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Autor: Luis Miguel Modino

Encerramento 1º Semestre no Seminário São José: “Toda vocação tem a ver com o reino de Deus”

Na festa de São Luiz Gonzaga, padroeiro dos seminaristas, o Seminário São José de Manaus encerrou o primeiro semestre do Ano Formativo 2025. O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, presidiu a celebração eucarística com os 46 seminaristas das igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), a equipe formativa, padres que acolhem os seminaristas na pastoral aos finais de semana e outros convidados. Agradecer o dom da vocação Uma oportunidade para agradecer o dom da vocação, segundo o cardeal Steiner, mas também para agradecer as pessoas que ajudam o Seminário, “as comunidades, os irmãos e irmãs que rezam por nós. Essa oração nos ajuda, não é apenas um apoio, é um alento, é um incentivo a permanecermos fiéis no dom da vocação que recebemos.” Algo que “nós recebemos na convivência, recebemos na oração, recebemos no estudo, recebemos nas comunidades, tantos momentos em que nós fomos percebendo o quanto Deus nos quer bem, o quanto Ele nos quer ao nos chamar, ao nos doar o dom da vocação”. Na homilia, o arcebispo de Manaus, comentando as palavras da Primeira Leitura, ele definiu a vocação como “um arrebatamento, como uma elevação, como uma transportação, como uma percepção de que existe uma outra realidade que atrai, que transforma.” Ele insistiu em que “a vocação é um arrebatamento que nos dá a sensação, inclusive, de percebermos que na fraqueza está uma só pessoa.” Diante disso, o cardeal questionou “Quem de nós não é fraco?”, respondendo que “no entanto, fomos arrebatados pelo chamado, e é justamente na fraqueza que Deus nos arrebata, nos transforma. Portanto, uma atração, vocação é uma atração.” A vocação não é uma conquista nossa “Deixar-se cada vez mais arrebatar, atrair é a tarefa do Seminário, onde nós semeamos, para que vocação cada vez mais nos transforme”, disse o cardeal. Ele insistiu em que “esse arrebatamento é gratuito, não é uma conquista nossa”, lembrando que “Deus vai cuidando, como que cultivando, da nossa parte, apenas uma correspondência ao chamado, a tentativa de correspondermos à graça do dom para sermos também cuidados, revestidos, alimentados.” O arcebispo de Manaus sublinhou que “o chamado tem a ver com o reino de Deus e a sua justiça. Toda vocação, a vocação de ser presbítero tem a ver com o reino de Deus. A razão é o reino de Deus que nos arrebata e nos atrai. É o reino de Deus que nos alimenta e nos reveste. Esse reino de Deus e a sua justiça que desejamos anunciar na graça do chamado.” Ele fez um convite a agradecer pela “vocação que Deus nos deu, mas correspondamos a essa vocação, corresponder como possibilidade de sermos cuidados, cultivados por Deus. Nós sozinhos não temos forças suficientes, é Ele que se faz em nós, é Jesus que se faz em cada um de nós, e assim participamos cada vez mais intensamente do reino de Deus e a sua justiça.” Tempo da graça de Deus O reitor do Seminário São José, padre Pedro Cavalcante, agradeceu a presença do cardeal e de todos os bispos que constantemente passam no Seminário São José, assim como todos aqueles que de diversos modos participam do processo formativo, todos os que oram, incentivam e se tornam uma presença educativa e solícita na vida dos seminaristas. No final do primeiro semestre, o reitor disse que “o retorno para casa nos traz alento, alegria e liberdade. É justo para quem o viveu com intensidade, com responsabilidade e generosidade.” Aos seminaristas, ele exortou para que “como discípulos e configurados ao Senhor, olhar com mais clareza e profundidade o semestre vivido como um tempo favorável da graça de Deus, do qual cada seminarista, seja no cotidiano da casa e dos relacionamentos, seja na vida acadêmica e eclesial, você foi chamado a aprofundar o seu processo formativo, confrontando a sua resposta, a sua vida e a sua adesão sem reservas a Jesus Cristo, o Pão da Esperança, e ao seu reino, que é o reino de justiça e paz.” Vencer a tentação de querer viver para si mesmo Padre Pedro Cavalcante lembrou as palavras de Papa Francisco, que definiu a juventude como um tempo abençoado. Diante disso, ele fez um chamado aos seminaristas a “vencer ainda as tentações de querer viver para si mesmo, de perder tempo com superficialidades e buscar as satisfações imediatas e fugas que o mundo oferece”, pedindo que “aproveitem bem, e com toda largueza e beleza, essas férias.” Nas férias, lembrou o reitor aos seminaristas, “estarão em vossas igrejas locais, próximos dos vossos bispos, dos padres e religiosos das comunidades de origem, dos líderes e agentes das igrejas, mas especialmente, próximos e no aconchego dos vossos familiares.” Diante disso, ele pediu que “refaçam os laços afetivos e saibam doar-se com generosidade, demonstrando a riqueza e a prodigalidade do Espírito, derramado em nossos corações neste semestre. A amizade com Cristo nos fortaleceu e na descoberta que a vida é um dom, sabereis oferecer-se ainda mais com generosidade a todos que encontrarem.” Perceber a presença de Deus nas comunidades Um semestre que, segundo o cardeal Steiner, foi “uma oportunidade de amadurecer, crescer, uma oportunidade de estarmos ao serviço dos outros, de podermos participar da vida das nossas comunidades”. Seguindo o exemplo de compromisso com os mais pobres de São Luiz Gonzaga, ele fez um convite aos seminaristas para que nas férias, procurem ler as expressões de fé presentes em suas comunidades de origem, “perceber essa presença de Deus, como na comunidade, nas famílias, vão tentando viver o Evangelho, vão sendo sinais do reino de Deus.” Para isso, “abrirmos os olhos e vermos” nas comunidades a presença da grandeza do Evangelho, recordou o cardeal. Ele disse que “isso tudo nos ajuda, nos alenta, nos impulsiona para que o arrebatamento da vocação continue, possamos cada vez mais corresponder ao convite que nós recebemos.”

