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Papa Francisco na Vigília Ecuménica: “A unidade dos cristãos e a sinodalidade estão ligadas”

A Praça dos Protomártires Romanos, dentro do Vaticano, local onde a tradição diz foi martirizado o apóstolo Pedro, segundo lembrou o cardeal Koch, foi palco de mais uma das atividades em torno da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade, a Vigília Ecumênica, precedida por uma procissão acompanhada por velas, à qual se juntaram mais de 80 celebrações em todo o mundo. Uma celebração que ocorreu no dia em que se comemora o aniversário do início do Concílio Vaticano II. Mártires como testemunhas da unidade A celebração, que contou com a presença do Papa Francisco, juntamente com os participantes da Assembleia Sinodal, incluindo os delegados fraternos, cujo número aumentou nesta Segunda Sessão, e representantes de outras igrejas, deu um papel de destaque a dois documentos conciliares, Lumen Gentium, um dos textos base, que serviu para conduzir a Ladainha de Louvor, e Unitatis Redintegratio, o documento que contém as reflexões sobre a unidade dos cristãos, que foi o fio condutor da Oração de Intercessão. Recordando os mártires, glorificados pelo testemunho de Cristo, à luz do capítulo 17 do Evangelho de João, o Papa Francisco afirmou, a homilia não foi lida pelo Santo Padre, mas entregue aos participantes, que “neste lugar, recordamos os primeiros mártires da Igreja de Roma: sobre o seu sangue foi construída esta basílica, sobre o seu sangue foi edificada a Igreja”, pedindo “que estes Mártires fortaleçam em nós a certeza de que nos aproximamos uns dos outros ao aproximarmo-nos de Cristo, apoiados pela oração dos santos das nossas Igrejas, já perfeitamente unidos pela sua participação no Mistério Pascal”. Mais perto de Cristo para uma maior proximidade entre os cristãos Em seu 60º aniversário, Francisco recordou a Unitatis redintegratio: “quanto mais os cristãos estão próximos de Cristo, tanto mais próximos estão uns dos outros”. Lembrando que a abertura do Concílio “marcou a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecumênico”, ele destacou a presença de delegados fraternos e irmãos e irmãs de outras Igrejas. Ali citou o que São João XXIII disse aos observadores na abertura do Concílio, no qual se refere à oração de Cristo na Última Ceia, um texto aprofundado pelo Papa em sua homilia. “A unidade dos cristãos e a sinodalidade estão ligadas”, enfatizou Francisco. Dois processos, a sinodalidade e a unidade dos cristãos, nos quais “não se trata tanto de construir algo, mas sim de acolher e fazer frutificar o dom que já recebemos”. Após perguntar sobre como apresentar o dom da unidade, ele respondeu que “a experiência sinodal ajuda-nos a descobrir alguns aspetos experiência sinodal ajuda-nos a descobrir alguns aspetos”. Em primeiro lugar, ele destacou que “a unidade é uma graça, um dom imprevisível. O verdadeiro protagonista não nós, mas o Espírito Santo, que nos guia para uma maior comunhão”. Unidade, fruto do céu Com base no fato de que não sabemos o resultado do Sínodo e o caminho para a unidade, ele enfatizou que “a unidade não é em primeiro lugar um fruto da terra, mas do céu”, é algo a ser implorado “como Cristo quer” e “com os meios que Ele quer”, citando o padre Paul Couturier. No caso do processo sinodal, “a unidade é um caminho: amadurece em movimento, durante o percurso. Cresce no serviço recíproco, no diálogo da vida, na colaboração entre todos os cristãos que ’apresenta o rosto de Cristo Servo numa luz mais radiante’”, disse Francisco. Algo que nos chama a “caminhar segundo o Espírito”, como diz Gálatas, ou como “uma caravana de irmãos”, nas palavras de Santo Irineu. Isso porque “a união entre os cristãos cresce e amadurece na peregrinação comum “ao ritmo de Deus”, como os peregrinos de Emaús acompanhados por Jesus ressuscitado”. “Um terceiro ensinamento é que a unidade é harmonia”, lembrou Francisco. Nessa perspectiva, ele afirmou que “o Sínodo tem-nos ajudado a redescobrir a beleza da Igreja na variedade dos seus rostos. Assim, a unidade não é uniformidade, nem é o resultado de compromissos ou equilíbrios. A unidade cristã é harmonia na diversidade dos carismas suscitados pelo Espírito para a edificação de todos os cristãos”. Para o Papa, “a harmonia é o caminho do Espírito, porque Ele mesmo, como diz São Basílio, é harmonia”. Para isso, “precisamos de percorrer o caminho da unidade. Durante este percurso, não deixemos que as dificuldades nos detenham! Confiemos no Espírito Santo, que impele à unidade numa harmonia de policroma diversidade”, enfatizou. O Papa disse que “tal como a sinodalidade, a unidade dos cristãos é necessária para o seu testemunho: a unidade é para a missão”. Recordando a convicção da unidade dos Padres Conciliares, ele lembrou que “o movimento ecuménico nasceu do desejo de testemunhar juntos, na companhia dos outros, não afastados uns dos outros ou, pior ainda, uns contra os outros”. Do local da celebração, o Papa observou que “os Protomártires recordam-nos que hoje, em muitas partes do mundo, cristãos de diferentes tradições dão juntos a vida por causa da fé em Jesus Cristo, vivendo o ecumenismo do sangue. O seu testemunho é mais forte do que qualquer palavra, porque a unidade vem da Cruz do Senhor”. Vergonha diante do escândalo da divisão dos cristãos Como na celebra ção penitencial antes da Assembleia, o Papa expressou “nossa vergonha pelo escândalo da divisão dos cristãos, pelo escândalo de não testemunharmos juntos o Senhor Jesus”. Diante dessa realidade, ele disse que “este Sínodo é uma oportunidade para melhorar, para ultrapassar os muros que ainda persistem entre nós”, pedindo para se concentrar “no chão comum do nosso mesmo Batismo, que nos impele a ser discípulos missionários de Cristo, com uma missão comum. O mundo precisa de um testemunho comum, o mundo precisa que sejamos fiéis à nossa missão comum”. Finalmente, lembrando que “diante do Crucifixo, São Francisco de Assis recebeu o apelo para restaurar a Igreja”, ele pediu “que em cada dia, também nós sejamos guiados pela Cruz de Cristo no caminho para a plena unidade, em harmonia uns com os outros e com toda a criação, ‘porque foi nele que aprouve a Deus fazer habitar toda a…
