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Dia: 18 de outubro de 2024

O Sínodo se rejuvenesce escutando 150 estudantes universitários de vários países

A Sala Paulo VI, onde está sendo realizada a Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, foi rejuvenescida na tarde de sexta-feira. 150 jovens de várias universidades de todo o mundo se reuniram com quatro membros da Assembleia Sinodal: o Secretário Geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech, o Relator Geral, Cardeal Jean Claude Hollerich, o Bispo de Browsville (Estados Unidos), Daniel Ernesto Flores, e a Irmã Leticia Salazar, Chanceler da Diocese de San Bernardino (Estados Unidos). Ser uma Igreja que escute os jovens Os jovens fizeram algumas perguntas, começando com a melhoria dos processos de escuta, ao que o Cardeal Grech destacou o convite do Papa Francisco para ser uma Igreja sinodal, para escutar, uma dinâmica presente na vida da Igreja nos últimos anos. Nesse sentido, o Papa é alguém que prega pelo exemplo, tendo realizado vários encontros com jovens nos últimos anos por meio do projeto Building Bridges, no qual se reuniu com estudantes universitários de diferentes continentes. Para os jovens, é importante a proximidade da Igreja com aqueles que foram feridos e com aqueles que estão fora da Igreja, bem como com aqueles que participam de várias maneiras da vida da Igreja. Uma escuta que deve começar com a escuta do Espírito, algo que Hollerich vê como uma graça, um dom de Deus. A diversidade não é algo que desafia a fidelidade à tradição ou prejudica a verdade.  De fato, para o Bispo Flores, escutar o Espírito não é apenas ouvir o Povo de Deus, é também escutar a tradição da Igreja. Quando lhe perguntaram como o Sínodo passa da discussão para a ação concreta e tangível, a Ir. Salazar salientou que, quando ouvimos uns aos outros, estamos sonhando a Igreja juntos. A partir daí, ela fez com que os jovens vissem que isso não é uma ideia, é algo real: discernir juntos, viver a sinodalidade juntos. Uma dinâmica para a qual o Papa convocou toda a Igreja. Formação nos seminários As faculdades de Teologia e as dioceses são desafiadas a abordar questões concretas presentes em cada realidade. Nesse sentido, o bispo Flores afirmou que, em sua diocese, a migração é a nossa realidade, disse ele, o que faz da migração um problema teológico, um assunto a ser estudado. O bispo exigiu a necessidade de ir aonde as pessoas estão, de fazer a experiência, porque isso muda a perspectiva, já que ter uma pessoa real nos contando uma história real muda nossa perspectiva. A formação nos seminários é uma questão abordada em um dos 10 grupos de estudo criados pelo Papa, lembrou o Cardeal Grech. Um instrumento importante para revisar os programas de formação, disse ele, deixando claro que os alunos precisam ser ajudados a serem mais sensíveis. Nesse campo de formação, a religiosa destacou que, além de preparar os alunos para serem profissionais, eles devem ser treinados para serem eles mesmos, para serem melhores com as qualidades que Deus lhes deu, para que possam ajudar pessoas que não tiveram as mesmas possibilidades. De fato, quando o Espírito Santo abre a porta, encontramos uma pessoa real, porque Deus é uma realidade, acrescentou Hollerich. O desafio é que a educação, o estudo da Teologia, nos torna melhores. Conhecer a cultura onde o Evangelho é proclamado Sobre o diálogo inter-religioso e a sinodalidade, o Cardeal Hollerich, que foi missionário no Japão por mais de 20 anos, enfatizou a importância do diálogo em todas as suas dimensões. Em sua vida missionária no Japão, ele entendeu que, para proclamar o Evangelho naquele país, precisava estudar sua cultura e religião a fim de encontrar a melhor maneira de pregar. O Relator Geral do Sínodo lembrou que o Papa Francisco nos fala de fraternidade entre as religiões e nos diz que a justiça expressa o amor de Deus, referindo-se à justiça ecológica. Por isso, temos que caminhar juntos com todas as religiões e agir juntos pela justiça, porque isso faz parte da missão. De acordo com o cardeal de Luxemburgo, não se pode proclamar o altruísmo e viver de outra forma. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Luis Marín: No Sínodo, “não há varinhas mágicas, as coisas não mudam de um dia para o outro, são processos de renovação”

