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Dia: 18 de junho de 2025

Faculdade Católica do Amazonas faz propostas em vista da COP-30

A Faculdade Católica do Amazonas realizou no dia 17 de junho de 2025 o Seminário Interdisciplinar de Extensão, com o tema: COP-30 e Amazônia. Os participantes elaboraram uma Carta-Manifesto, onde afirmam seus compromissos com a Ecologia Integral. O texto afirma que “Nós, oriundos das comunidades amazônicas: ribeirinhas, indígenas, quilombolas e urbanas, estamos aqui para partilhar saberes e sabores amazônicos, aprendendo a interligar, resistir, formando uma aliança para enfrentar os grandes projetos coloniais de ontem e de hoje que desprezam e delapidam nossas condições de vida nesta parte da aldeia sagrada – o planeta Terra.” A COP30 é definida na Carta como “um acontecimento inédito”, em busca de diversidade, inclusão, cooperação e resiliência, realizada em mutirão, em um momento de um possível ponto de inflexão irreversível do bioma amazônico. No texto aparecem propostas como promotores da Ecologia Integral: educação ambiental, luta contra os racismos e injustiça ambiental, denuncia dos processos de privatização, garantia de direitos, participação cidadã na elaboração de Políticas Públicas, melhor tratamento dos esgotos. SEMINARIO INTERDISCIPLINAR DE EXTENSAO: COP-30 e AMAZONIA CARTA – MANIFESTO DOS/DAS PARTICIPANTES SABERES E SABORES AMAZÔNICOS PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL Na noite de lua cheia de 17 de junho de 2025, foi realizado o Seminário Interdisciplinar de Extensão da Faculdade Católica do Amazonas, com o tema: COP-30 e AMAZONIA, organizado pelos discentes e professores do Curso Filosofia e Teologia, com o apoio de nossas comunidades, pastorais, movimentos e amigos e amigas da caminhada. No ano em que comemoramos os 10 anos da Laudato Si’, documento inspirador que nos chama a mudar nossa relação com a criação de Deus, queremos afirmar nossos compromissos com a Ecologia Integral. Nós, oriundos das comunidades amazônicas: ribeirinhas, indígenas, quilombolas e urbanas, estamos aqui para partilhar saberes e sabores amazônicos, aprendendo a interligar, resistir, formando uma aliança para enfrentar os grandes projetos coloniais de ontem e de hoje que desprezam e delapidam nossas condições de vida nesta parte da aldeia sagrada – o planeta Terra. Levamos em nossas veias e em nossos territórios, o sangue dos mártires torturados e mortos na luta pela defesa dos nossos modos de vida e de nossas religiosidades e do grande Espírito que povoa, nossos territórios, fortalecem e amparam nossa peleja e nos inspiram nas práticas de cuidado e da ética do bem-viver e conviver com todas as criaturas, destas terras molhadas. A COP30 que será realizada no coração da Amazônia, a cidade de Belém do Pará, em novembro de 2025, faz lembrança dos 20 anos do Protocolo de Kyoto e 10 anos do Acordo de Paris. É um acontecimento inédito, primeiro pela sua localização, depois porque busca reafirmar e comprometer os países, na busca de valores como diversidade, inclusão, cooperação e resiliência. O conceito de mutirão, proveniente das culturas tradicionais da Amazônia,define sua metodologia e organização. Vivemos este encontro, tendo como realidade as secas, os picos mais altos de calor, o risco de um possível ponto de inflexão irreversível do bioma. A crise ecológica é um colapso progressivo dos sistemas de vida, da sociedade e da nossa condição humana. Contudo, seus impactos e responsabilidades não são distribuídos de forma igualitária. Promotores da Ecologia Integral, exigimos uma educação ambiental que promova uma consciência, primeiramente de quem promove a destruição da casa comum, quem sofre os impactos e quem deve e pode agir local e globalmente, para enfrentar os desafios ambientais com justiça. Promotores da Ecologia Integral, lutamos com respeito e solidariedade às lutas contra os racismos e injustiça ambiental pelo direito à água, ao saneamento, à moradia, à comida justa e saudável, o que corresponde ao direito de viver com dignidade. Promotores da Ecologia Integral, denunciamos os processos de privatização do sistema público de água e energia, transformando esses bens em mercadoria e não um serviço para todos. Repudiamos qualquer tentativa de destruir o encontro das águas do Rio Amazonas com o Rio Negro. Dizemos não à exploração do petróleo na foz do Rio Amazonas. Exigimos uma maior transparência no comércio de crédito de carbono, Promotores da Ecologia Integral, lutaremos e exigimos que os dispositivos da Constituição Federal, das normas internacionais, garantam e protejam os direitos por terra, vida e cultura dos povos indígenas. Repudiamos o avanço do agronegócio e da monocultura que avança pelo sul do Amazonas, do extrativismo mineral, nas terras indígenas dos povos Mura de Autazes e Yanomami em Roraima. Promotores da Ecologia integral, reivindicamos participação como sociedade civil organizada, na construção de cidades, ambiental e socialmente sustentável, incentivando a arborização urbana, estimulando a eficiência energética, o baixo consumo de carbono, a crescente substituição por fontes de energia renováveis e denunciamos as cidades do estado do Amazonas com 70% dos seus municípios que gastam recursos públicos com contratos milionários com empresas privadas (nacionais e interesses das internacionais) mostrando a ineficiência de gestão do poder público, no qual destacamos a baixa arrecadação dos municípios para manter estes contratos vultuosos (criando desiquilíbrio nos outros serviços básicos a população),  mantendo os lixões a céu aberto, que contamina o ar (gás metano), contaminação da água (lençol freático) desperdiço dos resíduos, propomos atender com o cuidado da  Ecologia Integral (cuidar das pessoas e ambiente),  de maneira sustentável, dar visibilidade as pessoas, comunidades em situação  social vulnerável (catadores nos lixões), possibilitar o reconhecimento da profissão destes catadores (as)  de acordo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5.192-05, de acordo com a Portaria nº 397/2002 do Ministério do Trabalho e o decreto nº 11.414/2023, a oportunidade do trabalho, a reutilização dos resíduos e promover uma economia circular. Exigimos melhor tratamento dos esgotos, integrando aos corredores verdes reestabelecendo conexões com rios, riachos, lagoas e áreas úmidas, aproveitando seu potencial paisagístico e tratando seus problemas de saneamento. Sistemas de parques, essenciais para o desenvolvimento da fauna e biodiversidade, devem ser propostos com o objetivo de integrar estes espaços e devolvê-los aos cidadãos, espaços à vida cotidiana dos moradores. Promovendo a Ecologia Integral na Amazônia, celebraremos sempre a vida, a memória de nossos ancestrais, em nossos espaços acadêmicos, em comunidades, pastorais e movimentos organizados. Continuaremos nesta caminhada juntos, escrevendo textos…
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Marina Silva à Faculdade Católica do Amazonas: “A reflexão sobre ecologia integral é fundamental”