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Assembleia Sinodal: Uma reflexão séria que se baseia na escuta conjunta

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Aula Paulo VI, no Vaticano, de 2 a 27 de outubro de 2024, entrou em um novo módulo, o dos percursos, dando continuidade ao que foi visto nos relatórios. A Sala Stampa do Vaticano realizou uma nova coletiva de imprensa para dar detalhes do que foi realizado. Trabalho na Assembleia Sinodal Como de costume, a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, relatou o que aconteceu na Aula Sinodal, no seu caso o que se vivenciou no início dos trabalhos sobre os percursos, destacando alguns elementos presentes na apresentação do Módulo pelo Relator Geral, Cardeal Hollerich, e na meditação prévia do Padre Radcliffe. Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou que nesta manhã de sexta-feira o trabalho foi em círculos menores, lembrando a Vigília Ecumênica que acontecerá na Praça dos Protomártires Romanos esta noite, com orações locais em 80 lugares do mundo, e na qual o Papa Francisco estará presente, juntamente com delegados fraternos e representantes de várias igrejas, bem como todos os participantes da Assembleia. Tobin, um cardeal com 7 sínodos Os convidados de 11 de outubro foram o Arcebispo de Newark (EUA), Cardeal Joseph Tobin, o Bispo de Sandhurst (Austrália), Dom Shane Anthony Mackinlay, e a professora italiana Giuseppina De Simone. O Cardeal Tobin já participou de sete Sínodos, sendo o primeiro o Sínodo Especial para a Oceania, pouco depois de ser eleito Superior Geral dos Redentoristas. O Arcebispo de Newark apontou algumas diferenças ao longo de 26 anos de participação em sínodos. Em primeiro lugar, ele destacou a escuta, antes restrita a pequenos grupos selecionados, e agora aberta a todos, o que vale a pena. Com base na experiência de sua igreja local, com missas em 23 idiomas diferentes, ele enfatizou a importância de escutar com ouvidos diferentes. Além disso, ele considera fundamental que nesta Assembleia Sinodal seja dada muita atenção ao silêncio, à contemplação, porque em um mundo onde as palavras dominam, o silêncio é fundamental. Finalmente, o Cardeal destacou a maior participação dos teólogos nesta Segunda Sessão. Semeando uma palavra de esperança Um Sínodo com um método muito significativo e revolucionário, um método que é um grande sinal de esperança, que fala de uma Igreja que age em prol do mundo, segundo Giuseppina De Simone. Para a professora italiana, a Igreja quer semear uma palavra de esperança para o mundo. Segundo ela, o que emerge da assembleia é uma reflexão séria que se constrói em comum através da escuta, enfatizando, como fez o Cardeal Tobin, a importância do silêncio para não buscar imediatamente uma resposta simples e superficial, o que ajuda a responder às tensões que algumas questões levantam, o que deve nos levar a não ter medo das perguntas que nascem de uma humanidade ferida e a ser sinais de esperança diante de tanto sofrimento. Lembrando que o Concílio Vaticano II nos ensina a olhar o mundo e a história com esperança, a deixar de lado as visões apocalípticas, a professora enfatizou a imagem das mesas sinodais como maravilhosa, uma vez que todos estão sentados ao redor delas, todo o povo de Deus, a humanidade, mostrando uma imagem que nasce da união, círculos menores em que não prevalece a opinião de ninguém, com a presença de teólogos nas mesas, que ajudam a reflexão teológica a entrar em diálogo, em uma reflexão que nasce da escuta. Trata-se de conhecimento técnico, mas sem perder a relação com a vida, de estar juntos a partir de diferentes papéis e origens, mas unidos pela escuta para alcançar um pensamento comum, relações que devem estar presentes na vida cotidiana, de acordo com De Simone. Aula Sinodal, um espaço de muita energia Para o bispo de Sandhurst, o caminho sinodal na Austrália tem muitos pontos em comum com o que está acontecendo na Assembleia Sinodal. O bispo disse que, na preparação, foram construídas estruturas úteis, que foram projetadas com base no exercício da autoridade, algo que é solidificado pela participação de todos os tipos de pessoas nos processos sinodais. Para o Bispo Mackinlay, a Aula Paulo VI é “um espaço que me dá muita energia”, destacando o papel proeminente da conversa no Espírito, abordando uma ampla variedade de temas comuns. De acordo com o bispo, a Assembleia Sinodal toma decisões importantes, abordando questões de diversas perspectivas culturais. A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal fez progressos, pois há uma maior familiaridade com as pessoas, os processos e os objetivos. Isso se deve ao fato de que “muito trabalho foi feito nos últimos 12 meses”, disse Dom Mackinlay. Um Sínodo para alcançar uma participação mais sinodal na missão, com maior corresponsabilidade, com processos de discernimento comunitário e conversação espiritual mais eficazes, nos quais há apoio mútuo e maior corresponsabilidade durante o discernimento nos círculos menores. A partir daí, ele destacou que “estamos tentando tomar decisões, estamos explorando diferentes caminhos”, para os quais o Módulo sobre os percursos que estão sendo trabalhados nestes dias é de grande importância. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Em uma Igreja sinodal, o modo é superior ao conteúdo