“O Sínodo, como a fé cristã, é fundamentalmente uma experiência de Cristo, e se não formos a essa experiência não vivemos a fé cristã em toda a sua profundidade”, disse o subsecretário do Sínodo, Dom Luis Marín de San Martín, na Sala Stampa do Vaticano, analisando o processo sinodal pelo qual a Igreja está passando, algo que ele conhece de seu serviço na Secretaria do Sínodo. Processo sinodal, um filho do Vaticano II Em suas palavras, ele lembrou que “o processo sinodal é filho da eclesiologia do Vaticano II, sobretudo da Lumen Gentium”, insistindo que vale a pena reler e aprofundar esses documentos, e lembrando que é algo que “vem de mais longe, não é uma invenção, não é algo que o Concílio descobriu”. Diante dessa situação, Marín de San Martín assinalou que “a mudança que temos que fazer é que a Igreja é sinodal em sua essência, assim como a Igreja é missionária, assim como a Igreja é comunhão em si mesma”. Nesse sentido, ele disse que “isso vem da Igreja primitiva. É por isso que as fontes são a Sagrada Escritura, os Padres da Igreja, o Magistério, a história, o desenvolvimento canônico”, algo que ‘nos faz ver que a Igreja é essencialmente sinodal’. Um processo que depende de todos e de cada um Lembrando que “tudo isso é um processo”, o subsecretário do Sínodo exclamou: “como eu gostaria do que que tudo mudasse de um dia para o outro”. No entanto, “não há varinhas mágicas, as coisas não mudam de um dia para o outro, são processos de renovação, e dependerá de cada um de nós, de nossas paróquias, de nossas dioceses, de nossos grupos, tornar tudo isso concreto”. Diante desta dinâmica, o bispo agostiniano insistiu em que “todo este processo sinodal não pode ficar nos princípios, nas ideias, deve descer à prática, deve descer ao nosso mundo, deve descer à nossa realidade concreta”, destacando a importância das paróquias, das pequenas comunidades. Nesse sentido, ele lembrou a reunião de párocos, realizada em abril e maio, onde surgiu o tema. “Todo processo de renovação deve ser de baixo para cima, não de cima para baixo, deve vir de baixo para cima, da realidade, da vida cotidiana”, algo que ele disse acreditar estar sendo vivenciado no Sínodo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A Assembleia Sinodal diz que o Mediterrâneo, assim como a Amazônia, merece um Sínodo

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade encerrou nesta sexta-feira o último módulo, o de Lugares. A partir de segunda-feira, quando os trabalhos forem retomados na Sala Sinodal, será a vez de abordar as conclusões. Descentralização e o papel das Igrejas Particulares De acordo com o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, a Assembleia Sinodal nas últimas horas tratou de dois tópicos: os critérios para definir uma descentralização saudável e o papel das igrejas particulares no contexto mais amplo da Igreja Católica e das Igrejas sub iudice. Nesse sentido, foi dito que a singularidade de cada igreja não deve ser vista como um desafio, mas como um dom especial. Ele se referiu à necessidade de garantir a revitalização das Igrejas Católicas Orientais e a possibilidade de celebração comum da Páscoa. Uma reunião dos 10 grupos de estudo criados pelo Papa em torno do Sínodo, uma reunião com os canonistas e outra com os jovens estão programadas para sexta-feira. Para a próxima semana, período de conclusões e redação do Documento Final, foi solicitado um clima de oração e retiro, e na segunda-feira, antes de retomar os trabalhos, será celebrada uma missa presidida pelo Cardeal Grech, secretário do Sínodo. Comunidades de base como um lugar privilegiado para a Igreja Com relação aos critérios para definir uma descentralização saudável, Sheila Pires citou a proximidade e a sacramentalidade, com o papel das comunidades de base como o lugar privilegiado da Igreja sendo enfatizado mais uma vez. Ela falou sobre o mundo digital e a necessidade de discernimento no mundo digital, de ser discípulos digitais. Houve um chamado para sermos resilientes, para não termos medo da pluralidade, o que não desvaloriza os ministérios e os lugares. Em relação às paróquias dentro da assembleia, ficou claro que a administração devora a dimensão missionária na paróquia, o que exige novas formas de ser paróquia. Levando