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Cardeal Hummes recebe o título de Doutor Honoris Causa por “Uma vida dada aos esquecidos do mundo”

A Universidade Nacional de Rosário (Argentina), concedeu esta quinta-feira, 17 de junho, o título de Doutor Honoris Causa ao Cardeal brasileiro Cláudio Hummes, presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A razão desta distinção reside nas suas “meritórias contribuições para a sociedade e para a defesa dos direitos humanos“, de acordo com Dario Maiorana, o patrocinador do candidato a doutorado. Nas suas palavras, o antigo reitor da universidade destacou alguns elementos presentes na vida do cardeal, tais como a defesa da casa comum, “um slogan para todos os homens e mulheres de boa vontade”. Juntamente com isto, reconheceu o seu papel notável na defesa dos trabalhadores durante a ditadura brasileira. Assim como o seu envolvimento em questões climáticas, o que o tornou um dos grandes defensores da Amazônia e dos seus povos. O reconhecimento do Cardeal Hummes como Doutor Honoris Causa foi uma proposta do Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro. Na Laudatio da investidura, o seu diretor, reconhecendo as muitas razões para isso, destacou no Cardeal o fato de ser “um líder esperançoso que partilha a alegria do espírito num sentido fraterno”, e juntamente com isto, ser “um professor que nos ensina o caminho encorajando-nos a uma compreensão plena dos desafios que nos esperam”. Além disso, “o irmão que consola e alcança”, e “o Pastor que alegremente guia a comunidade num sentido de fraternidade, diálogo e transcendência, fora da zona de conforto, entendendo o futuro como um desafio”. Ao fazer um breve relato da vida do homenageado, Luis Liberman sublinhou “o seu compromisso com os pobres é o horizonte da sua ação pastoral”. Insistiu também que “a sua vocação pedagógica traça a sua identidade como construtor de caminhos de esperança”, relatando diferentes fatos que atestam esta afirmação, um deles o seu envolvimento na Cátedra do Diálogo e da Cultura do Encontro, onde manifestou a sua vocação para “semear e semear, para conhecer, para partilhar”. O mesmo na necessidade de “criar uma Universidade Católica Amazónica intercultural, localizada no território, que atenda tanto à renovação na formação da Igreja como às necessidades de desenvolvimento e crescimento da comunidade”. No novo Doutor Honoris Causa, Liberman sublinha que “o seu compromisso social e pastoral foi sempre com os mais fracos em testemunho, pregação e ação”, colaborando no que ele chama “a compreensão dos processos de mudança na Igreja latino-americana nos últimos 50 anos”. É alguém que está empenhado na sinodalidade, que Luis Liberman define como “o instrumento necessário para compreender que o nosso caminho está na periferia geográfica e existencial. Questionar a cultura do descarte e a globalização da indiferença. Criar uma pedagogia do cuidado baseada na ecologia integral que, juntamente com a boa política, nos permita projetar uma cultura de encontro”. É uma história de vida que, nos últimos anos, tem estado ligada a novas experiências eclesiais, tais como a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), cuja criação liderou e que presidiu durante seis anos, o Sínodo para a Amazônia, do qual foi relator geral, e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que “é um organismo episcopal que visa promover a sinodalidade entre as igrejas da região e continuar a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora, especialmente incorporando a proposta da ecologia integral”, segundo Liberman. Ele insistiu que o homenageado “tornou-se uma figura de grande importância global pelo seu trabalho na defesa dos direitos humanos e do ambiente”. A cerimónia contou com a presença de alguém que disse dever muito ao Cardeal Hummes, o Papa Francisco, pelo “exemplo que me deu durante a sua vida“. Com uma mensagem de autografada, que o homenageado disse não merecer, o Papa Francisco disse estar “feliz com esta decisão porque se trata de agradecer a Deus e à vida por nos terem dado estes companheiros de caminho, estes líderes que têm a coragem de abrir trilhas, caminhos e de provocar sonhos; a coragem de continuar sempre olhando o horizonte sobre os problemas e dificuldades do caminho”. Para o Santo Padre, o Cardeal Hummes é “um homem de esperança e um semeador de esperança“. Alguém que no momento em que foi eleito Papa disse-lhe duas frases que ficaram marcadas nos seus pensamentos e na história da Igreja, e que ele recordou na sua mensagem: “é assim que o Espírito Santo age“, e juntamente com isso “não se esqueçam dos pobres“. O Cardeal Pedro Barreto também participou no ato académico, realizado virtualmente, e mostrou a sua profunda alegria pelo reconhecimento do Cardeal Hummes, alguém que tem sido um companheiro no caminho e nos sonhos desde setembro de 2014, quando a REPAM foi criada, na qual foram presidente e vice-presidente. Nas suas palavras, o cardeal peruano insistiu no papel do Cardeal Hummes como “um líder de esperança que, agora aposentado, se dedicou a servir a Amazônia”. Daí a importância dos passos dados neste tempo, com a celebração do Sínodo e a criação da Conferência Eclesial da Amazônia, que, nas palavras de Pedro Barreto, “o Cardeal Hummes preside, encorajando a esperança para a Amazônia e para a Igreja“. O reitor da universidade anfitriã definiu o evento como “o mais importante da vida académica de uma universidade”, enfatizando a “alegria de ter uma personalidade tão simples e enorme entre o corpo docente”. Franco Bartolazzi disse que foi um título atribuído por unanimidade e com força, reconhecendo no Cardeal Hummes, um espelho no qual escolhem olhar para si próprios, olhando para os princípios e valores que impulsionam o seu compromisso. Por esta razão, afirmou que “neste ato estamos pondo em evidência a universidade que queremos ser“. O Reitor da Universidade Nacional de Rosário, falando do testemunho da vida do homenageado, definiu-o como “um apelo de Deus que se torna uma vida dada aos mais fracos, aos trabalhadores, aos povos originarios, àqueles que o mundo deixa de lado, marginaliza”, insistindo na necessidade de “reconhecer a sua vida dada aos esquecidos do mundo“. Bortolazzi agradeceu ao Cardeal Hummes pelo seu testemunho de vida, pelo seu empenho no cuidado da nossa casa comum, pela sua mensagem de alegria e…
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Alegria do Papa Francisco pelo Doutorado Honoris Causa do Cardeal Hummes: “um semeador de esperança”

