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50ª Assembleia de uma Igreja de comunhão, participação e missão, de encarnação na realidade e evangelização libertadora

A 50ª Assembleia Regional Norte1 que acontece de 18 a 21 de setembro em Manaus com mais de 80 representantes das igrejas do Amazonas e Roraima, é mais um episódio de uma caminhada iniciada em 1967 com a primeira edição da Assembleia Regional. 50 assembleias em um tempo de comunhão, participação e missão, seguindo o caminhar do Sínodo da Sinodalidade, que a Igreja está vivenciando, em um tempo de encarnação na realidade e evangelização libertadora, linhas propostas para a Igreja da Amazônia pelo Documento de Santarém 1972, que deu muitas luzes para o planejamento pastoral das Igrejas particulares do Regional, segundo lembrou o padre Zenildo Lima, que recordou os sucessivos encontros. Uma história que começou com rostos concretos, com a ajuda de homens e mulheres que assumiram esse caminho, segundo lembrou alguém que participou daqueles passos iniciais, a Ir. Maria Clara de Albuquerque, da Congregação das Adoradoras do Sangue de Cristo. 50 anos de comunhão expressada na colegialidade de igrejas particulares com realidades peculiares, subsidiadas pela sede metropolitana de Manaus. 50 assembleias com grande sinergia com as propostas da Igreja universal, de América Latina e do Brasil, enfatizou o reitor do Seminário São José de Manaus, que destacou a articulação em diferentes níveis vivida ao longo desse tempo e o fato de ter vivido uma caminhada de escuta. Uma vida de comunhão favorecida pela Catequese, a Liturgia, a Formação dos agentes de pastoral, a Pastoral Vocacional, o diálogo ecumênico, as comunidades eclesiais, os ministérios. Mais de 50 anos de evangelização libertadora, que se concretizou na relação das igrejas particulares com o poder público, demandando sua presença nas bases e um desenvolvimento humano. Para isso surgiu Justiça e Paz, Caritas, Centro de Defesa dos Direitos Humanos, o Movimento de Educação de Base, as rádios… Uma Igreja vigilante diante dos grandes projetos, surgindo as Semanas Sociais Regionais. Uma Igreja preocupada com a Migração, o Tráfico Humano, os povos originários, com a presença do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a questão da terra, com a missão da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Na vida do Regional as pastorais específicas, elas são sinais e testemunho de quanto as 50 assembleias são sinais de evangelização libertadora, segundo o padre Zenildo Lima. Com elas foram surgindo causas comuns, se tornando as pastorais específicas instrumentos para concretizar nas bases essas causas comuns, para desde uma reflexão coletiva gerar diretrizes comuns. Nesse tempo teve um papel importante a Ir. Leticia Chaves, salesiana, diretora do Centro de Estudos do Comportamento Humano (CENESCH) e secretária executiva do Regional Norte1, que disse ter assumido diante das palavras de sua provincial: “para a Igreja a gente não vai negar nada”. Mesmo diante das muitas dificuldades, inclusive administrativas, disse estar vivendo a comemoração da 50ª Assembleia Regional com um sentimento profundo de gratidão. O padre Zenildo Lima destacou a importância da animação missionária no Regional Norte1, a visão pan-amazônica, algo explicitado no Sínodo para a Amazônia. Igualmente o destaque do laicato, do papel da mulher na caminhada das comunidades, a formação e espiritualidade, seu papel na política e nos movimentos populares, e o destaque e protagonismo da Vida Religiosa, a formação do clero local, criando os conselhos presbiterais, a comissão regional do clero e pastoral presbiteral, a colegialidade dos bispos, que favoreceu muito o trabalho das assembleias, o diaconato permanente e sua organização em nível diocesano e regional. A Vida Religiosa tem um papel decisivo na história do Regional, assumindo as prelazias e se fazendo presente de muitos modos, abraçando a juventude, cuidando das vítimas da violência, tráfico e abuso sexual com a Rede um Grito pela Vida, estando onde ninguém quer estar, enviados para amar e ser sinal da Boa Nova do Reino. Por isso, a Vida Religiosa pediu: “vamos somar o que temos em comum, diminuir as nossas diferenças, dividir e partilhar a vida e o pão e multiplicarmos o que nos fortalece na missão”. Um Regional com rosto laical e feminino, com mulheres que fundaram comunidades que hoje são paróquias e áreas missionárias na periferia de Manaus. Uma Igreja jovem e com grande protagonismo dos povos indígenas, comprometida no cuidado em todos os níveis, que sempre sonhou com novos caminhos e modos de ser Igreja. Uma Igreja preocupada