dias e pede o nosso empenho e o nosso compromisso na construção de um mundo novo, o Reino. Ele nos questiona na miséria do pobre que nos interpela, no pedido de socorro da pessoa escravizada, na solidão da velhice abandonada, carente de amor e de afeto, no sofrimento do doente terminal abandonado por todos, no grito aflito de quem sofre a injustiça e a violência, no olhar dolorido de um imigrante, no corpo esquelético de uma criança com fome, nas lágrimas do oprimido. Somos convidados a superar nossa autossuficiência e a escutar os apelos do Senhor: em saída, com lâmpadas acessas. Assim nos tornamos como as virgens que trouxeram óleo consigo”. “Lâmpadas acessas para continuar teimosamente a propor a paz diante da violência da guerra, a propor o cuidado diante do descarte existencial, a propor uma convivência digna e edificante com o meio ambiente. Lâmpadas acessas, pois anunciamos a vinda do Esposo, o novo Reino. Lâmpadas acessas sinal de que acordamos para alegria da missão. Lâmpadas acessas que nos concede corações ardentes e a benção dos pés que se colocam a caminho”, segundo o cardeal Steiner. O “Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”, levou Dom Leonardo a afirmar que “a missão do tempo da visitação, do tempo da graça pede obras, um estilo de viver que alimenta, revigora, transforma, ilumina. A missão que nos foi confiada de despertar para horizontes realizadores, para um modo de vida que nos leva a estatura de Jesus”. Ele lembrou que “o Senhor está vindo sempre e por isso, nos movimentamos nas boas obras, no obrar da sabedoria. Não no receio e cautela, mas na alegria e júbilo porque Jesus está por vir e nós podemos entrar e participar do banquete sua vida. Ele está sempre por vir, pois deseja nos oferecer a vida plena, a plenitude da vida; um amor inaudito, insuperável, que nos faz perceber o amor matricial do Pai. A caminho, nos mantemos na atenção reverente e quase infantil da espera de que Ele está por vir. Assim, na atenção e disponibilidade de abrir a porta quando aquele que esperamos bater, e abrir. “Estar preparado” passa por fazermos da nossa vida as boas obras, em cada instante, um dom aos irmãos, no serviço, na partilha, no amor, ao jeito de Jesus”. Na primeira leitura, o presidente do Regional Norte1 da CNBB descobre “o modo manter as lâmpadas acesas, termos o óleo necessário para a visitação”, afirmando que “a sabedoria se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam e buscam. Nos antecipamos às núpcias deixando nos guiar nas obras pela Sabedoria. A sabedoria conduz os passos, suporta a noite e se alegra com as núpcias”. Na segunda Leitura destacou que “nos desperta para um encontro definitivo, as núpcias eternas”, destacando que “o nosso viver é uma antecipação da eternidade. Viver na liberdade do hoje que encaminha o amanhã: a eternidade. Assim, o hoje se apresenta com o sabor e a cor da esperança. Esperamos com serenidade a chegada do esposo, do amado. Temos o óleo das boas obras de cada dia, uma…
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Mons. Zenildo Lima: “Superar uma história com traços de colonização e moldar-se numa perspectiva de encarnação”

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, apresenta os contextos da localidade e da abrangência global em perspectiva de encontro, espaços que, em chave missionária, apontam para a dinâmica de deslocamento, segundo Mons. Zenildo Lima. O bispo auxiliar eleito da Arquidiocese de Manaus, que receberá a ordenação episcopal no dia 15 de novembro, na missa de encerramento do Congresso, destacou dois princípios: o dinamismo da Revelação Cristã que historicamente situada se apresenta com pretensão de universalidade e o princípio da parte pelo todo, assumido na ocasião do Sínodo da Amazônia. Intervenção de Deus na história Mons. Zenildo Lima refletiu sobre a revelação desde o acontecimento do êxodo, “uma situação de opressão e libertação experimentada por um povo”, diante da qual o povo tem “consciência da intervenção de Deus nesta história”. Uma realidade que ajuda a ver toda ação missionária como uma comunicação que liberta, e não como uma imposição religiosa. Abordando a questão da parte pelo tudo desde a perspectiva do Sínodo para a Amazônia, onde