A Faculdade Católica do Amazonas realizou no dia 17 de junho de 2025 uma Mostra Científica, com o tema “Perspectivas Filosóficas e Teológicas diante da COP-30. Além da apresentação de Projetos de Pesquisa e a exposição de banners sobre “Casa Amazônica – Saúde e Medicina”, foi realizada uma Mesa Redonda com o tema: “COP-30 e a Amazônia”, que contou a participação de Marina Silva. Junto com a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, participaram da Mesa, moderada pelo professor da Faculdade Católica do Amazonas, Ricardo Castro, a professora da Universidade Federal do Amazonas, Marilene Corrêa da Silva, o Procurador Federal, Fernando Merloto Soave, e o diretor da Faculdade Católica do Amazonas, dom Joaquim Hudson Ribeiro. A ministra iniciou sua intervenção em vídeo cumprimentando os participantes, destacando a importância da “roda de conversa sobre nossa casa comum” e mostrando seu “apoio e respeito a essa importante iniciativa”. Segundo Marina Silva, “a reflexão sobre ecologia integral, especialmente neste momento em que o Brasil se prepara para a COP30 em Belém, é fundamental. É um chamado à ação, ao diálogo entre ciência, fé e justiça socioambiental”. Marina Silva recordou sua participação no dia da biodiversidade, 22 de maio, no Congresso Ibero-Americano: “10 anos de Laudato Si, Dívida Ecológica, Esperança Pública”, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O encontro reuniu mais de 200 reitores, contando com a participação do diretor da Faculdade Católica do Amazonas, dom Hudson Ribeiro, e do arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Um congresso onde, segundo a Ministra de do Meio Ambiente e Mudança do Clima, “pudemos dialogar sobre a agenda do cuidado e essa nossa importante responsabilidade com a vida e o bem comum”. Nessa perspectiva, Marina Silva disse esperar que a Mostra Científica realizada na Faculdade Católica do Amazonas fosse uma oportunidade para realizar “bons e transformadores diálogos”. Segundo partilhou no encontro da PUC-Rio, “as universidades têm um papel muito importante na formulação e conhecimento de inovação tecnológica”. Marina Silva insistiu em que “cada vez mais a gente vai precisar fazer políticas públicas com base em dados e evidências para o enfrentamento da mudança do clima, da perda de biodiversidade, da desertificação e para que a gente possa criar um novo ciclo de prosperidade onde a gente possa combater os danos ambientais, mas gerar riqueza, condições de vida digna para as pessoas”. Nessa perspectiva, a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, defende que “as universidades têm sim um papel importante, e quando há essa disposição dos mais altos níveis das universidades se reunir para tomar um direcionamento no sentido da contribuição mais efetiva que ela pode dar, isso é muito bom para a sociedade e para a formulação e implementação de Políticas Públicas”.