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Dom Philip Dickmans: “Nós como batizados temos como primeira tarefa anunciar Jesus Cristo”

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro tem como tema de fundo a Missão ad Gentes. O Brasil é um país que acolheu ao longo da história muitos missionários e missionárias chegados de diferentes países. Um deles é Dom Philip Dickmans, bispo da diocese de Miracema (TO), que chegou no Brasil em 1996, fazendo assim realidade seu desejo que sempre teve de ser missionário, algo que viveu em sua família, que sempre apoio financeiramente e com a oração os missionários e missionárias belgas. Ele afirma que “é muito importante o que você recebe de seus pais, porque o que você recebe deles, você também vai viver”. Eu queria participar da missão ad gentes Sempre interessado em ouvir os missionários e missionárias, ele diz ter ficado sempre muito impressionado com a Igreja em missão na África, e antes de ser ordenado, querendo confirmar se ele tinha uma vocação diocesana ou missionária, ele fez uma experiência missionária na Ruanda, “onde consegui confirmar com toda firmeza que eu queria ser missionário”. O bispo lembrou que “a nossa Igreja na Europa, na Bélgica, sempre teve a oportunidade de ter muitas vocações, a Bélgica era um país muito católico, um país que enviou muitos missionários, e eu queria participar também dessa missão, ser um cristão, um padre ad gentes, fazer a missão”. “Nós como batizados temos como primeira tarefa anunciar Jesus Cristo”, segundo Dom Philip Dickmans, que fala sobre a realidade de uma Igreja na Europa que ia em missão. Em sua experiência missionária, ele conta que quando chegou no Brasil foi um momento de estar com o povo, conhecer o povo, relatando experiências que fizeram que ele mudasse seu jeito de pensar, seus costumes, aprendendo a gostar do que o povo gosta, aprender a língua do povo, considerando o mais importante, “estar com o povo e reconhecer Jesus Cristo no meio de nós”. Nunca se arrependeu de ser padre, de ser missionário Depois de 12 anos de padre no Brasil, 15 de bispo, e mais 6 como padre em sua terra, ele ressalta que “não teve nenhum dia na minha vida que me arrependesse de ser padre, de ser missionário”. Dom Philip Dickmans disse que “os problemas, as dificuldades, não faltam não, mas depois da pandemia, tudo é missão ad gentes, tem que recomeçar, tem que animar de novo o povo. Mas também, tem tantas coisas boas, que de vez em quando é bom para você começar de novo”. O bispo de Miracema fala de uma Igreja que voltou para trás, onde o trabalho é mais complicado, tem que animar de novo. Dom Philip Dickmans fala dos meios de comunicação que se desenvolveram tanto na pandemia, mas afirma que “o Cristo você não encontra no celular”, Reconhecendo seu papel extraordinário como meio de comunicação, que ajudou demais, “mas agora é tempo de juntar de novo o povo, porque um abraço é tão bom, uma palavra melhor ainda, dizer para outra pessoa vamos em frente, eu amo você, aí o outro fica com mais coragem”. Experiências de missão da Igreja do Brasil Com relação à missão ad gentes da Igreja do Brasil, ele disse ter conhecido duas experiências, uma em Moçambique, onde inclusive iria ser missionário da Arquidiocese de Palmas, antes de ser bispo, destacando o fervor, o ânimo com que anunciavam Cristo diante de situações e condições de vida muito miseráveis. Diante disso, o bispo insiste em que “quando se tem pouco, aí a pessoa é mais importante, o Cristo aparece mais”. A segunda experiência foi no Haiti, onde conheceu o trabalho na grande favela Vila Soleil, com uma extrema pobreza, mas lá tinha as irmãs, os padres, anunciando a Boa Nova. Ele insistiu em pedir ao povo brasileiro seriedade na questão da oração pelas vocações, e depois do 3º Ano Vocacional animar os jovens a tomar decisões a seguir o Cristo concreto. O bispo de Miracema disse que “tem dioceses que tem padres demais, e aí seria tão bom que esses irmãos abram seu coração e digam, vamos em missão, vamos deixar o comodismo e vamos em missão”. Segundo Dom Philip Dickmans, “na hora em que a gente entra nas comunidades, no meio do povo, e se deita numa rede, vai visitar os indígenas, fica atolado no meio da estrada, aí você fica sentindo o ardor fervendo no seu coração”. Uma Igreja que anuncia, que sai de si O bispo falou sobre a missão entre o clero diocesano no Brasil, lembrando que em certa ocasião falou com um dos seus bispos e disse que “mesmo que a nossa diocese tenha cinco padres, um tem que estar em missão, porque uma Igreja, ela vai para trás quando ela começa se fechar”. Ele lembrou de São Paulo, que “ficou sempre andando sabendo que os cristãos podiam seguir ele ou não, pudendo ser morto ou não, mas ele sempre foi anunciar”. Segundo Dom Philip Dickmans, “a Igreja tem que ter essa caraterística de anunciar, de sair de si”. “O Papa Francisco desde o início de seu pontificado está falando que temos que sair”, destacou o bispo. Segundo ele, “normalmente, um padre diocesano tem que ficar na sua diocese, por isso se chama de diocesano, mas foi uma carta do Papa Pio XII que convidou os bispos da Europa para enviar os padres para América Latina”, lembrando que agora os fidei donum estão no mundo inteiro. Ele fez um convite a fazer uma experiência do outro lado do oceano, a ir lá com os mais pobres, afirmando que “você vai se empobrecer por fora, mas por dentro vai ser uma riqueza que nunca para mais”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Pés a caminho: Primeiro Painel Temático aprofunda o lema do 5CMN

