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Dia: 9 de outubro de 2024

Sínodo: “A missão é o horizonte da sinodalidade, que fortalece todo o povo de Deus como sujeito da missão”

Os fóruns teológico-pastorais são uma das novidades da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada em Roma de 2 a 27 de outubro. Foram organizados dois fóruns simultâneos, um sobre “O povo de Deus como sujeito da missão” e o segundo sobre “O papel e a autoridade do bispo em uma igreja sinodal”. O Instrumentum laboris afirma que “o Povo de Deus não é a soma dos batizados, mas o nós da Igreja, o sujeito comunitário e histórico da sinodalidade e da missão”. Um ponto de partida que levou os palestrantes a responder às implicações do fato de que a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo em palavras e ações, “a missão”, é confiada a “um povo”. Jesus, o missionário do Evangelho Thomas Söding, professor de Novo Testamento na Faculdade Católica de Teologia da Ruhr-Universität Bochum, explicou como ler o Novo Testamento hoje para interpretar a realidade a partir desse ponto de vista. O professor apresentou Jesus como um missionário do Evangelho, como aquele que queria reunir todo o povo de Deus sob o signo do Reino de Deus. Juntamente com os 12, ele enfatizou a presença e a importância de outros discípulos e de todos aqueles que vivem a fé em casa, citando exemplos de missionários entre seu povo. Söding enfatizou que Jesus busca a conversão de todo o povo de Deus, apontando que os 12 têm um problema desde o início: eles não reconhecem que não são os únicos que seguem os passos de Jesus e que não devem dominar os outros, buscar ser o maior ou impedir que as pessoas se aproximem de Jesus. Para isso, ele refletiu sobre as atitudes e a missão dos apóstolos, algo que a literatura paulina abre para o local, destacando a importância fundamental da acolhida e da solidariedade, do reconhecimento de que todos recebem carismas e que todos devem aceitar suas habilidades e reconhecer os dons dos outros para ter empatia. A vocação para a missão de toda a Igreja caracteriza todo o Novo Testamento. “O objetivo do ministério ordenado é promover o sacerdócio comum de todos os fiéis”, de acordo com o teólogo, que destacou que hoje há muitos fiéis bem formados, não apenas bispos e padres, o que é um dom para a Igreja, levando a novas formas de cooperação e participação na missão. A partir daí, os fiéis leigos esperam ser ouvidos quando o futuro de sua igreja for debatido. Portanto, “a missão é o horizonte da sinodalidade, e a sinodalidade é a forma que fortalece todo o Povo de Deus como sujeito da missão”. A Igreja como a semente do Reino de Deus Ormond Rush partiu de três perguntas: o que é missão, quem é o povo de Deus e como é o povo de Deus? Ele começou com a missão de Deus, definindo Jesus como a janela de Deus para o plano de Deus ao longo da história. Seu ministério está centrado no Reino de Deus e, de acordo com o Concílio Vaticano II, a missão da Igreja é a de Jesus, é proclamar Jesus Cristo e estabelecer o Reino entre todos os povos, sendo a Igreja a semente e o início desse Reino na Terra, um processo interativo e colaborativo. Ao falar sobre o que é a Igreja, uma questão vital para o Vaticano II, ele destacou que são todos os crentes batizados que se comprometem a ser discípulos de Jesus Cristo, independentemente de seu ministério ou posição. Um sentido inclusivo da Igreja, que é todo o povo de Deus e todo o corpo de Deus, lembrando as três categorias do povo de Deus no Concílio: Communio fidelium, Communio ecclesiarum e Communio Hierarchica. A Igreja é vista pelo padre australiano como um sujeito ativo que participa da missão de Deus. A partir daí, ele vê o Sínodo como um sujeito interpretativo que busca a orientação do Espírito para entender o Evangelho vivo e completo. A Igreja tem a responsabilidade de interpretar os sinais dos tempos à luz do Evangelho se quiser cumprir sua tarefa, portanto, o desafio para a Igreja é interpretar os sinais dos tempos, como o Sínodo está fazendo. Para isso, são importantes o lugar, a cultura e a língua, que moldam o modo como o Espírito do Evangelho é interpretado, uma realidade também presente no Sínodo, pois o Povo de Deus é um sujeito sacramental. Direito canônico e missão A partir do Direito Canônico, que mudou no último século, Donata Horak pediu que se encontre um elo entre direito, teologia e vida, em vista de que as reformas sejam mais fiéis à tradição, evitando a imposição das próprias visões. Isso é para tornar o Evangelho crível com base em relacionamentos justos em uma sociedade de irmãos e irmãs. A partir daí, ele abordou as possíveis reformas do ponto de vista do sujeito, o Povo de Deus, e como ele participa das