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Metodologia sinodal: Oferecer ao Papa orientações sobre como ser uma Igreja sinodal em missão

O Instrumentum laboris marca a metodologia de trabalho das assembleias sinodais, algo que não é diferente na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada de 2 a 27 de outubro de 2024, na Sala Paulo VI do Vaticano, com a participação de mais de 350 membros, aos quais se juntam outros participantes que fazem parte de diferentes equipes. Ser Igreja sinodal em missão Parte-se da pergunta que orienta o desenvolvimento desta Segunda Sessão: “Como ser uma Igreja sinodal em missão?”. O propósito é descobrir como concretizar a identidade do Povo de Deus sinodal em missão nas relações, itinerários e lugares onde se desenvolve a vida da Igreja. Quer que esta proposta possa chegar aonde se vive a sinodalidade, às comunidades, paróquias, dioceses, pastorais, movimentos… Por isso é tão importante que todos possam enviar contribuições, observações, propostas, através da Secretaria do Sínodo, para avançar no caminho sinodal. Essa possibilidade, que é fundamental para o processo avançar, não deve ter sido fácil. Os medos de escutar, de ser a Igreja sinodal, de ser aquela Igreja de todos, todos, todos, da qual Francisco fala constantemente, sempre aparecem. Mas é bom lembrar as palavras de Pedro Casaldáliga, que dizia que o medo é contrário à fé. Vem à minha cabeça a música de Gilberto Gil: ” Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá’”. O medo excessivo nos leva a buscar seguranças que sacrificam a vida, que matam o Espírito, e não esqueçamos que, na metodologia da Assembleia Sinodal, a conversa no Espírito é elemento protagonista. Fundamentos de uma Igreja sinodal missionária Os Fundamentos não pretendem ser “um tratado sinodal”, afirmou o arcebispo de Luxemburgo e relator geral do Sínodo, o cardeal Jean Claude Hollerich, ao começar a abordar esta parte. Nas suas palavras, ele citava o próprio Instrumentum laboris, que diz que esta seção “tenta delinear os fundamentos da visão de uma Igreja sinodal missionária, convidando-nos a aprofundar a compreensão do mistério da Igreja”. Nesta dinâmica processual, algo de grande importância no pensamento de Francisco e no caminho sinodal, o Instrumento de trabalho, neste primeiro momento, recolhe “a consciência que nestes anos foi se consolidando e em particular as convergências que no ano passado reconhecemos e expressamos no Relatório de Síntese”. Daí que o caminho a seguir não deve procurar “reabrir o debate sobre o que já aprovamos no ano passado, mas tomar o tempo necessário para nos apropriarmos dela e nos situarmos dentro de um horizonte”. Sintonizar com o método de trabalho Para isso, os Fundamentos oferecem “a oportunidade de nos sintonizarmos com o método de trabalho”, dado que “as coisas não funcionam exatamente como no ano passado”, embora seja verdade que permanecem as linhas fundamentais propostas na Primeira Sessão. Insiste-se na sinodalidade como modo de ser Igreja e na necessidade de implementá-la, na missão, em ser uma Igreja misericordiosa, aberta a todos, com protagonismo laical e feminino cada vez maior. Depois serão abordados os relacionamentos, itinerários e lugares, procurando discernir os pontos fortes e as questões a explorar em relação ao que propõe o Instrumentum laboris para responder à pergunta orientadora da Assembleia. Quer-se debater, emendar e aprovar um documento que ofereça ao Papa Francisco algumas orientações sobre como ser uma Igreja sinodal em missão. Importância da dinâmica a seguir Esse documento, sob a responsabilidade do relator geral e dos secretários especiais, com o apoio dos especialistas, recolherá os materiais produzidos durante as duas sessões da Assembleia Sinodal, com particular atenção ao fruto do discernimento da Segunda Sessão. Tudo isso seguindo uma dinâmica de oração, invocação ao Espírito Santo, apresentação do rascunho do documento, reflexão pessoal, compartilhamento, debate em plenário, emendas em grupo e aprovação final. Os Grupos de Trabalho, as famosas mesas redondas, 36 no total, com 10-11 participantes cada, são formados por línguas, 16 em inglês, 7 em italiano, 6 em francês, 6 em espanhol e uma em português, cujos trabalhos se juntam em 5 mesas linguísticas, dois em inglês, e uma em italiano, francês e espanhol-português. Um trabalho que segue o método da conversa no Espírito, com a ajuda de um facilitador e um especialista. Conversa no Espírito Na conversa no Espírito cada um toma a palavra a partir de sua própria experiência e oração, e escuta atentamente a contribuição dos outros. Em um segundo momento, procura-se abrir espaço para os outros e para o Outro, compartilhando a partir do que os outros disseram, o que mais ressoou nele ou o que mais resistência suscitou nele, deixando-se guiar pelo Espírito Santo. Finalmente, é hora de construir juntos, a partir do diálogo comum, discernir e colher o fruto da conversa no Espírito: reconhecer intuições e convergências; identificar discordâncias, obstáculos e novas perguntas; deixar que surjam vozes proféticas. Por isso, é importante que todos possam se sentir representados pelo resultado do trabalho, e que todos ajam com plena liberdade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal López Romero: A partir deste Sínodo, “a Igreja emergirá mais católica, mais universal”

O Arcebispo de Rabat (Marrocos), Cardeal Cristóbal López Romero, um dos membros da Assembleia Sinodal que participou da coletiva de imprensa na Sala Stampa no dia 4 de outubro, disse querer tirar a sinodalidade da aula Paulo VI, “onde se fala, se reflete e se reza, para trazê-la para a vida cotidiana, para diferentes lugares, e para mostrar que não é um assunto para estudo, mas uma realidade que já está, pelo menos germinalmente, em ação“. Experiências de sinodalidade na África Em seu discurso, o cardeal salesiano contou algumas experiências de sinodalidade na África anglófona realizadas por uma das religiosas membros da Assembleia Sinodal, criando uma experiência de reflexão e encontro, afirmando que essa mulher “fez muito mais do que muitas Conferências Episcopais para divulgar a sinodalidade e, sobretudo, para promover a sua implementação“. Ele também contou três experiências da Conferência Episcopal que representa, composta pelas dioceses do Marrocos, Líbia, Argélia e Tunísia e na Arquidiocese de Rabat. Experiências de participação de todos para definir o caminho das dioceses, buscando criar comunhão entre todos, dar voz a todos, traduzi-la a serviço da missão, em um plano pastoral. Estamos falando de um pequeno número de igrejas, com um número estimado de 25.000 católicos em Rabat, provenientes de 100 países, o que “nos deu uma riqueza extraordinária, mas também dificuldades para viver a comunhão entre tantas diferenças”, destacou o cardeal. Nesse sentido, ele disse que “quando os cristãos começaram a se escutar uns aos outros, encontraram maravilhas naqueles que os rodeavam, que os viam todos os dias, mas sem se descobrirem“, a ponto de uma pessoa dizer: “pela primeira vez em minha vida, pude me apresentar, falar de mim mesmo e fazer com que as pessoas me escutassem”, algo que ele definiu como interessante. Assumir a sinodalidade em cada diocese Uma Igreja com mais homens do que mulheres, mais jovens do que idosos e com uma presença cada vez maior de subsaarianos. Uma Igreja cujo plano pastoral é: “Seguindo Cristo, sejamos uma Igreja para o Reino de Deus”. Uma experiência de sinodalidade que deveria ser adotada em todas as dioceses e que ele deseja colocar em prática e levar adiante, porque a sinodalidade colocada em prática produz muitos frutos. Para o arcebispo de Rabat, “este Sínodo está sendo extremamente enriquecedor, porque reúne pessoas de diferentes continentes, porque reúne homens e mulheres, este Sínodo reúne clérigos e leigos, e toda essa diversidade nos enriquece, embora signifique polir uns aos outros”. López Romero lembrou as palavras do Papa Francisco, que diz que a Igreja Católica ainda é muito europeizada, ocidentalizada, algo que ele diz ser verdade, e que ele experimentou vivendo na América Latina e na África. Todos precisam aprender com todos Daí o convite que ele fez para “ajudarmos uns aos outros”, dizendo que “a Igreja se tornará mais católica, no melhor sentido da palavra, mais universal“. O cardeal insistiu que, na Igreja, todos precisam aprender com os outros e “ajudar uns aos outros a viver o Evangelho de forma autêntica nas circunstâncias em que vivemos, com muitos ou com poucos”. A partir daí, enfatizo o quanto é bom nos aproximarmos e evitarmos nos distanciar uns dos outros. Algo que nos obriga a interagir, a escutar, a aprender uns com os outros e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Com relação à Fiducia Supplicans, em resposta a uma das perguntas, ele disse que teria sido melhor que esse documento tivesse passado por um processo sinodal, já que não foi consultado, o que levou a divergências em alguns pontos. Sua conferência episcopal se posicionou de forma diferente do restante das conferências africanas, o que o levou a dizer que a prática da sinodalidade não é fácil, o que leva a tropeços e desculpas. Uma dinâmica que possibilitará ser mais humilde e se permitir ser mais iluminado pelo Espírito Santo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Xiskya Valladares: Missionários digitais, “acompanhar aqueles que não estão na Igreja, aqueles que foram batizados e saíram”

A importância da missão digital no contexto da missão da Igreja foi o tema abordado por Ir. Xiskya Valladares na conferência de imprensa realizada na Sala Stampa em 4 de outubro. A freira nicaraguense radicada na Espanha, “a freira do twitter”, como foi apresentada por Cristiane Murray, vice-diretora da Sala Stampa da Santa Sé, lembrou que participa da Assembleia Sinodal por designação pontifícia, apresentando-se como religiosa e missionária digital, como alguém que colabora há muitos anos na missão digital, trabalhando com “a Igreja te escuta”. Um mundo que mudou Partindo da pergunta que marca esta Segunda Sessão da Assembleia Sinodal: Como ser uma Igreja sinodal em missão, ela ressaltou que “nosso mundo mudou, não é mais o que era há 20 anos, a missão é diferente“, e que diante das mudanças tecnológicas e da Inteligência Artificial, “a Igreja não pode ficar para trás”. Em resposta ao chamado de Francisco para ir a todos, a todos, a todos, Ir. Xiskya enfatizou que “65% da população mundial percorre as ruas digitais”. Ele lembrou o trabalho que estão fazendo desde o início do Sínodo, “para que a Igreja entenda que a sinodalidade e a missão da Igreja estão nos ambientes digitais como outro aspecto da missão”. A religiosa falou sobre os encontros com missionários digitais de 67 países, onde foi destacado o nascimento do carisma do missionário digital, “que está sentindo uma forte vocação para acompanhar aqueles que não estão na Igreja, aqueles que foram batizados e saíram, mas que continuam a sentir uma preocupação com a verdade, com o amor de Deus, e que às vezes até andam feridos no mundo, também por causa de suas más experiências com pessoas da Igreja”, insistindo que a missão é para o mundo de hoje e não para o mundo de 20 anos atrás, para o qual é necessário discernir o como. Xiskya Valladares enfatizou a necessidade da “samaritaneidade”, lembrando o que o Papa lhe disse na Primeira Sessão da Assembleia: “seja a ternura e a misericórdia de Deus para todas essas pessoas”, lembrando as histórias que ela escuta todos os dias de pessoas feridas, que buscam a Deus, que querem começar a orar, que querem recuperar os valores evangélicos e muitas que ainda não ouviram o nome de Jesus. Aumento da conscientização sobre a missão digital na Igreja A missionária digital, diante da missão da Igreja no mundo digital, afirmou que “ainda temos que aprender, mas cada vez mais está surgindo a consciência da necessidade“, ressaltando que depende das regiões e dos países, destacando que a América Latina a tem muito presente, sendo criada nas conferências episcopais equipes para a missão digital e os missionários digitais estão se organizando, algo que falta na Europa. A religiosa conta como na Assembleia Sinodal muitos bispos expressam a ela a importância do que fazem. Ela insiste que “no ano passado a missão digital era uma novidade, este ano não é uma novidade e há um desejo de que possamos fazer algo, porque estamos perdendo muitos jovens, muitas gerações que não vão mais às paróquias”. Da mesma forma, sobre a polarização nas redes sociais, afirmou que “a sinodalidade é muito mais do que mudar as estruturas, mudar as coisas para fora, a sinodalidade supõe uma mudança de atitude interior, uma conversão pessoal e, nesse sentido, não é algo que vai acontecer imediatamente, não é algo rápido, começaremos a ver o fruto deste Sínodo anos depois de seu término”. Isso se deve ao fato de que “é muito mais profundo do que mudar as leis, do que mudar as estruturas, é necessário mudar os corações”. Xiskya lembrou o chamado do Papa para viver com esperança em um mundo muito difícil, no qual as relações tóxicas estão prevalecendo, mesmo dentro da Igreja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A sinodalidade não é uma técnica, mas um estilo que exige escuta e conversão.

No dia da festa de São Francisco, um dos grandes santos da história da Igreja, sem esquecer o primeiro Papa que escolheu esse nome e para quem os participantes da Assembleia Sinodal cantaram no final da oração da manhã por ocasião de sua festa, alguns membros do Sínodo estiveram presentes na Sala Stampa para relatar o progresso da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, algo que se tornará habitual nas próximas semanas. No dia 4 de outubro, além do prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, da vice-diretora da Sala Stampa, Cristiane Murray, e de Sheila Pires, secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, estavam presentes dom Antony Randazzo, bispo de Broken Bay (Austrália), Ir. Xiskya Valladares, grande referência para a missão no mundo digital, o arcebispo de Rabat, cardeal Cristóbal López, e o bispo de Nanterre, dom Matthieu Rougé. A segunda congregação geral A segunda congregação geral da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal foi um momento para intervenções individuais, especificamente 36 pessoas intervieram, como relatou Paolo Ruffini, com dois temas sendo tratados: como a sinodalidade molda a vida da Igreja, ministérios e carismas, e como podemos desenvolver a espiritualidade da sinodalidade, a escuta, o discernimento, o respeito. De acordo com o prefeito do dicastério, a Assembleia destacou a importância dos leigos, “todos nós entramos na Igreja como leigos”, a ponto de a Igreja do futuro depender dos leigos, o que não diminui a importância do sacerdócio. Ruffini também destacou que o tema das mulheres na Igreja foi abordado, afirmando que “há mulheres que sentem o chamado de Deus e pedem para ser ordenadas”, sendo mostrado o exemplo de mulheres que cuidam de comunidades, sendo solicitada sua inclusão no grupo de estudo número 5, sobre ministérios e carismas. Foi destacada a importância da escuta ativa, do diálogo, do respeito pelos outros, de se chegar àqueles que se sentem excluídos da Igreja, do clericalismo, da liturgia como expressão da sinodalidade, de que o sacerdote não é o único que celebra. As questões abordadas A assembleia discutiu o conceito de sinodalidade, destacou Sheila Pires, “não como uma técnica, mas como um estilo que exige escuta e conversão”, abordando a relação entre sinodalidade e batismo; a necessidade de a Igreja ser uma família para aqueles que não têm família; a Igreja como Corpo de Cristo que reúne ministérios e carismas que formam um só corpo; o papel das mulheres e dos leigos na Igreja; a pluralidade como termo apropriado para abordar o Mistério e sua unidade. A secretária da Comissão de Comunicação citou a necessidade de superar os confrontos ideológicos e a lógica do nós e eles; a corresponsabilidade e a dignidade de todos os batizados nos processos de tomada de decisão; a relação entre homens e mulheres e os medos e apreensões que estão por trás dela, que levaram a atitudes de ignorância e desprezo em relação às mulheres; a pouca menção aos leigos e à família como Igreja doméstica no Instrumento de Trabalho; o aprofundamento do relacionamento das igrejas e culturas locais; a linguagem simples que expressa reciprocidade e pode aquecer os corações; entender que a vida é mais importante do que a teoria e a importância dos pobres. Levando a sinodalidade para fora da sala sinodal Os membros da Assembleia Sinodal iniciaram sua intervenção com as palavras do Arcebispo de Rabat, Cardeal Cristóbal López Romero, que disse que “gostaria de tirar a sinodalidade da sala sinodal, onde se fala, se reflete e se reza por ela, para trazê-la para a vida cotidiana, para os diferentes lugares, e mostrar que não é um assunto para estudo, mas uma realidade que já está, pelo menos germinalmente, em ação”. Em sua intervenção, ele relatou algumas experiências de sinodalidade na África de língua francesa e na arquidiocese de Rabat, dando alguns detalhes sobre isso. Sinodalidade, uma experiência que une Por sua vez, o bispo de Nanterre destacou que a sinodalidade é algo que continua a ser exigido na diocese francesa. Sobre a experiência dessa segunda sessão, ele enfatizou a importância da reunião, que foi ajudada pela acolhida e pela experiência espiritual vivida há um ano na primeira sessão. Sobre os dias anteriores de retiro, ele destacou a meditação do Padre Radcliffe sobre a pesca milagrosa, onde “experimentamos o que une”. Ele também lembrou as palavras do Papa Francisco de que o Sínodo não é um parlamento e que o mais importante é a atitude espiritual. Dom Mathieu Rougé insistiu que a reflexão sobre a sinodalidade deve partir do sacerdócio batismal do Concílio Vaticano II, o Vaticano II é a base do trabalho sinodal, definindo a sinodalidade como a unidade de todos os cristãos, caminhando juntos, uma dinâmica na qual o progresso está sendo feito. Ecologia e sua relação com as pessoas Dom Antony Randazzo ressaltou a importância da recente viagem apostólica do Papa Francisco à Ásia e à Oceania, uma área ecologicamente frágil, uma importante reflexão no dia de São Francisco, que pede o cuidado da Criação, algo cada vez mais preocupante na Oceania, que causa fluxos migratórios por razões ecológicas. Nesse sentido, ele pediu que as pessoas não sejam esquecidas quando se fala de ecologia. Ele também se referiu à sinodalidade como algo natural em muitas comunidades da Oceania, onde as pessoas falam e escutam umas às outras com respeito. A missão no mundo digital Xiskya Valladares, que foi apresentada como “a freira do Twitter”, definiu-se como uma religiosa e missionária digital. Partindo da pergunta que marca esta Segunda Sessão da Assembleia Sinodal: Como ser uma Igreja sinodal em missão, ela destacou que nosso mundo mudou e que, diante das mudanças tecnológicas e da Inteligência Artificial, a Igreja não pode ficar para trás. Diante do chamado de Francisco para ir a todos, a todos, a todos, Xiskya destacou que 65% da população mundial está em ambientes digitais, onde a sinodalidade também está presente, destacando os missionários digitais como um novo carisma. Nesse ambiente digital, a Igreja é desafiada a acompanhar, a escutar, a “ir ao…
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A Igreja sinodal de Francisco, uma Igreja que escuta a todos, todos, todos

A Igreja sinodal de Francisco, que o próprio Papa definiu como o modo de ser Igreja no século XXI, é algo que vai muito além da Assembleia Sinodal. A sinodalidade é um processo que a Igreja leva adiante de várias maneiras. Assumindo o estilo sinodal como Igreja Nesse sentido, é importante a declaração feita pelo Secretário da Secretaria do Sínodo, que poderíamos dizer que é a sala de máquinas da sinodalidade e, portanto, um dos instrumentos decisivos da Igreja de Francisco. O Cardeal Mario Grech se referiu aos 10 Grupos de Estudo criados a pedido do Santo Padre para aprofundar as questões teológicas presentes no Relatório Síntese da Primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, algo que foi retomado por Giacomo Costa na Sala Stampa. O cardeal maltês disse que o trabalho desses grupos “não é estranho ao Caminho Sinodal e, especialmente, ao estilo sinodal que nós, como Igreja, estamos tentando assumir”. Grech lembrou o que o Papa Francisco lhe disse em uma carta datada de 22 de fevereiro de 2024, na qual ele pediu a esses grupos que “trabalhassem de acordo com um método autenticamente sinodal”. Para o Secretário da Secretaria do Sínodo, “isso significa que, dentro do Sínodo, esses grupos são chamados a incentivar a participação efetiva de todos os membros, mas também são chamados a permanecer abertos a uma participação mais ampla, a de todo o Povo de Deus”. Participação de todo o Povo de Deus, um ponto-chave A participação de todo o povo de Deus é o ponto-chave dessa Igreja sinodal. Aqueles que participam desses grupos, incluindo os membros da Assembleia Sinodal, não podem se sentir como alguém que decide, mas como alguém que escuta a todos, escuta a voz do Espírito e, junto com outros, por meio da conversa no Espírito, discerne. Na comunicação do Cardeal Grech, afirma-se claramente que “enquanto os 10 grupos – e com eles também a Comissão – continuarem funcionando, ou seja, até junho de 2025, será possível que todos enviem contribuições, comentários e propostas. Pastores e líderes da Igreja, mas também, e acima de tudo, cada crente, homem ou mulher, e cada grupo, associação, movimento ou comunidade poderá participar com sua própria contribuição”. Uma Igreja que escuta A importância dessa proposta é decisiva para entender o que significa uma Igreja que escuta. Penso, e me enche de alegria, na possibilidade de que um ministro da Palavra, uma catequista de uma das comunidades ribeirinhas que acompanho às margens do Rio Negro, na arquidiocese de Manaus, possa enviar à Secretaria do Sínodo o que é vivido, rezado, celebrado, testemunhado, nessas comunidades, por tantos homens e, principalmente, mulheres, que doam suas vidas gratuitamente para que o Evangelho continue presente na vida dessas pessoas. Quantas coisas interessantes poderiam vir dessas e de outras comunidades semelhantes! Uma Igreja que tem medo de escutar a todos se torna autorreferencial, e Francisco nos adverte constantemente contra esse perigo. Portanto, só podemos dizer ao Secretariado do Sínodo: obrigado por garantir o método sinodal, por sua disposição em coletar o material que lhe será enviado e repassá-lo ao(s) grupo(s) relevante(s). A sinodalidade não é teoria, é prática, e isso, mesmo que deixe algumas pessoas nervosas, é sinodalidade, é Igreja real, porque a Igreja nunca foi um pequeno grupo de puros e escolhidos. Não nos esqueçamos que uma Igreja de puros e escolhidos, isso é heresia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Sinodalidade é compartilhar a água com todos, puxá-la ao seu moinho nos empobrece