As irmãs Márcia Elói, da Congregação das Irmãs Nova Jerusalém, e Lúcia Weiler, da Congregação da Irmãs da Divina Providência, participaram do primeiro painel temático no 5º Congresso Missionário Nacional, esta manhã, em Manaus. O momento refletiu o lema do 5CMN: Corações ardentes, pés a caminho. Irmã Márcia iniciou sua reflexão a partir do Pentecostes e o envio do Espírito Santo aos discípulos e discípulas, ressaltando que assumir este discipulado é também assumir a unidade de espírito com convicção, em uma pertença mútua. A painelista questionou sobre a realidade das comunidades da Igreja no Brasil: “Nossas comunidades são lugares de acolhida e de escuta? Realmente fazemos a experiência de pertença e acolhimento em nossas comunidades, a partir da experiência do próprio Cristo?”, perguntou ir. Márcia. A religiosa seguiu provocando os congressistas sobre como estamos permitindo que o Espírito Santo aja em nós e ressaltou que a experiência com o Espírito deve nos inspirar a viver um estilo de vida que não nos fecha em uma intimidade cômoda, mas nos torna pessoas generosas, criativas, felizes e comprometidas com as demandas da realidade. Segundo ela, é preciso estarmos “conscientes de nossa identidade cristã e de nossa missão no mundo: ser testemunhas do amor de Deus em Jesus, criando espaços de acolhida, escuta e comunhão que proporcionem o encontro fecundo com o Cristo ressuscitado no caminho da vida”. A Igreja com a presença da mulher fica mais fecunda O painel seguiu com a fala da ir. Lúcia Weiler, que refletiu os corações ardentes e os pés a caminho especialmente a partir da perspectiva feminina, apresentando a mística das mulheres da aurora, aquelas que não arredam o pé – como Maria Madalena – até que encontrem notícias do seu Senhor. Para Lúcia, são assim porque “seus corações ardem de amor, solidariedade e compaixão”. Durante sua exposição, a religiosa enfatizou que não pode haver alguém que legitime ou não o testemunho das mulheres: “Nós temos uma vocação batismal. Diante de Deus nós temos que ser incluídas e a Igreja é de todas e todos”, afirmou. Irmã Lúcia apresentou o testemunho bíblico de mulheres missionárias e realçou especialmente o pedido de cuidado das viúvas a Pedro, lideradas por Tabita; as mulheres precursoras na fundação das comunidades cristãs – lideradas por Lidia; as mulheres colaboradoras na formação cristã, como Loide e Eunice, avó e mãe de Timóteo; e, por fim, Priscila, precursora na formação dos discípulos. Para concluir sua fala, a teóloga conclamou: “Valorizem a formação que vem através das mulheres” e, às mulheres, alertou: “É importante não ficarmos presas aquilo que nos retira, mas nos incluirmos e incluirmos outras e outros. A Igreja com a presença da mulher fica mais fecunda”. Victória Holzbach, assessora de comunicação CNBB Sul3

Mons. Zenildo Lima: “Só o fato de ter representantes de diferentes segmentos eclesiais não garante a sinodalidade”

Foto: Victória Holzbach O Documento Final do Sínodo para a Amazônia, surgido da Assembleia Sinodal realizada em Roma em outubro de 2019, tem entre as 157 proposta a criação de um organismo episcopal que ajudasse a concretizar e articular na realidade amazônica as decisões do Sínodo, recolhidas nesse documento e na Exortação Pós-sinodal Querida Amazônia. Por indicação do Papa Francisco, esse organismo episcopal se concretizou em uma Conferência Eclesial, uma novidade na vida da Igreja. Novos caminhos de missão evangelizadora A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) foi apresentada no 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, por Mons. Zenildo Lima, que será ordenado bispo e assumirá a missão de bispo auxiliar de Manaus, na missa de encerramento do Congresso. Esse é um exemplo de novos caminhos de missão evangelizadora, que nos levar a sermos conscientes de que não é para fazer a mesma coisa. O vice-presidente da CEAMA disse que ela “está destinada a promover a sinodalidade e a pastoral de conjunto entre as Igrejas do território, fomentar a interculturalidade da fé, ajudar a delinear o rosto amazônico da Igreja e propiciar a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora incorporando a proposta da ecologia integral e afiançando assim a fisionomia da Igreja na região”. A Conferência Eclesial da Amazônia teve seus Estatutos aprovados pelo Papa Francisco. Assembleia presencial em Manaus O bispo auxiliar eleito da Arquidiocese de Manaus lembrou da Assembleia da CEAMA, a primeira presencial, realizada em Manaus no último mês de agosto, uma oportunidade para “dar mais valor e legitimidade ao Estatuto e andamento desta conferência que está engatinhando”, afirmou. Ele lembrou que cada conferência episcopal escolheu cinco representantes para compor a CEAMA, dois no caso do Brasil. São representantes do episcopado, do clero, da vida religiosa, do laicato