com a formação, o que tem sido concretizado do CENESCH até a atual Faculdade Católica do Amazonas, passando pelo Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES. Uma Igreja que continua fazendo história em passos concretos, o que foi visualizado no relatório da presidência, relatando as múltiplas atividades realizadas pelo Regional, pela Igreja do Brasil e a Igreja universal, pelas pastorais, movimentos e organismos que caminham neste chão amazônico, construindo o Reino de Deus no meio aos povos que aqui habitam. O empenho do Regional Norte1 é continuar caminhando juntos, em sinodalidade, seguir sonhando e apostando por aqueles que muitas vezes são colocados às margens da sociedade, sempre desde a colegialidade e a comunhão. Uma Igreja que guarda a memória agradecida de tantos homens e mulheres que foram fazendo realidade ao longo dos anos uma Igreja com rosto amazônico, uma Igreja encarnada na vida das comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo Steiner: “As assembleias acontecidas até agora demostram uma Igreja que busca viver e levar o Evangelho”

A Igreja do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está vivenciando de 18 a 21 de setembro sua 50ª Assembleia Regional, recordando a profecia das igrejas particulares, sua história querendo assim alimentar a esperança, segundo afirmou o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 em entrevista coletiva com a imprensa local. Uma caminhada onde as mulheres tiveram um papel em destaque, segundo a Ir. Rose Bertoldo, secretária executiva do Regional Norte1, que trouxe a memória da “presença fecunda das mulheres nas nossas comunidades, uma presença que marca o caminho e que faz processo”, mostrando sua gratidão por todas elas. A religiosa lembrou nomes concretos de mulheres que a precederam no serviço que ela desempenha hoje, que “contribuíram nesse processo de fazer caminhos e alargar a tenda da Igreja na Amazônia”. Em representação dos povos originários, Deolinda Melchior da Silva, indígena do povo Macuxi, afirmou que os povos indígenas também estão celebrando 50 assembleias, querendo agradecer “a Deus porque os povos indígenas somos evangelizados, primeiramente com a Palavra de Deus, sobre nossos direitos como povos indígenas, a nossa terra, a nossa vida”. Ela lembrou a continuação da votação do Marco Temporal, pedindo a ajuda de Deus para proteger a terra onde eles sempre moraram. Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira lembrou das imensas dificuldades enfrentadas pelos missionários chegados, na maioria da Europa, na região. O bispo recordou que “com o tempo, eles foram também se aperfeiçoando, se adaptando à região”, destacando a importância do Concílio Vaticano II e sua adaptação local no Encontro de Santarém em 1972, onde “se tomaram decisões proféticas, é a Palavra de Deus que deve se encarnar aqui na Amazônia, a atenção às comunidades eclesiais de base, a formação de agentes pastorais, homens e mulheres”. Ele também destacou a importância da fundação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), assim como a aprendizado com “o heroísmo desses missionários e missionárias que nos precederam”. “As assembleias acontecidas até agora demostram uma Igreja que busca viver e levar o Evangelho”, destacou Dom Leonardo. Isso “numa Igreja que desejou profundamente se encarnar, com todas as suas dificuldades e contradições, mas procurou se encarnar”, segundo o arcebispo de Manaus, que insistiu em destacar o papel de “uma Igreja que sempre levou em conta as dificuldades”, destacando os frutos do caminho e pedindo que “nossa Igreja que está na Amazônia possa ajudar a perceber a presença do Reino de Deus, Jesus Ressuscitado, Crucificado, vida plenificada porque transformada na morte”. Entre os desafios atuais o arcebispo de Manaus falou da devastação da Amazônia, mas também afirmou como um dos grandes passos dados, “que crescemos no espírito missionário, nós temos hoje uma presença maior dos leigos na frente da catequese, à frente das comunidades, lideranças, uma presença maior de religiosos e religiosas, a presença maior de igrejas particulares, a presença maior de bispos”. O cardeal destacou que “aquele primeiro desafio de chegar e começar a falar de Deus, a falar do Evangelho, esse a gente pode dizer que está superado, mas estamos sempre iniciando, o Evangelho é uma eterna novidade”. Sobre o acompanhamento à vulnerabilidade social, Dom Leonardo Steiner destacou a acompanhamento às pessoas que passam fome, o grandíssimo esforço das comunidades, de quem destacou sua solidariedade. Também mostrou a grande preocupação do Regional pelos abusos sexual a crianças e