Com uma mensagem manuscrita, da qual o homenageado diz não ser merecedor, o Papa Francisco quis estar presente na atribuição do Doutorado Honoris Causa da Universidade de Rosário (Argentina) ao Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Conferência Eclesial da Amazónia – CEAMA. O Santo Padre diz estar “feliz com esta decisão porque se trata de dar graças a Deus e à vida por nos ter dado estes companheiros de caminho, estes líderes que têm a coragem de abrir trilhas, caminhos e de provocar sonhos; a coragem de continuar sempre olhando o horizonte sobre os problemas e dificuldades do caminho”. O Papa define Dom Cláudio, um dos cardeais mais próximos do atual pontífice, que o encarregou de ser o relator geral do Sínodo para a Amazónia, como “um homem de esperança e semeador de esperança porque está convencido de que ‘a esperança não desilude’”. Na sua mensagem, o Papa Francisco mostra a sua gratidão ao Cardeal brasileiro, a quem diz dever tanto, pelo “exemplo que me deu durante a sua vida“, recordando duas frases que ficaram na história, pronunciadas pouco depois de ter sido eleito Papa, quando lhe disse, “é assim que o Espírito Santo age“, e juntamente com isso “não se esqueça dos pobres“. Um Papa que é sempre amigo dos seus amigos, mostra mais uma vez a importância de momentos como o vivido na Universidade Nacional de Rosário, uma universidade pública na Argentina, onde é reconhecido o testemunho de alguém que construiu pontes entre diferentes formas de pensar e de tomar uma posição face aos problemas do mundo de hoje. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Refletir diante de números que deixaram de interessar