Um Sínodo sem novidades, monótono, sem temas concretos, que nada vai mudar… Essas e outras mensagens semelhantes chegaram nos últimos dias, sinal de que a grande maioria não entende que, da mesma forma que para Francisco o tempo é superior ao espaço, poderíamos dizer que o modo é superior ao conteúdo. Testemunhas em vez de mestres A história nos mostra que os essencialismos deixaram os modos de lado. Nessa perspectiva, pode-se dizer que o Concílio Vaticano II foi uma tentativa de recuperar a importância do modo. Paulo VI, um dos papas do Concílio, diz que “o homem contemporâneo ouve mais as testemunhas do que os mestres ou, se ouve os mestres, o faz porque eles são testemunhas”. O modo como algo superior ao conteúdo, uma dinâmica que foi posteriormente relegada. No atual pontificado, podemos dizer que Francisco deu um novo impulso à dinâmica conciliar. Ele o faz na Praedicate Evangelium, onde, no primeiro parágrafo, explicita “a missão que o Senhor Jesus confiou aos seus discípulos”, que não é outrasenão “anunciar o Evangelho do Filho de Deus, Cristo Senhor, e, através do mesmo, suscitar a obediência da fé em todos os povos”. Para isso, Francisco fala do caminho, não do conteúdo, e afirma: “a Igreja cumpre o seu mandato, sobretudo quando testemunha, por palavras e por obras, a misericórdia que ela própria gratuitamente recebeu”. Gestos e ações para se envolver na vida cotidiana O fundamental é o exemplo, colocando no texto o que Jesus fez, “lavou os pés aos seus discípulos e disse que seríamos felizes se assim fizéssemos também nós”. E, caso não tenha ficado claro, ele continua: “deste modo, ‘com obras e palavras, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo’”, explicando que, para anunciar o Evangelho, o Senhor “instou-nos a cuidar dos irmãos e irmãs mais frágeis, doentes e atribulados”. É assim que Francisco está orientando a Igreja a responder hoje aos sinais dos tempos, com modos, com testemunho, sem doutrinação. Na meditação antes do início dos trabalhos sobre o Módulo do Instrumentum Laboris que fala dos itinerários, Padre Radcliffe adverte sobre isso: “muitas pessoas querem que este Sínodo dê um Sim ou um Não imediato sobre várias questões, mas não é assim que a Igreja avança no profundo mistério do Amor Divino! Não devemos nos esquivar de perguntas difíceis”. A Igreja deve adotar modos Um Sínodo, uma Igreja, que explica detalhadamente o que deve ser feito em cada momento, é uma Igreja do Levítico e não do Evangelho. É por isso que ainda existem aqueles que defendem a Igreja do conteúdo, da doutrina, a Igreja piramidal em que alguns dizem o que deve ser feito e outros obedecem sem reclamar. Com o Sínodo, Francisco quer nos levar a entender que a Igreja deve adotar modos e, quando isso for feito, o conteúdo virá em seguida. A escuta, o diálogo, a conversa no Espírito, o discernimento comunitário são formas que ajudam a avançar o processo, um termo decisivo no Magistério do atual pontífice. Mas quando se trata de sinodalidade, parafraseando Georg Bätzing, bispo de Limburg e presidente da Conferência Episcopal alemã, “é preciso muita paciência para aprendê-la”, vendo-a como “exaustiva, às vezes árdua”, mas certamente o caminho para “apreciar a diversidade na Igreja e promover a unidade”. Para isso, Bätzing também aponta o caminho: “escutar uns aos outros e levar os outros a sério”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Itinerários: “Pensar nos processos pelos quais a Igreja muda os caminhos que devemos seguir”

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que se realiza em Roma de 2 a 27 de outubro de 2024, está dando mais um passo. Acaba de iniciar a reflexão sobre o módulo dos itinerários, com a presença de Papa Francisco, querendo assim “pensar nos processos pelos quais a Igreja muda os caminhos que devemos seguir”, como indicou o padre Timothy Radcliffe na meditação anterior ao início da apresentação, posteriormente realizada pelo Relator Geral, Cardeal Hollerich. Jesus e a mulher cananeia Para a meditação, ele usou o encontro de Jesus com a mulher cananeia, onde “à primeira vista parece que Jesus está sendo rude, chamando-a de cachorra”. Um texto que é a missão para judeus e gentios, “um momento de profunda transição”. Para o recém-nomeado cardeal, “esse silêncio não é uma rejeição”, porque “nesse silêncio, Nosso Senhor ouve a mulher e ouve seu Pai. A Igreja entra mais profundamente no mistério do Amor Divino ao se deter em questões profundas para as quais não temos respostas rápidas”, lembrando o que aconteceu no Concílio de Jerusalém. A partir daí, ele afirmou que “nossa tarefa no Sínodo é viver com perguntas difíceis e não, como os discípulos, livrar-se delas”, declarando que “devemos responder a todos os gritos de mães e pais em todo o mundo por jovens filhas e filhos presos na guerra e na pobreza. Não devemos fechar nossos ouvidos como os discípulos fizeram naquela época”. Referindo-se às discussões no salão do sínodo, ele disse: “Como homens e mulheres, feitos à imagem e semelhança de Deus, podem ser iguais e, ao mesmo tempo, diferentes? E como a Igreja pode ser a comunidade dos batizados, todos iguais, e ainda assim o Corpo de Cristo com diferentes papéis e hierarquias? Essas são perguntas profundas”. O Sínodo não dá um Sim e um Não imediatos O dominicano mostrou algumas passagens bíblicas que falam sobre cães, que para os judeus eram animais impuros, mas Jesus “transcende as limitações culturais de seu povo”. Para Radcliffe, “muitas pessoas querem que este Sínodo dê um Sim ou um Não imediato sobre várias questões, mas não é assim que a Igreja avança no profundo mistério do Amor Divino! Não devemos nos esquivar de perguntas difíceis como os discípulos que disseram: ‘Cale a boca!’ Nós nos debruçamos sobre essas perguntas no silêncio da oração e da escuta mútua. Ouvimos, como alguém disse, não para responder, mas para aprender. Expandimos nossa imaginação para novas maneiras de ser a casa de Deus, na qual há espaço para todos”. A partir daí, ela concluiu dizendo que “apesar da recepção hostil dos discípulos, a mulher permanece. Ela não desiste nem vai embora. Por favor, fique, seja qual for a sua frustração com a Igreja, continue perguntando! Juntos descobriremos a vontade do Senhor”. Itinerários para manter relacionamentos Para o cardeal Hollerich, o terceiro Módulo adota “a perspectiva dos Itinerários que sustentam e alimentam concretamente o dinamismo dos relacionamentos”, mostrando que “estamos, portanto, em continuidade com o Módulo 2, com um passo mais concreto. A riqueza da rede de relacionamentos que compõem a Igreja, que contemplamos nestes dias, é ao mesmo tempo poderosa e frágil, é um grande dom que recebemos, mas precisa de cuidados. Sem cuidado, os relacionamentos rapidamente murcham e, acima de tudo, tornam-se tóxicos para as pessoas envolvidas, como nos mostram os numerosos casos de falhas relacionais em nossas sociedades e até mesmo em nossas comunidades”. Para o relator geral, “o cuidado é, portanto, o primeiro objetivo de nosso módulo: com quais ferramentas podemos apoiar e nutrir o tecido relacional de que as pessoas e as comunidades precisam, o que pode fortalecê-las e o que, por outro lado, amortece e extingue os relacionamentos?” Partindo do fato de que “os relacionamentos são justamente o objeto de nossa contemplação e oração, bem como de nossa reflexão e elaboração teológica e até mesmo canônica”, ele agradeceu pelo tesouro inesgotável que a Igreja oferece. De acordo com o cardeal, “os relacionamentos são algo que vivemos em práticas concretas, dia após dia. Essas práticas devem ser consistentes com o que dizemos, caso contrário, as pessoas ouvirão nossas palavras, mas não acreditarão em nossas práticas, e isso tornará nosso patrimônio sem sentido e o corroerá lentamente”. As ações falam mais alto do que as palavras Nesse sentido, “as ações falam mais alto do que as palavras”. Isso o levou a perguntar: “Que articulação dos processos de tomada de decisão na Igreja é coerente com o que dizemos sobre as relações entre vocações, carismas e ministérios, sobre sua reciprocidade e complementaridade? E com o que dizemos sobre a dignidade de cada pessoa batizada?”, destacando o cuidado e a coerência como chave, para abordar os itinerários, uma seção dividida em quatro parágrafos. O primeiro trata da formação; o segundo, da profundidade espiritual; o terceiro, da necessidade de a Igreja desenvolver modos participativos de tomada de decisões, na circularidade do diálogo entre todos os membros do Povo de Deus e no respeito às diferentes funções; e o quarto, da transparência e da avaliação periódica. Tudo isso para entender que “a reflexão e o diálogo sobre o cuidado com os relacionamentos e a coerência entre as palavras e as práticas nos dão uma valiosa oportunidade de agir”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal: um lugar onde a fraternidade transborda

No dia em que a Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI do Vaticano de 2 a 27 de outubro de 2024, encerrou o módulo sobre relações, alguns membros da Assembleia Sinodal, juntamente com os que normalmente estão presentes, a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, a vice-diretora da Sala Stampa, Cristiane Murray, e o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, compartilharam o que haviam experimentado na assembleia nos últimos dias. Os presentes em 10 de outubro foram o prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, e, juntamente com o cardeal três delegados fraternos, o Metropolita da Pisídia, Sua Eminência Job, o Bispo Anglicano de Chichester, Dom Martin Warner, e a pastora menonita Anne-Cathy Graber. As relações com outras igrejas são um elemento importante, algo que o atual processo sinodal quer promover. Criatividade e transbordamento Entre os tópicos discutidos na Sala Sinodal nos círculos menores, Sheila Pires destacou a novidade dos fóruns realizados na tarde de quarta-feira, que o Cardeal Grech disse terem sido muito positivos. Ela também lembrou que o módulo sobre itinerários será iniciado. O trabalho realizado no módulo sobre relações foi apresentado à Secretaria do Sínodo, disse Ruffini, que destacou o estímulo à criatividade e ao transbordamento, palavra usada em Querida Amazônia pelo Papa Francisco. Nesse sentido, o prefeito do Dicastério para a Comunicação recordou o chamado do Papa a “transcender a dialética para reconhecer um dom maior que Deus nos ofereceu. A partir desse dom inesperado, uma criatividade renovada é despertada”, algo que se espera que leve a um transborde missionário. Vigília ecumênica nesta sexta-feira Uma vigília ecumênica estará sendo realizada na noite desta sexta-feira, o que pode ser visto como uma das razões para a presença dos delegados fraternos na coletiva de imprensa. Para o Cardeal Koch, um dos elementos mais importantes do atual Sínodo é a sua dimensão ecumênica, algo que está incluído no Instrumentum laboris, onde a sinodalidade aparece como um caminho para o ecumenismo. A Vigília Ecumênica é algo que já foi realizado antes do início da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal, lembrou Koch. Este ano, ela coincide com o aniversário do início do Concílio Vaticano II e será realizada na Praça dos Protomártires Romanos, onde a tradição diz que o apóstolo Pedro foi martirizado. Para o prefeito, a oração em conjunto é muito importante para o avanço do movimento ecumênico, pois Jesus não ordena a unidade, mas reza por ela. Koch reconheceu a importância da presença maior e mais representativa de delegados fraternos na Segunda Sessão, agradecendo ao Santo Padre por aumentar seu número. O cardeal suíço destacou os elementos positivos existentes em todas as igrejas e a necessidade que umas têm das outras, considerando um sinal muito positivo o fato de tantas igrejas quererem se envolver na Assembleia Sinodal. O batismo como base do caminho sinodal Para Sua Eminência Job, o delegado fraterno ortodoxo, é muito bonito poder ver todo esse caminho sinodal, não como uma inovação da Igreja Católica, mas como uma implementação da eclesiologia do Concílio Vaticano II, que fez uma revolução copernicana. Partindo do Povo de Deus, uma eclesiologia baseada no batismo, o delegado ortodoxo considera isso como a base para o caminho sinodal, porque há outros batizados além da Igreja Católica, o que ajudou o diálogo entre as igrejas cristãs após o Vaticano II. O diálogo entre católicos e ortodoxos aborda a questão da autoridade, sinodalidade, primazia, ministérios na Igreja, algo que vem sendo discutido há anos em um diálogo que, além de ser um passo adiante no caminho da unidade, pode dar frutos na vida interior de cada Igreja. Ele também destacou que ficou impressionado com a convergência dos diálogos entre as diferentes confissões, que não buscam apenas um acordo, um compromisso, mas “estabelecer a base para nossa vida comum, que pode nos levar à unidade cristã”. Importância da relacionalidade Dom Warner falou das diferenças entre os sínodos anglicanos e o atual Sínodo, que “nos lembra da importância da relacionalidade”, dadas as relações profundas que estão ocorrendo, olhando uns para os outros como família, respeitando as diferenças, reconhecendo a importância da troca de presentes. Ele também lembrou que os sínodos anglicanos são deliberativos, lembrando que o Papa Francisco alertou sobre os riscos do modelo parlamentar. Nessa perspectiva, ele ressaltou a importância da conversa no Espírito para responder aos desafios e a importância da oração e do silêncio no processo sinodal, que “nos lembra que estamos sob a autoridade de Jesus Cristo”. Uma igreja comprometida com a paz A Igreja Menonita é uma igreja pouco conhecida, pertencente à tradição da reforma do século XVI, caracterizada por escolher o caminho da não violência, lembrou Anne-Cathy Graber. A pastora expressou sua alegria por ter sido convidada para o sínodo, especialmente porque a Igreja Católica não precisa da voz da Igreja Menonita, uma igreja pequena. Para ela, isso mostra que cada voz, cada cultura conta, que cada país tem a mesma importância. “A unidade cristã não é uma promessa para amanhã, é agora”, disse ela, para a qual é necessária uma recepção generosa. Junto com isso, ela insistiu que “somos delegados fraternos, não apenas observadores”, lembrando que somos feitos da mesma carne, do mesmo Corpo de Cristo, o que motiva toda voz e presença a serem bem-vindas. Ela lembrou que, como foi dito na Sala Sinodal, “estamos vivendo o transbordamento, estamos experimentando um transbordamento de fraternidade”, fazendo com que o sofrimento e a esperança das outras igrejas sejam nossos. A partir daí, é importante superar a desilusão ecumênica, não se contentar com a ideia que temos de outra igreja, porque não deve haver uma igreja que caminha acima das outras, mas todos nós devemos caminhar juntos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Relações e reações em uma Igreja sinodal

A reflexão teológica, que nos diz que ninguém se salva sozinho, como a própria vida cotidiana, nos mostra a importância dos relacionamentos. O Instrumentum laboris da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontece de 2 a 27 de outubro de 2024 na Sala Paulo VI, tem as relações como um dos módulos em que o documento está dividido, orientando o trabalho dos participantes. Purificando as relações Está claro que os relacionamentos determinam a missão, pois é somente quando esses relacionamentos são purificados que podemos interagir e, assim, testemunhar, escutar, dialogar e discernir. Se os relacionamentos se deterioram, a corda se quebra em algum momento, acabando com o grande objetivo: realizar a missão que nos permite construir o Reino de Deus, que é algo que deve ser feito por todos e em conjunto. A falta de escuta, a autorreferencialidade, o clericalismo são alguns dos perigos que deterioram as relações. No domingo, 6 de outubro, o Papa Francisco, em meio à Assembleia Sinodal, anunciou a criação de 21 novos cardeais para 8 de dezembro. Nove deles estão na sala sinodal e é interessante estudar as reações que se percebe, que mostram que a sinodalidade está permeando os vários estratos da vida da Igreja, incluindo o teoricamente mais alto, o Colégio de Cardeais, embora em uma Igreja onde todos se sentam em mesas redondas, parece que essas considerações piramidais estão se perdendo. Esperemos que isso não seja algo passageiro. Relações em um nível fraterno Do lugar onde nós jornalistas nos encontramos, o “curralinho” na entrada da Sala Paulo VI, ou no andar superior da própria sala, nos momentos em que a entrada é liberada, ou seja, durante as orações e a apresentação dos vários módulos, vemos os participantes da assembleia passando e interagindo uns com os outros e, neste caso, vimos aqueles que o Papa decidiu acrescentar ao Colégio de Cardeais. Relacionar-se uns com os outros em nível fraterno, conhecendo e assumindo o ministério e o serviço que cada um assume, mas sem menosprezar ninguém, é um requisito importante para que a sinodalidade seja estabelecida como uma forma de ser Igreja no século XXI. Ser um cardeal deve ser entendido como um serviço, um serviço importante, mas um serviço. À medida que a responsabilidade cresce na Igreja, a disponibilidade para escutar, com relações evangélicas e fraternas, deve aumentar na mesma medida. Servir para ser o maior A ninguém é negada a última palavra na tomada de decisões, quando é preciso tê-la, mas é importante o caminho que se percorre para chegar a esse ponto, os relacionamentos que se estabelecem com os outros para poder discernir o que nos é pedido, o que Deus espera de nós no caso da Igreja. Isso não é novidade, o Evangelho, que deve ser nossa fonte de inspiração, nos diz: “quem quiser tornar-se grande entre vocês será seu servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês será seu escravo”. É possível perceber essas atitudes em muitos dos cardeais nomeados pelo Papa Francisco, pessoas que não se acham, que não mudam o passo, seu modo de olhar e se relacionar com os outros. Um deles disse que na primeira noite a surpresa não o deixou dormir, mas a vida continua, de uma maneira diferente, e como ele sempre fez, sem dizer não a nada que a Igreja lhe pede. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Sínodo: “A missão é o horizonte da sinodalidade, que fortalece todo o povo de Deus como sujeito da missão”