adolescentes, reconhecendo a dificuldade para ser superado, mas mostrando o grande esforço de acompanhamento por parte da Igreja católica. Outro desafio colocado em destaque pelo arcebispo de Manaus é a depredação da Amazônia, denunciando a situação dificílima que está acontecendo, citando como exemplo o garimpo, “uma questão que nos aflige e devemos tentar conscientizar as nossas comunidades e manter um diálogo com os governos”. Uma degradação ambiental que definiu como ganância, sem pensar na Amazônia, nos povos originários, no futuro do Brasil, no conjunto da casa comum. Nesse sentido, ele insistiu que “se está pensando no meu, naquilo que eu posso usufruir”, e que sem o meio ambiente não sobreviveremos. Daí a importância do agir da Igreja, que está conscientizando as comunidades com a Laudato Si’, criando uma consciência bem maior, mesmo reconhecendo que ainda devem ser dados passos e criar uma consciência do cuidado. Uma memória do passado que sempre é viva e atual, segundo dom Edson Damian, que definiu a profecia como o Evangelho vivo de Jesus, que quando encarnado na realidade, ele denuncia as injustiças, a exploração das pessoas, a marginalização, a fome e a miséria, que está tão presente aqui na Amazônia. Com relação à esperança, o bispo de São Gabriel da Cachoeira disse que “nós cristãos acreditamos que a esperança é que move a história”, chamando a descobrir, guiados pelo Espírito Santo, novos caminhos para nos colocar ao lado das pessoas marginalizadas, oprimidas, assumindo o grito dos povos indígenas e dizendo não ao Marco Temporal, que iria dizimar os povos indígenas e negar seu direito fundamental ao território. O bispo de uma diocese onde grande parte da população é indígena disse ter assumido um princípio desde que chegou lá: “A Boa Nova das culturas indígenas acolhe a Boa Nova do Evangelho”, destacando os valores dos povos originários, culturais e humanos que o levam a dizer que o Espírito Santo chegou antes dos missionários. Por isso pediu valorizar os valores presentes nesses povos, como é a vida comunitária, fraterna, a partilha, o cuidado da Mãe Terra, da casa comum, considerando os povos indígenas como mestres no cuidado da casa comum, destacando tudo o que aprendeu com eles. A líder indígena do povo Macuxi destacou a aprendizado com a Igreja do regional, afirmando que “Deus olha para nós povos indígenas, com nossas culturas, com nossos direitos a terra”. Uma presença da Igreja que a líder indígena insiste em que lhes ajuda muito, denunciando a morte dos povos indígenas, como está acontecendo com os yanomami. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

50ª Assembleia do Regional Norte1: Memória de uma missão instrumento profético na Amazônia

Um dia para fazer memória, que “não é uma simples lembrança, que é um passado que se faz presente no hoje”, segundo explicitava dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte1, que de 18 a 21 de setembro realiza na Maromba de Manaus, com a participação de mais de 80 pessoas, sua 50ª Assembleia Regional. A memória começa pelo olhar, um prestar atenção, afirmou o bispo de Alto Solimões, espelhado na atitude de Jesus na passagem do Evangelho do dia, onde mostra que ele sentiu compaixão, empatia, se colocou no lugar do outro, uma compaixão que leva à ação. Uma memória que ajuda a lembrar tantas coisas boas vividas no Regional, após um sentimento de compaixão dos bispos que os levou à ação, gerando processos que ajudem a superar uma pastoral de eventos. Dom Adolfo Zon fez um chamado a olhar a realidade a partir da memória e assim descobrir que hoje na Amazônia os problemas se complicaram, o que demanda saber discernir a resposta hoje. O vice-presidente insistiu em que as igrejas do Regional Norte1 têm um mesmo sentir, o que vai ajudar na ação evangelizadora, fazendo um chamado a ter criatividade com critério. Uma caminhada que é uma escola, destacando a importância da metodologia e que fazer juntos é uma graça de Deus. Finalmente, ele pediu aos bispos, que tem o carisma e responsabilidade da coordenação, que semeiem vida lá onde passam. Não podemos esquecer que é a partir da memória que se constroem os sonhos. Daí a importância da leitura histórica da caminhada da Igreja na Amazônia realizada pelo padre Vanthuy Neto. Uma história marcada nos primeiros momentos por dois bispos, Dom Macedo Costa, naquele tempo arcebispo de Belém, que promoveu o diálogo com o governo e se destacou como um dos bispos mais influentes do Concílio Vaticano I, e Dom Frederico Costa, primeiro bispo prelado de Santarém, no início do século XX. A Igreja confiou as prelazias a diversas congregações, uma Igreja que na Amazônia