Nos próximos dias, o Brasil vai ultrapassar os 500 mil óbitos em decorrência da pandemia da Covid-19, uma marca que deve nos levar a parar e pensar. Mas será que o povo brasileiro sente necessidade de refletir diante desse fato lamentável? Será que os números interessam ou o povo já se acostumou com uma realidade que se tornou corriqueira? Se realmente for assim, a gente deve refletir, pessoalmente e como sociedade, e nos perguntarmos qual é o nosso grau de humanidade. A insensibilidade diante da morte é uma prova de que a gente perdeu aquilo que nos torna humanos. Aos poucos nossos corações vão se endurecendo e perdendo a empatia, uma atitude da qual a gente não pode abrir mão na medida em que a gente se diz gente. Todos nós conhecemos muitas pessoas que partiram, vítimas desta pandemia que tanta dor e sofrimento tem provocado na vida da humanidade. O luto se fez presente em muitas famílias, que viram como seus entes queridos, inclusive vários da mesma família, partiam de modo prematuro. São perdas diante das quais somos chamados a ser sinal de esperança e de consolo. A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quer que este momento possa servir como oportunidade para rezar, homenagear e se mobilizar, fazendo memória de tantos brasileiros e brasileiras que partiram. Não se trata de números, são pessoas concretas, com quem a gente partilhou momentos importantes da nossa vida. Sim, momentos da vida, pois toda vida importa. Quando a gente fica impassível diante dos fatos, se torna difícil mudar a realidade. Uma transformação social que possa ajudar a construir um Brasil melhor para todos e todas, onde a defesa da vida seja colocada em primeiro lugar, se torna mais do que urgente. Cobrar políticas públicas que ajudem a estancar uma sangria e um sofrimento cada vez maiores é algo que não pode mais ser adiado. Diante do empenho que muitos têm em querer mostrar grandes números de apoiadores e seguidores, de gente que se deixa guiar por líderes autoproclamados salvadores da pátria, estamos ante fatos concretos que não deveriam ser negados, mesmo que alguns, cegados por quem nunca se importou com a morte, mostrem menosprezo. Se 500 mil mortos não mexem com a gente, se fazemos de conta que tudo está ok, se nos justificamos dizendo que isso não tem a ver com a gente, se deixamos de lado nossa necessária solidariedade, nos tornaremos cumplices de uma sociedade que ignora o sofrimento alheio. Ou a gente para, pensa e busca soluções concretas, também a longo prazo, ou estaremos condenados para sempre a viver como seres irracionais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1- Editorial Rádio Rio Mar

Retiro Inaciano em território Tikuna

Na Amazônia, as fronteiras é um elemento próprio de quem chegou de fora, mas que não é assumido pelos povos originários. Uma das propostas do Sínodo para a Amazônia é que as Igrejas de fronteira possam dar passos para uma caminhada em comum. Na Tríplice fronteira entre o Brasil, o Peru e a Colômbia, as igrejas da diocese de Alto Solimões e os Vicariatos de São José do Amazonas e Letícia, vão dando passos nesse sentido, acompanhando a vida das comunidades dos dois lados dos rios, que nunca foram vistos como algo que separa e sim como águas que unem. Nessa região o povo predominante são os tikuna, espalhados secularmente num território que hoje faz parte de três países. A Igreja vem fazendo um trabalho de inculturação com esses povos, tentando anunciar o Evangelho em categorias que fazem parte da cultura e cosmovisões assumidas tradicionalmente. Nessa tentativa, o irmão Rodrigo Castells, realizava recentemente um retiro inaciano juntamente com 22 jovens e adultos, na sua maioria do povo tikuna, agentes pastorais da Paróquia da Sagrada Família de Nazaré e habitantes de várias reservas indígenas. O jesuíta, que mora em Letícia (Colômbia), faz parte do Serviço Jesuíta Pan-Amazônico (SJPAM). Sua proposta, segundo ele relata, pretendia ser mais uma experiência que ajude a descobrir “Cristo, com um rosto amazónico”. Ao longo de três dias, foi partilhando a espiritualidade inaciana com um grupo “muito variado e numeroso”. Segundo ele, “muitos jovens participaram. Havia também um sábio avô e catequista, homens e mulheres adultos que colaboram na paróquia e, surpreendentemente, uma mãe e a sua filha também chegaram”. Para muitos era algo novo, “eles estavam muito incertos sobre a proposta: o que seria um ‘Retiro Inaciano, Retiro de Silêncio ou Exercícios Espirituais’?”, relata o jesuíta. “Apenas alguns jovens tinham feito um retiro um par de vezes. O desejo de rezar era grande. Muitos quiseram participar. Sentiram que encontrar Jesus era dar a si próprios um tempo para assentar ou aliviar a carga e encontrar um sentido para o que estava para vir”. De fato, não teve espaço para acolher todos os que queriam participar, o que será resolvido com propostas similares mais adiante. Mas nessas situações tão presentes na Amazônia, aconteceram fatos que segundo o irmão Rodrigo mostram que “Deus manda, nós acolhemos e seguimos a sua voz”. Ele mesmo conta que “enquanto os barcos saíam das comunidades com os participantes em direção ao local do retiro, chegaram as informações: ‘Irmão, tínhamos 4 lugares, mas vamos a 8, os rapazes queriam ir e entraram no barco, não havia maneira de lhes dizer que não. Não havia maneira de lhes dizer que não. Eles querem, precisam de rezar’. De outra comunidade: ‘Irmão, 5 pessoas iam, mas havia 10 no barco, veja o que pode fazer’”. Diante dessa realidade, o jesuíta não duvida em afirmar que “tivemos de tomar conta do caos que Deus e os seus filhos nos trouxeram. Era tão belo e profundo, tão rico e abundante! Penso que Jesus e Santo Inácio estavam a regozijar-se com a situação”. “O coração religioso dos amazónicos, e especialmente o Tikuna, procura e deseja o encontro com Jesus, ‘O Abundante’ (pode-se muito bem chamá-lo assim nestes lugares)”, afirma o religioso. Diante disso pede a Deus que “nos conceda que podemos sustentar este e outros espaços de encontro”. Ele insiste em que “para nós jesuítas, a espiritualidade inaciana é o nosso principal tesouro. É o eixo, a base, da nossa PAU (Prioridades Apostólicas Universais). Os Exercícios Espirituais são um presente para a Igreja em cada tempo, cultura e lugar. Sonhamos em fazer com eles uma viagem eclesial de encontro com Jesus, a fim de construir a vida sobre a rocha”. Por isso, ele conclui pedindo que “do encontro com o ‘Abundante’, possa emergir a Igreja com que sonhamos, com um rosto amazônico, com um rosto Tikuna”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações e fotos de jesuítas.lat

