Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 3 de julho de 2025

Conselho Permanente da CNBB: migrações, sinodalidade e ação evangelizadora

A sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acolheu de 1º a 3 de julho de 2025 a reunião do Conselho Permanente, com a presença da Presidência da Conferência, os presidentes e assessores das Comissões Episcopais e os presidentes dos 19 Regionais. Em representação do Regional Norte 1 da CNBB participou seu presidente, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Análise da realidade Uma reunião que, segundo informações da CNBB, partiu da análise da realidade social, desta vez tendo como foco as migrações, e da conjuntura eclesial, marcada pela eleição do Papa Leão XIV, os 70 anos do Conselho do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (Celam) e os encaminhamentos sobre as Diretrizes da Ação Evangelizadora, uma temática que está sendo refletida na Igreja do Brasil nos últimos anos. No início do encontro, o núncio apostólico, dos Giambattista Diquattro, insistiu no trabalho conjunto do episcopado e da Igreja do Brasil em vista de renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e a centralidade de Cristo, além da motivação para que as Igrejas particulares promovam iniciativas educativas para a promoção da paz e da não-violência. As migrações e o trabalho da Igreja Partindo das referências bíblicas em torno da migração, e apresentando o cristianismo como uma “religião que se faz no caminho, indo e vindo, de lá para cá, para além de quaisquer fronteiras geográficas ou culturais”, o bispo de Carolina (MA) e presidente do grupo de Análise de Conjuntura Padre Thierry Linardy, dom Francisco Lima Soares, disse que as migrações é um dos fenômenos mais complexos e desafiadores da atualidade. Uma realidade que reflete desequilíbrios econômicos, conflitos armados, crises ambientais e perseguições políticas em diferentes partes do mundo. Diante disso, a proposta é que a Igreja ajude a transformar a experiência migratória em ocasião de crescimento na vida cristã e de nova evangelização e missão. Junto com isso, o chamado a uma ação coletiva frente à crise humanista e à indiferença. No Brasil, houve aumento significativo no fluxo de migrantes e refugiados, com um marco legal que reconhece direitos dos migrantes e propõe princípios humanitários de acolhimento, mesmo que sua implementação tem sido desigual. Frente a isso, a Igreja católica realiza experiências exitosas de acolhida e suporte a migrantes, refugiados e apátridas no Brasil. Sinodalidade e ministerialidade Na conjuntura eclesial, o bispo de Petrópolis (RJ) e presidente do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (Inapaz), dom Joel Portella Amado, apresentou os resultados do Censo 2022 a respeito da religião, divulgados no mês passado, com mais de 100 milhões de católicos no país, que representa o 56,75% da população brasileira. Junto com isso foram apresentadas questões relativas às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, marcadas pelo impacto das novas tecnologias, a transformação digital, o redesenho religioso no país, a crise climática e a centralidade da missão, e as indicações do Sínodo sobre a Sinodalidade. São dados que mostram que no Brasil, a configuração eclesial está marcada pela sinodalidade e pela ministerialidade. Foi apresentado o trabalho de revisão do documento de estudo nº 116 que trata sobre o Ensino religioso. Também foi abordado o processo de organização do 19º Congresso Eucarístico Nacional de Goiânia, previsto para setembro de 2027, o trabalho que está sendo realizado nas Pré-COPs e os subsídios a ser trabalhados nas dioceses em vista da COP30, que acontecerá em Belém do Pará de 10 a 21 de novembro. Igualmente, foi apresentado a síntese do documento: “Um chamado por justiça climática e a Casa Comum: conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções”, entregue ao Papa Leão XIV no dia 1º de julho. Realidade da Igreja do Brasil Entre as questões abordadas cabe citar o Estatuto da Comissão Nacional dos Diáconos Permanentes do Brasil; o Estatuto da Comissão Brasileira de Justiça e Paz; e o Estatuto das Edições CNBB. Junto com isso, as iniciativas voltadas à animação vocacional, a recepção do Sínodo sobre a Sinodalidade nas dioceses, dando visibilidade às experiências positivas e fortalecendo a recepção sinodal nas comunidades. Os participantes conheceram a realidades dos 19 regionais da CNBB e das Comissões Episcopais. No debate apareceram questões relacionadas com a escuta da Juventude, a Pastoral Familiar, a formação do laicato, o ecumenismo, a catequese, a educação católica, as pastorais sociais e a missionariedade. No campo da comunicação cabe destacar o Encontro Nacional de Missionários Digitais que irá ocorrer no dia 4 de julho, em São Paulo. Também o encontro com os bispos referenciais dos regionais e dos coordenadores regionais da Pastoral da Comunicação e os assessores Pastorais. A Comissão para a comunicação vai realizar o Encontro Latino-Americano e Caribenho das TVs de Inspiração Católica nos dias 11 a 14 de agosto, em Aparecida (SP); o 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação de 25 a 28 de setembro, em Manaus, com o tema: “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa” e o Encontro Nacional de Padres em Missão Digital, de 28 a 29 de outubro em Brasília.