Em poucas horas, a Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade nos deixou algumas reflexões, que devem nos levar a nos perguntar sobre algumas atitudes que devemos deixar para trás se quisermos ser uma Igreja sinodal, se quisermos viver a sinodalidade na prática. Diálogos entre surdos Fiquei impressionado com as palavras do Papa Francisco em sua homilia na missa de abertura, na qual ele advertiu sobre o perigo de “nos fechar num diálogo de surdos, onde cada um tenta ‘puxar água ao seu moinho’ sem ouvir os outros e, sobretudo, sem ouvir a voz do Senhor”. Mais uma vez, ele nos adverte sobre uma atitude que está presente em muitas pessoas, até mesmo em muitos de nós, até mesmo em mim e em você, mesmo que não sejamos capazes de reconhecê-la. A tentativa de “levar água para o seu próprio moinho” é um sinal de que não sabemos quem é Deus, fonte de água em abundância para todos, que move a vida de todos, a água move a roda do moinho, também daqueles em quem não somos capazes de descobrir a vida que nasce deles, pois não nos esqueçamos de que Deus deposita essa vida em cada uma das criaturas. Quando escutamos os outros e escutamos a voz do Senhor, somos enriquecidos, ainda mais quando essa escuta nasce da diversidade. Mesmo que tenhamos medo de quem é diferente, de quem pensa diferente, isso também acontece na Igreja. A diversidade é uma fonte de conhecimento, é algo que enriquece nossa vida, porque encontramos pessoas, realidades, maneiras de viver a fé que, por serem desconhecidas, nos permitem aumentar nosso conhecimento. Apontar trajetórias de crescimento Francisco é alguém com uma grande capacidade de nos questionar, de nos colocar diante de nós mesmos e diante de Deus, uma atitude necessária para podermos crescer pessoalmente e como comunidade, para podermos caminhar juntos, para podermos tornar realidade uma Igreja sinodal. Daí a importância do tempo de retiro antes da Assembleia Sinodal, da necessidade de viver o Sínodo em um clima de oração para escutar a voz do Espírito, que pode ajudar os membros da Assembleia Sinodal a indicar “possíveis caminhos de crescimento pelos quais convidar as Igrejas a caminhar”, como disse o Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, na primeira congregação geral, realizada na tarde de 2 de outubro. Não queiramos monopolizar Deus, não pensemos que somos os únicos que o conhecem, não nos sintamos donos de Deus. Estejamos convencidos de que caminhar juntos nos enriquece, que compartilhar a água que vem de Deus não só enriquece os outros, mas também a nós mesmos. Vamos disfrutar do caminhar juntos, vamos sentir a alegria de viver nossa fé em comunhão com a humanidade e com todas as criaturas. É hora de assumir que a sinodalidade é compartilhar a água com todos, que puxá-la ao seu moinho só nos empobrece. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dolores Palencia: “Nós, mulheres, também temos que aprender a nos libertar de um estilo de clericalismo que vivemos”.

Um dos elementos presentes no processo sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é o lugar das mulheres na Igreja e sua participação nos processos de tomada de decisões, uma reflexão confiada a um dos dez grupos de trabalho criados pelo Papa Francisco em fevereiro de 2024, que continuará seu trabalho após o encerramento da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal. O caminho está sendo percorrido Estão sendo dados passos nessa direção, como Maria Dolores Palencia apontou na primeira coletiva de imprensa da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal. No seu caso, sua nomeação como Presidente Delegada da Assembleia Sinodal, junto com Momoko Nishimura do Japão, cargo que compartilha com outros sete homens, foi uma das surpresas da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal. O que se experimenta na Assembleia Sinodal e na vida cotidiana da Igreja nas dioceses, paróquias, comunidades e outras esferas eclesiais, leva a religiosa mexicana a dizer que “a experiência deste ano, entre uma sessão e outra, nos mostrou como uma experiência de aprendizagem, que um caminho está sendo feito, e que esse caminho está dando frutos”. Maria Dolores Palencia enfatizou que “depende muito dos contextos e das culturas, dos continentes”. Abertura de novas experiências e propostas A Delegada Presidente da Assembleia Sinodal faz eco ao que está sendo vivido no México, mas também na América Latina e no Caribe, algo que ela foi descobrindo nos diversos encontros para os quais, junto com os outros membros do Sínodo da região América-Caribe, foi convidada ao longo do processo sinodal, momentos em que compartilharam e dialogaram”. Nessa perspectiva, ela destaca que “está sendo trilhado um caminho em que o papel das mulheres, seus dons e suas contribuições em uma Igreja sinodal estão sendo cada vez mais reconhecidos”. Ela também destacou que “estamos reconhecendo a possibilidade de abrir novas experiências e propostas para descobrir ainda mais esse papel, para podermos nos aprofundar”. Falando sobre o trabalho nos círculos menores, as mesas redondas nas quais a