Os fóruns teológico-pastorais são uma das novidades da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada em Roma de 2 a 27 de outubro. Foram organizados dois fóruns simultâneos, um sobre “O povo de Deus como sujeito da missão” e o segundo sobre “O papel e a autoridade do bispo em uma igreja sinodal”. O Instrumentum laboris afirma que “o Povo de Deus não é a soma dos batizados, mas o nós da Igreja, o sujeito comunitário e histórico da sinodalidade e da missão”. Um ponto de partida que levou os palestrantes a responder às implicações do fato de que a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo em palavras e ações, “a missão”, é confiada a “um povo”. Jesus, o missionário do Evangelho Thomas Söding, professor de Novo Testamento na Faculdade Católica de Teologia da Ruhr-Universität Bochum, explicou como ler o Novo Testamento hoje para interpretar a realidade a partir desse ponto de vista. O professor apresentou Jesus como um missionário do Evangelho, como aquele que queria reunir todo o povo de Deus sob o signo do Reino de Deus. Juntamente com os 12, ele enfatizou a presença e a importância de outros discípulos e de todos aqueles que vivem a fé em casa, citando exemplos de missionários entre seu povo. Söding enfatizou que Jesus busca a conversão de todo o povo de Deus, apontando que os 12 têm um problema desde o início: eles não reconhecem que não são os únicos que seguem os passos de Jesus e que não devem dominar os outros, buscar ser o maior ou impedir que as pessoas se aproximem de Jesus. Para isso, ele refletiu sobre as atitudes e a missão dos apóstolos, algo que a literatura paulina abre para o local, destacando a importância fundamental da acolhida e da solidariedade, do reconhecimento de que todos recebem carismas e que todos devem aceitar suas habilidades e reconhecer os dons dos outros para ter empatia. A vocação para a missão de toda a Igreja caracteriza todo o Novo Testamento. “O objetivo do ministério ordenado é promover o sacerdócio comum de todos os fiéis”, de acordo com o teólogo, que destacou que hoje há muitos fiéis bem formados, não apenas bispos e padres, o que é um dom para a Igreja, levando a novas formas de cooperação e participação na missão. A partir daí, os fiéis leigos esperam ser ouvidos quando o futuro de sua igreja for debatido. Portanto, “a missão é o horizonte da sinodalidade, e a sinodalidade é a forma que fortalece todo o Povo de Deus como sujeito da missão”. A Igreja como a semente do Reino de Deus Ormond Rush partiu de três perguntas: o que é missão, quem é o povo de Deus e como é o povo de Deus? Ele começou com a missão de Deus, definindo Jesus como a janela de Deus para o plano de Deus ao longo da história. Seu ministério está centrado no Reino de Deus e, de acordo com o Concílio Vaticano II, a missão da Igreja é a de Jesus, é proclamar Jesus Cristo e estabelecer o Reino entre todos os povos, sendo a Igreja a semente e o início desse Reino na Terra, um processo interativo e colaborativo. Ao falar sobre o que é a Igreja, uma questão vital para o Vaticano II, ele destacou que são todos os crentes batizados que se comprometem a ser discípulos de Jesus Cristo, independentemente de seu ministério ou posição. Um sentido inclusivo da Igreja, que é todo o povo de Deus e todo o corpo de Deus, lembrando as três categorias do povo de Deus no Concílio: Communio fidelium, Communio ecclesiarum e Communio Hierarchica. A Igreja é vista pelo padre australiano como um sujeito ativo que participa da missão de Deus. A partir daí, ele vê o Sínodo como um sujeito interpretativo que busca a orientação do Espírito para entender o Evangelho vivo e completo. A Igreja tem a responsabilidade de interpretar os sinais dos tempos à luz do Evangelho se quiser cumprir sua tarefa, portanto, o desafio para a Igreja é interpretar os sinais dos tempos, como o Sínodo está fazendo. Para isso, são importantes o lugar, a cultura e a língua, que moldam o modo como o Espírito do Evangelho é interpretado, uma realidade também presente no Sínodo, pois o Povo de Deus é um sujeito sacramental. Direito canônico e missão A partir do Direito Canônico, que mudou no último século, Donata Horak pediu que se encontre um elo entre direito, teologia e vida, em vista de que as reformas sejam mais fiéis à tradição, evitando a imposição das próprias visões. Isso é para tornar o Evangelho crível com base em relacionamentos justos em uma sociedade de irmãos e irmãs. A partir daí, ele abordou as possíveis reformas do ponto de vista do sujeito, o Povo de Deus, e como ele participa das decisões e deliberações. “A Igreja é um povo de homens e mulheres incorporados a Cristo pelo batismo, que são participantes da função sacerdotal, profética e real de Cristo, todos corresponsáveis na missão”, afirmou a canonista italiana. São apresentados os direitos e deveres fundamentais de todos os fiéis, contando alguns deles e mostrando as coincidências e os avanços do Código Latino e do Código das Igrejas Orientais. Segundo a professora, parecem coexistir duas teologias entre os documentos conciliares e o Código de 1983, com pontos de conflito, sobretudo em relação à participação no governo da Igreja, que exige reflexão, para que todo batizado tenha esse poder. Estão sendo feitos progressos, especialmente com relação às mulheres, exigindo uma reforma que não mantenha uma eclesiologia dupla. Sobre a tomada de decisões e a consulta e deliberação em relação aos conselhos, seu funcionamento e a eleição de seus membros, vendo o voto consultivo como algo depreciativo, analisando os conselhos e sínodos e seu significado, criticando o poder deliberativo exercido de forma autoritária, o que não ajuda a comunhão. Nesse sentido, afirmou que as decisões são válidas porque…