Dom Altevir no Corpus Christi: “Na Mesa da Vida, a Fé de um Povo que Resiste e Celebra”

O bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva, presidiu a Solenidade de Corpus Christi na Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Carauari, onde se encontra realizando a visita pastoral Ele iniciou sua homilia recordando que essa festa foi instituída oficialmente em 1264 pelo Papa Urbano IV, e “nasceu do desejo de exaltar publicamente o mistério da Eucaristia — presença real de Cristo entre nós. Um milagre ocorrido em Bolsena, na Itália, onde uma hóstia sangrou nas mãos de um sacerdote que duvidava, confirmou ao mundo que Cristo está verdadeiramente presente na Eucaristia.” Segundo o bispo, “é essa presença que hoje percorre as ruas de Carauari, abençoando este povo de fé, esperança e amor. A Eucaristia é o coração pulsante da nossa Igreja. É o alimento que nos sustenta, a força que nos une, o sinal de que Deus caminha conosco.” Ele pediu que sua presença nessa paróquia “se converta em sinal de comunhão, de cuidado pastoral, de proximidade.” Segundo ele, não foi “apenas visitar, mas caminhar convosco, ouvir o povo, partilhar da realidade deste município, onde a Igreja católica se faz presente. Isso é sinodalidade: uma Igreja que caminha junto, que escuta, que se faz presente na vida do povo.” Ele destacou “como é viva esta Igreja de Carauari! Os jovens, com sua energia e entusiasmo, são uma força transformadora. Os adultos, firmes na fé, sustentam com coragem as pastorais. As mães, com suas orações silenciosas, são colunas espirituais que sustentam suas famílias. As crianças da Infância Missionária, os coroinhas, os acólitos — todos são sinais de uma comunidade que vive a fé com alegria e compromisso.” Igualmente, o bispo disse que “a visita pastoral do bispo também ecoa além dos muros da Igreja. A acolhida na Câmara Legislativa, o espaço concedido na Secretaria de Educação, a visita à escola municipal, o carinho dos religiosos da Sagrada Família — tudo isso mostra que a Igreja está presente na sociedade, dialogando com os órgãos públicos, promovendo o bem comum. Isso é testemunho de uma Igreja que não se isola, mas que ilumina o mundo com a luz do Evangelho.” Dom Altevir recordou que “a festa de hoje nos convida a renovar nossa confiança na presença real de Cristo na Eucaristia. O povo amazonense, com sua fé simples e profunda, nos ensina que Cristo está no meio de nós, nas águas dos rios, nas trilhas da floresta, nas casas humildes e nos corações que creem. A Eucaristia é o pão da esperança, o sinal de que não estamos sozinhos.” O bispo pediu que “esta procissão, que estes tapetes coloridos, que esta celebração solene sejam expressão da nossa fé viva. Que ao recebermos o Corpo e Sangue de Cristo, sejamos também nós corpo vivo de Cristo no mundo, levando consolo, justiça, paz e amor.” Dom Altevir também enviou uma mensagem à prelazia de Tefé com motivo da Solenidade de Corpus Christi, dia em que “somos convidados a renovar nossa fé e nossa esperança. O Corpo e o Sangue de Cristo, entregues por amor, são luz que ilumina os caminhos escuros e esperança que sustenta os corações aflitos.” Analisando a realidade atual, o bispo destacou que “vivemos tempos desafiadores. Nossa Amazônia, casa comum de tantos povos e culturas, está ameaçada por projetos que ferem a vida e o equilíbrio da criação: o avanço do Bloco 59 na foz do Amazonas, a exploração de petróleo, os inúmeros Projetos de Lei (PLs) no Congresso, que ameaçam nossa Amazônia, projeto de exploração de gás na região de Coari, as secas severas que nos últimos dois anos vem atingindo Tefé e o Médio Solimões, afetando comunidades tradicionais, ribeirinhos, pescadores, quilombolas e cidades inteiras. Diante disso, muitos se perguntam: onde está Deus? Diante dessas realidades, “a resposta está na Eucaristia. Cristo não nos abandona. Ele se faz pão para caminhar conosco. Ele se entrega para que tenhamos força. Ele se faz presença viva no meio do seu povo. O Corpo e o Sangue de Cristo são sinal de que Deus está conosco, mesmo nas dores, mesmo nas lutas”, disse o bispo. Ele insistiu em que “neste Ano do Jubileu da Esperança, somos chamados a olhar para a frente com coragem. A Eucaristia nos ensina que a esperança não é ilusão, mas certeza de que o amor vence. Que cada celebração, cada procissão, cada gesto de partilha seja um grito de fé: a Amazônia tem futuro, porque Deus caminha com seu povo: ‘Cristo aponta para Amazônia’”. Na mensagem, o bispo da prelazia de Tefé agradeceu a cada agente de pastoral, a cada jovem, a cada mãe que reza, a cada missionário e missionária que, mesmo em meio às dificuldades, mantém viva a chama da fé. Vocês são sinais de que a Igreja está viva, presente, comprometida com a vida e com a justiça.” Ele pediu “que esta festa nos fortaleça na fé e no compromisso com o Reino. Que o Corpo de Cristo nos una em comunhão fraterna. Como Igreja sinodal, sigamos juntos, com esperança, defendendo a vida, a dignidade e a beleza da nossa Amazônia. Que a Prelazia de Tefé assuma cada vez mais a defesa da Amazônia como um compromisso de fé, de vida e de luta — sinal claro de fidelidade ao Evangelho encarnado na história do nosso povo.”