Mons. Zenildo Lima foi auditor, ele lembrou a perspectiva recolhida no Documento Preparatório, apresentando as reflexões daquele processo sinodal como “relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta.” Uma reflexão que parte da Encarnação, fazendo um chamado a na Igreja da Amazônia, “superar uma história com traços de colonização e moldar-se numa perspectiva de encarnação”. Uma reflexão que tem a ver não só com uma questão eclesial, senão também social, cultural e ecológica. Processo colonial com um alto custo para os povos da floresta O assessor, seguindo o Texto Base do Congresso, refletiu sobre o processo colonial na região amazônica, que teve “um custo muito alto para estes povos da floresta”, uma dinâmica ainda presente, que fez com que “nos últimos 50 anos, a região amazônica ficou mais perto da destruição irreversível”. Uma realidade social que atingiu também o anúncio missionário, “envelopado com os traços do catolicismo europeu auto presumido como modelo de fé para todo o mundo”, destacou Mons. Zenildo Lima, refletindo sobre “as inúmeras contradições no início do processo evangelizador nestas terras”. Na história da Igreja da Amazônia, os encontros de Santarém 1972 e 2022 ajudam a entender a Encarnação do Verbo e a Encarnação da Igreja. O bispo auxiliar eleito apresentou a encarnação como método, caminhos de encarnação que no Sínodo para a Amazônia aparecem como caminhos de inculturação e interculturalidade, de protagonismo dos povoa amazônidas. Uma encarnação que “tornou-se também e primeiramente um processo de escuta!”, segundo aparece no Documento Final do Sínodo para a Amazônia. Um anúncio do Verbo que se fez carne “A evangelização na Amazônia será sempre um anúncio do Verbo que se fez carne, será sempre uma proposta do encontro com Jesus”, insistiu Mons. Zenildo Lima. Mas ao mesmo tempo, ele disse que “não cabe em nós o rótulo de termos abandonado o Evangelho para cuidar de questões sociais”. A Igreja da Amazônia é uma Igreja que se faz carne e assume a evangelização libertadora, que diferentemente das novas potências colonizadoras, quer “exercer sua atividade profética com transparência, e apresentar o Cristo com todo seu potencial libertador”, segundo diz o Documento Final do Sínodo para a Amazônia. Com relação à missão ad gentes, na Igreja da Amazônia ainda falta “uma proposta mais sistematizada de comprometimento com o envio missionário ad gentes”, afirmou. Mons Zenildo Lima apresentou algumas implicações para as Igrejas locais da Amazônia frente ao apelo da missão ad gentes, que deve estar marcada pela ousadia, a escuta, a samaritaneidade, a inculturação e a intefculturalidade, a comunidade e a decolonização. Uma missão que será fecunda ela seja fundamentada em uma vida doada, e que “em regiões e situações de disputas e conflitos apresenta-se como martírio, nas regiões e situações de escassez de direitos e de cuidados, expressa-se como uma solidariedade obediente até a morte, e morte de cruz”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Philip Dickmans: “Nós como batizados temos como primeira tarefa anunciar Jesus Cristo”

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro tem como tema de fundo a Missão ad Gentes. O Brasil é um país que acolheu ao longo da história muitos missionários e missionárias chegados de diferentes países. Um deles é Dom Philip Dickmans, bispo da diocese de Miracema (TO), que chegou no Brasil em 1996, fazendo assim realidade seu desejo que sempre teve de ser missionário, algo que viveu em sua família, que sempre apoio financeiramente e com a oração os missionários e missionárias belgas. Ele afirma que “é muito importante o que você recebe de seus pais, porque o que você recebe deles, você também vai viver”. Eu queria participar da missão ad gentes Sempre interessado em ouvir os missionários e missionárias, ele diz ter ficado sempre muito impressionado com a Igreja em missão na África, e antes de ser ordenado, querendo confirmar se ele tinha uma vocação diocesana ou missionária, ele fez uma experiência missionária na Ruanda, “onde consegui confirmar com toda firmeza que eu queria ser missionário”. O bispo lembrou que “a nossa Igreja na Europa, na Bélgica, sempre teve a oportunidade de ter