sempre esteve marcada por um rosto laical. Segundo o padre da diocese de Roraima, uma história baseada em 6 pontos, que mostrou como antecedente da organização eclesial: povos originários, abertura dos portos para o comércio exterior, os conflitos das fronteiras, a Igreja entre o padroado e a romanização, a presença protestante e as prelazias e Igrejas locais como novo caminho de evangelização. As missões se tornaram instrumento profético na Amazônia, com grande preocupação em torno da escravidão dos indígenas, que em poucos anos passaram de ser a maioria a ser uma minoria, consequência da escravidão e as epidemias. O ciclo da borracha ajuda a ver a floresta, não mais obstáculo e sim paraíso verde, fonte riquezas, mudando o mundo amazônico. Um tempo em que as fontes de riqueza provocam guerras de fronteira, em um tempo com grande influência da maçonaria e que marca a chegada do mundo protestante. Um tempo em que o chamado positivismo católico, que pretende fazer com que os habitantes da região, especialmente os indígenas, entrem no mundo da razão. Em 1892 nasce a diocese do Amazonas, se tornando Manaus lugar de apoio das prelazias do interior, pudendo ser considerada “o pequeno Vaticano” do Amazonas. Aos poucos se intensifica o chamado a fomentar o clero local, o clero indígena, dado que todos os missionários chegavam de fora, principalmente da Europa. Aos poucos a diocese do Amazonas vai ser dividida em novas dioceses e prelazias, uma Igreja de festas, de religiosidade popular, até o ponto de que “a procissão era mais importante do que a missa”, ressaltou o padre Vanthuy Neto. Uma missão ligada à questão da fé, mas também ao progresso da região. Se chegava para evangelizar, sobretudo a partir do Batismo e o Matrimonio, e se realizava a missão seguindo um tripé: escola, saúde, trabalho. A Igreja ajudará na sedentarizarão dos povos. Uma Igreja que foi dando os passos com diversos encontros e pronunciamentos para que pouco depois do Concílio Vaticano II, em 1966, surgisse o Regional Norte1 da CNBB, que realizou sua primeira assembleia em 1967. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Inicia 50ª Assembleia do Regional Norte1 da CNBB, uma Igreja de todos interligados na missão

Memória, profecia, esperança, como elementos que marcam a caminhada do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), que nesta segunda-feira 18 de setembro iniciava com uma celebração eucarística, presidida por dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, arcebispo de Olinda e Recife e segundo vice-presidente da CNBB, sua 50ª Assembleia. Uma caminhada que começou em 1966 e teve sua primeira assembleia em 1967, pouco depois da clausura do Concílio Vaticano II, um período importante na vida da Igreja, segundo lembrou na homilia dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, que começou suas palavras afirmando a necessidade de que seja uma assembleia marcada pelo agradecimento, insistindo no desejo de Deus de que todos sejam salvos. Em relação ao Concilio Vaticano II, o arcebispo emérito de Manaus destacou sua importância numa época em que a Igreja vivia uma concepção de sociedade perfeita, marcada pela imagem de uma pirâmide, pela hierarquia, e a submissão dos fiéis à hierarquia. Ele destacou a eclesiologia nova que trouxe o Concílio, semeando a semente de uma Igreja povo de Deus, e junto com isso que “a Igreja toda tem a assistência do Espírito Santo em matéria de fé e de moral”, antes concentrada no Papa e no bispo. Um Concílio que “resgatou para nós aquilo que a Igreja viveu no começo”, tendo como fundamento a Palavra de Deus; a união, solidariedade, bem querer e responsabilidade; a fração do pão, a Eucaristia; a oração em comum. Dom Luiz Soares Vieira fez um chamado a ser uma Igreja na base, uma Igreja comunhão, nos querer bem, dar espaço, uma Igreja de serviços, uma Igreja que é missionária, uma marca da Igreja da Amazônia, segundo o arcebispo emérito. Ele destacou a importância do nascimento das conferências episcopais, ressaltando que os bispos têm que ser servidores, uma atitude que deve estar presente em todos aqueles que fazem parte da Igreja. Uma caminhada do Regional que foi bonita, segundo Dom Luiz Soares Vieira, que destacou a importância do encontro de Santarém em 1972 e outros encontros realizados ao longo dos anos. Analisando o momento atual, marcado pela tecnologia, disse que a história está sendo esquecida e com isso o futuro perde o sentido de esperança, um mundo que caminha sem saber para onde. Igualmente, ele insistiu em que agora é momento de profecia, um elemento que viu presente no Sínodo da Amazônia diante das barreiras, inclusive políticas, que encontrou. O arcebispo emérito definiu o tempo atual como momento de evangelização, afirmando que a salvação não é somente salvação das almas e sim salvar a pessoa toda e todas as pessoas. Dom Luiz destacou a necessidade de uma Igreja unida, solidária, servidora e missionária, que transforme realmente as pessoas. Junto com isso, ele fez ver que a oração para ser cristã tem que ter consequência na nossa vida e na vida da sociedade, da comunidade. Falando sobre a esperança, o arcebispo emérito fez um chamado a ser homens e mulheres de esperança, a ser uma Igreja de esperança, consciente de que o Reino de Deus vai vencer e que o poder de Jesus é algo que não passa. Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, no final da celebração saudou os bispos irmãos e a todos os outros agentes de pastoral, que atuam neste regional, afirmando se fazer presente representando a Presidência da CNBB e o próprio Conselho Permanente, para participar das alegrias da celebração da 50ª Assembleia Regional. Ele destacou a importância de uma intuição presente no início da caminhada do Regional que considera válida e atual: “Trabalhar juntos para não cair no isolamento”. Na caminhada do Regional ressaltou a colegialidade e que “respiramos sinodalidade e eclesialidade, para além da mera comunhão episcopal”, analisando os passos dados: o sonho do desenvolvimento sustentável, um projeto permanente de missão, o caminho da profecia e do martírio, e os desafios da vivência da fé em realidades tão diversas: cidades, povos originários, ribeirinhos e caboclos. Dos passos dados, o segundo vice-presidente da CNBB enumerou o Instituto de Teologia; a força inspiradora do Encontro de Santarém e suas linhas programáticas; a vinculação com a caminhada da CNBB Nacional; a sintonia com os documentos do episcopado latino-americano e caribenho; a profunda comunhão com o Santo Padre; a preocupação permanente com a missão e com a opção preferencial pelos pobres; a permanente vinculação entre evangelização e projetos de desenvolvimento da Região Norte. Ele considerou algumas lacunas: maior trabalho vocacional e cultivo e formação de cleros autóctones; demasiada dependência dos missionários estrangeiros e dos religiosos e de seus projetos de financiamento; a fragilidade da reflexão sobre o neopentecostalismo. Finalmente, o arcebispo de Olinda e Recife disse desejar, em nome da presidência da CNBB, a todos os irmãos e irmãs das nove Igrejas que compõem esse Regional, “muita luz, discernimento e perseverança. Sua presença e comunhão é também muito importante para toda a Igreja no Brasil. Asseguro a todos vocês minhas orações e amizade”. O cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB disse ficar “sempre admirado da perspicácia dos bispos e das comunidades”, insistindo em sua admiração “quando leio, quando escuto esse modo de uma Igreja que procura ser presente e não tem pernas suficientes. Não porque não se esforça, mas porque existem as dificuldades de território, existem dificuldades de pessoas”. O cardeal enfatizou “o esforço que se fez e se faz na formação dos leigos, é algo admirável”, ressaltando que “isso tudo sempre de novo refletido, discutido nas assembleias, com a participação de todos. Isso tem nos ajudado a perceber que nós estamos todos realmente interligados também na missão”, algo que ele vê como tão bonito e significativo. O presidente do Regional agradeceu a presença de cada um, de cada uma, fazendo um agradecimento especial aos bispos eméritos presentes: dom Gutemberg Regis Freire, bispo emérito de Coari; dom Giuliano Friggeni, bispo emérito de Parintins; e dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus. Uma assembleia que se prolongará até quinta-feira 21 de setembro e que contará com a presença de…
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Encontro Cultural Magüta na diocese de Alto Solimões prepara grande encontro transfronteiriço

A comunidade Umariaçú I acolheu de 15 a 17 de setembro de 2023 mais um Encontro Cultural Magüta, com a participação de 40 pessoas das comunidades Umariaçu I, Umariaçu II e Emaú. Segundo informa Verônica Rubi, missionária leiga argentina que vive com o povo ticuna na comunidade Umariaçu I, “foram convidados a participar pajés, rezadores e anciãos que, por meio de práticas de proteção, cantos com instrumentos tradicionais e narrações, compartilharam seus conhecimentos ancestrais com os participantes”.   