Corpus Christi em Borba: renovar a Aliança

Neste 19 de junho de 2025 a Igreja celebrou a Solenidade de Corpus Christi. O bispodiocesano de Borba, Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, em sua homilia nos exortou para que adiocese seja celeiro vocacional, como foi dito na primeira leitura “o sacerdoteMelquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho” (Gênesis 14, 18) E sendo este o pão quenutre o homem e assim fortalece a vida vocacional. Celebrar a Eucaristia é renovar a aliança selada no sangue do Cordeiro, que se entregoupelos seus, fonte de vida que nos impulsiona a servir, fazendo acontecer a verdadeiracomunhão na doação ao próximo, nesta comunhão fraterna as paróquias, comunidades eáreas missionárias, em unidade saíram às ruas para exaltar o Cristo vivo que se fezalimento para a alma. As quatro Foranias da diocese de Borba seguiram a tradição católica com pinturas sacrasnas rua e a confecção manual de tapetes coloridos, conhecidos como tapetes de CorpusChristi. Essa é uma manifestação religiosa que reúne os comunitários com o intuito deenfocar os símbolos do calendário litúrgico nas ruas em que a procissão irá passar. EmBorba, o trajeto iniciou na basílica Santo Antônio, após a celebração da Santa Missa,seguindo para o bairro do Recreio, para a Comunidade de Nossa Senhora das Dores. Segundo a Sagrada Escritura, em uma noite de quinta-feira em Jerusalém, há dois mil anos,Jesus de Nazaré realizou um gesto que mudaria a história, “Jesus tomando o pão e o cálicede vinho, orou e declarou: “Isto é o meu corpo”. (Lc. 22, 19). Instituindo assim a SantaEucaristia. “Na festa de Corpus Christi o próprio Deus caminha conosco”, assim afirmou Dom ZenildoLuiz. Ele também apontou a necessidade de termos uma Igreja seguidora de Cristo eproclamadora da paz. “Este mesmo Cristo que hoje nos alimenta, também nos aponta ocaminho para a vida em plenitude, sem ódio, sem guerras e sem falsas doutrinas, uma vezque a guerra é a falta da presença de Deus”. Assim, “viver verdadeiramente o Evangelho eser luz em tempos de escuridão é a missão de cada cristão batizado”, refletiu Dom ZenildoLuiz. Nesta quinta-feira, na qual Jesus Eucarístico sai peregrinando com o povo, somosconvidados a responder ao chamado vocacional, em especial, ao ministérioordenado. Dom Zenildo pontuou que “não é fácil ser padre, mas é bacana serconsagrado e ser padre feliz, assim o povo de Deus é muito mais feliz”. Que se cumpra apromessa do Senhor Deus na vida dos nossos sacerdotes – “Tu és sacerdote eternamente,segundo a ordem do rei Melquisedec!” Assim, nossas preces ecoam em unidade para que as famílias possam se preencher doCristo, Pão vivo, maná descido do céu, e sejam fontes de vocações leigas e religiosas queproclamarão a Divindade de Jesus e seu santo Evangelho que salva e santifica. Francelina Souza – Pastoral da Comunicação da diocese de Borba

Corpus Christi em Manaus: “Não termos medo de repartir, mesmo se tivermos pouco”