e dos povos originários. Mons. Zenildo Lima ressaltou que “só o fato de ter representantes de diferentes segmentos eclesiais não garante a sinodalidade”. Uma Conferência Eclesial dividida em núcleos temáticos, que querem ser novos caminhos da pastoral eclesial amazônica para uma ecologia integral. Mons. Zenildo Lima explicitou esses núcleos, divididos em três eixos: cultura, que abrange saúde intercultural, ritos amazônicos, inculturação da Amazônia e diálogo intercultural; ministerialidade e sacramentalidade, que tem a ver com ministerialidade e ministérios, também para as mulheres, comunidade celebrante, sacramentos e centralidade da Eucaristia, formação de ministérios eclesiais: seminaristas, diaconato permanente; e educação, que se concretiza no Programa Universitário da Amazônia e a Rede de Educação Intercultural Bilíngue (REIBA). Um caminho em comum e complementário, segundo recolhe o vídeo realizado de maneira conjunta e apresentado aos participantes do Congresso, com a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), oficializada em 2014 e que teve um papel fundamental no processo do Sínodo para a Amazônia, e que tem no acompanhamento dos povos amazônicos e na defesa da casa comum os elementos marcantes em seu caminho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Zuleica Silvano: O Caminho de Emaús, entender que “o plano de Deus tem outra lógica”

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro tem como fundamento a passagem dos discípulos de Emaus: “Corações ardentes, pés a caminho”, extraído de Lc 24,13-35. Um texto que foi analisado pela Ir. Zuleica Aparecida Silvano desde seu contexto e desde as aportações para o tema do Congresso. O destino do anúncio é universal A religiosa paulina destacou a importância da escuta, “uma característica do povo de Israel, pois Deus escuta o clamor do povo e vem para resgatá-lo”, insistindo na necessidade de entender que “a escuta atenta da realidade e o modo cristão de agir, como um estilo de vida (o caminho), ambos apontam para uma dinâmica, um movimento”. Um relato que “explica onde está Jesus ressuscitado, que parece ausente na vida cotidiana, e ressalta que o destino do anúncio não é só o interior da própria comunidade mas é universal”. Um texto que ressalta “a transmissão do querigma; a experiência da convivência comunitária como lugar que alimenta a fé, fortalece a esperança, e envia pessoas até os confins da terra, para anunciar a palavra salvadora a todos e todas; e que se expressa no amor, na solidariedade, na irmandade. Tudo isso se dá no caminho e num processo de escuta e diálogo recíproco”, segundo a Ir. Zuleica Silvano. Superar as expectativas limitadas A partir de algumas perguntas presentes na comunidade lucana, destacou o dia da ressurreição, os efeitos da ressurreição na vida das pessoas. Dois discípulos, Cléofas, que pode ser de um gentio que aderiu ao judaísmo, ou de um judeu residente em Emaús, e um outro anónimo, que “pode ser qualquer um ou uma de nós”, que são “pessoas que percebem o fim de suas esperanças”, segundo a religiosa. Eles esperavam que “Jesus se adequasse às suas expectativas limitadas”, dado que “não era fácil pensar no messias crucificado”, pois “os discípulos tinham apostado tudo no projeto de Jesus e no Reino anunciado por ele”. No texto, a doutora em Teologia Bíblica, insiste em que não é um caminhar e sim um fugir, onde Jesus entra, se coloca a caminho, e mesmo sem ser reconhecido inicia um diálogo, há um encontro. Os discipulos relatam os fatos acontecidos, citam o querigma, mas eles não acreditam no anúncio das mulheres que Jesus está vivo. É a partir da escuta e o diálogo, da inclusão do estranho, que eles vão descobrindo Jesus, o que demostra a importância da “disposição de escutar o desconhecido, sem preconceito, crítica, arrogância ou rejeição”, enfatizou a assessora. Um Messias frágil, humilde, impotente “Após escutar os lamentos que vem das feridas expostas, o ‘peregrino desconhecido’ apresenta a palavra da salvação vinda do próprio Deus”, segundo a religiosa paulina. Segundo ela, “os fatos vividos são compreensíveis só quando confrontados com a única fonte: o Ressuscitado”, quando se entra “na lógica de Deus”, quando se assume que “Deus conduz a história”, quando se assume “um Messias frágil, humilde, impotente, o Filho de Deus Crucificado, sofredor, mas profundamente amante. Um Deus que opta pela vulnerabilidade, pela pequenez, e convida os discípulos e discípulas a fazer da kénosis (evaziamento) um estilo de vida, que chama a se colocarem entre os últimos, sem poder ou prestígio e deixar-se conduzir pelo caminho da cruz e da ressurreição”. Dois discípulos que aceitam ser confrontados, por um “peregrino desconhecido”, segundo a religiosa, que destacou a importância da abertura para a novidade. Um diálogo que “lança luzes sobre o passado e mantém a esperança no futuro, porque cria comunhão no presente”, e que demanda “dispor-nos a escutar o mundo, uns aos outros e a nós mesmos”, pois, segundo a religiosa, “escutar é uma grande necessidade do ser humano, mas é algo exigente”. Um Deus que fala e escuta Refeltindo sobre a importância da escuta, na Bíblia, que “está ligada à relação dialógica