em conta que a sinodalidade acontece nas realidades, há um apelo à escuta das pessoas que sofrem, à descentralização em vista da corresponsabilidade do Povo de Deus, à promoção dos leigos, à clareza das competências. Na Igreja, a Palavra de Deus está inserida em conceitos culturais específicos, o que exige inculturar o Evangelho, buscando a unidade na diversidade, em uma tensão que não é estática, mas dinâmica. Não se pode esquecer que o desafio sinodal está em acolher o que é diferente, mas a unidade não é um quebra-cabeça. Ela está em uma igreja que vive e cresce como qualquer outro organismo vivo. É por isso que a unidade no essencial e a diversidade no secundário são necessárias. Mais uma vez, o diaconato feminino foi discutido e o fato de as mulheres estarem presentes nos processos de tomada de decisão é importante, mas não suficiente. Sheila Pires relatou que a violência contra a mulher, a capacidade de inclusão e o cuidado com o meio ambiente foram mencionados. Caminho comum das Igrejas do Mediterrâneo O Papa Francisco confiou ao arcebispo de Marselha (França), Cardeal Jean-Marc Aveline, a tarefa de preparar o trabalho comum no Mediterrâneo. Uma iniciativa que começou em 2020 em Bari, na reunião de todos os bispos da bacia do Mediterrâneo, onde houve uma troca de situações em torno desse mar, que são muito diferentes. Um caminho que continuou com novas reuniões em Florença em 2022 e Marselha em 2023. O desejo do Papa de criar redes, de ouvir as igrejas em dificuldade, está sendo colocado em prática. Não se deve esquecer que o Mediterrâneo é uma região onde coisas dramáticas estão acontecendo, guerras, falta de liberdade, corrupção, migrantes tentando atravessar o mar, o que exige que trabalhemos juntos nesse contexto. Nesse sentido, o cardeal francês falou da existência de redes para ajudar os migrantes quando eles chegam, redes de faculdades de teologia, o trabalho comum dos santuários, redes de educação, espaços de diálogo entre jovens e bispos, com prefeitos, com pessoas de diferentes religiões. Essas são realidades que têm uma conexão com o processo sinodal. Trata-se de ver como a Igreja pode contribuir para a justiça e a paz nessa região, como ela pode fazer a sua parte, em uma região com três continentes e cinco margens. Uma realidade que exige diálogo ecumênico e inter-religioso, sobre rotas de migração, clima, tensões geopolíticas. Diante de tantos desafios, Avelline disse abertamente que, assim como foi realizado um Sínodo para a Amazônia, o Mediterrâneo também merece um Sínodo. O Sínodo como um caminho para a paz O caminho sinodal ajuda a resolver muitos problemas humanos em conjunto, disse o Cardeal Stephen Ameyu Martin Mulla, arcebispo de Juba (Sudão do Sul), um país nascido em 2011, onde a conferência episcopal é formada juntamente com os bispos do Sudão. O cardeal lembrou a necessidade de as pessoas entenderem que as guerras que ocorreram foram travadas por pessoas que queriam ser livres. Nesse sentido, ele disse que ainda existem “situações pendentes que temos que enfrentar e resolver juntos, problemas humanitários muito sérios, criados por seres humanos”. A divisão do Sudão aumentou, os problemas aumentaram, os acordos de paz não estão sendo cumpridos e precisam ser atualizados. O Arcebispo de Juba lembrou a preocupação do Santo Padre, mas isso não impediu a continuidade de uma situação de instabilidade, que está aumentando como resultado da corrupção e da má administração dos recursos, em um país com enorme potencial. Ele vê o Sínodo como uma ajuda para o diálogo dos bispos com os políticos. Ele também relatou os problemas relacionados à mudança climática, que causa secas e inundações, referindo-se à recente visita do Cardeal Czerny. O Sudão do Sul está crescendo como Igreja e regredindo no campo social e político, o que exige mais diálogo. A situação é agravada pela falta de empregos e de lugares para morar. É necessário, a partir do Sínodo, “nos colocarmos a serviço do povo, diante de uma guerra que destrói tudo”. É por isso que, diante dos problemas, que são de todos, o diálogo é necessário. Um continente unido eclesialmente para servir melhor O Arcebispo de Bogotá…
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Na sinodalidade, o caminho é longo e os frutos virão quando Deus quiser.