Dom Mario Antônio: “Os migrantes são rostos, são vidas, histórias de superação em busca do básico”

A diocese de Roraima, por meio da Articulação dos Serviços aos Migrantes, a qual é uma rede que reúne serviços, organismos eclesiais e pastorais, preparou uma extensa programação para 36ª Semana do Migrante. As atividades tiveram início no domingo (13), com uma missa de abertura às 19h30, na Catedral Cristo Redentor, e segue até o dia 20 de junho (Dia Mundial do Refugiado). Toda a programação alusiva à Semana do Migrante está disponível no site da diocese de Roraima e também poderá ser acompanhada nas redes sociais. Dentre as atividades presenciais, haverá serviços de saúde, sessões de filmes sobre a temática migratória e, ao final, debate sobre a abordagem do longa-metragem; atividade com mulheres, pessoas com deficiência e crianças migrantes; intervenção visual migrar com direitos e com respeito, nos dois shoppings da capital. Ao longo da semana também terá muitas ações on-line. De acordo com o 2º vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Mario Antônio, bispo de Roraima, este ano o diálogo será o centro das reflexões, que é fruto do encontro. “Mesmo que as estatísticas apontem números cada vez mais alarmantes de migrantes e refugiados atravessando as fronteiras diariamente, essa questão não se trata apenas de números. São rostos, são vidas, histórias de superação em busca do básico para manter alimentação e saúde, em muitos casos, buscando o mínimo para sobreviver”, explicou. Dom Mario, que também é presidente da Cáritas Brasileira, fez um grande apelo à sociedade roraimense e convida todos e todas a vivenciar a 36ª Semana do Migrante, neste tempo de pandemia com o olhar misericordioso a quem bate à nossa porta. “Que esta Semana do Migrante possa mover nossos corações para o diálogo e para que exercitemos a empatia pelos nossos irmãos e irmãs migrantes cristãos e cristãs, que deixaram seus lugares de origem, muitas vezes, cheios de esperança, a fim de alcançarem um novo horizonte de vida”, afirmou. Fonte: CNBB Fotos: Diocese de Roraima