entre Deus e a humanidade, um Deus que fala e escuta”, a religiosa afirmou que “todo diálogo supõe assumir o risco de estar juntos, de ‘deixar-se afetar’, que não é um mero comover-se, mas é acolher a diversidade do outro”, é “permitir que adentrem em seu interior as vivências do outro”. Tendo em conta o atual caminhar da Igreja, a Ir. Zuleica Silvano disse que “o processo sinodal permite dizer que diálogo, escuta e sinodalidade são inseparáveis, pois se sinodalidade é caminhar juntos, escutar e dialogar consiste em pensar juntos”, definindo o caminhar juntos como “lugar teológico”. Um dialogar que leva a um novo olhar, a reler a história, a nos abrirmos a horizontes inesperados, superando “pequenas certezas”, entender que “o plano de Deus tem outra lógica”. A consequência disso é “o entrar em comunhão, o permanecer, o não ter pressa na convivência”, expressado no sentar-se à mesa, e alí descobrir Jesus “nas realidades simples da vida de cada dia”, no partir o pão. Isso faz arder o coração, mostrando que “a realidade é dura, mas só a suportaremos se nos deixarmos afetar pela Palavra Encarnada que é Jesus e nos deixarmos amar por ele”, destacou a religiosa paulina. Um Deus encarnado nas periferias A biblista resaltou os três movimentos de Deus presentes na Escritura: o descer, o ir ao encontro e o caminhar com a humanidade. Igualmente destacou algumas atitudes: o reconhecimento do “outro”, uma relação intensa, uma comunicação autêntica que se estabelece na vulnerabilidade comum. Finalmente, a Ir. Zuleica Silvano destacou que “a relação das promessas da Escritura com a missão universal não é fácil de compreender, só Jesus e o Espírito podem ajudar os discípulos e discípulas a entenderem tamanha grandeza”. Isso porque “o objetivo da missão das comunidades em Lucas não é ficar em suas fronteiras, mas levar a salvação do Filho de Deus Encarnado até as extremidades da terra, e de forma especial para as periferias”, sempre presentes no pensamento do Papa Francisco, que nos leva a “entrar em espaços desconhecidos, peregrinar no mundo dos outros, desbravar novos caminhos e abrir novos horizontes”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Sessão solene marca abertura do 5º Congresso Missionário Nacional

Manaus é casa de centenas de missionários e missionárias de todo o Brasil a partir deste dia 10 de novembro. O 5º Congresso Missionário Nacional, que se estende até o dia 15 na capital do Amazonas, é inspirado pelo tema “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e lema o “Corações ardentes, pés a caminho”. A sessão solene de abertura marcou a abertura do congresso na noite desta sexta-feira. O momento iniciou com uma apresentação do pe. Antonio Niemiec, secretário nacional da Pontifícia União Missionária, que realizou uma retomada de como chegamos até este Congresso e do quanto a compressão da Igreja sobre a missão evoluiu e se transformou, especialmente nos últimos 50 anos. A acolhida do anfitrião O Cardeal Arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, iniciou a sessão com a lembrança de dom Sérgio Castriani, arcebispo emérito de Manaus e falecido em março de 2021. Dom Leonardo acolheu os presentes, lembrando que nas terras amazônicas passaram muitos missionários que deixaram o gosto e o sabor da missionariedade. “Eles não teriam suportado o peso das dificuldades se não fosse o coração ardente na fé em Jesus”, pontou o cardeal. O arcebispo da arquidiocese anfitriã ainda desejou que cada participante do Congresso seja bem-vindo às comunidades e famílias manauaras. “Participem conosco da alegria de sermos anunciadores de um novo modo de vida”, convidou. Toda a Igreja é missionária Durante o momento, também participaram da mesa o Presidente da CNBB, dom Jaime Spengler; o Vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), mons. Zenildo Lima; e o Presidente da Comissão para a Ação Missionária e cooperação intereclesial, dom Maurício da Silva Jardim. O bispo de Rondonópolis e Guiratinga ressaltou que as contribuições deste Congresso Missionário Nacional serão fundamentais para a continuidade e para a atualização do Programa Missionário Nacional, lançado em 2019. A representante da CRB Nacional, ir. Rosa Diaz, apresentou a mensagem da Conferência dos Religiosos do Brasil para o Congresso e salientou primeiramente que toda a Igreja é missionária. Ir. Rosa, que é missionária mexicana no Brasil, frisou: “Pedimos ao Senhor a graça de uma profunda conversão para podermos nos colocar em estado permanente de missão. Que estes dias sejam momentos de renovação da esperança e de busca do fortalecimento dos laços de comunhão, para voltarmos às nossas comunidades com renovado ardor missionário”. Por fim, também participou da sessão de abertura a Secretária Geral da Pontifícia Obra da Santa Infância, ir. Roberta Tremarelli, vinda diretamente de Roma para o Congresso. A religiosa convidou a cada participante para despertar e encorajar todos os batizados. “Se somos católicos, somos universais e nosso horizonte é aberto e vasto”, afirmou ir. Roberta. A missão: existe algo de mais belo sobre a terra? A pergunta foi provocada pela Diretora das POM, ir. Regina da Costa Pedro, que seguiu com a sessão