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Diocese de Roraima apresenta a Campanha da Fraternidade: “A mudança começa nas nossas comunidades”

Diocese de Roraima apresenta a Campanha da Fraternidade: “A mudança começa nas nossas comunidades”

  Foto: Rádio Monte Roraima

No início
da quaresma, um tempo em que a Igreja “nos chama à conversão, à mudança de
vida, a voltar ao evangelho, a voltar àquele projeto de Deus em nossa vida e na
nossa sociedade”, segundo salientava dom Evaristo Spengler, a diocese de
Roraima apresentou à imprensa a Campanha da Fraternidade 2025. O bispo ressaltou
que “essa conversão não basta ser individual, é necessário também uma conversão
comunitária, uma conversão social e que produza frutos.
 Nessa tessitura se coloca a Campanha da
Fraternidade, que em 2025 tem como tema: “Fraternidade e Ecologia integral”, e
como lema “Deus viu que tudo era muito bom”.

Diante
disso, o bispo questionou: “como é que Deus está enxergando o mundo hoje, vendo
tanta destruição, tanta contaminação, tanta pobreza, Deus ainda aplaudiria que
tudo está muito bom?”, vendo a Campanha da Fraternidade como instrumento que
quer fazer esse questionamento: “o que nós estamos fazendo com a criação que
Deus nos delegou?

Ele insistiu
na necessidade do ser humano cuidar da Criação, zelar por ela. Segundo o bispo,
“a Criação não é só o ser humano, não é só o homem e a mulher”, recordando que
a Campanha da Fraternidade deste ano está determinada pela realização da COP30
em Belém do Pará, os 10 anos do lançamento da encíclica Laudato Si e os 800
anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Uma campanha que quer ajudar-nos
a descobrir as causas da atual crise climática, que em grande parte vem da ação
humana
, relatando diversos exemplos disso na diocese de Roraima: desmatamento acelerado,
criação extensiva de gado, monocultivo. Algo que prejudica claramente o
lavrado, uma terra fraca para o cultivo, que acaba com a biodiversidade e pode
desertificar a região. Igualmente refletiu sobre o garimpo e a ameaça de uma
grande hidroelétrica.

O bispo
denunciou a pressão do poder económico com relação à COP30, pedindo uma
legislação que cada vez mais tem que se adequar à preservação e não à
destruição. Junto com isso a necessidade de conscientização de cada cristão e
cada cidadão
, de evitar o consumo desenfreado, de uma mudança de mentalidade e
de prática, de ação para no avançar caminho a um grande desastre.

A Campanha
da Fraternidade tem como um dos seus instrumentos de reflexão o Texto Base,
elaborado por uma equipe, da qual fez parte a professora da Universidade
Federal de Roraima, Marcia de Oliveira, que foi perita no Sínodo para a
Amazônia. Ela levou para a reflexão da equipe as questões centrais da Amazônia,
destacando no Texto Base o chamado ao bem viver como proposta alternativa a
esse modelo capitalista que tem causado essa crise climática sem precedência na
história da humanidade
. Nessa perspectiva, foram inseridas no texto diversas
experiências exitosas que garantem que “as regiões ou os territórios ocupados
pelos povos indígenas são territórios de grande preservação, são territórios de
convivência, são territórios que estabelecem aqueles princípios da casa comum
apresentados pelo Papa Francisco na encíclica Laudato Si e eles representam
para nós um grande modelo de vida, um grande modelo de ecologia integral”,
enfatizou a professora.

Marcia de
Oliveira destacou a importância do tempo quaresmal como “um tempo de escuta, de
reflexão, de conversão”, insistindo em que “eu não posso me converter se eu não
reconheço onde é que eu estou falhando, onde é que eu estou interrompendo
processos de participação e de vivência
.” Nesse sentido, ela vê a necessidade
de processos de revisão da nossa vida diante da questão ecológica, vendo a Campanha
da Fraternidade como “um grande convite a revermos de forma muito profunda a
nossa relação com a natureza e entrarmos num processo de conversão ecológica.”

Foto: Rádio Monte Roraima

Com relação
à COP 30, a professora denunciou que as COPs têm sido convertido em espaços de
negociação da natureza
, mostrando a necessidade de levar adiante “uma proposta
de mobilização de toda a igreja do Brasil para, durante o processo de
preparação e realização da COP, como sociedade, como organizações da sociedade
civil, a gente estabelecer outras reflexões e estabelecer outras alternativas,
outros mundos possíveis.”

Por sua
vez, o vigário episcopal para a Pastoral da diocese de Roraima, padre Celso dos
Santos, insistiu em que a Campanha da Fraternidade está dentro do processo quaresmal,
destacando o método do Texto Base, que parte da necessidade de olhar a
realidade, da situação que se vive, marcada por uma crise civilizatória com
muito impacto na questão ambiental. Desde aí procurar como Igreja parâmetros para
nos orientar, a partir da fé, da Palavra de Deus, da Tradição da Igreja, tendo
em conta que “a casa comum tem seus limites e nós já estamos quase que
ultrapassando esses limites”, o que tem que nos levar a nos questionar: “Qual é
a nossa responsabilidade de cristãos e de cristãs para com esta realidade?
”,
disse o padre Celso.

Uma reflexão
que tem que nos levar a “um novo agir, um agir com responsabilidade”. Nesse
sentido, o vigário de Pastoral destacou que “é importante que neste tempo de
quaresma, onde todas as nossas comunidades se reúnem, celebram, possam de fato
viver a sua fé no chão que estão inseridas. A mudança começa, claro, nas nossas
comunidades
. Mas isso também exige que nós lutemos por políticas que de fato
mudem essa relação predatória com a terra, com o meio ambiente.”

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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