decisões e deliberações. “A Igreja é um povo de homens e mulheres incorporados a Cristo pelo batismo, que são participantes da função sacerdotal, profética e real de Cristo, todos corresponsáveis na missão”, afirmou a canonista italiana. São apresentados os direitos e deveres fundamentais de todos os fiéis, contando alguns deles e mostrando as coincidências e os avanços do Código Latino e do Código das Igrejas Orientais. Segundo a professora, parecem coexistir duas teologias entre os documentos conciliares e o Código de 1983, com pontos de conflito, sobretudo em relação à participação no governo da Igreja, que exige reflexão, para que todo batizado tenha esse poder. Estão sendo feitos progressos, especialmente com relação às mulheres, exigindo uma reforma que não mantenha uma eclesiologia dupla. Sobre a tomada de decisões e a consulta e deliberação em relação aos conselhos, seu funcionamento e a eleição de seus membros, vendo o voto consultivo como algo depreciativo, analisando os conselhos e sínodos e seu significado, criticando o poder deliberativo exercido de forma autoritária, o que não ajuda a comunhão. Nesse sentido, afirmou que as decisões são válidas porque…
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Assembleia sinodal: “O Sínodo deve inspirar a ação, não apenas produzir documentos”

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI do Vaticano, continua a debater as relações. Para aprofundar estas e outras questões relacionadas com o caminho sinodal, o Arcebispo de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, Dom Inácio Saúre, o Arcebispo de Puerto Montt (Chile), Dom Luis Fernando Ramos, e o Diácono Permanente da Diocese de Gent (Bélgica), Geert De Cubber. participaram na conferência de imprensa no dia 9 de Outubro.  Mulheres e jovens na tomada de decisões Os trabalhos têm se concentrado no tema do discernimento eclesial, segundo a secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, Sheila Pires. Nos mais de 70 discursos livres foi destacado o papel dos ministros ordenados e dos leigos, sua colaboração com os sacerdotes e bispos, o seu envolvimento nos processos de decisão. Daí a necessidade de uma maior participação dos leigos, dado que a sua presença é indispensável e cooperam para o bem da Igreja. Pires destacou a proposta realizada para consultar ao Povo de Deus sobre a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e ao episcopado, dado que numa Igreja sinodal, o Povo de Deus tem que se sentir responsável na escolha. Igualmente, foi falado sobre a possibilidade de leigos ser párocos, pois muitos sacerdotes não têm vocação de párocos. Respeito às mulheres, foram destacadas algumas propostas, como evitar qualquer tipo de discriminação sexual no acolitado, reconhecendo seu contributo nos processos de decisão. Foi falado sobre confiar às mulheres o ministério da escuta, dado que “as mulheres sabem ouvir, ouvem de forma diferente”. Finalmente, envolver mais as mulheres num mundo dividido e em guerra. Ouvindo vozes corajosas de fora da Igreja Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou da necessidade de entrar em contato com os jovens por meio da pastoral digital, e de que os jovens façam parte do discernimento eclesial na pastoral juvenil. Ele também falou da situação dramática de muitas crianças no mundo, vítimas do tráfico de pessoas. Nesse sentido, ele enfatizou que “o Sínodo precisa inspirar ações, não apenas produzir documentos”, pedindo que se escute as vozes corajosas que vêm de fora da Igreja. Ruffini destacou o testemunho de uma mãe que estava preocupada com a Iniciação Cristã das crianças e o papel dos pais na vivência da sinodalidade. Falou-se do acompanhamento das vítimas de abuso dentro da Igreja, da necessidade de a Igreja se aproximar dos vulneráveis, de uma maior proximidade com os pobres, da solidão e do isolamento dos padres, sobrecarregados de trabalho, da distância dos padres em relação à sinodalidade, o que deveria levar o Sínodo a ver como pode reavivar sua vocação de servir ao Povo de Deus. Houve também um forte apelo para o diálogo entre as Igrejas e dentro da Igreja, para a família como um modelo de sinodalidade e para que o Sínodo jogue o jogo e não apenas escreva um manual de treinamento. Confiança e respeito mútuos O Arcebispo Luis Fernando Ramos salientou que no ano passado muitas questões foram levantadas, agora eles estão se concentrando em questões mais específicas para rearticular o que entendemos por uma Igreja Sinodal. Nesse contexto, surgiu o argumento da Igreja Povo de Deus, complementado pela Igreja Povo de Cristo, destacando a importância da espiritualidade sinodal para mudar as estruturas e o modo de ser Igreja, para uma conversão pessoal, comunitária, eclesial