Semana do Migrante: dialogar para acolher quem bate à nossa porta

A Igreja do Brasil celebra de 13 a 20 de junho a 36ª Semana do Migrante, que em 2021 tem como tema “Migração e diálogo”, e como lema “Quem bate à nossa porta?”. A chegada de migrantes no Brasil é uma realidade que tem acompanhado a história do país, e que hoje continua presente. Diante da temática deste ano, Dom José Luiz Ferreira Sales, faz um chamado “a ser uma Igreja em saída sempre”, assumindo o diálogo e deixando de lado a intransigência. Segundo o bispo de Pesqueira (PE), deve se “criar cenários que propiciem soluções eficazes a partir do diálogo e de uma atitude desprovida de autoritarismos”. O presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) convida a aprofundar a frase do Papa Francisco: “não se trata apenas de migrantes, se trata de humanidade”. O bispo referencial do Setor da Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reflete diante da atual realidade, que ele define como “ano de pandemia e de pandemônios”. Dom José Luiz faz um convite a celebrar a Semana do Migrante, que ele interliga com a Campanha da Fraternidade de 2021 e com a mensagem do Papa Francisco, para o 107º Dia Mundial do Migrante e Refugiado, “Rumo a um ‘nós’ cada vez maior”, que neste ano se celebrará no dia 26 de setembro. Por isso chama “a não nos fecharmos para o mundo, e a ampliarmos os laços do amor, da fraternidade e da justiça”. Para celebrar a 36ª Semana do Migrante tem sido elaborado um texto base, um material para rodas de conversa e uma oração. O Texto Base, organizado seguindo o método ver, julgar, agir, tradicionalmente presente na Igreja latino-americana. O texto parte da ideia de que os números refletem rostos. No mundo existem 271,6 milhões de migrantes, segundo o Texto Base, que relata as dificuldades vividas pelos migrantes neste tempo de pandemia e as principais rotas de migração no mundo. A realidade da migração é iluminada desde diferentes textos bíblicos, convidando ao compromisso. Segundo o texto, “nesse processo, o mais importante é dar continuidade às iniciativas que já estão em curso, tais como acolhida; serviços de documentação; assistência social, jurídica e psicológica; empenho pela inserção na sociedade; incentivo no sentido de acesso ao de trabalho, à moradia, à saúde; e à outras políticas públicas”. São três as rodas de conversa apresentadas no material para a 36ª do Migrante. Nelas são abordados os temas Mulher Migrante, Migrantes na Luta por Libertação e Cruzando Fronteiras. No conteúdo de cada uma das rodas de conversa se parte da realidade, iluminada desde a Palavra de Deus, de onde são colocadas algumas questões, fazendo propostas de compromisso a serem assumidos. A Semana do Migrante é oportunidade para fazer realidade aquilo que diz a oração elaborada para este ano, onde é pedido a Deus: “Renova nossa fé e nossas forças para seguir lutando em meio a tanta dor e dificuldades”. Por isso, é pedido acolhida para as vítimas da pandemia e do descaso, disposição para dialogar com quem pensa diferente, despertando “em nós a solidariedade e a capacidade de acolher e integrar, especialmente aos migrantes, nossos irmãos”. Materiais:  Oração da 36ª Semana do Migrante Texto Base da 36ª Semana do Migrante Roda de Conversa da 36ª Semana do Migrante Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Faleceu dom Walter Michael Ebejer, bispo emérito de União da Vitória (PR)

Faleceu nesta sexta-feira, 11 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da diocese, aos 91 anos, dom Walter Michael Ebejer, bispo emérito da diocese de União da Vitória (PR). A causa da morte foi infecção generalizada. Nascido em Malta no dia 3 de agosto de 1929, religioso da ordem dos Frades Dominicanos, chegou ao Brasil enviado como missionário em 21 de dezembro de 1957, trabalhou no interior do estado de Goiás até ser transferido para o Paraná, onde atuou como sacerdote até ser nomeado o 1º bispo da diocese de União da Vitória (PR), em 03 de dezembro de 1976 – data da criação da diocese. Sua posse ocorreu no dia 06 de março de 1977, e ele esteve à frente da diocese União da Vitória por 30 anos. Em sua trajetória como bispo de União da Vitória, Dom Walter se dedicou amplamente na formação de seu clero e de novos sacerdotes. Criou o Seminário Diocesano Rainha das Missões, em 1984, onde atuou como Reitor e também professor, formando sacerdotes para a Diocese e para outras Dioceses do Brasil, que enviavam seminaristas; investiu na Escola Diaconal, formando Diáconos Permanentes para a Diocese, e na Escola de Teologia para Leigos dando formação ao Laicato. Diplomado em Línguas (Inglês, Italiano e Latim, possuía grau acadêmico de Lente em Filosofia e Teologia e Mestrado em Teologia Dogmática. Em seu país lecionou língua e Literatura Inglesa e preparou alunos para exames em Oxford, na Inglaterra. No Brasil lecionou Teologia no Studium Theologicum e na PUC-PR, em Curitiba. Mesmo depois de emérito optou por morar no Brasil, país pelo qual ele se dizia apaixonado, morando na diocese onde foi bispo por três décadas. Ele continuou seu trabalho, pregando retiros, escrevendo e se preocupando pela diocese, tendo um relacionamento afável com os demais bispos, confiando suas preocupações e cuidado, em suas orações.   Com informações do Setor de Comunicação – Diocese de União da Vitória (PR)