Eucaristia: Pão da Esperança, foi o tema da Solenidade de Corpus Christi em Manaus, que neste ano teve uma conotação especial, dado que completa 50 anos do IX Congresso Eucarístico Nacional, realizado em 1975 em Manaus com o tema “Repartir o Pão”. Um Jubileu que se fez presente na celebração desta quinta-feira, realizada na Praça do Congresso Eucarístico, seguida de uma procissão até o Santuário Arquidiocesano de Fátima, onde se conserva a cruz do Congresso Eucarístico, que inspirou a cruz do Jubileu da Esperança na arquidiocese de Manaus. V Oração Eucarística Na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo os ministros da Eucaristia, da Palavra e das Exéquias realizaram seu jubileu e participaram em grande número da celebração eucarística e da procissão. Na Eucaristia foi rezada a V Oração Eucarística da Edição brasileira do Missal Romano, que foi criada para o Congresso Eucarístico de 1975, e que a partir deste 19 de junho de 2025, por decreto do arcebispo, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, incluirá a invocação de São José nas missas celebradas na arquidiocese de Manaus. Igualmente foi usado na celebração um dos altares do IX Congresso Eucarístico. Na homilia, o arcebispo iniciou recordando o fato de que, segundo o texto do Evangelho lido, para uma grande multidão só tinha cinco pães e dois peixes. Diante disso, “os apóstolos, os discípulos disseram a Jesus: olha despede, você está falando do reino de Deus, mas ele tem fome. Você está falando da grandeza da vida com Deus, da partilha, da comunhão. de um novo reino, de uma vida nova mas eles precisam ter o que comer.” Dá-lhes vós mesmos de comer O cardeal Steiner destacou a resposta de Jesus: “Dá-lhes vós mesmos de comer”. Mesmo com cinco pães e dois peixes, que é o que eles tinham, “foi o suficiente, porque Jesus tomando nas mãos os pães e os peixes, rezou, abençoou e distribuiu”, disse o presidente da celebração. Segundo ele, “o pouco pode ser uma bênção. O quase nada pode ser uma bênção. Quando se reparte, quando se doa.” Uma atitude presente em Manaus no tempo da pandemia, ressaltou o arcebispo, dado que “nós soubemos repartir tão pouco que tínhamos em casa e deu para todos, ninguém precisou passar fome. E fomos todos uma bênção para aqueles que tinham necessidade. E poderíamos até dizer, fomos um louvor de bênção, uma bênção de esperança. O pouco que se tem pode se transformar em muito.” Um viver a partilha que o cardeal Steiner disse ter aprendido com sua mãe. “Na nossa casa vinham aqueles que pediam, e nós éramos muitos em casa. Mas a nossa mãe nunca deixou ninguém vir bater na porta e sair sem nada. É verdade que tínhamos um pouco menos na mesa, mas ninguém saía sem receber. É que o pouco pode se tornar uma bênção quando nós sabemos repartir o pouco. Pode ser uma bênção para os irmãos e irmãs que recebem, mas especialmente uma bênção para nós, que fomos tocados pela mensagem do reino de Deus, a mensagem de Jesus, e fomos tocados pelo dom de um amor que se reparte, que se dá e que se doa”, testemunhou o arcebispo de Manaus. Sobra quando existe amor Falando sobre o “ainda sobrou”, o cardeal disse que “é claro que sobra quando existe amor, quando existe partilha, sempre sobra. Ninguém passa fome.” Um texto que na festa de Jesus Sacramentado nos convida a “não termos medo de repartir, mesmo se tivermos pouco”, nos incentivando a partilhar, a dividir, a codividir. Analisando o texto de Paulo, lido na celebração, o arcebispo ressaltou a figura de Jesus, “se dando, se doando para a salvação e permanecendo no meio de nós.” Nesse sentido, ele vê na Eucaristia “essa comunhão profunda com Jesus que se deixa no meio de nós e deseja que nós o recebamos, Não tenhamos medo de recebê-lo, irmos ao encontro, para também ele ser uma bênção para nós, mas nós podemos ser uma bênção para os outros. E assim como os outros recebem do pouco que temos, nós recebemos do muito que Deus tem para conosco.” Perceber aqueles que têm necessidade Refletindo sobre o dízimo, que aparece na primeira leitura da celebração de Corpus Christi, ele disse que “dízimo é aquela contribuição pequena que nós damos e assim nós ajudamos a tantas pessoas.” O cardeal pediu que “ao levarmos hoje a Jesus sacramentado pelas ruas da nossa cidade, que Ele nos abençoe e nos ajude a perceber os irmãos e irmãs que têm necessidade. Que ele nos ajude a abrir os olhos e o coração para podermos sempre de novo dar nos cinco pães e dois peixes o pouco que temos. Mas darmos o muito que Deus nos deu, o nosso amor, darmos o muito que Deus nos deu, o dom de podermos amar. Não apenas de dividir as coisas, o pão, mas podemos codividir a nossa vida, o dom da nossa fé. Então sim, levaremos o Pão da Esperança. Então sim, seremos sinais de esperança. Então sim, levaremos sempre a todos um sinal, um dom, o dom da esperança.” O cardeal agradeceu os ministros e ministras extraordinários da comunhão, da Palavra de Deus e das exéquias, que celebraram seu Jubileu na arquidiocese de Manaus, “por levarem Jesus, o Pão da Esperança, aos irmãos doentes, aos irmãos e irmãs idosos, por sempre estarem a serviço da comunidade e das comunidades, por levar um pedacinho de pão.” É Jesus sacramentado, que “alimenta, fortifica, consola, fortalece, dá o dom da fé, alimenta a esperança.” Ele convidou aqueles que assumem esses ministérios a que “peçam a Deus o dom de sempre de novo levarem a Jesus, sempre de novo levarem a todos o Pão da Esperança.” Forte devoção a São José Recordando os 50 anos do Congresso Eucarístico Nacional celebrado em Manaus, o cardeal justificou a inclusão da invocação de São José na Oração Eucarística V, dado que em Manaus, “nós temos uma devoção tão grande a São José, o primeiro padroeiro que chegou a nossa região com o…
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Na Festa da Eucaristia, buscar respostas para as comunidades que não podem celebrá-la