de abertura do 5CMN. “Que não deixemos esmorecer aquilo que estes dias vão nos comunicar”, ressaltou Ir. Regina. Ela ainda lembrou o esforço de dezenas de pessoas que tornaram possível a realização deste Congresso Missionário Nacional. A Diretora das Pontifícias Obras Missionárias apresentou o 5º CMN, relembrando a construção, as esperanças, intenções e o objetivo geral do congresso: impulsionar a missão ad gentes das Igrejas particulares, até os confins do mundo, numa caminhada sinodal e na escuta do Espírito Santo, avançando no processo de uma verdadeira conversão missionária de nossas comunidades eclesiais, em vista da Missão da Igreja que é evangelizar. Irmã Regina também detalhou a metodologia do congresso, explicando o processo é iluminado pela narração dos discípulos de Emaús. “Teremos assim o dia do caminho, dedicado a escutar; o dia do encontro, dedicado ao iluminar; o dia da partilha, dedicado ao comungar; e o dia do testemunho, dedicado ao anunciar”, explanou. Depois de retomar alguns pontos da programação prevista para estes dias, ela ressaltou que “mais do que tudo, teremos a participação viva de cada um e cada uma de vocês, nesse momento único de encontro, partilha, oração e celebração”. Por fim, depois de convidar todos e todas participantes a rezarem a oração do Congresso, declarou aberto o 5º Congresso Missionário Nacional. Siga acompanhando o Congresso A programação do 5CMN continua até o dia 15 em Manaus. Lembre-se que você pode acompanhar as Conferências a cada manhã, desde sábado (11) até terça (14), no Canal do youtube das Pontifícias Obras Missionária – @PomBrasil. Também pelo Instagram e Facebook, você confere as notícias e toda a cobertura fotográfica do Congresso. Victória Holzbach, assessora de comunicação CNBB Sul3

Dom Jaime Spengler no 5º CMN: “Quando o coração arde, os pés ganham asas”

Em um país que é uma mistura de raças e culturas, a Igreja do Brasil anuncia o Evangelho de diferentes modos. Uma Igreja que aos poucos vai assumindo a Missão ad Gentes, devolvendo à Igreja universal os frutos do tempo em que missionários e missionárias chegados ao Brasil foram plantando a semente do Evangelho. Missão ad Gentes Essa dimensão missionária ad gentes podemos dizer que é o elemento fundamental do 5º Congresso Missionário Nacional que se realiza em Manaus de 10 a 15 de novembro e que teve sua abertura na tarde desta sexta-feira 10 de novembro com uma Eucaristia presidida por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre y presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Acolhidos pelo Cardeal Leonardo Steiner, os 800 participantes do Congresso receberam as “boas-vindas a nossa querida Arquidiocese de Manaus, boas-vindas a nossa querida Amazônia, bem-vindos, bem-vindas a nosso 5º Congresso Missionário Nacional”, destacando o esforço realizado pelas diferentes equipes para acolhê-los bem. Isso para que “nos nossos corações possa arder o desejo missionário e os nossos pés alegremente se coloquem cada vez mais a caminho”. O arcebispo local agradeceu aos participantes por terem vindo, por estar aqui. O que fazer? Os participantes foram questionados por Dom Jaime Spengler a se perguntar sobre o que fazer, uma pergunta que se faz o administrador da parábola do Evangelho do dia e que deve ser feita diante dos desafios com os quais nos vemos confrontados na evangelização, na missão. Ele insistiu em que Jesus elogia a esperteza do administrador, não elogia a desonestidade, mas a esperteza em aproveitar a ocasião. Algo que somos chamados a fazer como discípulos e discípulas em um mundo marcado por desigualdades e contradições. Analisando as leituras destacou a anúncio do querigma, nas palavras de Pedro e o chamado de Paulo a anunciar com bondade e ciência o que Cristo realizou. Segundo o arcebispo de Porto Alegre, Jesus nos envia, “ide anunciar o Evangelho da vida”, ressaltando com as palavras de São Paulo VI que o ser humano hoje ouvi com muita mais atenção as testemunhas do que os mestres. O amor por Cristo consome quem se sente tocado O presidente da CNBB afirmou que somos enviados para anunciar o Evangelho, a todos, em uma missão a ser assumida por todos os batizados e batizadas, dado que “o ser discípulos de Jesus nos torna missionários e missionárias”, insistiu. Segundo o arcebispo, “quando o coração arde, os pés ganham asas, o amor por Cristo consome quem se sente tocado, atingido, amado, que decide formar outros”. Ele enfatizou que não vendemos um produto, temos uma vida divina para anunciar, testemunhamos a Jesus que nos amou primeiro. Algo a ser realizado sempre, em toda parte, sermos testemunhas no jeito de ser, de conviver, que ilumina nossas decisões, escolhas, em um mundo em constantes transformações, chamados a renovar tudo para avançar, para olhar para frente, segundo Dom Jaime Spengler que afirmando que alguns querem andar para trás, fez um chamado a renovar-se, algo que requer conversão, uma forma nova anunciar a Jesus, de seu modo de acolher a todos e se fazer próximos, fazer nosso o jeitos de ser e viver de Jesus. Um Jesus que não é uma ideologia, e sim uma pessoa, definindo o Evangelho como proposta de vida e ressaltando que as pessoas com quem nos