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Assembleia sinodal: “O Sínodo deve inspirar a ação, não apenas produzir documentos”

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI do Vaticano, continua a debater as relações. Para aprofundar estas e outras questões relacionadas com o caminho sinodal, o Arcebispo de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, Dom Inácio Saúre, o Arcebispo de Puerto Montt (Chile), Dom Luis Fernando Ramos, e o Diácono Permanente da Diocese de Gent (Bélgica), Geert De Cubber. participaram na conferência de imprensa no dia 9 de Outubro.  Mulheres e jovens na tomada de decisões Os trabalhos têm se concentrado no tema do discernimento eclesial, segundo a secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, Sheila Pires. Nos mais de 70 discursos livres foi destacado o papel dos ministros ordenados e dos leigos, sua colaboração com os sacerdotes e bispos, o seu envolvimento nos processos de decisão. Daí a necessidade de uma maior participação dos leigos, dado que a sua presença é indispensável e cooperam para o bem da Igreja. Pires destacou a proposta realizada para consultar ao Povo de Deus sobre a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e ao episcopado, dado que numa Igreja sinodal, o Povo de Deus tem que se sentir responsável na escolha. Igualmente, foi falado sobre a possibilidade de leigos ser párocos, pois muitos sacerdotes não têm vocação de párocos. Respeito às mulheres, foram destacadas algumas propostas, como evitar qualquer tipo de discriminação sexual no acolitado, reconhecendo seu contributo nos processos de decisão. Foi falado sobre confiar às mulheres o ministério da escuta, dado que “as mulheres sabem ouvir, ouvem de forma diferente”. Finalmente, envolver mais as mulheres num mundo dividido e em guerra. Ouvindo vozes corajosas de fora da Igreja Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou da necessidade de entrar em contato com os jovens por meio da pastoral digital, e de que os jovens façam parte do discernimento eclesial na pastoral juvenil. Ele também falou da situação dramática de muitas crianças no mundo, vítimas do tráfico de pessoas. Nesse sentido, ele enfatizou que “o Sínodo precisa inspirar ações, não apenas produzir documentos”, pedindo que se escute as vozes corajosas que vêm de fora da Igreja. Ruffini destacou o testemunho de uma mãe que estava preocupada com a Iniciação Cristã das crianças e o papel dos pais na vivência da sinodalidade. Falou-se do acompanhamento das vítimas de abuso dentro da Igreja, da necessidade de a Igreja se aproximar dos vulneráveis, de uma maior proximidade com os pobres, da solidão e do isolamento dos padres, sobrecarregados de trabalho, da distância dos padres em relação à sinodalidade, o que deveria levar o Sínodo a ver como pode reavivar sua vocação de servir ao Povo de Deus. Houve também um forte apelo para o diálogo entre as Igrejas e dentro da Igreja, para a família como um modelo de sinodalidade e para que o Sínodo jogue o jogo e não apenas escreva um manual de treinamento. Confiança e respeito mútuos O Arcebispo Luis Fernando Ramos salientou que no ano passado muitas questões foram levantadas, agora eles estão se concentrando em questões mais específicas para rearticular o que entendemos por uma Igreja Sinodal. Nesse contexto, surgiu o argumento da Igreja Povo de Deus, complementado pela Igreja Povo de Cristo, destacando a importância da espiritualidade sinodal para mudar as estruturas e o modo de ser Igreja, para uma conversão pessoal, comunitária, eclesial e pastoral. Ressaltou a importância de os leigos nunca perderem sua vocação secular, e das relações entre os seres humanos e dentro da Igreja, a fim de purificar, transformar e iluminar as relações baseadas na caridade. O bispo destacou a importância dos papéis de responsabilidade para que sejam imbuídos dos critérios de sinodalidade, com roteiros para o discernimento sinodal. Isso em uma assembleia onde há confiança e respeito mútuo, algo que é valorizado positivamente por todos. O fundador canonizado durante o Sínodo Para os Missionários da Consolata, o Sínodo traz uma grande novidade, a canonização do Beato José Allamano, que será realizada dia 20 de outubro, segundo disse o arcebispo de Nampula, membro dessa Congregação. Para eles, o tema do Sínodo é muito caro porque Allamano criou um instituto missionário. O arcebispo moçambicano refletiu sobre a importância da Iniciação Cristã como encontro com Jesus Cristo, e o fenómeno que acontece na África, onde os jovens saem da Igreja depois de receber esses sacramentos, o que deve levar a refletir se teve boa Iniciação Cristã. Igualmente falou sobre a partilha de dons entre os seres humanos e entre as Igrejas numa Igreja Sinodal e da importância do conhecimento mútuo entre a Igreja Católica e a Igreja Oriental, que tem muito a nos dar nesta partilha de dons. A sinodalidade começa em casa O diácono permanente belga disse que não teria podido participar deste Sínodo sem sua família, com quem se sentou à mesa para decidir se sua presença na Assembleia Sinodal era algo conveniente, com o que todos concordaram, porque de outra forma, se alguém não tivesse concordado, ele não teria participado. A partir daí, ele destacou que “minha experiência de sinodalidade começa em casa“. Em relação à Igreja belga, suas dificuldades e a presença de pessoas cansadas, ele disse que eles estão tentando colocar a Sinodalidade em prática na Pastoral Juvenil, para levar a sinodalidade ao trabalho com os jovens, algo feito com todas as dioceses que buscam avançar como Igreja sinodal. Por isso, sublinhou o fato de que somos diferentes uns dos outros, mas temos em comum nossa catolicidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Papa Francisco receberá as mulheres do Sínodo no dia 19 de outubro