Politicagem que impede praticar a melhor política

O desencanto com a Política é uma atitude cada vez mais presente na sociedade atual. Essa realidade tem que nos levar a refletir e encontrar caminhos que possam ajudar a encantar a Política. O filósofo grego Aristóteles definiu a política como “um meio para alcançar a felicidade dos cidadãos”, mas o exercício da política nos mostra que muitas vezes se busca a felicidade de pequenos grupos e não do conjunto da cidadania. Falência do modelo comunitário A última análise de conjuntura do Grupo de Análise de Conjuntura da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Padre Thierry Linard, apresentada nesta semana, fala de “crise humanista e a falência do modelo comunitário”. Segundo o texto “essa crise é marcada por um profundo esvaziamento dos princípios de solidariedade, corresponsabilidade e cuidado coletivo”, elementos que tem a ver com a tradição cristã. A consequência é “a vulnerabilidade em que vivem milhões de brasileiros”, uma situação que deve piorar diante das pressões de grupos de poder político e econômico que pretendem recortar os gastos sociais para perpetuar privilégios de pequenos grupos e aumentar a brecha social em um país secularmente marcado pela desigualdade. Eles não se importam com a falta de moradia, as condições precárias do Sistema Único de Saúde, da educação pública, do sistema de mobilidade urbana. A lógica do Estado mínimo “Essa conjuntura reflete os efeitos acumulados das políticas de exclusão, que, ao longo de décadas, operaram por meio da fragmentação social e da negação de direitos”, afirma o texto, que mostra que “a lógica do Estado mínimo, a desresponsabilização do poder público e a crescente influência de interesses privados nos espaços de decisão corroem a capacidade de resposta coletiva aos problemas comuns”. Nos deparamos com instâncias de poder político que não buscam a melhor política. Uma expressão acunhada por Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti, onde ele mostra que a política é um elemento crucial para alcançar a fraternidade universal e promover a amizade social, tendo como objetivo o verdadeiro bem comum e a caridade social. Uma política que valorize a geração de trabalho e renda, a inclusão social, a diversidade e a caridade social como elementos fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e voltada para o bem de todos. Política que se tornou politicagem Uma proposta que atualmente é ignorada na política brasileira, que se tornou politicagem, que de forma mesquinha responde a pressões e inércias viciosas, a interesses imediatos que nunca favorecem os mais pobres, que não são expressão de amor para com os outros, que ignora o sofrimento de tantas pessoas que se esforçam em sobreviver. A polémica em torno ao Imposto sobre Operações Financeiras, às emendas parlamentares e tantas outras situações presentes no atual panorama político brasileiro, são claros exemplos dessa politicagem que pretende acabar com a melhor política, deixando de lado sua função transformadora, seu cuidado com o que é público, a busca da felicidade de todos. Editorial Rádio Rio Mar