Segundo a missionária, “o encontro faz parte de um projeto maior de fortalecimento do povo Magüta (Ticuna) da Tríplice Fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, denominado ‘Igreja Sinodal com rosto Magüta’, que inclui, no objetivo cultural do projeto, um encontro por país em preparação para o grande encontro internacional desse povo indígena transfronteiriço que ocorrerá em outubro próximo”. A metodologia do encontro, segundo a membro da coordenação do Projeto “Igreja Sinodal com rosto Magüta”, “se baseia nas formas tradicionais com que o povo Magüta transmite sua cultura, incentivando assim o diálogo com as gerações mais jovens”. O encontro foi realizado inteiramente na língua Ticuna, graças à orientação do padre Ferney Pereira Augusto, sacerdote diocesano do Vicariato Apostólico de Letícia-Colômbia, membro do povo Ticuna que fala sua língua materna.        Na avaliação do encontro, os participantes expressaram sua alegria e gratidão pelo que compartilharam, pelo trabalho dos pajes e rezadores, pela interação entre anciãos e jovens, pelos cantos das anciãs que contêm várias histórias da origem do povo. Igualmente destacaram também a presença dos missionários que junto com o padre Ferney fazem parte da coordenação do projeto, que mesmo sem entender o idioma estiveram presentes. A realização desses encontros é possível graças à participação de um grande número de pessoas que, em função e com os povos indígenas, não medem esforços no fortalecimento de sua identidade cultural. Os organizadores destacam e agradecem o apoio de Porticus e a todos aqueles que eles representam.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diocese de Coari realiza Congresso Missionário Regional

A diocese de Coari realizou de 15 a 17 de setembro de 2023 o Congresso Missionário diocesano, com a participação de 50 representantes das paróquias Cristo Libertador, de Manacapuru; Nossa Senhora de Nazaré, de Beruri; Imaculada Conceição, de Anori; Nossa Senhora das Graças, de Codajás; e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, São Pedro, Sant´Ana e São Sebastião, de Coari. O tema e o conteúdo seguiram a proposta do Congresso Missionário Nacional: “Ide! Da Igreja Local, aos confins do mundo”- Corações ardentes, pés a caminho! que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro em Manaus, e que será precedido pelo Congresso Missionário Regional, a ser realizado no próximo final de semana, também em Manaus. O trabalho contou com outros conteúdos, que foram vivenciados em pequenos grupos, nas partilhas espontâneas, na noite cultural e nos momentos celebrativos, refletindo sobre a importância da dimensão missionária na vida da Igreja e da diocese de Coari. Um dos frutos do Congresso Missionário da diocese de Coari foram os compromissos indicados pelos participantes, fazendo a proposta de serem assumidos por todos: EFAIAM, Animação e Intercâmbio pastoral, animação da Campanha Missionária, maior investimento nas Obras Pontifícias (IAM, Propagação da Fé). Os organizadores do Congresso Missionária agradeceram a todos os participantes, ao bispo diocesano, dom Marcos Piatek, ao COMIRE Norte 1 e as pastorais representadas no Congresso: Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Juventude, Pastoral Litúrgica, Pastoral Familiar, Pastoral da Catequese, Pastoral do Dízimo. A todos foi feito o convite de seguir avante com os corações ardentes e os pés a caminho! Com informações do Pe. Gordiano (Pela Articulação da Animação Missionário diocesana)

Cardeal Steiner: “O perdão, tem o gosto, o sabor de Deus”

Um convite a perdoar de coração. Assim vê o cardeal Leonardo Steiner as palavras do Evangelho do 24º Domingo do Tempo Comum. Diante da pergunta de Pedro sobre quantas vezes deve perdoar, “Jesus continua a insistir no perdão, na misericórdia”, afirmou o arcebispo de Manaus. Ele lembrou que “se no domingo passado éramos convencidos da necessidade de oferecer o perdão, reconciliar, não deixar nenhum dos irmãos, nenhuma das irmãs, à margem, devolver à vida familiar, à vida da comunidade, hoje somos despertados para a abundância, a desmedida do perdão: ‘não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes’, isto é, a vida tem o horizonte, a beleza e a harmonia no perdão”. Analisando a primeira leitura, Dom Leonardo afirmou que “já nos animava a buscar o perdão como caminho de liberdade e da plenitude humana”. Segundo o arcebispo, “o Eclesiástico a nos despertar para o perdão, pois a raiva não cura, mas traz doença; o rancor guardado não redime, adoece. O perdão supera o rancor e a raiva; a vingança conduz ao abismo da separação. A vingança não alcança o perdão, a misericórdia. A leitura a nos colocar diante da morte, quando o perdão não curar as feridas e a alma”. Ele destacou que “a incapacidade de perdoar pode levar à morte, pois adoece. Especialmente à morte do espírito. O perdão