Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Cardeal Steiner: Advento, tempo “para verificar o nosso desejo de Deus”

Cardeal Steiner: Advento, tempo “para verificar o nosso desejo de Deus”

No segundo domingo do Advento, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando as palavras da pregação de João Batista no deserto da Judéia: “Convertei-vos, porque o reino dos Céus está próximo.” Ele mostrou que “estamos no tempo de advento, em compasso de espera, estamos na expectativa. Conforme a Palavra de Deus do domingo passado, o Filho do Homem virá! Ele é o Advento. E no anúncio da vinda do Filho do Homem encontrávamos o convite: ficai preparados! O anúncio e o convite da preparação despertaram em nós o desejo de nos encontrarmos com o Filho de Maria e nos colocamos a caminho de Belém”.

Memorar a primeira vida e preparar a segunda

“Começamos a olhar e a celebrar, mais uma vez, a primeira vinda de Jesus. Ele nossa fonte, nossa raiz, nosso horizonte, raiz da humanidade, sentido de toda a história e de todo o universo. Ao memorarmos a primeira vinda, estamos realizando e preparando a segunda vinda de Jesus”, sublinhou o arcebispo de Manaus.

Segundo o cardeal, “o Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expetativa de o encontrar”, disse inspirado as palavras de Papa Francisco.

“Estamos a caminho de Belém e chegamos ao segundo domingo do Advento. E nesse nosso caminhar ao encontro do Filho de José, aquele que está por vir, no encontramos com João, o filho de Isabel e Zacarias. O encontramos ao lado do rio Jordão com suas roupas de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins. Ele, que se alimenta de gafanhotos e mel do campo. Nos impressiona esse homem com suas vestes e alimento rude e com seu semblante quase suave. Vemos o vir e ir de pessoas: moradores de Jerusalém, de toda a Judéia e de outros lugares”, disse o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1).  “As suas palavras são cheias de força e vigor”, disse citando o texto:“Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo.” O cardeal mostrou que “a sua voz penetrante como um olhar, diz da preparação, da expectativa, da esperança; o seu olhar penitente e iluminador, anunciam um novo Reino. As pessoas ao sorvem as suas palavras, confessam a fraqueza e de deixam purificar nas águas do Jordão”.

Preparação e conversão

Segundo o arcebispo de Manaus, “o nosso encontro com o Batista fala da preparação, conversão, indicando novos rumos, novos caminhos, novos empenhos; purificação, remissão, libertação, novo encontro.” Ele recordou que “já estamos prontos para partir quando ele olhando para nós proclama”, citando de novo as palavras do Evangelho: “Eu batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar as suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.” Nesse sentido, ele enfatizou que “partimos meditando a Palavra que nas palavras, nos gestos e na figura do Batista, mais decididamente nos anima a subir até Belém”.

“O caminho, no nosso caminhar, enquanto caminhantes, as suas palavras continuam a ressoar em nosso coração”, disse citando o texto bíblico:“Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo.” “Conversão porque o Reino dos céus está próximo. O Reino do céu está próximo… está se aproximando; está na proximidade. E se Ele está próximo, porque se aproximou, vivemos sempre próximos a Ele, vivemos d’Ele, nos movemos n’Ele, respiramos a Ele, nós nos direcionamos por Ele no caminho a Belém. Sim, Ele está próximo: Ele o senhor menino, Ele senhor fragilidade, Ele senhor da história humanado. Ele é o Reino que está próximo logo ali em Belém, logo aqui, em mim, Belém; logo ali no desejo de tocar a Deus não diferente de mim. Logo aqui, em mim tão diferente de mim. Esse reino, esse reinado, essa realidade, essa verdade, esse toque de proximidade”, refletiu o cardeal.

Veredas que conduzem até Belém

Segundo ele, “no caminhar as palavras se tornam vivas, inquietam, alegram, satisfazem, despertam e até apressam nossos passos. E nos lembramos das palavras de Isaías: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas’. Sim preparai o caminho, endireitai as veredas. Os caminhos, as veredas, como as veredas do sertão, como o sertão veredas. Caminhos não trilhados, caminhos não pisados, caminhos não feitos; são os por trilhar, os por pisar, os que estão em preparação, são as veredas que nos conduzem diretamente, acertadamente, certeiramente até Belém”.