No dia em que a Igreja celebra a Solenidade de Corpus Christi, a festa da Eucaristia, que na arquidiocese de Manaus tem como tema “Eucaristia: Pão da Esperança”, somos chamados a refletir sobre a impossibilidade que muitas comunidades da Amazônia, do Brasil e do mundo têm para celebrar a Eucaristia cada domingo. O primeiro mandamento da Igreja diz: “Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho”. Diante disso surge uma pergunta: Aqueles que não participam da missa aos domingos estão pecando? O que acontece com os católicos que moram em comunidades onde a celebração da Eucaristia acontece uma vez por mês ou uma vez por ano? Como possibilitar que cada comunidade católica possa celebrar a Eucaristia, que segundo o Concílio Vaticano II é fonte e cume da vida cristã? No dia 15 de outubro de 2024, na Sala de Imprensa do Vaticano, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, durante a Segunda Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, disse que lhe preocupa o atendimento às comunidades na arquidiocese de Manaus, uma arquidiocese com mais de mil comunidades e pouco mais de 170 presbíteros, “pois não se consegue acompanhar a vida sacramental das comunidades”. Diante dessa realidade, ele afirmou que “para determinadas realidades não seria uma dificuldade admitir homens casados à ordenação”, reconhecendo que “para outras realidades na Igreja, é uma grande dificuldade”. Junto com isso, o cardeal, seguindo as reflexões de Papa Francisco, pedia continuar dialogando, olhando a comunidade, que é o motivo da existência da Igreja. A escuta e o diálogo, pilares de uma Igreja sinodal, um caminho assumido pelo Papa Leão XIV, deve ser uma atitude cada vez mais presente na vida da Igreja católica. Não adianta impor modos de viver a fé, nem mudanças que não são fruto do discernimento comum. Mas diante da realidade de muitas comunidades, onde a Eucaristia é um sacramento raramente celebrado, se faz necessário encontrar novos caminhos, de acordo com a Doutrina e a Tradição, mas sem esquecer que a realidade atual demanda respostas concretas. Um caminho que não pode estar fechado às mulheres, que durante muitos anos “levaram adiante as comunidades e hoje estão levando a frente as nossas comunidades”, segundo disse o arcebispo de Manaus nesse 15 de outubro de 2024. O cardeal Steiner ainda ia além, sublinhado que “várias das nossas mulheres são verdadeiras diaconisas, sem terem recebido a imposição das mãos”. Segundo o arcebispo, “é admirável, admirável, o quanto as mulheres são responsáveis pela nossa Igreja, é admirável”, até o ponto de dizer que “a nossa Igreja, não seria a Igreja que é sem a presença das mulheres”. Mais uma vez, a festa da Eucaristia é uma oportunidade para refletir sobre a vida da Igreja, sem medo de dialogar abertamente, sem medo de pensar na vida de fé de tantas pessoas que hoje não tem a possibilidade de celebrar assiduamente a Eucaristia, que não podemos esquecer que é fonte e cume da vida cristã. Editorial Rádio Rio Mar