encontramos, não são um número, são pessoas que tem uma identidade, um rosto, pois em toda pessoa se formam traços do rosto amado do Pai. Mensagem do Papa Francisco Uma celebração que concluiu com a leitura da mensagem do Papa Francisco, que lembrou que “a Igreja local não deve fechar-se em si mesma, em suas fronteiras geográficas e culturais, mas é chamada a partir para os ‘confins do mundo’, levando a mensagem de Cristo a outras terras, evangelizando novas culturas”, e que, seguindo o tema do Congresso, “é necessário permitir que Jesus caminhe conosco, deixar que Ele trilhe junto de nós a estrada da nossa vida”. Ele um pedido aos participantes: “não deixeis esmorecer o ardor, que certamente experimentareis durante o Congresso”, ressaltando o fato de que “esse Congresso se realize no centro da querida Amazônia, sempre presente em minhas orações e em meu coração”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa Francisco ao 5º CMN: A Igreja local é chamada a levar a mensagem de Cristo a outras terras

Como exemplo de que “ecoa fortemente na Igreja peregrina em terras brasileiras o mandato evangélico do Senhor: ‘Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura’ (Mc 16,15)”, vê o Papa Francisco a realização do 5º Congresso Missionário Nacional que se realiza em Manaus de 10 a 15 de novembro. A Igreja não deve fechar-se em si mesma Em uma mensagem dirigida aos participantes, o Santo Padre destaca que “o tema inspirador do vosso encontro recorda justamente que a Igreja local não deve fechar-se em si mesma, em suas fronteiras geográficas e culturais, mas é chamada a partir para os ‘confins do mundo’, levando a mensagem de Cristo a outras terras, evangelizando novas culturas”. Com relação ao tema, cuja escolha produz alegria no Papa, ele insiste em que: “Corações ardentes, pés a caminho”, evoca o “encontro do Senhor Ressuscitado com os discípulos que iam a caminho de Emaús, onde podemos contemplar um modelo de ação evangelizadora”. Segundo o pontífice, “é necessário permitir que Jesus caminhe conosco, deixar que Ele trilhe junto de nós a estrada da nossa vida”, algo que considera um primeiro passo. Em um segundo momento, o Papa Francisco insiste “estar atentos enquanto nos explica as Escrituras, para sentir o coração arder ao escutarmos as suas palavras”. Finalmente, ele destaca a necessidade de “reconhecê-Lo ao ‘partir o pão’, fazendo do encontro com o Senhor, presente na Eucaristia, a fonte do nosso entusiasmo pela missão e da nossa comunhão eclesial”. Não deixeis esmorecer o ardor missionário Diante disso, O Santo Padre manifestou o desejo de que “as Igrejas locais desse imenso Brasil, com o coração ardente pela paixão de evangelizar, ponham os pés a caminho, proclamando alegremente a todos os povos o Cristo Ressuscitado”, destacando um pedido a que “não deixeis esmorecer o ardor, que certamente experimentareis durante o Congresso”. O Papa Francisco se congratula “com as dioceses brasileiras que assumem o mandato missionário e ultrapassam barreiras territoriais lançando seu olhar aos confins do mundo”. Ele destacou os “belos testemunhos de missionários e missionárias que, partindo dessa querida nação, anunciam a Boa Nova em outros países, em outras culturas!”. São missionários e missionárias que “encontram-se nos lugares e continentes mais distantes, muitas vezes em situações desafiadoras, diante de uma humanidade ferida a causa de uma cultura que descarta os mais fragilizados”, ressaltou, e que mesmo diante de tantos obstáculos, “dão um sentido belo e verdadeiro às suas existências”. No coração da querida Amazônia Igualmente, o Papa Francisco destacou como significativo que “esse Congresso se realize no centro da querida Amazônia, sempre presente em minhas orações e em meu coração”. Ele insistiu que “a fé cristã chegou a essas terras como fruto do ardor missionário de homens e mulheres destemidos”. Um anúncio que tem como fruto que “o encanto pela Boa Nova que os alcançou não vos deixa acomodados em uma Igreja fechada em si mesma e amedrontada, mas vos impulsiona com a força do Espírito Santo para ir além-fronteiras”. Pedindo a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, o Papa Francisco concedeu aos participantes do 5º Congresso Missionário Nacional sua benção, pedindo, como ele sempre faz, “que não se esqueçam de rezar por mim e pela missão que também eu recebi”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

5º Congresso Missionário Nacional: Um compromisso mais efetivo com a missão da Igreja