Ter um coração semelhante a Jesus e Maria para superar a violência

“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”. Essa é uma das jaculatórias que o povo reza ao Sagrado Coração de Jesus, festa que é comemorada nesta sexta-feira. A pergunta que deveria surgir em nosso interior, no coração de cada um e cada uma dos batizados e batizadas, é aquela que nos leva e a encontrar no coração de Jesus os caminhos que ajudam a superar a violência. Diante da violência cada vez mais presente no meio de nós, de uma sociedade que perdeu o controle social, onde alguns querem impor a própria lei, somos chamados a refletir. No final das contas a nossa oração, quando não e traduzida em atitudes concretas, pode se tornar alienada. Reconhecer nossas virtudes e defeitos, ter os pés no chão, sermos humildes, é caminho para assumir a mansidão como estilo de vida. Ser manso é uma atitude que ajuda aqueles que temos em volta a entender a vida desde uma perspectiva diferente. Os sentimentos coletivos é algo a ser construído entre todos. Como cristãos não podemos deixar que a violência se imponha como algo assumido como normal e que não pode ser evitado. Para um cristão, dizer não a todas as manifestações de violência é uma consequência prática de sua fé. A Solenidade do Coração de Jesus está unida na liturgia católica à festa do Imaculado Coração de Maria. São dois corações que batem ao uníssono, o que deve ser um chamado a bater em harmonia com eles, a espalhar sentimentos que deixem para trás um clima de enfrentamento, de ódio, muitas vezes impulsado por aqueles que deveriam promover a paz e a fraternidade entre as pessoas e os povos. Enquanto o Coração de Jesus e de Maria provocam sentimentos de alegria, de ternura, aqueles que promovem a violência, geram sentimentos de medo. Quando a gente tem medo procura ficar distante e vê os outros como inimigos dos quais temos que nos defender, a qualquer preço, inclusive utilizando e justificando métodos violentos, que acabam gerando uma violência ainda maior. Como é o nosso discurso? Como a gente se relaciona com outros, também com aqueles que encontra por acaso? Qual é a nossa reação diante daqueles que são violentos, que promovem a violência? Quais são os passos que a gente dá para superar essas situações de violência com as que a gente se depara? As perguntas sempre nos levam a procurar respostas, a encontrar caminhos que ajudam, a nós e aos outros, a superar situações que nos desagradam. De cada um e cada uma de nós depende fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, onde os sentimentos do Coração de Jesus e Maria não seja algo que fica só na oração, só no plano do pensamento, e possa se transformar em novos jeitos de nos relacionarmos com os outros. Nunca esqueçamos que o nosso Deus, é um Deus encarnado, um Deus que não fica distante e sim que acompanha o cotidiano do seu povo. Os sentimentos sempre serão melhores quando a gente conseguir transforma-los em atitudes, em formas de entender a vida que superam toda situação de violência. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

A Igreja no mundo urbano: “fermento de fraternidade na cidade”