Faculdade Católica do Amazonas faz propostas em vista da COP-30

A Faculdade Católica do Amazonas realizou no dia 17 de junho de 2025 o Seminário Interdisciplinar de Extensão, com o tema: COP-30 e Amazônia. Os participantes elaboraram uma Carta-Manifesto, onde afirmam seus compromissos com a Ecologia Integral. O texto afirma que “Nós, oriundos das comunidades amazônicas: ribeirinhas, indígenas, quilombolas e urbanas, estamos aqui para partilhar saberes e sabores amazônicos, aprendendo a interligar, resistir, formando uma aliança para enfrentar os grandes projetos coloniais de ontem e de hoje que desprezam e delapidam nossas condições de vida nesta parte da aldeia sagrada – o planeta Terra.” A COP30 é definida na Carta como “um acontecimento inédito”, em busca de diversidade, inclusão, cooperação e resiliência, realizada em mutirão, em um momento de um possível ponto de inflexão irreversível do bioma amazônico. No texto aparecem propostas como promotores da Ecologia Integral: educação ambiental, luta contra os racismos e injustiça ambiental, denuncia dos processos de privatização, garantia de direitos, participação cidadã na elaboração de Políticas Públicas, melhor tratamento dos esgotos. SEMINARIO INTERDISCIPLINAR DE EXTENSAO: COP-30 e AMAZONIA CARTA – MANIFESTO DOS/DAS PARTICIPANTES SABERES E SABORES AMAZÔNICOS PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL Na noite de lua cheia de 17 de junho de 2025, foi realizado o Seminário Interdisciplinar de Extensão da Faculdade Católica do Amazonas, com o tema: COP-30 e AMAZONIA, organizado pelos discentes e professores do Curso Filosofia e Teologia, com o apoio de nossas comunidades, pastorais, movimentos e amigos e amigas da caminhada. No ano em que comemoramos os 10 anos da Laudato Si’, documento inspirador que nos chama a mudar nossa relação com a criação de Deus, queremos afirmar nossos compromissos com a Ecologia Integral. Nós, oriundos das comunidades amazônicas: ribeirinhas, indígenas, quilombolas e urbanas, estamos aqui para partilhar saberes e sabores amazônicos, aprendendo a interligar, resistir, formando uma aliança para enfrentar os grandes projetos coloniais de ontem e de hoje que desprezam e delapidam nossas condições de vida nesta parte da aldeia sagrada – o planeta Terra. Levamos em nossas veias e em nossos territórios, o sangue dos mártires torturados e mortos na luta pela defesa dos nossos modos de vida e de nossas religiosidades e do grande Espírito que povoa, nossos territórios, fortalecem e amparam nossa peleja e nos inspiram nas práticas de cuidado e da ética do bem-viver e conviver com todas as criaturas, destas terras molhadas. A COP30 que será realizada no coração da Amazônia, a cidade de Belém do Pará, em novembro de 2025, faz lembrança dos 20 anos do Protocolo de Kyoto e 10 anos do Acordo de Paris. É um acontecimento inédito, primeiro pela sua localização, depois porque busca reafirmar e comprometer os países, na busca de valores como diversidade, inclusão, cooperação e resiliência. O conceito de mutirão, proveniente das culturas tradicionais da Amazônia,define sua metodologia e organização. Vivemos este encontro, tendo como realidade as secas, os picos mais altos de calor, o risco de um possível ponto de inflexão irreversível do bioma. A crise ecológica é um colapso progressivo dos sistemas de vida, da sociedade e da nossa condição humana. Contudo, seus impactos e responsabilidades não são distribuídos de forma igualitária. Promotores da Ecologia Integral, exigimos uma educação ambiental que promova uma consciência, primeiramente de quem promove a destruição da casa comum, quem sofre os impactos e quem deve e pode agir local e globalmente, para enfrentar os desafios ambientais com justiça. Promotores da Ecologia Integral, lutamos com respeito e solidariedade às lutas contra os racismos e injustiça ambiental pelo direito à água, ao saneamento, à moradia, à comida justa e saudável, o que corresponde ao direito de viver com dignidade. Promotores da Ecologia Integral, denunciamos os processos de privatização do sistema público de água e energia, transformando esses bens em mercadoria e não um serviço para todos. Repudiamos qualquer tentativa de destruir o encontro das águas do Rio Amazonas com o Rio Negro. Dizemos não à exploração do petróleo na foz do Rio Amazonas. Exigimos uma maior transparência no comércio de crédito de carbono, Promotores da Ecologia Integral, lutaremos e exigimos que os dispositivos da Constituição Federal, das normas internacionais, garantam e protejam os direitos por terra, vida e cultura dos povos indígenas. Repudiamos o avanço do agronegócio e da monocultura que avança pelo sul do Amazonas, do extrativismo mineral, nas terras indígenas dos povos Mura de Autazes e Yanomami em Roraima. Promotores da Ecologia integral, reivindicamos participação como sociedade civil organizada, na construção de cidades, ambiental e socialmente sustentável, incentivando a arborização urbana, estimulando a eficiência energética, o baixo consumo de carbono, a crescente substituição por fontes de energia renováveis e denunciamos as cidades do estado do Amazonas com 70% dos seus municípios que gastam recursos públicos com contratos milionários com empresas privadas (nacionais e interesses das internacionais) mostrando a ineficiência de gestão do poder público, no qual destacamos a baixa arrecadação dos municípios para manter estes contratos vultuosos (criando desiquilíbrio nos outros serviços básicos a população),  mantendo os lixões a céu aberto, que contamina o ar (gás metano), contaminação da água (lençol freático) desperdiço dos resíduos, propomos atender com o cuidado da  Ecologia Integral (cuidar das pessoas e ambiente),  de maneira sustentável, dar visibilidade as pessoas, comunidades em situação  social vulnerável (catadores nos lixões), possibilitar o reconhecimento da profissão destes catadores (as)  de acordo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5.192-05, de acordo com a Portaria nº 397/2002 do Ministério do Trabalho e o decreto nº 11.414/2023, a oportunidade do trabalho, a reutilização dos resíduos e promover uma economia circular. Exigimos melhor tratamento dos esgotos, integrando aos corredores verdes reestabelecendo conexões com rios, riachos, lagoas e áreas úmidas, aproveitando seu potencial paisagístico e tratando seus problemas de saneamento. Sistemas de parques, essenciais para o desenvolvimento da fauna e biodiversidade, devem ser propostos com o objetivo de integrar estes espaços e devolvê-los aos cidadãos, espaços à vida cotidiana dos moradores. Promovendo a Ecologia Integral na Amazônia, celebraremos sempre a vida, a memória de nossos ancestrais, em nossos espaços acadêmicos, em comunidades, pastorais e movimentos organizados. Continuaremos nesta caminhada juntos, escrevendo textos…
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Marina Silva à Faculdade Católica do Amazonas: “A reflexão sobre ecologia integral é fundamental”

A Faculdade Católica do Amazonas realizou no dia 17 de junho de 2025 uma Mostra Científica, com o tema “Perspectivas Filosóficas e Teológicas diante da COP-30. Além da apresentação de Projetos de Pesquisa e a exposição de banners sobre “Casa Amazônica – Saúde e Medicina”, foi realizada uma Mesa Redonda com o tema: “COP-30 e a Amazônia”, que contou a participação de Marina Silva. Junto com a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, participaram da Mesa, moderada pelo professor da Faculdade Católica do Amazonas, Ricardo Castro, a professora da Universidade Federal do Amazonas, Marilene Corrêa da Silva, o Procurador Federal, Fernando Merloto Soave, e o diretor da Faculdade Católica do Amazonas, dom Joaquim Hudson Ribeiro. A ministra iniciou sua intervenção em vídeo cumprimentando os participantes, destacando a importância da “roda de conversa sobre nossa casa comum” e mostrando seu “apoio e respeito a essa importante iniciativa”. Segundo Marina Silva, “a reflexão sobre ecologia integral, especialmente neste momento em que o Brasil se prepara para a COP30 em Belém, é fundamental. É um chamado à ação, ao diálogo entre ciência, fé e justiça socioambiental”. Marina Silva recordou sua participação no dia da biodiversidade, 22 de maio, no Congresso Ibero-Americano: “10 anos de Laudato Si, Dívida Ecológica, Esperança Pública”, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O encontro reuniu mais de 200 reitores, contando com a participação do diretor da Faculdade Católica do Amazonas, dom Hudson Ribeiro, e do arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Um congresso onde, segundo a Ministra de do Meio Ambiente e Mudança do Clima, “pudemos dialogar sobre a agenda do cuidado e essa nossa importante responsabilidade com a vida e o bem comum”. Nessa perspectiva, Marina Silva disse esperar que a Mostra Científica realizada na Faculdade Católica do Amazonas fosse uma oportunidade para realizar “bons e transformadores diálogos”. Segundo partilhou no encontro da PUC-Rio, “as universidades têm um papel muito importante na formulação e conhecimento de inovação tecnológica”. Marina Silva insistiu em que “cada vez mais a gente vai precisar fazer políticas públicas com base em dados e evidências para o enfrentamento da mudança do clima, da perda de biodiversidade, da desertificação e para que a gente possa criar um novo ciclo de prosperidade onde a gente possa combater os danos ambientais, mas gerar riqueza, condições de vida digna para as pessoas”. Nessa perspectiva, a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, defende que “as universidades têm sim um papel importante, e quando há essa disposição dos mais altos níveis das universidades se reunir para tomar um direcionamento no sentido da contribuição mais efetiva que ela pode dar, isso é muito bom para a sociedade e para a formulação e implementação de Políticas Públicas”.