A missão é fundamento da vida da Igreja, nascida para anunciar o Evangelho a todos os povos. Daí o chamado que, inspirado no primeiro envio, está fazendo o 5º Congresso Missionário Nacional, que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, onde estarão presentes 800 pessoas, bispos, presbitérios, religiosas e religiosos, leigas e leigos, chegados de todos os cantos do Brasil: “Ide da Igreja local até os confins do mundo”. Em um país onde a presença de missionários e missionárias ad gentes sempre foi destacada, quer se introduzir na vida das igrejas locais o chamado à missão ad gentes, revitalizando “a identidade missionária e o desejo de um compromisso mais efetivo e cooperação mais generosa com a missão da Igreja”, segundo afirmar a apresentação do texto-base do Congresso, que é preparação para o 6º Congresso Missionário Americano (CAM 6), que será realizado em Ponce (Puerto Rico), de 17 a 24 de novembro de 2024, com o tema: “Evangelizadores com Espírito até os confins da terra”. Mais ou menos 90 dos participantes do 5º Congresso Missionário Nacional já estão em Manaus desde dia 04 de novembro, em que começou a Semana Missionária, um tempo em que esses missionários e missionárias conheceram uma realidade social e eclesial completamente desconhecida para muitos deles, descobrindo as dificuldades cotidianas de um povo que está sofrendo as consequências da devastação da Amazônia, algo que neste ano tem dado a cara com uma seca histórica e uma intensa fumaça que atinge a vida do povo, inclusive com cancelamento de alguns dos vôs onde deveriam chegar quem participa do Congresso. Ao longo de cinco dias, a reflexão em torno à missão, algo que terá início com a missa de abertura, presidida por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e a Sessão Solene de Abertura, partirá do escutar, do caminho, da formação missionária; continuará com o iluminar, desde a dinâmica do encontro, em vista do compromisso social e profético; a partilha, o comungar, querendo assim refletir sobre a missão ad gentes; finalizando com o anunciar, o testemunho, em vista da animação missionária. Serão realizadas conferências temáticas, buscando assim uma reflexão bíblico-teológica que ajude a fundamentar a importância da missão na Igreja, painéis temáticos e grupos temáticos. Também haverá atividades tanto em nível geral, como nas paróquias e áreas missionárias onde os participantes do Congresso estão hospedados nas famílias. Um Congresso Missionário que será encerrado com um momento importante para a Igreja local de Manaus, a ordenação episcopal de Mons. Zenildo Lima, que nascido e criado na Amazônia e em sua Igreja, agora assume uma nova missão, ser bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus. Se trata de concretizar o que é hoje a missão da Igreja, a responsabilidade das igrejas locais em vista de partilhar o trabalho evangelizador da Igreja universal. Descobrir na Igreja da Amazônia, que assumiu o chamado missionário como algo próprio em Santarém 1972, e que renovou essa chamado Sínodo para a Amazônia em 2019 e com a celebração dos 50 anos de Santarém em 2022. Uma Igreja que da Amazônia quer chegar nos confins do mundo, movida por corações ardentes que com uma forte espiritualidade missionária quer colocar os pés a caminho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Família de Tefé participou do encontro do Papa Francisco com crianças dos 5 continentes

Na última segunda-feira 06 de novembro, o Papa Francisco recebeu na Aula Paulo VI do Vaticano 7.500 crianças dos cinco continentes em um encontro que tinha por nome “Aprendamos com os meninos e meninas”. Foi um momento de música, canto, jogos, e perguntas e respostas de alguns meninos e meninas de diversos países com o Pontífice. Entre os presentes estava uma família de Tefé, uma mãe com três filhos, acompanhados por frei Antônio Maria, da paróquia de Santo Antônio, Prelazia de Tefé, que faz parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, saíram do interior do Amazonas e depois de uma longa viagem participaram de um encontro que o Franciscano Conventual define como “uma iniciativa nobre e feliz”. Segundo o religioso, o Santo Padre, “desejou se encontrar com as crianças do mundo inteiro para rezar pela paz e fazer um apelo ao cuidado com a Casa Comum. Olhando as crianças como um grande sinal de esperança nesse tempo difícil em que se encontra a humanidade”. Frei Antônio Maria insiste em que “o Papa fez questão de que em meio a essas crianças estivessem crianças da Amazônia”. A família é originária de uma comunidade ribeirinha e hoje vive na estrada da Emade, km 10, em uma comunidade chama Boa Vontade onde se encontra a capela de Santo Expedito, comunidade da qual, dona Francisca, e seus três filhos, Olga, Jadson e Stefane fazem parte. O que tem sido vivenciado ao longo da viagem, da visita ao Vaticano e no encontro com o Papa Francisco tem sido todos eles “um grande momento de alegria e emoção!”, ressalta o religioso Franciscano Conventual. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mons. Hudson Ribeiro: “Eu sempre peço a Jesus Cristo que eu não perca a fidelidade àqueles que são os preferidos do Reino”