liberta, alivia o coração, torna a vida mais harmoniosa. O perdão é a possibilidade da vida, não da morte!” Na resposta de Jesus à pergunta de Pedro, “Setenta vezes sete vezes”, Dom Leonardo vê nisso que “o perdão que traz consigo a liberdade e a liberalidade”. Ele lembrou que “diante da dívida, o empregado caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicou: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! A dívida do servo era maior que suas posses: ‘o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida’. As coisas, os objetos, as pessoas, não pagariam a dívida. Deveriam ser vendidos todos como escravos. Envolvia a sua liberdade, o seu amor familiar. Seria uma vida aprisionada, sem respiro de liberdade. Diante da súplica e imploração, nasce o perdão que deveria devolver a dignidade, a liberdade, não apenas a pessoal, mas também a familiar. E o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida”. Segundo o cardeal, “o empregado perdoado desdenhou do perdão recebido, desviou-se do momento libertador do perdão e ao encontrar o companheiro que lhe devia apenas cem moedas, o agarrou e ao sufocá-lo, dizia: Paga o que me deves. E o companheiro teve os mesmos gestos e as mesmas palavras daquele que fora perdoado: caindo aos pés, suplicava: Dá-me um prazo, e eu te pagarei! Dessintonizado do perdão recebido, desviado do movimento liberador, joga o companheiro na prisão, para que pague o que devia. E os outros companheiros levam o caso ao patrão que retira o perdão e aprisiona a quem não soube perdoar”. Dom Leonardo fez ver que “na parábola, por um momento vislumbrávamos uma nova era, um novo tempo, uma nova vida, um perdão transformador, libertador. Mas o texto nos indica que não é assim. Todos, patrão, empregado perdoado, companheiro, e companheiros de serviço, permanecem distanciados da compaixão, da misericórdia. Todos permanecem no seu estado próprio do sem perdão. Nem o servo, nem seu companheiro, nem os companheiros, nem o patrão são capazes de perdoar sete vezes setenta vezes. Todos permanecem fora da dinâmica do perdão. O perdão desaparece do horizonte do existir. Houve inicialmente o gesto de perdão do patrão, mas ele mesmo não soube perdoar sete vezes sete vezes. Diante da incapacidade de perdão do perdoado, retira o perdão e o faz escravo, se faz escravo”. A parábola, segundo o arcebispo, “nos coloca a caminho da compaixão, do perdão-perdão, da liberdade sem imposições. No nosso modo de pensar o servo perdoado, deveria também ele ter perdoado o seu companheiro. Seria o mínimo que se poderia esperar ao ser perdoado. Mas o perdão não é o mínimo que se pode esperar de quem vive do perdão, da compaixão, da misericórdia de Deus. O perdão é perdão, é libertação que depois não se retira, quando o outro não tem a desmedida do perdão recebido. Sete vezes sete vezes, não volta atrás, não olha o passado, o futuro, não mede, não soma, não subtrai. Apenas vive da gratuidade do perdão. O perdão que é perdão na desmedida do setenta vezes sete vezes”. Esse modo de viver “Sete vezes setenta vezes”, Dom Leonardo iluminou com as palavras de Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres! Se calares, cala por amor; se falares, fala por amor. Se corrigires, corrige por amor; se perdoares, perdoa por amor… Coloca no fundo do coração essa raiz de amor. Dessa raiz de amor só pode nascer o bem. Dentro do amor, não há erro, não há injustiça, não há ódio. Não há ressentimentos guardados. Dentro do amor só há encontro, perdão e verdade.” O cardeal explicou o significado da palavra perdão, que “é cheia de vida, diz da entrega total, da completude de vida. Perdão, per+donum, um dom levado à perfeição. Per-doar, doar totalmente! O perdão traz aos olhos uma totalidade reconciliada”. Segundo Dom Leonardo, “o Evangelho nos fez ver essa completude: teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. Perdoar é amar-doar-se em plenitude. Perdoar significa amar a ponto de restituir à vida a quem ofendeu. Toda ofensa, em grau menor ou maior, atenta contra a vida. O outro está aí vivo, feliz e, pelo ataque ou agressão, alguém lhe fere e tira o sabor de viver”, algo que complementou com as palavras de João Batista Libânio. “A graça do perdão, não está com o patrão que perdoa, nem com o perdoado, nem com os seus companheiros e o desperdoado. Mas o Pai que está no céu manifesta sempre manifesta para conosco, a grandeza e a nobreza do perdão de todo o coração: setenta vezes, sem limites”, enfatizou o arcebispo. Ele…
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Raimundo Nonato de Oliveira ordenado presbítero da Arquidiocese de Manaus, início de uma “relação de Amor!”