O papel das mulheres na Igreja é algo que está cada vez mais presente no pensamento do Papa Francisco. De fato, em seu encontro com os jesuítas na recente viagem à Bélgica, quando perguntado por um jesuíta sobre “a dificuldade de dar às mulheres um lugar mais justo e adequado na Igreja”, ele não hesitou em responder que “a Igreja é uma mulher“. Nesta perspectiva, ele mostrou seu desejo de “colocar cada vez mais no Vaticano mulheres com papéis de crescente responsabilidade. E as coisas estão mudando: você pode ver e sentir isso”, enfatizando que “as mulheres, em suma, entram no Vaticano com papéis de alta responsabilidade: continuaremos neste caminho. As coisas estão funcionando melhor do que antes.” Mulheres membros da Assembleia Sinodal Na Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que realiza sua Segunda Sessão de 2 a 27 de outubro, essa presença feminina é algo que parece ter vindo para ficar. Cada vez menos pessoas questionam sua presença e muitas valorizam suas contribuições. De fato, entre os membros do Sínodo há um bom número de mulheres, com voz e voto, que trazem para a sala do Sínodo o desejo de serem cada vez mais ouvidas e reconhecidas na vida cotidiana da Igreja, abrindo espaço para elas nos espaços de tomada de decisão, que além das questões ministeriais, é o desejo da grande maioria das mulheres. O encontro do dia 19, uma iniciativa particular das mulheres participantes da Assembleia Sinodal, é mais uma prova do desejo do Papa Francisco de ouvir a todos. Alguns participantes da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia dizem que, quando as mulheres falaram, a atenção de Francisco foi redobrada. Um momento de partilha e escuta Mais do que qualquer demanda que será levada, o encontro deve ser um momento para as mulheres se apresentarem e dizerem ao Papa as angústias, as esperanças e alegrias, apresentando muito do trabalho que as mulheres já fazem na vida das comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses, inclusive na Cúria vaticana. Uma oportunidade para reafirmar os passos dados desde a Primeira Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, realizada em outubro de 2023: dar visibilidade para as mulheres, o reconhecimento das mulheres na Igreja e que a Igreja possa ter esse olhar feminino. Um encontro que segundo uma das mulheres que participa da Assembleia Sinodal, “será um encontro de partilha, e ele como pastor para escutar”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Baldaquino de São Pedro, restaurado em seu esplendor, será inaugurado no encerramento do Sínodo

O Jubileu 2025 está limpando a face de Roma e, evidentemente, do Vaticano e da Basílica de São Pedro. Estão sendo realizados trabalhos em todos os cantos, buscando restaurar o esplendor original de peças emblemáticas, incluindo o Baldaquino de Bernini, que cobre o altar-mor da Basílica e o túmulo do apóstolo, e a Cátedra de São Pedro. Mais de 100 jornalistas presentes No dia 8 de outubro, a Sala Stampa do Vaticano organizou uma visita com jornalistas, da qual participaram mais de 100 correspondentes credenciados, que fizeram uma avaliação muito positiva da visita, dada a singularidade dos espaços visitados, apesar das longas esperas, o que é compreensível dada a dificuldade de locomoção entre andaimes e peças de grande valor artístico e importância para a Igreja Católica. Recebidos pelo arcipreste da Basílica de São Pedro, Vigário Geral para a Cidade do Vaticano e presidente da Fabbrica di San Pietro, Cardeal Mauro Gambetti, ele se disse surpreso com o grande número de pessoas e descreveu a restauração como “memorável, extraordinária”. Junto com o cardeal, o diretor de comunicação da Basílica, Enzo Fortunato, que lembrou que o trabalho foi possível graças ao apoio dos Cavaleiros de Colombo, e Alberto Capitanucci, chefe do departamento técnico da Fábrica de San Pedro no Vaticano, que está dirigindo o trabalho, que compartilhou algumas das anedotas vividas por aqueles que pelos restauradores nos últimos meses. Um trabalho grandioso Um trabalho que ocorre 250 anos após a última grande restauração e que foi realizado nos últimos 9 meses. No caso do Baldaquino, criado entre 1623 e 1634, com quase 29 metros de altura e pesando 63 toneladas, acaba de completar 400 anos desde o início de sua construção, os últimos detalhes estão sendo finalizados e a inauguração oficial ocorrerá em 27 de outubro, coincidindo com a missa de encerramento da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que iniciou seus trabalhos em 2 de outubro. A conclusão da Cátedra de São Pedro está prevista para dezembro. Entre os objetos visitados, vale a pena destacar um elemento singular por sua importância, a cadeira na qual a tradição diz que Pedro, o primeiro pontífice, sentou-se. Um objeto que, com quase dois mil anos, podemos dizer que ainda está em condições mais ou menos boas e cujo significado simbólico nos leva a contemplar o significado dos 264 pontífices que ocuparam a Cátedra de Pedro desde então. Uma experiência única, pois além de contemplar com atenção e precisão todos os detalhes do baldaquino e da cadeira, ofereceu a possibilidade de ter uma visão em perspectiva da Basílica de São Pedro, uma oportunidade que provavelmente não será desfrutada por muito tempo. Não podemos nos esquecer de que a última grande restauração foi feita há 250 anos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1