No dia 8 de novembro o padre Hudson Ribeiro foi nomeado bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus pelo Papa Francisco, algo que está vivenciando como “uma mistura de emoções”, se sentindo “dentro de um processo de esvaziamento para a entrega, esvaziamento de um tempo de resistência, de dizer não, de não querer”. Ele reconhece que diante de propostas similares em outros momentos, “não me sentia chamado, nem tampouco apto para isso”. Não estou no controle Mas agora, “com 24 anos de padre, com um maior conhecimento do chão, resolvido com algumas questões pessoais, da vida, sobretudo na conceição de liberdade, de autonomia. mas acima de tudo de serviço e de entrega, o aspecto da insegurança, do medo e de não saber o que vai acontecer para frente, porque é uma proposta, eles encontram amparo na acolhida do meu coração, porque isso vai me mostrar que eu não estou no controle da coisa”, insistiu o padre Hudson Ribeiro. Uma situação que olha desde o abandono, a confiança, a entrega, como caminho para ir adiante. Destacando que Deus lhe chamou, que não foi ele que quis, diz acreditar que o Espírito Santo conduz a Igreja, e que quando a Igreja chama é Deus que o faz. Algo que o bispo auxiliar eleito vê como paradoxal, como algo que está sempre em movimento, o que se concretizou no fato daqueles que foram consultados ter acreditado, e que faz com que “aí no existe a possibilidade para o não”, dado que o sim, ele é confirmado dentro dessa comunhão, do fato de estar inserido na Igreja, com o povo, na fidelidade à proposta do Evangelho. Um sim que vai devagarzinho se dizendo, em pedaços. Isso leva a Mons. Hudson Ribeiro a refletir sobre o aspecto transcendente de todo sim ou de todo não, onde ele vislumbra o aspecto do abandono, da entrega, para compreender esse grande Mistério do Amor de Deus que te chama pela Igreja a servir o povo. Trabalho pastoral e dimensão académica O bispo auxiliar eleito sempre conjugou o trabalho pastoral e a dimensão académica, e ele reflete sobre a vocação que Deus lhe chamou desde um tripé, “que tem me feito bem a não perder o norte”. Ele coloca como primeira opção o povo de Deus, “sobretudo as pessoas mais sofridas, os mais empobrecidos, que tem sido uma alerta para eu querer estudar, eu querer pesquisar, para querer me aprimorar academicamente para poder melhor servir, e assim poder dar um sim mais qualificado a Jesus, que está dentro desse tripé, com o povo, Jesus Cristo e a Igreja”, insistindo em que não são colocados de forma hierárquica. Mons. Hudson Ribeiro destaca em que “eu sempre peço a Jesus Cristo que eu não perca a fidelidade àqueles que são os preferidos do Reino”, algo que diz pensar, rezar, estudar, se esforçar para que essa resposta chegue na pesquisa, no estudo, na Academia, nos grupos que se envolve. Tudo isso em vista de “poder dialogar com a sociedade, dialogar com a cultura, dialogar com gente que crê, com quem não crê, gente que desperta de outro modo a capacidade para fazer o bem e para as realidades de sofrimento, de vulnerabilidade”. Dizendo acreditar que a qualificação, o estudo, não é tudo, ele destaca que “ela abre muitas chaves para a leitura e para outros encontros, para partir para outros palcos, para outros areópagos, para outros cenários, para águas más profundas, para outras margens, e ver que para problemas tão complexos que a humanidade vive hoje, é preciso preparo”, ressaltando que “a formação, ela é extremamente necessária para isso”. O estudo como único caminho para sair da pobreza Um campo que Mons. Hudson Ribeiro não quer abandonar, pois sente que “Deus me chamou para isso”, destacando que “venho de uma família onde o estudo mudou, transformou nossas vidas, a vida da minha família, dos meus irmãos”. Ele relata a realidade de “uma família muito carente de muitas coisas…, minha mãe mal escreve o nome, mas minha mãe incentivou a gente a estudar, a querer estudar”. Nesse sentido, afirma que “desde criança eu entendi que romper uma situação nossa de sofrimento, de pobreza, de ausência de um monte de coisas, o estudo era o único caminho que a gente tinha”. Nascido em Parintins, interior do Amazonas, ele migrou sendo criança com sua família numerosa, são oito irmãos vivos dos 14 nascidos, para Manaus, reconhecendo que “a Igreja deu esse sustento, a comunidade deu esse sustento todo, e olhar para minha irmã Nazaré que estudava, era minha referência de estudo”. Foi no estudo que foi se dando conta que conseguiu “um outro olhar da vida, o mundo”, e foi percebendo “que era possível chegar um pouco mais perto das pessoas, poderia ser feito outras leituras e aí eu achei que isso não poderia mais voltar atrás”. Uma faculdade com grande potencial Com relação à Faculdade Católica do Amazonas, onde ele é diretor, o bispo auxiliar eleito diz que “ela pode ser uma grande referência, um grande potencial de ajuda na formação dos leigos, ajuda na formação dos futuros padres, ajuda na formação de outras lideranças, pontes e conexões com outras instituições, diante de tantos problemas, de tantos desafios que vive o povo, que vive a Amazônia, e que desafia à Igreja a ser voz, ser vez, a poder apontar caminhos, ser sinal do Amor de Deus transformador onde quer que estejamos”. Afirmando a necessidade de demostrar teimosia, atrevimento, garra, ele diz estar convencido da necessidade da formação, vendo isso como algo que provocaria mudanças no mundo e nos modelos de evangelização. Um convencimento que pode ser “uma grande ilusão de algo que você não está preparado”, mas onde “você não encontra algo palpável para se sustentar”, denunciando que “as pessoas, elas são muito enganadas com muitas propostas ruins, de gente que fala bonito, mas que às vezes não tem sustento naquilo que falam”. Conteúdo e convicção Nesse sentido, ele se refere a “certos modelos de padres, de pastores, de gente religiosa, que a gente…
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