“O seguidor, a seguidora de Jesus, é aquele, aquela que, ‘através da sua proximidade ao irmão, como João Batista abre caminhos no deserto, isto é, indica perspectivas de esperança até em contextos existenciais impenetráveis, marcados pela falência e pela derrota. Não nos podemos render diante das situações negativas de fechamento e rejeição; não nos devemos deixar submeter pela mentalidade do mundo, porque o centro da nossa vida é Jesus com a sua palavra de luz, amor e consolação. É Ele! O Batista exortava com força, vigor e severidade as pessoas do seu tempo à conversão. Contudo, sabia ouvir e realizar gestos de ternura, gestos de perdão para com a multidão de homens e mulheres que iam ter com ele para confessar os próprios pecados e para receber o batismo de penitência’”, disse citando Papa Francisco.

Anunciação da proximidade

“Em preparando os caminhos, em buscando Belém, ouvimos a voz do profeta”, disse o cardeal, citando o texto bíblico: “A terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto as águas que cobrem o mar” (Is 11,9). Segundo ele, “a proximidade do reinado da divindade na nossa humanidade, já se anuncia. E na anunciação da proximidade do céu invadindo nossa terra, começamos a pressentir que a terra“estará tão repleta do saber do Senhor quanto as águas que cobrem o mar”. Sim o Batista anuncia a habitação de Deus na terra dos homens. E a sua habitação está em gestação no ventre de Maria. No ventre de Maria está em gestação a proximidade de Deus. Tão próximo, tão íntimo, tão carne como no ventre de Maria que nada parece estar em gestação. Foi preciso o Batista que nos proclamasse que a terra já está repleta do saber de Deus, repleta de Deus. E, assim, também nós sabemos que não somos dignos nem de carregar as sandálias do Filho de Maria. Mas a dignidade e singularidade daquele que está por vir, apressa a preparação e disposição de nossa alma”.

O arcebispo de Manaus recordou que “no domingo passado a liturgia nos convidava a viver o Advento e a vinda do Senhor com atitude de vigilância e também de oração: ‘vigiai’ e ‘rezai’”. Analisando as leituras do dia, ele destacou que “hoje, segundo domingo de Advento, somos despertados para caminho de conversão, como expetativa da vinda. Como João Batista, que ‘percorre toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados’ (Lc 3, 3), somos convidados a percorrer o caminho da conversão até Belém. Também nós escutamos e vemos: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas! Todo o vale será aterrado, e todo o monte e outeiro serão arrasados’”.

O cardeal enfatizou que “para preparar o caminho ao Senhor como conversão, somos chamados a aterrar os vales da frieza e da indiferença, abrindo-nos aos outros com os mesmos sentimentos de Jesus, isto é, com cordialidade e atenção fraterna que se ocupam das necessidades do próximo. Não podemos ter um relacionamento de amor, de caridade, de fraternidade com o próximo se há ‘buracos’, assim como é difícil percorrer uma estrada com muitos buracos. Fazer tudo com zelo especial pelos mais necessitados; aplainar as asperezas causadas pelo orgulho e pela soberba. Sem nos darmos conta podemos ser pessoas soberbas, ásperas, sem cordialidade. Conversão, mudança pede reconciliação!”

Reacender a esperança

“O testemunho de João Batista nos ajuda ir em frente até Belém para a Vida de nossa Vida! A pureza do seu anúncio, a sua coragem ao proclamar a verdade, conseguiram despertar as expetativas e as esperanças do Messias que há muito tempo estavam adormecidas. Somos chamados a ser testemunhas do nascer de Deus, para reacender a esperança, para fazer compreender que, não obstante tudo, o reino de Deus continua a ser construído dia a dia com o poder do Espírito Santo”, refletiu o arcebispo inspirando nas palavras de Papa Francisco.

Finalmente, o cardeal fez um chamado: “Busquemos a conversão que nos liberta e deixa surgir a cordialidade e benevolência. Serão essenciais para chegarmos a Belém, ver e adorar o Menino Deus!” E pediu: “irmãos e irmãs vamos a Belém e vejamos aquele que o filho de Isabel hoje nos anuncia. Amém”.

Fale Conosco
(92) 3232-1890