e pastoral. Ressaltou a importância de os leigos nunca perderem sua vocação secular, e das relações entre os seres humanos e dentro da Igreja, a fim de purificar, transformar e iluminar as relações baseadas na caridade. O bispo destacou a importância dos papéis de responsabilidade para que sejam imbuídos dos critérios de sinodalidade, com roteiros para o discernimento sinodal. Isso em uma assembleia onde há confiança e respeito mútuo, algo que é valorizado positivamente por todos. O fundador canonizado durante o Sínodo Para os Missionários da Consolata, o Sínodo traz uma grande novidade, a canonização do Beato José Allamano, que será realizada dia 20 de outubro, segundo disse o arcebispo de Nampula, membro dessa Congregação. Para eles, o tema do Sínodo é muito caro porque Allamano criou um instituto missionário. O arcebispo moçambicano refletiu sobre a importância da Iniciação Cristã como encontro com Jesus Cristo, e o fenómeno que acontece na África, onde os jovens saem da Igreja depois de receber esses sacramentos, o que deve levar a refletir se teve boa Iniciação Cristã. Igualmente falou sobre a partilha de dons entre os seres humanos e entre as Igrejas numa Igreja Sinodal e da importância do conhecimento mútuo entre a Igreja Católica e a Igreja Oriental, que tem muito a nos dar nesta partilha de dons. A sinodalidade começa em casa O diácono permanente belga disse que não teria podido participar deste Sínodo sem sua família, com quem se sentou à mesa para decidir se sua presença na Assembleia Sinodal era algo conveniente, com o que todos concordaram, porque de outra forma, se alguém não tivesse concordado, ele não teria participado. A partir daí, ele destacou que “minha experiência de sinodalidade começa em casa“. Em relação à Igreja belga, suas dificuldades e a presença de pessoas cansadas, ele disse que eles estão tentando colocar a Sinodalidade em prática na Pastoral Juvenil, para levar a sinodalidade ao trabalho com os jovens, algo feito com todas as dioceses que buscam avançar como Igreja sinodal. Por isso, sublinhou o fato de que somos diferentes uns dos outros, mas temos em comum nossa catolicidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Papa Francisco receberá as mulheres do Sínodo no dia 19 de outubro

O papel das mulheres na Igreja é algo que está cada vez mais presente no pensamento do Papa Francisco. De fato, em seu encontro com os jesuítas na recente viagem à Bélgica, quando perguntado por um jesuíta sobre “a dificuldade de dar às mulheres um lugar mais justo e adequado na Igreja”, ele não hesitou em responder que “a Igreja é uma mulher“. Nesta perspectiva, ele mostrou seu desejo de “colocar cada vez mais no Vaticano mulheres com papéis de crescente responsabilidade. E as coisas estão mudando: você pode ver e sentir isso”, enfatizando que “as mulheres, em suma, entram no Vaticano com papéis de alta responsabilidade: continuaremos neste caminho. As coisas estão funcionando melhor do que antes.” Mulheres membros da Assembleia Sinodal Na Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que realiza sua Segunda Sessão de 2 a 27 de outubro, essa presença feminina é algo que parece ter vindo para ficar. Cada vez menos pessoas questionam sua presença e muitas valorizam suas contribuições. De fato, entre os membros do Sínodo há um bom número de mulheres, com voz e voto, que trazem para a sala do Sínodo o desejo de serem cada vez mais ouvidas e reconhecidas na vida cotidiana da Igreja, abrindo espaço para elas nos espaços de tomada de decisão, que além das questões ministeriais, é o desejo da grande maioria das mulheres. O encontro do dia 19, uma iniciativa particular das mulheres participantes da Assembleia Sinodal, é mais uma prova do desejo do Papa Francisco de ouvir a todos. Alguns participantes da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia dizem que, quando as mulheres falaram, a atenção de Francisco foi redobrada. Um momento de partilha e escuta Mais do que qualquer demanda que será levada, o encontro deve ser um momento para as mulheres se apresentarem e dizerem ao Papa as angústias, as esperanças e alegrias, apresentando muito do trabalho que as mulheres já fazem na vida das comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses, inclusive na Cúria vaticana. Uma oportunidade para reafirmar os passos dados desde a Primeira Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, realizada em outubro de 2023: dar visibilidade para as mulheres, o reconhecimento das mulheres na Igreja e que a Igreja possa ter esse olhar feminino. Um encontro que segundo uma das mulheres que participa da Assembleia Sinodal, “será um encontro de partilha, e ele como pastor para escutar”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1