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Dia: 21 de abril de 2025

Morreu Francisco, o Papa da Amazônia

São muitos os destaques do pontificado do Papa Francisco, o primeiro Papa latino-americano, o Papa que reconheceu a necessidade da participação das mulheres em espaços de decisão, o Papa que mais decididamente enfrentou os abusos de todo tipo na Igreja católica, o Papa de uma Igreja em saída, o Papa da ecologia integral, o Papa dos migrantes, o Papa da sinodalidade… Mas, acima de tudo isso, destaco a figura de Francisco como o Papa da Amazônia. Uma relação que nasce em Aparecida Na Conferência de Aparecida, em 2007, onde sendo arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Bergoglio foi relator geral, escutou várias vezes falar sobre a Amazônia, seus povos e sua Igreja. Já nos primeiros meses de pontificado, no encontro com os bispos brasileiros em 27 de julho de 2013 no Rio de Janeiro, o Papa Francisco falou da Amazônia como um elemento “relevante para o caminho atual e futuro não só da Igreja no Brasil, mas também de toda a estrutura social.” O Papa disse que “a Igreja está na Amazônia, não como aqueles que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que puderam. Desde o início que a Igreja está presente na Amazônia com missionários, congregações religiosas, sacerdotes, leigos e bispos, e lá continua presente e determinante no futuro daquela área.” Ele lembrou as palavras do Documento de Aparecida, onde aparece “o forte apelo ao respeito e à salvaguarda de toda a criação que Deus confiou ao homem, não para que a explorasse rudemente, mas para que tornasse ela um jardim.” O Papa fazia um chamado a formar um clero autóctone, a consolidar o “rosto amazônico” da Igreja. Foi se criando um caminho que levou até a convocação do Sínodo para a Amazônia, um dos momentos mais marcantes do pontificado de Francisco. Foi nesse Sínodo que foi se fraguando a sinodalidade, um modo de ser Igreja marcado pela escuta e o discernimento comunitário. O Papa convocou em Roma não só os bispos da Amazônia, também os padres, a Vida Religiosa, o laicato, e sobretudo os povos indígenas. Foi a eles a quem o Papa escutou com maior atenção e carinho em sua tentativa de novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. Apaixonado pela Amazônia e seus povos Francisco se apaixonou pela Amazônia e pelos povos que a habitam, pelas causas da Amazônia e de seus povos. Sempre que ele encontrava os bispos da Amazônia, ele perguntava como estava sua querida Amazônia. Gostava de escutar as histórias, as vivências, os clamores de uma região castigada por uma economia que mata. Esses clamores, ele sempre os guardou em seu coração e estiveram presentes em sua oração. Que seu legado ajude à humanidade a sentir a necessidade de cuidar da Amazônia e dos povos que a habitam. Com sentimento de profunda e eterna gratidão nos despedimos de alguém que vai deixar uma marca profunda no coração dos povos da Amazônia. Eles se sentiram escutados e defendidos por um Papa com um coração amazônico, um coração indígena, um coração cuidadoso e respeitoso da mãe Terra, a mãe dos povos indígenas. Editorial Rádio Rio Mar

Igreja do Rio Negro reza por Francisco, “o Papa que ficou mais perto de nós”