Assembleia Sinodal é organizada, ela contou o que ouviu na mesa da qual estava participando, onde foi dito que “há lugares onde os conselhos pastorais são cem por cento femininos, o padre e todos os membros do conselho pastoral são mulheres”. Levando em conta os contextos “Depende dos contextos, mas isso está sendo feito pouco a pouco”, disse. Nesse sentido, ela enfatizou que é um aprendizado, mesmo em alguns lugares, para mulheres leigas e consagradas, “porque também temos que aprender a nos libertar de um estilo de clericalismo que experimentamos, também de nossa parte”. Por isso, a religiosa mexicana, acostumada a viver nas periferias, atualmente vivendo em um refúgio para migrantes no México, não hesita em dizer que “passos estão sendo dados, temos que dar passos ainda mais amplos, mais rápidos, mais intensos”, mas ao mesmo tempo ressalta que “temos que levar em conta os contextos, respeitar as culturas, dialogar com essas culturas e ouvir as próprias mulheres, nesses lugares e nessas culturas, mas há de fato um caminho a seguir”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Sínodo “não pode ser um espaço para negociar mudanças estruturais”

No dia em que a Sala Stampa da Santa Sé retornou ao seu local habitual, depois de um longo período de reformas, foi realizada a primeira coletiva de imprensa da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontece em Roma de 2 a 27 de outubro, com 365 membros. Além de Paolo Ruffini, prefeito do dicastério para a comunicação, e Cristiane Murray, vice-diretora da Sala Stampa, participaram da coletiva Giacomo Costa, secretário especial da Assembleia Sinodal, Ricardo Battochio, presidente da Associação Teológica Italiana, Maria Dolores Palencia, uma das presidentes delegadas da assembleia, e o bispo Daniel Ernesto Flores, de Brownsville (EUA). Importância da espiritualidade e da oração Na Assembleia Sinodal, “a espiritualidade e a oração ocupam um lugar muito importante”, segundo Ruffini, assim como a situação mundial, marcada pela guerra, algo presente na intervenção do Cardeal Grech em sua intervenção na primeira congregação e que levou a assembleia a rezar pela paz. Ele também se referiu aos dez grupos de trabalho criados pelo Papa, cujo trabalho está entrelaçado com o da Assembleia Sinodal. Na quinta-feira de manhã, começaram os trabalhos sobre os fundamentos do Instrumentum laboris. Chamados a dar um passo adiante Uma segunda sessão na qual “somos chamados a dar um passo adiante”, enfatizou Giacomo Costa, que insistiu que “não é uma repetição, nem uma continuação cronológica do que foi vivido no ano passado”, destacando o que foi aprendido ao longo do caminho. Ele também destacou as palavras do Papa de que “não é uma assembleia parlamentar, mas um lugar de escuta e comunhão”, algo que deve ser compreendido cada vez mais. Da mesma forma, lembrou que o Sínodo “não pode ser um lugar para negociar mudanças estruturais, mas um lugar para escolher a vida com vistas à conversão e ao perdão”, algo que a vigília penitencial ajudou a alcançar. No primeiro dia, foi mostrado o trabalho realizado, com uma apresentação do Cardeal Grech que ajudou a entender a necessidade de que os dez grupos de reflexão sejam oficinas da vida sinodal, nas quais se possa continuar aprendendo, convidando todos a apoiar esses grupos, aos quais todos podem enviar contribuições até julho de 2025, que serão compiladas e enviadas aos grupos pela Secretaria do Sínodo, sendo assim uma forma de trabalhar juntos como Igreja de uma maneira diferente, algo em que o Papa tem insistido desde o início, tudo no caminho para que a Igreja continue a proclamar o Evangelho, a escutar e a ser um sinal de esperança em um mundo dividido e fragmentado. No trabalho dos grupos, a novidade é a reflexão baseada no Instrumentum laboris, de modo que os melhores elementos possam emergir, em busca dos temas a serem votados pela Assembleia, e assim se tornar uma Igreja sinodal misericordiosa, na qual o Papa Francisco insiste, como Giacomo Costa destacou. Uma Igreja sinodal misericordiosa A celebração penitencial criou a atmosfera da Assembleia, afirmou Battochio, gerando uma consciência do que significa ser Igreja, consciente do pecado individual e do pecado de toda a Igreja, um pecado que é uma ferida nos relacionamentos e que leva a pensar na necessidade de misericórdia, porque o amor de Deus não se cansa e torna possível viver novos relacionamentos, em uma Igreja sinodal misericordiosa, que é assim porque é alcançada pela misericórdia de Deus. Ele também destacou o importante trabalho dos teólogos e sua ajuda na reflexão e elaboração do Instrumentum laboris, que agora facilita a compreensão teológica das contribuições individuais e dos círculos menores. Um caminho feito pouco a pouco Como uma das presidentes delegadas, Maria Dolores Palencia enfatizou a importância de os presidentes delegados terem se reunido dias antes do início da Segunda Sessão, juntamente com os facilitadores, “podendo expressar dúvidas e pequenos medos, e criar a comunidade de amizade e fraternidade, poder começar a assembleia com muita coragem e muita liberdade, sentindo que estamos fazendo esse caminho pouco a pouco, juntos, juntos”, enfatizando que não há um Documento Final pronto, mas um documento para trabalhar, aprofundar, discernir, avançar nele, levando em conta a realidade do nosso mundo, que está se tornando cada vez mais extrema. Um mundo que “é olhado com o amor de Deus, com o amor do Pai e com o nosso próprio amor”, afirmou a religiosa. Ela insistiu que “a partir desse olhar amoroso e misericordioso, devemos colocar o melhor de nós mesmos para fazer um caminho