Como acontece toda primeira-quinta feira de cada mês, desta vez na segunda pela festa de Corpus Christi, celebrada quinta-feira passada, o webinar “Igreja no Brasil Painel” tem refletido neste 10 de junho sobre “A Igreja no mundo urbano e os desafios pastorais”. Conduzido por Dom Joaquim Mol, o encontro virtual contou com a presença do padre Francisco de Aquino Júnior, autor do livro “Pastoral Urbana: novos caminhos da Igreja no Brasil”, e o assessor das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, o teólogo Celso Pinto Carias. Em maio de 2019 a 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), refletiu sobre a evangelização do mundo urbano, uma reflexão que faz parte das atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, para o quadriênio 2019-2023.  A temática também foi trabalhada no 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), realizado em 2018, em Londrina (PR). Segundo o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB o objetivo destes encontros virtuais mensais é “refletir e compartilhar assuntos e realidades importantes para a vida dos cristãos e cristãs, e para todos que de boa vontade, desejam ver e vivenciar a Igreja em saída para as periferias e também desejam ver e vivenciar um Brasil melhor, um outro Brasil possível”, insistindo em que “aqui nós trabalhamos à luz do Magistério do Papa Francisco e da CNBB. Assim vamos conectando, formando redes, de partilha de conhecimento, de fé, de boas práticas evangelizadoras, de boas práticas sociotransformadoras”. O mundo urbano é uma realidade muito presente no Brasil, pois 85% dos brasileiros vivem nas cidades. As cidades brasileiras sofrem cada vez mais as consequências do baixo crescimento econômico, do alto desemprego, segundo Dom Mol. Ele define o atual como “um tempo em que se recuou muito as políticas públicas e sociais determinadas pela receita do neoliberalismo e assumida pelo Governo Federal e por vários governos estaduais”. Tudo isso provoca, segundo o bispo auxiliar de Belo Horizonte que as cidades brasileiras sofram com a violência, a dificuldade na mobilidade, a especulação imobiliária, que tira os mais pobres dos lugares principais das cidades. O bispo se perguntava como ser Igreja nas periferias das cidades brasileiras, com seus impactos sociais, econômicos, ambientais, que gera exclusão social e degradação do meio ambiente. Dom Mol apresentava o padre Francisco Aquino Junior, como um dos maiores teólogos pastoralistas da Igreja do Brasil, e Celso Pinto Carias, teólogo leigo, assessor nacional das CEBs, homem experimentado na caminhada eclesial, cheio de esperança e confiante que devemos avançar no processo de comunitarização eclesial, porque não há Igreja sem comunidade, insistia o bispo. A revolução industrial marcou o crescimento das cidades, segundo Francisco Aquino Junior, tendo a desigualdade e a segregação como elementos que as definem. O modo de vida na cidade, vai se gestando baseada nos bens, nas relações entre as pessoas e a realização das pessoas nessas relações e na satisfação de suas necessidades. “Essa forma segregacionista de organização da cidade, ela repercute nas relações que as pessoas vão estabelecendo umas com as outras. Ela repercute nos valores e nas práticas que vão se tornando cotidianas na vida das pessoas, e ela repercute na realização ou frustração da vida humana”, insiste o teólogo. Ele se perguntava como entender a Igreja em meio disso, lembrando o número 41 das atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, onde diz que “é tarefa da Igreja fazer com que o Evangelho de Jesus Cristo chegue ao coração das pessoas, às estruturas sociais e às diversas culturas”. Aquino Junior lembra o princípio da fraternidade, uma ideia impulsada pelo Papa Francisco, que leve a “se relacionar de uma forma harmoniosa, saudável”, o que deve repercutir na cultua, algo “relevante no contexto que a gente está vivendo, de tanta tensão, de tanta polarização, de tanto ódio, de tanta aversão aos direitos humanos, de tanta guerra nas redes sociais, às vezes verdadeiras milicias digitais que vão tomando conta de nossas comunidades”. O papel da Igreja na cidade e fazer com que “o Evangelho chegue no coração das pessoas e interfira na sociedade, configure por dentro a cultura”, segundo o pastoralista, que citando Paulo VI insistia em que a evangelização não pode ser verniz. O caminho privilegiado para isso, segundo as Diretrizes, é a comunidade como lugar de vida fraterna, onde a gente sabe que não está sozinho, a comunidade como lugar de acolhida e de consolo, daqueles que vivem momentos de angustia e de desespero, a como fermento de fraternidade na cidade, colaborando no processo de democratização e as lutas por direitos. No coração da cidade a Igreja se constitui como lugar onde se aprende a viver como irmão e como fermento de fraternidade, resgatando e afirmando os valores fundamentais do Evangelho, a dignidade e a democratização da cidade, algo que vai fazer com que a Igreja se constitua como hospital de campanha, como casa de portas abertas, como fermento de transformação, segundo Aquino Junior.   Pensar a Igreja na cidade implica considerar as cidades concretas onde a gente está, com uma desigualdade profunda, que nega a grande parte da população as condições necessárias para uma vida digna, decente, o que gera tensão, violência e frustrações. Aquino Junior lembrava a insistência do Papa Francisco de que “no centro da fé cristã está a fraternidade”, a forma cristã de viver a filiação divina. Ele resumia o papel da Igreja na cidade em ser “comunidade em torno da Palavra, do Pão e da Caridade, com a missão de ser fermento de fraternidade, renovando a cidade a partir de dentro com a força do Evangelho”. Celso Pinto Carias também insistia em que não há uma preocupação do direito à cidade. Ele refletia a partir de exemplos concretos, lembrando uma conversa com Dom Sérgio Castriani, recentemente falecido, em que o então arcebispo de Manaus dizia saber muito bem como trabalhar nas comunidades ribeirinhas, mas que o grande desafio era Manaus, se questionando sobre o desafio de articular as…
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Encontro vocacional em Alto Solimões: 14 jovens discernem o chamado de Deus em sua vida