Há mais de 20 anos, durante um retiro, Adolfo Chércoles, falando sobre o imediatismo da cultura atual, disse que hoje ninguém construiria uma catedral gótica, cuja construção levava décadas, até mesmo séculos, para ser concluída. O jesuíta estava se referindo à dificuldade que temos em plantar sabendo que não colheremos os frutos, uma atitude que tem aumentado ainda mais com o passar dos anos. O caminho e o tempo de Deus Na Amazônia, aprendi a entender que o espaço e o tempo podem ser compreendidos de forma diferente. Naquela imensidão de terra, de águas, onde em algumas regiões é possível navegar por seus rios sem encontrar ninguém além do Criador, sempre presente em tudo o que nos cerca, descobrimos que perto e longe, cedo e tarde são conceitos cuja percepção varia. O caminho e o tempo de Deus não são conceitos facilmente compreendidos e assumidos no momento histórico atual. O caminho de Deus é uma longa estrada, que deve ser percorrida lentamente, para ser desfrutada, ainda mais quando, em nossos passos, desfrutamos da companhia de outras pessoas, quando somos capazes de avançar juntos, encontrando um ritmo no qual todos nos sentimos à vontade. Os processos do Francisco Quando assumirmos que vale a pena percorrer o caminho mais longo, entenderemos a Igreja dos processos que Francisco propõe. Em certa ocasião, em um encontro com jesuítas chilenos, o Papa lhes disse que as propostas do Concílio Vaticano II só seriam assumidas 100 anos depois, algo que não é exagerado, pois, passados 60 anos, percebe-se que muitos dos elementos e dinâmicas fundamentais propostos nos documentos conciliares ainda estão um tanto distantes. A sinodalidade é uma dinâmica que favorece a missão, ajuda a compreender o sentido fundamental de ser Igreja, que é ser comunidade, caminhar juntos, viver a comunhão. Uma Igreja que restringe a participação se enfraquece, porque o envolvimento decisivo de todos os batizados e batizadas na missão é um caminho necessário para realizar o que pedimos todos os dias: “Venha a nós o vosso reino”, o Reino de Deus. Não perder a esperança Se as propostas do Concílio levarão 100 anos para serem adotadas, de acordo com o atual pontífice, podemos pensar que o processo sinodal não será algo que se fará de hoje para amanhã. Haverá momentos e lugares de progresso e outros em que as dificuldades forçarão a desaceleração do ritmo, mas isso não pode desencorajar aqueles que vivem na fé e na esperança. A questão fundamental é se na Igreja de hoje estamos prontos para construir a catedral gótica, se queremos construir para aqueles que virão depois de nós. Nesse sentido, o Papa Francisco, prestes a completar 88 anos, que provavelmente não colherá muitos frutos do processo sinodal que vem implementando ao longo de seu pontificado, é um verdadeiro testemunho de que, ao tomar atalhos, os perigos aumentam e o risco de não chegar se torna mais plausível, de que vale a pena construir uma catedral gótica, cuja beleza, apesar da demora em alcançá-la, é admirável. Ninguém é obrigado a tomar o caminho mais longo, mas quem escolhe atalhos não deve pensar que sua escolha é a única possível. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação