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Cardeal Steiner: “A bem-aventurança como caminho, como um caminhar juntos!”

No 6º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “Jesus desce da montanha e se encontra com a multidão na planície! Monte, subida, encontro; montanha lugar da fonte, pois lugar do encontro. Encontro com o Pai. Jesus após ter desfrutado do convívio com o Pai, no alto da montanha, sente-se impelido diante da multidão que o procura a anunciar a bem-aventurança. A bem-aventurança como caminho, como um caminhar juntos! Ele veio ao mundo para transmitir a todos que todos são bem-amados, todos são o bem querer do Pai e, por isso, bem-aventurados.” “O Evangelho a nos propor quatro bem-aventuranças e quatro ‘ais’. Bem-aventurados os pobres, bem-aventurados os que tem fome, bem-aventurados os que choram, bem-aventurados quando odiados e perseguidos. Ai de vós ricos, ai de vós os fartos, ai de vós sorridentes, ai de vós elogiados”, lembrou o arcebispo, que questionou: “o que Jesus está a nos ensinar com os ‘ais’ e com as bem-aventuranças?” O cardeal Steiner recordou que “bem-aventurados é a tradução da palavra hebraica ashrei, mas que poderia ser traduzido por a caminho, permanecer a caminho, perseverar no caminhar. No caminhar, no perseverar ser transformados, fazer a aventura da pobreza, da fome, do sofrer-chorar, do ódio da perseguição; ser bem-aventurados. É um movimento da existência humana, o caminhar na fé. Em caminhar, o estar a caminho, seria um horizonte, pois estamos caminhando, atravessando o vale da existência. Jamais parar, retroceder. A caminho os humilhados, a caminho os famintos, a caminho quando odiados, exilados, difamados. Na pobreza, na humilhação, na fome, na dor, no lamento, no choro, no desprezo, diante do sofrimento, caminhar; no quase parar, dar mais um passo. Em todos os momentos guiados, iluminados pela esperança que o ensinamento de Jesus concede. Sim, pois a esperança não decepciona.” Segundo o arcebispo de Manaus, “quando tivermos percorrido todos os caminhos, quando tivermos perseverado em todas as labutas, quando tivermos ultrapassado os desânimos, somos bem-aventurados. Ser bem-aventurado, não está no começo do caminho, mas nos tornamos bem-aventurados, nos per-fizemos bem-aventurados, ao permanecermos com Jesus. Como se tivéssemos percorrido as Veredas do Grande Sertão da vida. Veredas existem porque percorridas, trilhadas, mesmo que seja o Liso Sussarão. Percorrido, temperado, provado, purificado e até vingado, é o trilhador per-feito, per-fazido. Talvez, o dizer de Jesus no evangelho proclamado, o percorrer a planície com suas intemperanças, desilusões, mas permanecendo fiel no caminhar de Jesus. somos, então transformados, como que purificados, somos todos bem-aventurados, pois permanecemos a caminho, caminhando, de cabeça voltada para o horizonte atraente da vida com Jesus. Não nos deixamos tomar pelo desânimo, pela desagregação; não sabemos o fim, não entendemos o sofrer, não vislumbramos o fim, mas caminhamos.” Então, disse o cardeal, “Bem-aventurado poderia significar aquele que, além de entrar bem numa aventura, vai dando tudo de si, a fim de percorrer de modo correto, do começo ao fim. Só então se tornará bem-aventurado, realizado, satisfeito, não tanto por ter alcançado seu objetivo, mas por ter tido a graça de perseverar, de viver com ela, até o fim. Como no caminhar e marchar foi sendo transformado enquanto a caminho que a graça possibilitou.” Inspirado em Fernandes e Frassini, comentou: “em marcha os pobres, os humilhados! Os pobres de espírito são os humilhados do sopro. Humilhados, aqueles que na consciência pacificada de sua miséria e de seu nada herdam a mais eminente das graças divinas, o sopro sagrado, o Espírito Santo, o sopro de Deus. Os pobres no espírito, os pobres no sopro, ‘os humilhados do sopro’. Os pobres são os ‘humilhados’, mais precisamente, os ‘humildes’: aqueles cuja humildade haure o seu vigor do Sopro Sagrado, do hálito ou alento do Senhor. Entendamos os ‘humilhados’ a partir de ‘humildes’ e ‘humildes’ a partir do ‘Sopro’ do Senhor.” “Estes humildes e estes humilhados são as vítimas dos impérios do mal. Eles são vocacionados para herdar o sopro sagrado, o que faz deles membros da comunhão escatológica anunciadora e obreira, do mundo vindouro. Esta comunidade avança pela estrada da felicidade ou da infidelidade, a ideia essencial é de uma marcha avante e não de uma felicidade adquirida antecipadamente”, ressaltou. “Jesus não teria a crueldade de declarar felizes a multidão de deserdados, de opositores condenados pelas legiões romanas, por qualquer coisa que dissessem, ao suplício da cruz ou, na melhor das hipóteses, à escravidão nas galés ou nos bordéis do império. Não chamaria de felizes os homens enviados às torturas, aos massacres, genocídios, à marginalidade da sociedade. Jesus, a exemplo do salmista, convida aos homens e as mulheres da planície, daqueles que caminham em meio às tribulações e dores a se colocarem a caminho, a caminhar, a dar passos na direção do Reino de Deus, a esperança e abre a porta, introduzindo na exigência e na dinâmica da salvação, da transfiguração. Sim, porque falar de bem-aventuranças ou de felicidade na hora da partida equivale a se condenar à inação, a nunca se pôr a caminho do objetivo desejado, o Reino de Deus”, disse o cardeal inspirado em André Chouraqui. Segundo ele, “é como se Lucas estivesse a nos dizer, em marcha, a caminho, e experimentareis o quanto sois amados e desejados por Deus. Não foi na cruz que o Pai mostrou a Jesus quanto o amava. Mais; foi no alto da cruz que Jesus confessou o quanto amava o Pai.” “Bem-aventurados, vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Na verdade, em marcha, os famintos de agora! Sim, sereis saciados! A confiscação constante dos romanos havia criado um estado de miséria em fome na grande maioria do povo. A situação era de quase fome absoluta. E Jesus a dizer em marcha, os famintos de agora! Sim, sereis saciados! Como andar, caminhar, esperançar na fome? E entrevemos no ensinar de Jesus a suscitar aquela força de fome de libertação e de justiça que eram generalizadas entre os pobres. Uma fome de liberdade que era maior que o do pão”, afirmou, de novo inspirado em André Chouraqui, onde ele vê “Jesus a indicar esperança,…
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Com assessoria de Dom Giuliano Frigeni, clero da Diocese de Borba realiza retiro anual

O Bispo Emérito de Parintins, Dom Giuliano Frigeni (PIME) fez a assessoria do Retiro dos Presbíteros da Diocese de Borba. O tema desenvolvido fez apontamentos a partir da “solidão” e perspectivas da necessidade que o ser humano tem de sentir-se pleno e realizado. Na temática explicativa, ficou notório que isto só é possível, se o ser humano em plenitude, viver verdadeiramente a sua humanidade que tem a sua origem e finalidade em Deus. O Retiro iniciou no dia 10 de fevereiro do corrente ano, finalizando no dia 13 com a Santa Missa. O tema abordado na sequência, foi a “Samaritana” junto ao poço, que em seu encontro com Cristo se revela a verdadeira natureza do homem; a verdadeira natureza do ‘eu’. Na continuidade do evento, a reflexão fez alusão a São Paulo, que recomenda a Timóteo que não se pode postergar o fogo que vem de Deus, deve-se reavivar o dom do Espírito, reatiçar o carisma; (2Tm 1, 6). No decorrer da partilha reflexiva os testemunhos de fé que se concretizaram em Cristo, destaque para a compreensão de que “os conceitos criam ídolos, mas os que se maravilham com Deus conhecem!“ Assim, o clero diocesano também refletiu sobre a unidade, tomando como ponto de partida a Oração Sacerdotal de Cristo (Jo 17). “Que todos sejamos um” e veremos que a solidão não existirá mais, pois permaneceremos juntos a exemplo da união entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Neste apontamento missionário, o Bispo diocesano, Dom Zenildo Luiz e os demais presbíteros desta diocese de Borba finalizaram o encontro de partilha e aprendizagem oracional. Que Maria Mãe de Deus, padroeira desta diocese, interceda junto ao Senhor por este o clero diocesano. Pastoral da Comunicação Diocesana de Borba (PASCOM)

Comissão para a Juventude da CNBB reunida em Brasília com representação do Regional Norte 1

A sede das Pontifícias Obras Missionárias em Brasília acolhe de 14 a 16 de fevereiro de 2025 o encontro da Comissão Episcopal para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com a presença de bispos, padres referenciais, os jovens que compõem a Comissão Pastoral Juvenil Nacional e os jovens que trabalham com a comunicação. Do Regional Norte1 da CNBB participam o bispo da prelazia de Itacoatiara, dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, e do padre Thiago Santos Alves, da arquidiocese de Manaus. Este encontro, com representação de todos os regionais da CNBB, visa refletir sobre o processo de atualização do Documento 85, o Projeto Cuidar da Vida nos regionais, o Jubileu dos Jovens em Roma e Aparecida, o Projeto de Gamificação, o papel da juventude na COP 30 e a partilha dos regionais. Nossa principal pauta, segundo dom Tadeu, “é a retomada do processo de atualização do documento 85 da CNBB, que é sobre a evangelização da juventude. Contamos com especialistas em juventude que nos ajudam a aprimorar e realmente avançar para uma pesquisa com os nossos jovens.” Ele lembrou que “também faz parte da nossa pauta o projeto Cuidar da Vida nos Regionais, a questão da prevenção contra o suicídio e depois a gamificação e os cursos de formação online, assim também como uma grande partilha entre nós da caminhada da juventude no Brasil nos diversos regionais.” O bispo da prelazia de Itacoatiara destacou que “este encontro, sem dúvida, com a presença dos jovens que representam as novas comunidades, os movimentos, representam os grupos jovens paroquiais e também os jovens da Pastoral da Juventude nos ajudam muito nesse universo juvenil a entender as juventudes.” Ele destacou o clima muito fraterno e de acolhida, afirmando que “somos acolhidos, partilhamos a vida através da espiritualidade, da oração, das celebrações com os jovens, na alegria de estarmos contribuindo para um Brasil melhor e sem dúvida para que a Igreja no Brasil possa realmente contar com a presença dos jovens e sobretudo neste caminho bonito da evangelização.” Finalmente, dom Tadeu lembrou que o encontro acontece todos os anos no primeiro semestre em Brasília. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Encontro das Pastorais Sociais: Fortalecimento do trabalho em rede e da sinodalidade

O Centro de Espiritualidade Crosta Rosa acolheu neste sábado 15 de fevereiro de 2025 o Encontro das Pastorais Sociais e Organismos do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Foi “um momento de partilha da caminhada e também de lazer”, segundo a Ir. Rosiene Gomes, articuladora das Pastorais Sociais no Regional Norte1. O encontro iniciou com a apresentação dos participantes, momento em que cada um falou sobre as perspectivas de cada pastoral e organismo para 2025, mostrando “o desejo de caminhar juntos neste processo de sinodalidade da nossa Igreja”, segundo a religiosa. Ela destacou que “todos apreciaram muito bem a experiência uns dos outros. São momentos gratificantes que enriquecem e fortalecem sempre mais a caminhada como Igreja no nosso Regional.” As Pastorais Sociais e Organismos do Regional Norte 1 acolheram o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Samuel Ferreira de Lima, chegado recentemente no Regional, que presidiu a Eucaristia. “Uma presença muito bonita, uma presença também encorajadora, que anima sempre mais a caminhada, as lideranças, as pessoas que se dispõem a fazer esse processo de caminhada na nossa Igreja”, disse a Ir. Rosiene Gomes. “O encontro das Pastorais Sociais e Organismos da CNBB Regional Norte 1 tem por objetivo a partilha da caminhada das pastorais sociais, o fortalecimento do trabalho em rede, bem como o fortalecimento da sinodalidade entre as pastorais e os organismos do Regional Norte 1”, segundo a secretária executiva do Regional, Ir. Rose Bertoldo. A religiosa enfatizou que “esse encontro foi marcado pela partilha das perspectivas de cada pastoral e organismo para 2025, bem como também alinhar a agenda da caminhada de cada um de cada uma, sempre nessa dinâmica do caminho em conjunto, nessa dimensão de caminhar junto, compartilhando, também as esperanças.” “Na parte da tarde, foi um momento de lazer nessa dinâmica da integração entre as coordenações, um tempo de convivência, um tempo também de leveza, de descanso”, disse a Ir. Rose. Ela destacou igualmente a presença de dom Samuel, “que celebrou e refletiu com a gente, trazendo presente a importância da caminhada das pastorais sociais nessa dimensão de todas as igrejas do Regional Norte 1. Sendo esse sinal de profecia a presença viva de quem alimenta esse cuidado com a vida, a vida dos mais pobres nas igrejas locais.” A articuladora da Caritas Regional, Marcia Maria Miranda, salientou que “para as pastorais do regional, esse é um momento de comunhão, de partilha e também de convivência. E é um momento muito importante e significativo para o fortalecimento das nossas ações.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Abertura do Ano Formativo no Seminário São José: avançar num caminho que leva a maturar

O Seminário São José de Manaus, onde se formam os futuros presbíteros das igrejas locais do Regional Norte1, iniciou oficialmente nesta sexta-feira o ano formativo 2025. Os 48 seminaristas, a equipe formativa, diretores espirituais, membros do conselho presbiteral e padres que acompanham os seminaristas na pastoral no final de semana, participaram de uma celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, que também foi concelebrada pelos bispos auxiliares dom Hudson Ribeiro e dos Samuel Ferreira de Lima. Na homilia, o presidente da celebração iniciou sua reflexão dizendo que “o chamado mesmo já é um deslocar-se, é um sair. Todo chamado é um sair, todo chamado é um dar passos, todo chamado é para acompanhar o caminho e para fazer o caminho, todo chamado é a possibilidade de uma maturação, todo chamado é a possibilidade de uma realização, todo chamado é a possibilidade de sermos pessoas de vida e fé.” O cardeal Steiner ressaltou que “Deus nos chamou para sermos enviados”, lembrando que “nós todos tivemos que nos deslocar das nossas casas, das nossas comunidades. Nos deslocamos, mas trouxemos por nós a herança, trouxemos conosco a herança familiar, a herança da fé, a herança dos costumes, a herança do modo de ser”. O arcebispo sublinhou que “nunca deveríamos nos envergonhar daquilo que trazemos como herança, que recebemos no deslocamento”, afirmando que “o lugar onde chegamos, é uma espécie de abrigo, é uma espécie de perda, é uma espécie de proteção que está dentro de nós também.” Segundo o arcebispo de Manaus, “agora essa proteção ela vai se alargando, nós vamos entrando em outras proteções, vamos entrando em outros contatos, criamos outras amizades, vamos descobrindo mundos novos, vamos entrando dentro de outras experiências de Igreja, e isso vai se alargando cada vez mais.” Um caminho de liberdade que ele disse ser “difícil porque vai exigindo.” Nesse sentido, ele falou de levar pouca coisa, que “significa a possibilidade de trilhar caminhos novos, de novos saberes, experiência da Palavra de Deus nova, a Palavra de Deus compartilhada nessa casa”, sublinhando que “o caminho da liberdade é exigente porque vai pedindo sempre para nos deixarmos.” Isso porque “só deixando é que percebemos as grandezas presentes em tudo”, o que leva a descobrir nas leituras, nos debates, ideias novas, percepções novas, serviços novos. Um caminho que leva a maturar, como caminho para se libertar, algo que “é sempre um começo difícil”, dado a experiência que cada um trouxe, a experiência da pequena comunidade, que leva a avançar no caminho da liberdade, que é “um caminho exigente, mas é um caminho da plenitude, porque é a liberdade da Cruz, a liberdade da Ressurreição.” O cardeal disse que o Seminário é tempo para “aprender a ouvir, assim como a criança.” Segundo ele, “Jesus vai nos ajudar a curar os nossos ouvidos para principalmente ouvirmos a experiência da fé, a experiência da Palavra”, fazendo um chamado a deixar ressoar em cada um essa Palavra, a se treinar no ouvir. Ele insistiu em que “Jesus deseja curar os nossos ouvidos, libertar os nossos ouvidos para que a nossa palavra seja sadia, que a nossa palavra seja salvífica, seja uma palavra de salvação, sempre uma palavra de esperança.” Ele convidou os seminaristas a pedir a graça da escuta, para “num determinado momento sentir a alegria de ter ouvido a Palavra, a sonoridade da Palavra, o conteúdo da Palavra, que ainda não tínhamos ouvido apesar de ter ressoado tantas vezes nos nossos ouvidos.” “Essa alegria se realiza porque é uma verdadeira descoberta que atinge todo nosso ser”, disse o cardeal.  Ele demandou que “este ano que estamos iniciando, nos ajude, nos coloque a caminho, nos animemos uns aos outros, rezemos uns pelos outros e que nós saibamos sempre nos apoiarmos uns aos outros.” Àqueles que estão chegando, o arcebispo de Manaus lhes disse que “o começo não é simples, mas não ter medo de começar, não ter medo de tropeçar, mas fazer crescer o desejo do chamado. Ele vai ser tudo para nós, para cada um de nós. Nós que já somos padres, vocês que estão a caminho, o chamado é tudo, quando nós realmente tentamos corresponder.” Em nome da equipe de formadores, o reitor do Seminário São José, padre Pedro Cavalcante, agradeceu ao cardeal, que “mais uma vez nos incentiva com sua presença e confia o exercício de cuidar, zelar e amar aqueles que o Senhor escolheu para serem anunciadores e praticantes da fé, da esperança e da caridade pastoral”. Ele enfatizou que no Ano Jubilar, “o Seminário São José, reiterando sua missão de formar padres para o coração da Amazônia faz ressoar entre os jovens seminaristas o vibrante e forte chamado para o transbordamento do Espírito, alargando a tenda nos diversos contextos e realidades onde se encontram as nossas igrejas locais.” O reitor ressaltou que “o processo formativo, com as etapas do discipulado, da configuração e da síntese vocacional, revela o caminho a ser percorrido para o amadurecimento integral daqueles que Ele chamou para permanecerem com Ele e serem dons para as comunidades: um presbítero segundo o seu coração.” Ele manifestou o desejo de como discípulos “aprender a cultivar, neste tempo de graça que nos é dado nesta casa de formação, um coração que sabe amar à maneira do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas”, e acolher, a exemplo de Maria, “a novidade do Espírito em nós” para caminhar “no chão de nossa Querida Amazônia.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cuidado da Casa Comum: uma atitude urgente e necessária em todos nós

O Planeta apresenta sinais que devem nos levar a refletir sobre a atual situação climática, a entender que o cuidado é o caminho a seguir para que o futuro da humanidade, o futuro do Planeta, seja possível. Nessa perspectiva, a Campanha da Fraternidade 2025 é mais uma oportunidade para aprofundar no conhecimento, na oração e na reflexão que nos levem a assumir o cuidado da casa comum. Tendo como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, somos chamados a entrar em um caminho de conversão que nos leve a escutar o clamor dos pobres e da Terra, que sempre é o mesmo. Uma urgência cada vez maior diante da situação climática que a Amazônia, o Brasil e o mundo estão passando nos últimos anos e que deve nos levar a tomarmos consciência e traduzir esse chamado à conversão em gestos concretos. As secas extremas na Amazônia nos dois últimos anos têm provocado grande dificuldade em muita gente. Os deslocamentos ficaram cada vez mais complicados, a carestia de produtos básicos, dentre eles a água, foi algo comum em muitas regiões da Amazônia. Junto com isso, o encarecimento do custo de vida faz com que o sofrimento dos mais pobres aumente. Por outro lado, as enchentes são cada vez mais frequentes em muitas regiões do Brasil e do Planeta, provocando destruição e grandes danos para a população, especialmente para aqueles que vivem em áreas de risco, que mais uma vez são os mais pobres, que muitas vezes ficam sem nada, perdendo o pouco que tinham conquistado na luta de muitos anos. 10 anos depois da Laudato Si´, uma mensagem reforçada em 2023 com a Laudate Deum, nós católicos ainda não temos tomado consciência da importância de assumir aquilo que o Papa Francisco nos pede. Custa viver nosso ser cristãos como algo que vai além dos muros do templo. Nossa fé, nosso compromisso cristão, tem que nos levar a enxergar o que acontece no mundo. Nesse sentido, o pecado ecológico, consequência da falta de cuidado da casa comum, é algo presente em nossa vida. Um pecado contra a Criação, colocada por Deus ao serviço da humanidade, que prejudica a todos e ofende a Deus, um Deus que sempre defende a vida de todos e de tudo, de cada ser humano, mas também de cada criatura que faz parte do Planeta Terra. Olhemos para nossa vida pessoal e comunitária, sejamos conscientes da necessidade de uma mudança de hábitos, do modo de nos relacionarmos com tudo o que está em volta de nós. É tempo de conversão, também de conversão ecológica. Só assim a vida em plenitude pode ser uma possibilidade real. Não esqueçamos que essa demanda é para todos e cada um de nós e que nosso compromisso vai fazer possível um mundo melhor para todos e todas, mas também para nossa Mãe Terra.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

64 diretores espirituais de seminários, com representação do Regional Norte 1, participam em curso formativo em Belo Horizonte

A Casa Mãe Acolhedora, em Belo Horizonte (MG), sedia de 10 a 13 de fevereiro o Encontro Nacional de Diretores Espirituais de Seminários, com o tema “A direção espiritual no documento 110: avaliação e propostas”, com a assessoria de dom Carlos Alberto Breis, arcebispo de Maceió (AL). Participam no encontro, organizado pela Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (Osib), que faz parte da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) 63 orientadores espirituais de todo o Brasil, representando 14 dos 18 regionais da CNBB. Entre eles está o padre Odilio Santos, da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que faz parte da equipe formativa do Seminário São José de Manaus, onde se formam os seminaristas das nove igrejas locais do Regional Norte1 da CNBB. Segundo o bispo de Parintins, dom Jose Albuquerque de Araújo, que é membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, também presente no  encontro, “o objetivo dos encontros que a OSIB irá realizar neste ano, a começar deste, com os diretores espirituais, é conversar, dialogar, escutar aqueles que estão nas equipes formativas, em vista da revisão, da atualização e da aprovação das diretrizes para a formação dos futuros presbíteros, o documento 110 da CNBB, que deve estar na pauta da próxima Assembleia Geral dos Bispos em Aparecida, no mês de maio.” “Nesse encontro com os diretores espirituais, eles estão conversando sobre os números que dizem respeito à dimensão espiritual e o papel, o lugar, a importância dos diretores espirituais junto às equipes formativas”, disse o bispo da diocese de Parintins. Ele enfatizou que “é um encontro de reflexão, aprofundamento, de debate e principalmente de apresentar contribuições para melhorar as nossas diretrizes.” Dom José Albuquerque de Araujo lembrou que vai acontecer um encontro similar no mês de julho com os reitores de seminário e no mês de setembro com os psicólogos e psicólogas que estão nas nossas equipes formativas. Tudo isso em vista da atualização das diretrizes para a formação presbiteral no Brasil”, concluiu. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Samuel é acolhido na arquidiocese de Manaus para “verdadeiramente ser um instrumento de Deus”

A arquidiocese de Manaus, numa Eucaristia celebrada na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, acolheu seu novo bispo auxiliar, dom Samuel Ferreira de Lima, nomeado pelo Papa Francisco no dia 25 de novembro de 2024 e ordenado no dia 1º de fevereiro de 2025 em Rodeio (SC). A celebração contou com a presença dos bispos de Manaus, de várias dioceses do Regional Norte1, do clero local, da Vida Religiosa, seminaristas, representantes das paróquias, áreas missionárias, comunidades, pastorais, movimentos e organismos da arquidiocese. No início da celebração, depois de ser lida a Bulla pontifícia de nomeação, repetindo o gesto realizado na ordenação, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, junto com os bispos auxiliares, dom Zenildo Lima e dom Hudson Ribeiro, entregaram o báculo, sinal de pastoreio, a dom Samuel. O novo bispo iniciou sua homilia destacando no Evangelho a realidade do rio, algo presente no povo da arquidiocese de Manaus, “o rio que traz vida, o rio que faz a ligação entre as pessoas, o rio que traz o alimento.” Entretanto, disse o bispo, “Pedro vive uma experiência de frustração, a experiência do cansaço, da dor, de ter trabalhado a noite inteira e nada ter conseguido”. Nessa situação, “Jesus faz um convite a ele: lançar as redes em águas mais profundas”, ressaltando que “esse convite que Jesus faz a Pedro, também faz a cada um de nós, que diante dos dilemas da vida, muitas vezes nos sentimos cansados, acabrunhados, desesperançados, alquebrados pelas situações que humilham, que degradam, que excluem, que nos distanciam da verdadeira dignidade de sermos filhos e filhas do Deus amado.” “Pedro acolhe a Palavra, Pedro aceita o convite que Jesus faz e lança as redes em águas mais profundas”, disse dom Samuel, explicitando que “o significado em lançar as redes em águas mais profundas em nossa vida, significa a partir da palavra de Deus que nos faz perceber, como diz o profeta Isaías, que somos pecadores, que somos limitados, mas a Palavra vem como um toque em nossa boca. Para nos libertar, para nos dignificar, para nos impulsionar a se responsabilizar, a ir.” O bispo auxiliar enfatizou que “cada um de nós é chamado a se colocar nessa disposição, de acolher a palavra de Deus, e no toque dela, se lançar na disposição de deixar o Senhor agir através de nós, de Ele nos enviar. Cada um de nós, como batizados, somos enviados ao mundo para anunciar a boa nova do Evangelho, como nos diz São Paulo na Carta aos Coríntios, anunciar isso, que morreu por nós, que nos libertou do pecado e da morte. E que nos convida a lançar as redes em águas mais profundas”, que significa “cada dia se perguntar qual o sentido daquilo que nós estamos fazendo, para onde estamos indo, qual é a intensidade, a profundidade da vivência de fé que nos motiva a agir em prol dos irmãos, anunciando a boa nova.” “O Evangelho é sempre um questionamento e uma provocação a todos nós. O Evangelho deve fazer com que todos nós nos sintamos inquietos, confrontados, porque precisamos cada dia nos converter”, disse o bispo auxiliar de Manaus. Segundo ele, “precisamos cada dia aprofundar a vivência de fé e a nossa espiritualidade para não fazer da nossa vivência de fé uma cultura religiosa. Não viver nas superficialidades divinas, não viver nas superficialidades dos ritos, mas ao contrário, fazer com que a paciência seja mais forte. A palavra de Deus se traduz em nossa vida como sentido, como razão, como elemento que dá significado aquilo que a gente faz, aquilo que a gente vive, o trabalho que a gente exerce.” E é a partir dessa experiência, segundo dom Samuel, “que Jesus diz a Pedro que ele não vai ser mais um pescador comum, um homem simples, mas pescador de homens.” Por isso, o bispo afirmou que “todos nós somos chamados hoje a ser pescadores de homens. Pescar, trazer a humanidade, os homens, para sua dignidade plena de filhos de Deus. Trazer os homens para a vivência do Evangelho que liberta e nos faz ser realmente irmãos e irmãs”, lembrando as palavras de João 10,10: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Somos desafiados a “fazer a pescaria dos homens, homens caídos pelas ruas, pelas situações de sofrimento, de opressão, de abandono, de exclusão, resgatar o humano em sua plenitude”, lembrando a inauguração da Casa da Esperança, inaugurada na última sexta-feira para “resgatar, pescar o homem para sua dignidade, trazer a vida aos seres humanos, trazer para a plenitude de Deus, para junto do seu coração.” Dom Samuel Ferreira de Lima sublinhou que “essa deve ser a nossa missão, por isso todos os dias devemos nos questionar e se perguntar até que ponto estamos verdadeiramente aprofundando a nossa fé, até que ponto estamos assumindo o Evangelho como a razão do nosso viver, até que ponto estamos encarnando a Palavra de Deus para que ela se torne Palavra viva em nosso ser e em nosso agir.” Ele disse que “essa provocação constante nos faz ir aprofundando, adensando e nessa experiência se colocando na disponibilidade de servir e no serviço realmente ser plenificado.” O bispo franciscano citou São Francisco: “É dando que se recebe”, afirmando que “à medida que a gente partilha, que a gente se doa, que a gente se coloca, realmente a gente é plenificado em Cristo, a gente é renovado na graça, a gente é transformado no Espírito.” Diante disso ele fez um convite para que “peçamos essa disposição que o povo tinha que ir ao encontro de Jesus para ouvir a palavra e através da palavra se sentirem esperançados e ali retomar a vida numa nova perspectiva, num novo dimensionamento, numa nova postura, uma postura que nos faz esperar em Deus.” Por isso, disse o bispo, “somos convidados neste ano a sermos peregrinos da esperança, aqueles que envolvidos pelo Espírito de Deus vão ao encontro dos irmãos. Levar o amor, a fraternidade, a misericórdia, a compaixão, o cuidado, o cuidado com a vida, o cuidado com…
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Cardeal Steiner: “Avançar, para a profundidade do Reino que nos é ofertado”

No 5º domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia lembrando que “Jesus rodeado da multidão, sobe na barca de Pedro e começa a ensinar. O lugar, o púlpito, do ensino de Jesus é a barca de Pedro. Na realidade, o lugar do ensinamento de Jesus é o lugar do ganha pão do pescador. A vida do pescador torna-se o lugar da pregação. Mais que da pregação da escuta. Por isso, Jesus envia Pedro para águas mais profundas depois de uma noite sem pesca.” “Jesus, Palavra do Pai, é buscada, comprimida pela multidão desejosa da boa nova! A Palavra que começa a ressoar, ao distanciar-se tomando a barca, a cotidianidade de Pedro, como lugar de ensinamento. A palavra dirigida à multidão é uma palavra para cada pessoa! Ao procurar o coração de Pedro, Jesus procura o coração de todos os escutadores da Palavra”, afirmou o cardeal. Após citar o texto bíblico: “Avança mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca!”, ele disse que Pedro responderá à provocação de Jesus: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pescamos nada”. Diante disso, o arcebispo questionou: “Como avançar para profundidade, se perdemos uma noite, e o cansaço tomou conta de nossos braços e de nosso coração? Como avançar para a profundidade e recomeçar, depois da frustração, da perda do pão? Como sair da noite do fracasso para o raiar de um novo dia?” Segundo o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), “a força da Palavra transforma, revigora, acalenta, desperta a esperança, fortifica o espírito abatido: ‘pela tua palavra, lançarei as redes’! No lançar, lançar-se, atirar-se nas profundezas insinuadas pela Palavra. E na aceitação do convite a surpresa: que abundância! Inacreditável como o avançar para as profundezas produz frutos abundantes! Não só. Como da frustração do ganha-pão, nasce a abundância, nova visão, nova percepção. Como da abundância nasce a solidariedade, a ajuda mútua, a comunhão de forças! Mais: como da abundância que nasce das profundezas, brota o espanto, a confissão, a admiração! E da admiração e espanto, uma nova vocação! Provocador o texto proclamado”! “A palavra de Jesus que reverbera na nossa cotidianidade, na nossa vida diária, nos dissabores, nas alegrias, em todos os momentos de nossa vida. Mas, especialmente quando no labor de nossas mãos se faz noite e saímos de mãos vazias. Nesse dissabor recebemos, como Pedro, o convite para as águas mais profundas, Depois da secura, da noite incompreendida, bem trabalhada, mas mal trabalhada, coração vazio, o vazio de quem apenas permanece a lavar as redes e desejando guardá-las, um encontro opara recomeçar. É do encontro com Jesus que somos convidados, convidadas a avançar e não retroceder. Avançar, para a profundidade do Reino que nos é ofertado.  Nesse partir, retomar, aprofundar é que descobrimos a grandeza e a abundância da vida com Jesus. É ali que nasce a atração por Jesus e a admiração. E da admiração recebemos a missão de ensinar”, disse o cardeal Steiner. Ele chamou a “ensinar, animar, iluminar, ajudar a abrir veredas no emaranhado da vida. Como seguidores e seguidoras de Jesus somos provocados a usar de todos os meios para que Jesus, o Reino de Deus, seja anunciado, conhecido e amado. Participamos, expomos, as frustrações, as decepções, as noites frustradas, e sentimo-nos provocados, atraídos pela profundidade. Recebemos o convite para avançar para águas mais profundas. Sabemos que lançar-se para águas mais profundas, é deixamo-nos tomar pela força e suavidade do Reino de Deus, pelas profundezas do mistério amoroso de Deus, pelas águas sobre as quais sempre repousa o Espírito do Senhor. Lenitivo que nasce das profundezas da misericórdia de Deus, onde se manifesta a abundância de uma vida nova, de um Reino novo.” “Às águas mais profundas às quais Jesus nos envia, nos faz perceber que não estamos sós, sempre podemos contar com as irmãs e os irmãos para servir, ajudar, socorrer, misericordiar. Vamos aprendendo que a vida do Evangelho pertence a todos, e a todos cabe espalhar, esparramar, testemunhar a superabundância da vida nova, da Boa notícia. Somos convocados e provocados à comunhão, à solidariedade, ao anúncio e ao testemunho”, segundo o arcebispo de Manaus. Inspirado em Aparecida, o cardeal disse que “diante da grandeza, a abundância da vida que Jesus nos oferece, nasce a admiração e gratidão.” Segundo ele, “a fecundidade e os sinais da presença da vida de Jesus, despertam admiração, espanto e encanto. Quando atraídos pelas águas extraordinárias da Palavra de Deus somos como Pedro levados à maior disponibilidade e ousadia no servir e no anúncio. Nos alegramos e louvamos pelas obras benfazejas que a Palavra suscita e realiza em nós. Somos provocados ao anúncio, mas também à graça da celebração, da meditação. A Eucaristia, a celebração comum, torna-se fonte e cume da comunidade de fé. Da profundidade das águas da Palavra vamos ao encontro da Palavra feita Pão.” Ele lembrou que “nós, como Pedro, somos, então, tomados pela reverência e reconhecemos a nossa fraqueza e miséria. Na admiração e gratidão, percebemos melhor a nossa fragilidade e fraqueza. Por isso, nos expomos sempre mais à graça da profundidade da Palavra, das águas mais profundas, à força e suavidade do Espírito e ao amor misericordioso do Pai.” “A admiração e a gratidão transformam Pedro, num homem de esperança e de confiança. É um esperançado, um aguardador e construtor de novos tempos, novos céus e nova terra. Sabemos, então apontar novos horizontes, oferecer novo sentido, despertar vida nova nos ribeirinhos, nas pequenas comunidades. É para toda a comunidade eclesial somos discípulos missionários, discipulas missionárias”, sublinhou o cardeal Steiner. Segundo o arcebispo, “a vida cristã é um risco, quando permanecemos à margem, lavando as redes da noite do vazio de nós mesmos. É um risco, quando não nos entregamos de corpo e alma, por inteiros, todo inteiros ao serviço dos irmãos, das irmãs! É um risco, quando não chegamos até as periferias geográficas e existenciais e deixamos de anunciar e proclamar a grandeza do Reino de…
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Assembleia do CIMI Norte1: No Regional “a Igreja sempre foi uma grande parceira dos povos indígenas”

O Conselho Indigenista Missionário Regional Norte 1 realiza de 8 a 10 de fevereiro de 2025 no Xare de Manaus sua assembleia anual. Mais de 50 missionários e lideranças indígenas analisam a atual conjuntura social e eclesial no Brasil em vista de avançar diante dos muitos desafios que os povos originários enfrentam na Amazônia e no Brasil. Um encontro em que se fizeram presentes o bispo de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Adolfo Zon, o bispo de São Gabriel da Cachoeira, dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo referencial para a Pastoral Indigenista e do CIMI no Regional, o bispo de Parintins, dom José Albuquerque, e a secretária executiva do Regional, Ir. Rose Bertoldo. No Brasil, “os direitos dos povos indígenas estão passando por uma situação delicada, porque é uma situação de negociação dos direitos que foram conquistados na Constituição Federal de 88”, afirma o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário, Luis Ventura. Ele se pergunta “Como é que chegamos aqui?”. Diante disso, ele disse que “apesar de que o Supremo Tribunal Federal determinou que o Marco Temporal era inconstitucional e falou isso em setembro de 2023, depois o Congresso Nacional aprovou uma lei que continua em vigor até hoje, que determina de novo o Marco Temporal como parâmetro e que afronta totalmente os direitos que os povos indígenas conquistaram na Constituição.” Luis Ventura lembrou que essa lei continua em vigor porque o Supremo Tribunal Federal, em lugar de declarar ela inconstitucional, abriu o que chamou uma mesa de conciliação ou de negociação, que no nosso entendimento é absolutamente inapropriado, inadequado, não competente, poder fazer conciliação sobre direitos humanos fundamentais”. Diante disso, sublinha que “esse é o momento em que estamos, em que os direitos dos povos indígenas não estão sendo garantidos, há uma reconfiguração dos direitos. Da forma como está na Constituição Federal de 1988 e a única forma de poder superar essa situação, esse impasse, será através da mobilização política e jurídica também dos povos indígenas e de todos os seus aliados.” Não podemos esquecer que no Regional Norte1 “a Igreja sempre foi uma grande parceira dos povos indígenas”, segundo dom Vanthuy. Ele destaca a importância do pontificado do Papa Francisco e sua preocupação com os povos e seus direitos, ressaltando a importância do Sínodo para a Amazônia, onde os povos indígenas se envolveram, dado que “nenhuma outra região do mundo o Papa chamou para discutir em Roma”. “Os bispos sentem uma necessidade de uma rearticulação do tema do sínodo, daquilo que o Sínodo indicou como sonho, mas também como processo de conversão”, disse o bispo de São Gabriel da Cachoeira, recordando aqueles famosos quatro sonhos, os quatro caminhos de conversão. Para isso está previsto um encontro em Bogotá no mês de agosto com todos os bispos da Pan-Amazônia, inclusive os eméritos, são convidados, “para repensar e, diríamos assim, talvez até relançar todo o caminho iniciado pelo Sínodo”, lembrando que “em algumas igrejas deram alguns sinais pequenos, foram plantadas algumas sementes, em outras ainda está para vir”. Igualmente, ele destacou que o atual pontificado está aberto para as questões de direitos das minorias, dos pobres, sendo feito pelo Papa, aa Laudato Si´, uma ligação entre terra e povos, pensar as questões sociais e as questões ecológicas num único caminho, não separados”. Dom Vanthuy refletiu sobre o aumento do movimento neopentecostal dentro da igreja, com pessoas reacionárias, inclusive contra o Papa, citando diversos exemplos dessa tendência. Frente a isso, dom Vanthuy destacou a importância, dentro da Igreja e na sociedade, de o cardeal Leonardo Steiner ser o presidente do CIMI. Isso numa Igreja em que “nós vivemos um tempo, apesar de um Papa que aponta uma Igreja em saída, nós vivemos um tempo muito forte na Igreja de um voltar para dentro de casa. Uma grande força do movimento intra-eclesial, cuidar de dentro de casa. O diálogo com o mundo, apesar da insistência do Papa Francisco, apesar de aparecerem vozes, mas não é uma constante”, disse dom Vanthuy. Ele lembrou que as lideranças eclesiais que defendem a luta pelos direitos são rejeitadas, inclusive perseguidas. A causa indígena tem que ser a causa de quem nasceu no Brasil e na Amazônia, disse o bispo de Parintins, dom José Araújo de Albuquerque. Como membro da Comissão de Ministérios e Vocações da CNBB, ligado ao serviço de animação vocacional e aos formadores, ele enfatizou que “temos que formar os nossos seminaristas, os nossos futuros padres, os diáconos, as religiosas, nessa perspectiva, senão a gente sempre vai ficar preocupado mais com os aspectos secundários da nossa missão e não somar forças.” Segundo o bispo de Parintins, “o nosso papel seria sempre acompanhar, incentivar, apoiar, favorecer.” Ele destaca a importância dos padres nascidos e formados na região acompanhar as causas indígenas, pois isso sempre foi visto como algo próprio dos missionários chegados de fora, ressaltando que em sua diocese, tem padres que “não conhecem as nossas áreas indígenas”, denunciando que a falta de presença da Igreja católica provoca a entrada de outras igrejas, o que demanda maior acompanhamento do clero, algo que deve ser incentivado desde o tempo do Seminário, desde a animação vocacional, ajudando os padres a ir além do litúrgico, não reduzir a missão só ao aspecto sacramental. O bispo de Alto Solimões, dom Adolfo Zon recordou que é a segunda diocese que mais indígenas tem depois de São Gabriel da Cachoeira. Essa realidade representa um desafio grande para a diocese, relatando situações presentes no trabalho com os povos indígenas naquela igreja local, mostrando sua preocupação diante dos poucos missionários que trabalham com os indígenas, inclusive nas cidades. Ele chamou a mobilizar as comunidades para deixar-se interpelar por esta realidade indígena, que “não são outros, é a nossa gente.” Um desafio que leva dom Adolfo a esperar que “na próxima Assembleia do Povo de Deus, possamos tirar alguma diretriz que nos ajude para esta aproximação e, sobretudo, uma presença mais contínua”, que considera “uma riqueza para nós, Igreja, e também para os próprios…
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