Cardeal Steiner: “Celebrar a Santíssima Trindade é uma revolução no nosso modo de viver”

Na Solenidade da Santíssima Trindade, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia, recordando que “depois de termos liturgicamente acompanhado o nascer, o anúncio, o sofrer, a morte, a ressurreição, ascensão de Jesus, a vinda do Espírito Santo, termos recebido a núncio das realizações do Pai, celebramos o mistério revelado de um amor: Pai, Filho e Espírito Santo.” É meu O cardeal disse que “ouvimos na proclamação do Evangelho a grandeza, a essência, a intimidade, o amor, que deixa ser a Trindade Santa: ‘Quando, porém, vier o Espírito da Verdade ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu.’ Uma vivacidade de vida, de amor que une, deixa ser comunhão das três pessoas da Trindade Santa.” Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), “a ação das pessoas da Trindade está revestida do amor. O amor que flui e eflue das pessoas é o constituir-se da realidade relacional, a conduzir à plena verdade. O perceber-se tocado pela verdade de um amor que desperta a glorificação pela ação amorosa. O que um oferta é para ou outro na oferenda ao outro, cada uma das pessoas são anúncio benevolente, salvífico. Assim, tudo o que é do Filho e do Pai e tudo o que é do Pai e do Filho, e tudo o que é do Pai e do Filho são do Espírito Santo e tudo o que é do Espírito Santo é do Pai e do Filho.” Os três são um só Deus O arcebispo de Manaus citou as palavras de Santo Agostinho em A doutrina cristã, 1.5: “o encantado com o amor da Trindade”, que nos ensina que “não é fácil encontrar um nome que possa convir a tanta grandeza e servir para denominar de maneira adequada a Trindade. A não ser que se diga que é um só Deus, de quem, por quem e para quem existem todas as coisas (Rm 11,36). Assim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são, cada um deles, Deus. E os três são um só Deus. Para si próprio, cada um deles é substância completa e, os três juntos, uma só substância. O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo. O Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo. E o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. O Pai é só Pai, o Filho unicamente Filho, e o Espírito Santo unicamente Espírito Santo. Os três possuem a mesma eternidade, a mesma imutabilidade, a mesma majestade, o mesmo poder. No Pai está a unidade, no Filho a igualdade e no Espírito Santo a harmonia entre a unidade e a igualdade. Esses três atributos todos são um só, por causa do Pai, todos são iguais por causa do Filho e todos são conexos por causa do Espírito Santo.” “Na ação doativa, dativa, sem limites e sem posse e poder, tudo se torna anúncio do amor verdadeiro e límpido, generoso e gratuito. Livres no amor, no amor livre vive a Trindade no cuidado para com o universo, para com cada uma das criaturas. Especialmente para com cada um dos filhos e filhas. O Filho verbo encarnado, humanado, fraqueza de nossa riqueza, todo a nossa riqueza e pertença: ‘é meu’. É meu diz Jesus, pois feito meu, conquistado por Ele, a serviço de toda a criatura, agora tudo pertence a ele, na liberdade de um amor único, da liberdade da cruz. Porque ‘é meu’ não possui, pois com nada ficou, mas tudo entregou nas mãos do Pai. E tudo, na liberdade do amor que redime, vai para Ele, como nos diz o apocalipse: todos diante do cordeiro a cantar”, refletiu o arcebispo. Ele citou Apocalipse 5,11-13: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e todas as coisas que neles há, dizendo: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.” No texto ele percebe “a bela imagem do Apocalipse a nos dizer ‘é meu’, isto é, fomos conquistados, atraídos por um amor, pertencemos a esse amor redentor, esse amor encanado.” Participação na vida da Trindade Em palavras do cardeal Steiner: “na Trindade, no pertencimento à Trindade, na participação do amor da Trindade, nos tornamos anúncio e temos um pertencimento. ‘vos anunciará, é meu.’ Assim, ao traçarmos sobre nós a cruz e ao benzermos com a cruz, estamos manifestando nossa participação na vida da Trindade. Pois estamos afirmando nossa pertença ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Ao mesmo tempo estamos a anunciar a vida da Trindade na qual nos movemos e somos. Tudo na pertença e anúncio que nos foi possibilitado pelo amor do Crucificado e nos dons recebidos o Espírito Santo. Nas cruzes reafirmamos que fomos gerados pelo amor da cruz e ao visibilizarmos o símbolo da vida na morte anunciamos o mistério da salvação, isto é, a beleza de um amor inaudito.” Ele destacou que “No Ano Santo da esperança, nos apercebemos que essa pertença e esse anúncio é uma pertença de esperança, um anúncio de esperança. Na Trindade somos ungidos com o bálsamo da esperança, porque o Espírito Santo é o reconstrutor da esperança. Uma esperança que não desilude, uma esperança duradoura.” Uma afirmação…
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Sermos testemunhas de esperança num mundo quebrado pela guerra