de reflexão e aprofundamento, para que possamos encontrar orientações, caminhos, formas de avançar em direção a uma experiência concreta desse modo de ser Igreja, que é a sinodalidade para a missão”. Maria Dolores Palencia insistiu que “o foco é a missão, o objetivo é a missão”, afirmando que estar na Assembleia é um presente recebido para um serviço de Igreja ao mundo. A perspectiva não é inimiga da verdade O bispo estadunidense enfatizou o fato de nos reunirmos novamente e, assim, relembrarmos as experiências do último ano, destacando o crescimento que ocorreu. O bispo Flores destacou a importância do silêncio no retiro, como um momento do qual surge a palavra, algo importante em uma Segunda Sessão que será um momento para aprofundar o silêncio como parte fundamental de tudo o que tem um estilo sinodal, que emerge da compreensão espiritual de como o mundo se manifesta. Junto com isso, ele destacou as diferentes perspectivas de apresentação da Ressurreição no Evangelho de João, realizadas pelo Padre Radcliffe no retiro. Para Dom Daniel Flores, “a perspectiva não é inimiga da verdade, é a maneira normal de agir na Igreja”. Nesse sentido, “a realidade sinodal consiste em ser consciente de que a perspectiva se aproxima do Mistério, mas a partir de contextos diferentes”, destacando a importância da escuta como forma de entender as perspectivas locais, insistindo em ouvir as vozes das pessoas, que querem se expressar a partir de sua perspectiva. Nesse sentido, afirmou que, se fosse fácil escutar, todos o faríamos, mas não é o caso, de modo que a realidade sinodal é uma escuta consciente das diferentes perspectivas, que devem ser conhecidas para se…
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Missão no ambiente digital: “Ser uma Igreja sinodal missionária e proclamar o Evangelho mais plenamente nestes tempos”

O Sínodo sobre Sinodalidade aborda o modo de ser Igreja, mas não deixa de lado questões que precisam ser tratadas com mais profundidade. Daí a criação de dez grupos de trabalho para tratar de algumas dessas questões. Um deles, o chamado Grupo 3, é responsável pela missão no ambiente digital, um tópico que apareceu com força na Primeira Sessão da Assembleia Sinodal em outubro de 2023. Discernindo as oportunidades e os desafios da cultura digital Estamos diante de “uma nova página missionária na vida da Igreja, que nos permite chegar às periferias, àqueles que estão buscando e àqueles que ficaram pelo caminho”, nas palavras de Kim Daniels, coordenadora do grupo e professora da Universidade de Georgetown. Em sua opinião, “estar presente no ambiente digital nos permite alcançar os necessitados onde eles estão e, em muitos casos, ser a primeira proclamação do Senhor àqueles que não o conhecem”, insistindo que “para ser uma Igreja sinodal missionária e proclamar o Evangelho mais plenamente nestes tempos, devemos discernir as oportunidades e os desafios apresentados por esta cultura digital”. Trata-se de conhecer melhor “as linguagens que usamos para falar às mentes e aos corações das pessoas em uma ampla diversidade de contextos, de uma forma que seja bela e acessível”. Isso está sendo buscado por especialistas de vários setores da Igreja e da academia, procurando “abordar as complexidades da missão da Igreja no ambiente digital”, seguindo um método sinodal que “enfatiza a escuta, o discernimento e a adaptação, para garantir que incorporemos uma ampla gama de perspectivas, especialmente as dos jovens, em nosso trabalho. Seguindo a estrutura delineada em nosso plano de trabalho”. Maior imersão eclesial no ambiente digital Um trabalho orientado por cinco perguntas-chave, que nos levam a descobrir como concretizar uma maior imersão eclesial no ambiente digital, a integrar essa dinâmica na rotina da Igreja e em sua relação com as jurisdições eclesiásticas, a fazer propostas práticas e a enxergar possíveis desafios. Nesses meses de trabalho, foram dados passos, coletando relatórios, esforçando-se para ouvir experiências e perspectivas, organizando grupos de trabalho, que estudam questões-chave, bem como desafios legais e éticos. Um caminho que continua e que já delineou as próximas etapas para chegar a um relatório completo. O grupo insiste que “somos chamados como uma família de fé para dar testemunho de Jesus Cristo em todas as culturas. Hoje vivemos em uma cultura digital, portanto devemos discernir a melhor maneira de alcançar essa cultura”, combinando o físico e o digital, “com o objetivo de encontrar as pessoas onde elas vivem”. Para isso, eles dizem confiar “que o Espírito Santo guiará nossa Igreja sinodal enquanto caminhamos juntos nesse caminho”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Fernández incentiva o aprofundamento do “perfil das mulheres com autoridade e poder real na Igreja” para o avanço no diaconato feminino