A Equipe de Pastoral Vocacional da Diocese de Alto Solimões organizou a semana passada a tradicional semana de convivência vocacional. O encontro, que aconteceu no Centro Vocacional Diocesano na cidade de São Paulo de Olivença, teve como objetivo discernir a vocação presbiteral. No encontro estiveram presentes 14 jovens de quatro paróquias da diocese, alguns deles indígenas ticuna, juntamente com um dos dois jovens que já estão vivendo a experiência do ano vocacional em preparação ao ingresso no Propedêutico, acompanhados pela equipe de Pastoral Vocacional Diocesana, que organizou e conduziu a semana de atividades e reflexões. O ponto central do encontro foi a reflexão sobre a vocação e a importância da oração no discernimento vocacional. O ponto de partida foi o chamado de Jesus aos Doze e o surgimento da Igreja. Junto com isso, foi refletido sobre a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja e na vida do padre. Ainda, a equipe da Pastoral Vocacional proporcionou um caminho de descoberta de si, de tomada de consciência de medos e desejos no processo vocacional, e os jovens tiveram a oportunidade de descer no interior de si, se olhar por dentro e se colocar confiantes sob o olhar amoroso do Deus que chama. No último dia da convivência, os participantes do encontro visitaram uma comunidade indígena pertencente à Paróquia São Paulo Apóstolo, que, por ser longe da cidade, é mais difícil de alcançar e de acompanhar pastoralmente. Após duas horas de navegação subindo o rio Solimões no “canoão”, chegaram à comunidade Santa Clara, do povo ticuna, alagada pela enchente. No silêncio de uma pequena aldeia que parecia deserta, aos poucos as famílias foram chegando com suas canoas e estacionando aos pés da escada da igrejinha de madeira. Após a celebração da Missa, com cantos nos dois idiomas, português e ticuna, teve um tempo de conversa com os adultos e brincar com crianças e jovens. Experimentando situações presentas na vida do povo da Amazônia, os participantes do encontro relatam que “na volta tivemos até a aventura de ficar no meio de uma forte chuva com vento e banzeiro, e fizemos a experiência do medo e da fé em Jesus, condutor da nossa canoa!”. No próximo ano, os jovens participantes do encontro, segundo a proposta recebida, devem começar a caminhada de acompanhamento, com o ano de experiência, em preparação ao Propedêutico. Isso será determinado no segundo encontro deste ano, a ser realizado no mês de novembro, onde são convidados a participar os jovens que se sentem prontos para aceitar esse chamado e dar o primeiro passo em direção ao sacerdócio como padres diocesanos. Um processo para o qual a Pastoral Vocacional da Diocese de Alto Solimões pede o acompanhamento desses jovens com o carinho e oração. Luis Miguel Modino, Assessor de comunicação CNBB Norte 1 Con informações da Equipe de Pastoral Vocacional da Diocese de Alto Solimões