muitas vocações, a Bélgica era um país muito católico, um país que enviou muitos missionários, e eu queria participar também dessa missão, ser um cristão, um padre ad gentes, fazer a missão”. “Nós como batizados temos como primeira tarefa anunciar Jesus Cristo”, segundo Dom Philip Dickmans, que fala sobre a realidade de uma Igreja na Europa que ia em missão. Em sua experiência missionária, ele conta que quando chegou no Brasil foi um momento de estar com o povo, conhecer o povo, relatando experiências que fizeram que ele mudasse seu jeito de pensar, seus costumes, aprendendo a gostar do que o povo gosta, aprender a língua do povo, considerando o mais importante, “estar com o povo e reconhecer Jesus Cristo no meio de nós”. Nunca se arrependeu de ser padre, de ser missionário Depois de 12 anos de padre no Brasil, 15 de bispo, e mais 6 como padre em sua terra, ele ressalta que “não teve nenhum dia na minha vida que me arrependesse de ser padre, de ser missionário”. Dom Philip Dickmans disse que “os problemas, as dificuldades, não faltam não, mas depois da pandemia, tudo é missão ad gentes, tem que recomeçar, tem que animar de novo o povo. Mas também, tem tantas coisas boas, que de vez em quando é bom para você começar de novo”. O bispo de Miracema fala de uma Igreja que voltou para trás, onde o trabalho é mais complicado, tem que animar de novo. Dom Philip Dickmans fala dos meios de comunicação que se desenvolveram tanto na pandemia, mas afirma que “o Cristo você não encontra no celular”, Reconhecendo seu papel extraordinário como meio de comunicação, que ajudou demais, “mas agora é tempo de juntar de novo o povo, porque um abraço é tão bom, uma palavra melhor ainda, dizer para outra pessoa vamos em frente, eu amo você, aí o outro fica com mais coragem”. Experiências de missão da Igreja do Brasil Com relação à missão ad gentes da Igreja do Brasil, ele disse ter conhecido duas experiências, uma em Moçambique, onde inclusive iria ser missionário da Arquidiocese de Palmas, antes de ser bispo, destacando o fervor, o ânimo com que anunciavam Cristo diante de situações e condições de vida muito miseráveis. Diante disso, o bispo insiste em que “quando se tem pouco, aí a pessoa é mais importante, o Cristo aparece mais”. A segunda experiência foi no Haiti, onde conheceu o trabalho na grande favela Vila Soleil, com uma extrema pobreza, mas lá tinha as irmãs, os padres, anunciando a Boa Nova. Ele insistiu em pedir ao povo brasileiro seriedade na questão da oração pelas vocações, e depois do 3º Ano Vocacional animar os jovens a tomar decisões a seguir o Cristo concreto. O bispo de Miracema disse que “tem dioceses que tem padres demais, e aí seria tão bom que esses irmãos abram seu coração e digam, vamos em missão, vamos deixar o comodismo e vamos em missão”. Segundo Dom Philip Dickmans, “na hora em que a gente entra nas comunidades, no meio do povo, e se deita numa rede, vai visitar os indígenas, fica atolado no meio da estrada, aí você fica sentindo o ardor fervendo no seu coração”. Uma Igreja que anuncia, que sai de si O bispo falou sobre a missão entre o clero diocesano no Brasil, lembrando que em certa ocasião falou com um dos seus bispos e disse que “mesmo que a nossa diocese tenha cinco padres, um tem que estar em missão, porque uma Igreja, ela vai para trás quando ela começa se fechar”. Ele lembrou de São Paulo, que “ficou sempre andando sabendo que os cristãos podiam seguir ele ou não, pudendo ser morto ou não, mas ele sempre foi anunciar”. Segundo Dom Philip Dickmans, “a Igreja tem que ter essa caraterística de anunciar, de sair de si”. “O Papa Francisco desde o início de seu pontificado está falando que temos que sair”, destacou o bispo. Segundo ele, “normalmente, um padre diocesano tem que ficar na sua diocese, por isso se chama de diocesano, mas foi uma carta do Papa Pio XII que convidou os bispos da Europa para enviar os padres para América Latina”, lembrando que agora os fidei donum estão no mundo inteiro. Ele fez um convite a fazer uma experiência do outro lado do oceano, a ir lá com os mais pobres, afirmando que “você vai se empobrecer por fora, mas por dentro vai ser uma riqueza que nunca para mais”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1