A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade começou cheia de intervenções, o que pressagia um trabalho árduo para os 350 membros do Sínodo, além daqueles que fazem parte das várias equipes de trabalho. Junto com a intervenção do presidente delegado do primeiro dia, Cardeal Carlos Aguiar, do Papa Francisco e do secretário do Sínodo dos Bispos, Cardeal Mario Grech, houve uma longa intervenção do relator geral, Cardeal Jean-Claude Hollerich, que conduziu os trabalhos durante boa parte da tarde, introduzindo as intervenções dos relatores dos dez grupos de trabalho criados para tratar de várias questões sobre a vida e a missão da Igreja. Discernindo juntos onde concentrar nosso olhar Hollerich partiu da premissa de que “a Segunda Sessão não é uma repetição ou mesmo uma mera continuação da Primeira Sessão, em relação à qual somos chamados a dar um passo adiante”. O cardeal luxemburguês recordou que o objetivo da Primeira Sessão era olhar nos olhos do outro, enquanto esta Segunda Sessão nos chama “a focalizar nosso olhar, ou melhor, a discernir juntos para onde direcioná-lo, indicando possíveis caminhos de crescimento pelos quais convidar as Igrejas a caminhar”. Nessa perspectiva, ele destacou que o Instrumentum laboris para a Segunda Sessão “é diferente porque nossa tarefa é diferente”. No Instrumentum Laboris para a Primeira Sessão, as perguntas eram abundantes, enquanto agora há um chamado “para dar e um convite claro para concentrar toda a nossa atenção em uma direção”. O Relator Geral enfatizou que “este não é um rascunho do Documento Final”, pois “cabe a esta Assembleia indicar onde a ênfase deve ser colocada ou sublinhada”, mas também “discutir o que precisa ser aprofundado e reformulado”. Diferenças entre o Instrumentum laboris que têm a ver com os diferentes métodos de trabalho em cada sessão, insistindo em “dar mais destaque às nossas trocas”. Um trabalho dividido em quatro módulos, lembrando também os dez Grupos de Estudo estabelecidos por decisão do Santo Padre em fevereiro, pedindo-lhes que trabalhem “de acordo com um método autenticamente sinodal”, e que ele definiu como companheiros de caminho, interlocutores e como “o primeiro fruto concreto de nosso trabalho”. O lugar das mulheres nos órgãos de tomada de decisão Hollerich explicou brevemente as várias partes do Instrumentum Laboris e suas conexões com os dez Grupos de Estudo, que têm apresentado à assembleia o trabalho realizado nos últimos meses. Entre eles, a apresentação do chamado Grupo número 5, que tratou de “Algumas questões teológicas e canônicas sobre formas ministeriais específicas”, foi particularmente notável. Em sua intervenção, o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, apresentou o trabalho do grupo, no qual se examinou em profundidade “a questão do lugar da mulher na Igreja e sua participação nos processos de tomada de decisão na orientação da comunidade”, um tema considerado muito urgente, abordando a questão do acesso das mulheres ao diaconato. Embora demonstrando que ainda não existe “uma decisão positiva do Magistério sobre o acesso das mulheres ao diaconato como grau do Sacramento da Ordem”, também não se nega a oportunidade de continuar o trabalho de aprofundamento. Nesse sentido, analisaram em profundidade “o perfil de algumas mulheres que, na história antiga e recente da Igreja, exerceram verdadeira autoridade e poder em favor da missão da Igreja”, ressaltando que “foi um ‘exercício’ de poder e autoridade de grande valor e fecundidade para a vitalidade do povo de Deus”. Redimensionando o diaconato feminino A partir daí, Tucho Fernández enfatizou que “trata-se, então, de completar uma reflexão sobre a extensão da dimensão ministerial da Igreja, à luz de sua dimensão carismática, capaz de sugerir o reconhecimento de carismas ou a instituição de serviços eclesiais, não imediatamente ligados ao poder sacramental, mas que encontram suas raízes nos sacramentos do batismo e da confirmação”, citando uma série de mulheres de vários momentos históricos, “que contribuíram de maneira significativa para a vida do Povo de Deus”, e ao mesmo tempo “ouvindo aquelas mulheres que hoje ocupam posições de liderança dentro do Povo de Deus, bem como nas Igrejas às quais pertencem”. “À luz desses belos testemunhos, a questão do acesso das mulheres ao diaconato é redimensionada, enquanto do estudo aprofundado de seu multiforme testemunho cristão pode vir aquela ajuda necessária hoje para imaginar novas formas de ministério, a fim de ‘ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja‘”, disse o cardeal argentino, lembrando a Evangelii Gaudium. Pensar na identidade sacerdotal à luz da sinodalidad Outro elemento importante é “a revisão da Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis em uma perspectiva sinodal missionária”, abordada pelo chamado grupo número 4, que foi apresentado pelo arcebispo de Madri, cardeal José Cobo, e que é, sem dúvida, uma pedra de toque para uma Igreja sinodal, dada a dificuldade que alguns clérigos têm de viver a sinodalidade. Sobre o trabalho do grupo, ele destacou “a oportunidade de refletirmos juntos, em nossa diversidade, sobre a identidade sacerdotal, e de aprendermos a pensar sobre ela e contemplá-la à luz da sinodalidade”. Com vários elementos, eles têm trabalhado em um pequeno mosaico, afirmou Cobo, emergindo “algumas considerações gerais e algumas propostas criativas, que esperamos que possam preparar o caminho para o diálogo na assembleia”. A primeira avaliação é que “a Ratio Fundamentalis está em processo de recepção, precisa de diretrizes claras e concretas para acelerar seu desenvolvimento”, propondo como metodologia “elaborar um preâmbulo que contenha as orientações desta Assembleia Sinodal sobre o ministério ordenado em uma Igreja sinodal e missionária, e diretrizes que ajudem a implementação da Ratio e seu acompanhamento em cada lugar”. O objetivo é “continuar a aprofundar a identidade do ministério ordenado em uma perspectiva sinodal missionária”, afirmando que em cada proposta ouvimos “caminhos comuns que soam ao fundo quando se fala de formação nos seminários”. Entre eles, “o fundamento do discipulado missionário como eixo da formação, a necessidade de propor e acompanhar na identidade da missão e na fidelidade a ela, a relação como forma de definir os diversos ministérios na Igreja e no próprio ministério ordenado, e a chave da comunidade…
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