“Devagar se faz luminosidade na coroa do Advento”, disse Dom Leonardo Steiner no início da homilia do II Domingo do Advento, recordando que “as velas acessas, nossos desejos, nossos propósitos, a nossa disponibilidade, crescem na medida do caminhar para o lugar do nascer de Deus: Belém! Palavra de Deus, iluminando o caminho para chegar a Belém”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “no II Domingo do Advento, Isaías e João Batista anunciam que Deus, o Salvador e Consolador, está para chegar! Por isso, sinalizam, alertam, despertam: Preparai o caminho e endireitai as estradas! Confessai vossos pecados e convertei-vos!”. Assim na leitura de Isaías destacou que “no livro da Consolação, anuncia esperança aos israelitas, reacende nos exilados o mistério da eleição divina. É anúncio, recordação, de que Deus continua amar seu povo, apesar das infidelidades e dos pecados”. Lembrando o texto, “Consolai, consolai, meu povo!”, o cardeal destacou que “a desolação havia assaltado o coração do Povo de Israel. O coração tornara-se árido e seco como o deserto. Não temem a destruição e, por isso, não percebem a ameaça da aniquilação. A aniquilação traz a desertificação das fontes criativas da vida, espalha o deserto nos corações, acaba com o alento da esperança. As fontes da esperança haviam secado, minguara o viço e o vigor de ser o povo eleito. O povo eleito estava abatido, aniquilado, tornaram-se escravos novamente”. Segundo Dom Leonardo, “o profeta a nos conduzir pelo caminho do consolo e da esperança, pois Deus oferece a salvação, o perdão. Ao caminharmos para Belém somos despertados para a proximidade de Deus. Deus envia a palavra da consolação, por meio do profeta para nosso coração às vezes desolado e atormentado, esquecido e afastado”, segundo aparece no texto. “É a consolação dita ao coração, ao âmago do ser humano, onde pulsa a cadência do existir. O profeta em nome de Deus fala ao Povo como o amado fala à amada, a mãe ao filho”, prosseguiu. Com relação a Deus, ele afirmou que “é Pai misericordioso e Pastor magnânimo, disposto a livrar o Povo mais uma vez da escravidão. Mais uma vez deseja conduzi-lo à terra da promessa. Deus deseja perdoar, Deus quer redimir seu povo amado. A primeira leitura nos convoca a sair da depressão e encoraja a erguer o ânimo e nos dispormos a trilhar o novo caminho: todo o vale será elevado! Convoca à humildade, à minoridade, à pobreza, à cruz: toda colina será rebaixada. Promete, ao mesmo tempo, que a graça do Senhor tornará fácil aquilo que parece difícil aos olhos humanos: ‘A sinuosidade será endireitada e as sendas escarpadas, suavizadas’. E o Senhor promete revelar-se em seu esplendor: A glória do Senhor se descobrirá. O homem fraco será revigorado, toda carne, todos os mortais, frágeis, verão o Senhor”, inspirando no Comentário ao Evangelho de Fernandes, M.A., e Fassini, D. O cardeal ressaltou que “a Primeira Leitura nos desperta para a vida nova, para a libertação, a salvação, nos envia ao Evangelho: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!”. Palavras que ele define como “um convite à conversão, a uma vida nova: os caminhos do Senhor, as estradas de Deus. O nome João significa ‘graça de Deus’. A graça de Deus que se faz pregação no deserto e oferece o batismo de conversão. A graça de Deus se manifesta no deserto anunciando a graça de Deus. Deserto foi o lugar do nascimento do Povo de Deus pela Aliança. Foi no deserto que Deus se manifestou e fez nascer um Povo. O deserto lugar da purificação, da escuta no silêncio e na solidão. E o rio Jordão a memorar o ingresso na terra da promessa, especialmente a passagem da libertação definitiva da escravidão egípcia. A passagem para o lugar dos eleitos e protegidos de Deus”. De João, o Batista, o cardeal disse que “é mensageiro, o anjo enviado, que hoje nos provoca a nos prepararmos para o batismo não mais da conversão, mas do Espírito. A conversão, a mudança de vida, abertura para o Espírito que transforma todas as realidades. O anjo, o mensageiro a nos colocar a caminho de Belém pelo caminho da Criança, da inocência, da purificação, da elevação: caminho do Senhor. A Graça de Deus que se faz ouvir a ‘voz’. É a Voz que clama, voz potente, que rompe a nossa surdez e chega aos que estão longe de Deus. A voz que clama no deserto, pois convoca à travessia, à liberdade, à libertação, à Terra nova, o Reino de Deus inaugurado com o nascer da Criança de Belém. Então, endireitar as estradas: da escassez de fraternidade, da penúria do amor, da indigência do perdão, da desolação da esperança”. Segundo o arcebispo, “somos convidados a trilhar novos caminhos pela conversão, o perdão dos pecados”, lembrando que “Papa Francisco nos diz que conversão significa buscar a Deus e o seu reino. Desapego das coisas mundanas e busca de Deus e do seu reino. O abandono das comodidades e da mentalidade mundana não é um fim em si mesmo, não é uma ascese somente para fazer penitência. O desapego não é um fim em si mesmo, mas visa a busca do reino de Deus, a comunhão com Deus, a amizade com Deus. A conversão é uma graça: ninguém se converte com as próprias forças. É uma graça que Deus nos dá, e, portanto, devemos pedi-la a Deus; pedir a Deus que nos converta e nos abramos à sua beleza, à sua bondade e ternura. Ele é terno, nos ama intensamente, como o bom Pastor, que procura a ovelha perdida e carrega nos ombros a machucada”, inspirado nas palavras do Papa no mesmo domingo em 2020. Daí ele fez um convite: “deixemo-nos tomar pela conversão, pela mudança de vida e a graça de Deus nos reconcilia, irmana ao chegarmos a Belém. Tudo ali na admiração da presença inefável de Deus”. O cardeal Steiner disse que “o convite de João, o Batista, ‘preparai’, ‘endireitai’ é um caminhar com os outros. Não é um caminho solitário, mas um estar com os outros, em…
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