A Igreja do Rio Negro se reuniu na manhã desta segunda-feira da Oitava da Páscoa para elevar uma prece a Deus na gratidão pela vida e ministério do Papa Francisco. Os religiosos e religiosas presentes na sede de diocese de São Gabriel da Cachoeira, bem como os vocacionados, com a presença do bispo, dom Raimundo Vanthuy Neto, mais ou menos umas 60 pessoas, cantaram o ofício, lembrando de modo especial o Salmo do Bom Pastor, onde boa parte dos presentes fizeram uma bela memória do Papa Francisco. Todo discípulo chamado a ser pequeno Dom Vanthuy definiu Francisco como “o Papa que nos ajudou a redescobrir a alegria do Evangelho, e a alegria como mistério e como dom da missão.” Do Papa, o bispo destacou o fato de que se deixou beijar e beijou muitas crianças, sua predileção para que as crianças pudessem se aproximar dele. Igualmente, o chamado a que “todo discípulo é chamado de ser pequeno. Todo discípulo, de uma certa forma, é como criança ainda no conhecimento e na adesão ao amor de Jesus Cristo.” Segundo dom Vanthuy, na oração foi lembrado que Francisco foi o Papa que mais pediu às pessoas para rezar por ele. Para o bispo de São Gabriel da Cachoeira, isso significa que “todo ministério a serviço da Igreja é uma comunhão também com os outros, que participam de modo especial nesse caminho da oração”, afirmando que “o Papa que nós rezávamos por ele e que agora com certeza vai rezar por nós no céu.” O cocar do Papa O bispo disse que “outra imagem muito bonita é o Papa que se aproximou muito da Igreja do Rio Negro, da Amazônia. Seja pela experiência do Sínodo, seja porque um dos presentes da última visita Ad limina, foi o cocar levado pelo bispo do Rio Negro, Dom Edson, para o Papa. Quando ele mesmo disse na brincadeira, essa parece uma mitra, mas não é possível chegar na praça de São Pedro com ela.” Algo que tocou profundamente e emocionou os presentes, pois foi um cocar feito no Rio Negro para um Papa que sempre próximos com as causas dos povos indígenas, algo que ele mostrou na canonização de São José Allamano. Dom Vanthuy destacou a imagem do Papa que “se faz irmão da ecologia, o Papa que ficou mais perto de nós. Essa região tão preservada, mas ao mesmo tempo que tem tanto medo diante das ameaças.” Ele recordou que será celebrada uma missa às 18 horas, momento quem as igrejas do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foram convocadas a tocar os sinos das paróquias e comunidades. A Igreja de São Gabriel da Cachoeira irá celebrar o sétimo dia de Papa Francisco “como um sinal onde todas as paróquias vão experimentar celebrar com o povo de Deus”, encerrou o bispo.

Cardeal Steiner: “Nós somos tão profundamente agradecidos, porque Papa Francisco tinha um carinho tão grande pela Amazônia”

A morte de Papa Francisco, acontecida nesta segunda-feira da Oitava da Páscoa no Vaticano, provocou as primeiras reações do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Sentimento de gratidão Em coletiva de imprensa, ele disse ter sido “uma surpresa, mas não surpresa. Nós vimos acompanhando o estado de saúde de Papa Francisco e sabíamos que a situação era bastante delicada, mas sempre pensando que ele voltasse a ter a atuação que ele sempre teve.” Diante da morte do Santo Padre, a primeira expressão do cardeal Steiner foi de gratidão. Ele afirmou que “é claro, nós sentimos, nós lamentamos, mas o nosso primeiro sentimento é de gratidão. Gratidão porque Papa Francisco nos devolveu na Igreja fundamentos necessários para a nossa Igreja. Uma das primeiras convocações que ele nos fez foi a misericórdia, o Ano da Misericórdia, recordando que o mistério do amor está envolvido pela misericórdia, misericórdia que é a expressão do amor.” Aprofundando em sua reflexão, o arcebispo de Manaus disse que a misericórdia “não é apenas o perdão, a misericórdia que é o acolhimento dos pobres.” Ele lembrou o texto de Mateus em que diz: “os nus, os sem casa, os doentes, os presos, os com fome, os com sede.” Nesse sentido, o cardeal falou sobre “essa misericórdia que ele conseguiu fazer com que percebêssemos que nós como Igreja, deveríamos ser uma presença de misericórdia.” Nos convidou a cuidarmos da casa comum Um outro elemento que o arcebispo de Manaus destacou no pontificado de Papa Francisco é que “nenhum Papa nos alertou tanto e nos convidou tanto a cuidarmos da casa comum, a cuidarmos da natureza.” Uma atitude que impressionou o mundo científico, segundo ele lembrou: “Encontrando uma vez um grande cientista da Alemanha, ele dizia, nunca esperei que a Igreja fosse nos presentear um texto tão extraordinário. Eu sou cientista, não pensei que a Igreja fosse nos dar de presente um dom tão grande quanto esse texto da Laudato Si.” Um texto que marcou a COP de Paris, onde o arcebispo de Manaus esteve presente como parte da delegação da Santa Sé. O cardeal Steiner, sublinhou que “nós somos tão profundamente agradecidos, porque Papa Francisco tinha um carinho tão grande pela Amazônia, pelo pulmão da Terra, mas especialmente pelos seus povos, e especialmente os povos originários.” O arcebispo de Manaus recordou que sempre que se encontrava com o Papa Francisco, ele perguntava: “e a nossa Amazônia como vai? A querida Amazônia como está?” Algo que segundo o purpurado, mostra a continua preocupação do pontífice, “sempre entendendo a necessidade e sempre de novo nos incentivando como Igreja, ser uma Igreja muito presente, uma Igreja missionária, uma Igreja que ajuda na transformação social”, algo que aparece nos quatro sonhos que ele publicou em Querida Amazônia.” Uma dinâmica que mostra “uma Igreja que ela está presente, leva em consideração toda a realidade, não é uma Igreja voltada para dentro, é uma Igreja que pensa no todo onde ela vive, nos seus povos, na sua realidade sociais, nas suas realidades culturais, uma Igreja que diz que deve se inculturar. E esse esforço que nós estamos fazendo.” Tudo isso faz com que sejamos agradecidos a Deus por termos tido um tão grande Papa, afirmou, pedindo “rezar para que Deus nos conceda a alegria de podermos continuar a essa presença do Evangelho, essa presença de Jesus.” Um Papa que nos precedeu Por sua vez, o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Zenildo Lima, destacou que “este é um pontificado que nós podemos chamar de um pontificado de precedência.” Ele destacou o verbo “primeirear”, usado na exortação apostólica A Alegria do Evangelho. Segundo o bispo auxiliar, Papa Francisco, “ele nos precedeu conduzindo a Igreja, aproximando a Igreja das populações mais empobrecidas e mais descartadas. Ele nos precedeu em atitudes, posturas e até procedimentos canônicos de expressão da misericórdia. Ele nos precedeu como peregrinos nesta sensibilidade à Casa Comum e escancarou as portas da Igreja como queria São João Paulo II, para que o amor de Cristo alcançasse todos os homens e mulheres. Ele nos precedeu como peregrino da esperança, no Jubileu apenas convocado em que estamos vivenciando. Ele sempre nos precede em todas as experiências da sua peregrinação no mundo, da sua acolhida de populações mais fragilizadas. Agora o Papa nos precede no céu.” Dom Zenildo Lima disse ver como muito significativo que neste tempo da Páscoa, na segunda-feira da oitava da Páscoa, o Papa tenha vivido a sua Páscoa. Segundo o bispo auxiliar, “o anúncio da morte do Papa Francisco, embora nos cause uma profunda comoção, nos remete assim, de modo muito imediato ao seu amor, à sua compaixão e à sua ternura. A Igreja vai viver por um bom tempo a memória desta compaixão de Deus que nos chegou pela pessoa, pelos gestos, pelo pontificado do Papa Francisco.”

