Na manhã deste domingo (9), às 10h, o Arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Regional Norte 1) , cardeal Leonardo Steiner, presidiu a missa de comemoração aos seus 75 anos de vida. A celebração Eucarística aconteceu na Catedral Metropolitana de Manaus com a presença dos bispos auxiliares e emérito, padres, vida religiosa, seminaristas e grande número de fiéis. O arcebispo agradeceu o carinho dos participantes e, brevemente, recordou sua trajetória de vida.
“Eu queria agradecer essas palavras todas, os gestos de afeto, de carinho, de proximidade. Mas especialmente gostaria de agradecer as orações de cada, de cada uma. Assim nos sentimos mais igreja, sentimos mais igreja. Eu sou muito grato a Deus, sou muito grato a Deus” enfatizou o arcebispo.

Semente da vida comunitária
O cardeal Steiner recordou que seu crescimento familiar é marcado pela profunda religiosidade de seus pais. Sendo o décimo terceiro de dezesseis irmãos, onde todos foram ensinados desde pequenos a rezar uns pelos outros. Essa característica religiosa também é presente em sua comunidade de origem, que mesmo pequena, gerou muitos frutos vocacionais.
“Quando nasci, os mais velhos já estavam fora de casa, mas a nossa mãe todo dia à noite rezava por aqueles que já tinham saído de casa, e também pelos dois que já haviam falecido. Esse senso de família, esse senso de comunidade: nesse ambiente que eu cresci. Venho de uma comunidade pequena, de origem alemã, onde todos os cantos e orações naquele tempo ainda eram em alemão. Uma comunidade muito pequena, mas uma comunidade muito ativa, profundamente religiosa. Dessa comunidade vieram muitas religiosas, muitos padres”, explicou.
Confrontar-se com a vida de comunidades
Ao comentar sobre o processo formativo, o arcebispo disse que o seu tempo de seminário “foi um tempo muito rico”. E sublinhou que teve “grandes formadores, grandes pensadores, grandes teólogos, filósofos”, que o introduziram “numa vida acadêmica muito profunda”, além da oportunidade de fazer especialização fora do país. Ao retornar, foi nomeado bispo de São Félix do Araguaia, uma experiência que possibilitou um novo olhar sobre a organização comunitária.
“Me ajudou demais. Eu que vinha de um ambiente apenas formativo, fui confrontado com a vida de comunidades, comunidades eclesiais de base, que abriu os olhos e me fez perceber quão grande é a igreja que está ali presente nessas pequenas comunidades, nessas expressões religiosas que eu nem sequer conhecia, de gerações e piedades que mantiveram vivas essas comunidades”, explicou.

Formar-se um templo bem construído
Em sua fala, o cardeal Steiner reforçou sua gratidão a Deus por tudo que recebeu, “recebi e recebi muito, talvez tenha correspondido pouco”. Para enfatizar seu pedido de orações por sua conversão, relembrou que ao passar por dois procedimentos cirúrgicos, os médicos garantiram mais 50 anos de vida, mas que, para ele, “tanto tempo eu não preciso, mas eu ainda preciso um tempo para ver se eu me converto”. E terminou associando essas dinâmicas ao texto do Evangelho do dia.
“Esses textos do Evangelho de hoje são tão bonitos. Nós somos casa de Deus, somos templo de Deus. E desses templos é que deveriam jorrar a justiça, a bondade, o consolo, a fraternidade, a vida de comunidade, a experiência de Evangelho. E ainda estou tão longe de tudo isso. Mas com a ajuda de vocês, com as orações de vocês, espero poder me apresentar diante de Deus como um templo bem construído e poder participar da vida do reino definitivamente”, finalizou.
Transmitir vida é a missão
O arcebispo emérito de Manaus, Dom Luiz Soares Vieira, destacou em sua homilia que “sem o bispo, a igreja perde os caminhos”. E por isso, é preciso compreender-se como “uma igreja que transmite vida. Por onde passa, vai transmitindo a vida. Quem é essa vida? Jesus disse, eu sou o caminho, a verdade e a vida. Jesus é a vida”. É o modo de vida de Jesus que permeia caminho de trabalho da Evangelização.
“A igreja de Jesus Cristo é uma igreja que transmite vida, que tem vida e transmite vida. Você vê como é importante no mundo de hoje. Nós estamos num mundo marcado muito por guerras, por mortes, por tantas coisas que estão acontecendo, são mortos, não são de Deus. E nós temos de dizer para o pessoal, olha, minha gente, nós temos uma boa notícia para vocês, uma boa notícia. Nós temos a solução para tudo isso que está acontecendo de desgraça no mundo. É Jesus Cristo”, pontuou Dom Luiz.

Em relação a segunda leitura, tirada da primeira carta de Paulo aos Coríntios, Dom Luiz recorda que “cada cristão, cada cristã é um tijolinho nessa construção”. E que “o alicerce é Jesus Cristo, portanto Jesus deve ser realmente a razão do nosso ser, do nosso agir, do nosso pensar. Jesus é, portanto, o fundamento, o alicerce de nós, dessa comunidade, dessa arquidiocese”. Dessa maneira, a igreja permanece em construção até completar sua missão dinâmica quando chegar ao final dos tempos.
Quanto ao Evangelho, ele reflete que Jesus é o templo, Jesus é nossa cabeça, nós todos formamos um corpo”. Por isso, é necessário que a comunidade se abra ao Espírito Santo e não perca o estilo de vida ao modo de Jesus de transmitir vida. E quando a natureza humana foge dessa dinâmica, é preciso ter pessoas que chamem atenção e apontem o caminho que conduzam a comunhão, e a figura do bispo luta para que essa comunhão não desapareça.
“Então, o bispo é aquele que fica atento, fica atento e mostra caminhos, e mostra, minha gente, é por aqui, Jesus está aqui, olha, vamos atrás dele, vamos atrás de Jesus. Ele que é tudo para nós. Então, Dom Leonardo, a sua missão é muito importante, sabe disso, né?”, recordou Dom Luiz.
Caminhar juntos como Igreja
O Conselho de Leigos e Leigas da Arquidiocese de Manaus e a Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil, Regional Amazonas e Roraima estiveram presentes e prestaram homenagens ao arcebispo. Seus representantes destacaram a importância de seu testemunho profético e a dedicação de seu ministério no serviço às comunidades.
Por fim, com sentimento de profunda gratidão, a Pastoral Presbiteral, destacou “o verdadeiro sentido de ser igreja aqui na Amazônia, que é caminhar juntos como irmãos, na escuta, no discernimento e no serviço do povo de Deus”, disse o coordenador, Pe. Gilson da Silva. Em nome de todos os padres, ele também expressou “gratidão, carinho pela sua presença paterna, fraterna entre nós, padres”. E por fim, desejaram que o Senhor “o abençoe e o conceda saúde, serenidade e sabedoria para continuar unindo a igreja com o coração de um pastor”.