Um dos grandes desafios no atual momento histórico é sermos testemunhas de esperança. Em um mundo quebrado pela guerra, pela violência, pela polarização, a grande questão a enfrentar é como ajudar as pessoas a não perder a esperança. A situação vivida na Ucrania, em Gaza, em tantos lugares do mundo, inclusive em muitas cidades do Brasil, onde as guerras e a violência se cobram grande número de vítimas inocentes, tem que nos levar a refletir. O grande perigo diante disso é nos acostumarmos com essa realidade e fazer de conta que não pode ser feito nada para reverter essa situação. Ainda mais, muitas pessoas se posicionam contra aqueles que tentam mudar a realidade. O acontecido nesta semana em águas interacionais, quando Israel prendeu ativistas que queriam denunciar a fome extrema e falta de remédios que provoca a morte diária de muitos inocentes, inclusive crianças, deveria nos levar a nos envolvermos para mudar essa realidade e acabar com o genocídio que ameaça com exterminar o povo palestino. O desrespeito das leis internacionais é algo que não pode ser permitido a nenhum governo, ainda mais quando a pretensão é defender àqueles que ninguém defende. Não podemos ficar impassíveis diante do sofrimento alheio, diante de situações que ferem a dignidade humana. Quando as pessoas perdem a esperança, aos poucos vão perdendo a vida. O Papa Leão XIV, seguindo a postura de Papa Francisco, em seu primeiro mês de pontificado, está insistindo na necessidade da paz. Já foram várias as tentativas de estabelecer diálogos entre os governos dos países enfrentados pela guerra. Guerras que especialmente prejudicam os inocentes, vítimas de decisões que só procuram interesses pessoais, económicos e políticos que dão as costas aos interesses comuns do povo. Até que ponto me atinge o que está acontecendo nas diversas guerras presentes no mundo? Como me posiciono diante de tanta violência e polarização que faz parte do nosso cotidiano? O que eu estou fazendo para gerar esperança para tantas pessoas que por diversos motivos foram perdendo-a? Como me envolvo para resolver os diversos conflitos presentes no mundo hoje, inclusive perto de cada um, cada uma de nós? São muitas as perguntas que deveríamos responder para avançar em uma dinâmica decisiva para o futuro da humanidade. Uma humanidade sem esperança está abocada ao fim, aos poucos irá perdendo as motivações para continuar lutando pela vida. O caminho é aprender com aqueles que se comprometem com a utopia de um mundo melhor. Eles nos mostram que a esperança é a última que morre, uma atitude que deveria nos contagiarmos até fazer de nós homens e mulheres que entendem a vida movidos pela esperança. Editorial Rádio Rio Mar

Frei Paolo Maria Braghini: Após 26 anos de missão entre os Ticunas volta para Itália

Os 26 anos de missão de frei Paolo Maria Braghini entre os Ticunas de Belém do Solimões é motivo de gratidão e profunda admiração para a diocese de Alto Solimões. Nascido na Itália, o frade capuchinho tem dedicado sua vida missionária, com coração franciscano, ao povo Ticuna, o mais numeroso da Tríplice Fronteira Colômbia, Peru, Brasil, países em que vive esse povo indígena. No coração da Amazônia, com humildade, coragem e fé, frei Paolo fez-se irmão, amigo e servidor deste povo indígena, partilhando suas alegrias, dores, lutas e esperanças. Sua presença constante e amorosa ajudou a fortalecer a identidade cultural e espiritual dos Ticunas, promovendo não apenas a evangelização, mas também o respeito às tradições e à dignidade humana. Ao longo desses 26 anos, frei Paolo não apenas anunciou o Evangelho com palavras, mas o viveu com gestos concretos de amor, solidariedade e justiça. Seu testemunho de vida é sinal de esperança e exemplo luminoso de missão encarnada, se identificando plenamente com a cultura e aprendendo a língua ticuna, que ele introduziu na vida pastoral, litúrgica e espiritual desse povo. A diocese de Alto Solimões pede que sua caminhada continue sendo abençoada, e que sua história entre os Ticunas inspire novas vocações missionárias a se doarem com o mesmo zelo e entrega ao Reino de Deus. Antes de voltar para Itália o frade visitou o Seminário São José da arquidiocese de Manaus, onde se formam os seminaristas da diocese de Alto Solimões, entre os quais estão vários ticunas. Fomentar as vocações indígenas entre esse povo indígena foi uma das suas preocupações. No dia em que a Igreja celebrou a memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, ele presidiu a celebração da Eucaristia, momento em que os seminaristas puderam escutar e partilhar um pouco de sua rica experiência missionária na diocese de Alto Solimões. Frei Paolo Braghini exortou os seminaristas com palavras fortes e cheias de vida: “Não sejam estéreis, mas fecundos. Sejam santos, capazes de santificar o povo (os outros).” Os seminaristas da diocese de Alto Solimões se despedem do frade com gratidão, pedindo a intercessão de Maria Santíssima para que o acompanhe e ilumine em sua nova missão. Eles agradecem a vida doada com tanto amor nestes 26 anos à Igreja local de Alto Solimões, em particular aos Ticunas.