Nota de Pesar do Regional Norte 1 pela morte de Papa Francisco

Ressuscitei e sempre estou contigo, Aleluia (Antífona Missa de Páscoa) O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), em profunda comunhão com a Igreja no mundo inteiro e com a Sede de Roma, manifesta sua esperança na Ressurreição, não obstante o pesar por ocasião da morte do Papa Francisco. Nossas igrejas locais, as paróquias, áreas missionárias e comunidades acabam de celebrar a memória da paixão, morte e ressurreição de seu Senhor, e trouxeram ao tempo presente a grandeza do seu amor. Da mesma forma a páscoa de nosso querido Papa Francisco, nos remete a sua bondade. Hoje fazemos memória e agradecemos a Deus pelo pontificado extraordinário de um pastor igualmente extraordinário. A proximidade com os pequenos, vulneráveis e descartados convocou uma Igreja pobre para os pobres, uma Igreja sinodal, uma Igreja da escuta. A compreensão da grandeza da obra criadora de Deus, uma realidade muito presente em nossa Amazônia, conduziu uma espiritualidade de cuidado da casa comum, da conversão ecológica, do cuidado dos povos. A voz fragilizada nos últimos tempos não emudeceu o incansável grito pela paz e por uma nova ordem mundial. O pastor com cheiro das ovelhas, que peregrinou nas periferias do mundo, nos precede agora como o grande peregrino da esperança. A misericórdia foi a tonalidade de seu ministério petrino. Isto se evidenciou em seus gestos, seus pronunciamentos, no Ano Santo da Misericórdia e em seu programa pastoral expresso em seu brasão: “Miserando at que eligiendo” (Com misericórdia o elegeu)! Nossas Igrejas locais, com suas populações e bioma, são imensamente gratas pela sua particular predileção por esta região, pela convocação do Sínodo da Amazônia, com expressiva participação de agentes de nosso Regional, pela exortação pós sinodal em que nossa terra é chamada de querida, pela atenção ao grito de seus povos. Nos unimos aos sentimentos dos batizados, de mulheres e homens de boa vontade, dos povos indígenas da Amazônia, que encontraram em Francisco uma inspiração para viver solidariamente e não desistir da justiça, da paz e do bem viver. Perseveramos no anúncio de Jesus, o Senhor ressuscitado. A morte já não tem mais poder sobre ele. Todas as comunidades nas nove igrejas particulares do Regional Norte 1 da CNBB nos unimos em oração. Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – Presidente Dom Adolfo Zon Pereira – Vice-presidente Dom José Altevir da Silva – Secretário