A Catedral de Manaus acolheu neste sábado 16 de setembro, a ordenação presbiteral do diácono Raimundo Nonato de Oliveira pela imposição das mãos, pela oração-consagração e pela unção do cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo local. Tudo isso pela invocação do Espírito Santo sobre ele, a imposição das mãos e a consagração, segundo lembro o arcebispo em sua homilia, lembrando que lhe foi conferido “o ministério, serviço presbítero-sacerdotal”. Comentando a primeira leitura, que narra a vocação de Samuel, o cardeal destacou “o movimento do menino que ainda estava aprendendo a escuta”, ele “vai aprendendo a sintonizar com a voz do Senhor”. Sem ainda saber quem o chamava, “o movimento tem beleza e atração: disponibilidade, prontidão! Disponibilidade, prontidão que o ensinará a escutar e levar à plenitude a sua missão de juiz e profeta”, segundo o arcebispo. Diante das idas e vindas, Dom Leonardo disse que “a inocência matura quando permanece na atenção da escuta”. Um Deus que chama em todos os tempos, “convida a participar de sua vida, do seu Reino. Deus desejoso de que todos participem do seu amor expansivo. Em cada tempo, a cada pessoa, Deus convida e em cada tempo, cada filho e filha vai respondendo “aqui estou”! Muitos modos de participar da vida, da bondade, do amor, muito modos de responder, de viver o chamado, receber a vida e a missão”, enfatizou. Um chamado que ressoou na catedral no “Eis-me aqui! Aqui estou!”, do ordenando, lembrou o arcebispo. Segundo ele, “como o caminho percorrido pelo pequeno Samuel, foi necessário ouvir, escutar, até poder responder, corresponder ao chamado”. Um chamado que tem sua fonte e razão no Evangelho, que destaca o amor e que é Deus que escolhe, destacou o cardeal Steiner. “Um amor expansivo, sem limites, que tudo cria e recria, tudo salva e redime, nada fora do Amor, mesmo quando não correspondência. Como o amor do Pai a cuidar, alimentar, transformar Jesus em salvação, redenção, conforto e esperança, vida nova, assim, amados e desejados, cuidados e confortados, renovados, transformados pelo Filho. Tudo na desmedida de um amor!”, afirmou. Segundo Dom Leonardo, “a vida, a vocação, o ministério, o serviço, nasce dessa fonte inesgotável do amor do Pai e do amor do Filho e do Espírito Santo. A vida, a vocação, o ministério expressão da relação de amor! A vocação, o ministério, visibilização do amor que faz Deus ser Deus e que faz Jesus ser nosso caminho, verdade e vida no seu amor transformativo da Cruz. É no amor do Pai e do Filho e do Espírito que a vocação, a vida e o ministério alcançam a plena realização, a transfiguração. A vocação, a vida e o ministério que deveria ser como o Pai ama e, como Jesus ama, amamos.”. “A possibilidade da resposta vem da benevolência, da bondade”, afirmou o arcebispo, que insistiu em que é “uma escolha, uma vocação que não é nossa, pois recebida, oferecida. Por ser recebida como graça, se faz nossa na escuta, no empenho, na prontidão, na samaritanidade, na disponibilidade. Nossa quando em Cristo se faz serviço, servente! Disponibilidade para ser enviado, como Samuel”. Somos “enviados para um anúncio, para a proclamação do Reino de Deus. Fazer tinir aos ouvidos existenciais a boa Nova, a Boa notícia, a grande novidade: a vida venceu a morte: Reino Novo!”, segundo o presidente da celebração. O cardeal insistiu em que “o ministério presbiteral, sacerdotal, não é um ofício, não é um status, não é poder, nem mesmo serviço. É relação de amor! É continuar a obra amorosa de Deus no meio da humanidade, serviço de visibilização do Reino!” Por isso pediu que “nós padres e diáconos, escutemos a Jesus: ‘Permanecei no meu amor’. Permaneçamos no amor de Jesus! Esse amor magnânimo, inconfundível, gratuito, ardoroso que veio ao encontro: ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi’”. Ele insistiu em que “pudéssemos vislumbrar a fonte, a razão da nossa vocação, vida e ministério. Pudéssemos ser atingidos pela razão de ser da vida e ministério presbiteral, sacerdotal. É amor, irmãos e irmãs, nada mais”. “Escolhido, mas enviado. Escolhido para sair, escolhido para estar a caminho”, enfatizou o arcebispo. Ele disse que “a vocação, a vida, o ministério presbiteral é um movimento contínuo de sair, dar a vida; vida ofertada, oferenda! Escolhido e enviado para frutificar, um fruto duradouro, um fruto atrativo, um fruto oferta-oferenda. Fruto que é para os outros, também para tornar-se Eucaristia, oferta-oferenda. Se escolhido e enviado para amar, nada é nosso, tudo por Cristo, com Cristo e em Cristo!” Lembrando as palavras da segunda leitura, que falava que “a multidão era um só coração e uma só alma”, lema de ordenação do novo presbítero, o cardeal definiu isso como “um bater e pulsar na força e vigor do Reino de Deus. Uma batida, uma percussão de amor que fez Deus ser um de nós como nós em Jesus. Uma só alma, um só sentir, uma só busca, um só servir; sempre sintonizado com Cristo Jesus. Uma alma: generosidade, gratuidade, magnanimidade, jorrar amor. Uma só alma, ao modo, ao jeito de Deus, insaciável na oferta da misericórdia, na vida em plenitude!” Inspirado em palavras da Congregação do Clero, o cardeal afirmou que “pela ordenação, o presbítero faz-se mestre da Palavra, ministro dos sacramentos e guia da comunidade. Em nome de Cristo e em favor da Igreja, exerce esse tríplice múnus, através da mistagogia e da caridade pastoral, levando a comunidade à maturidade da fé, conduzindo-a ao serviço da vida plena”, que leva que “nasça e permaneça a graça de ‘um só coração e uma só alma’”. Dom Leonardo convidou o novo presbítero a “ser um pastor, um presbítero, um discípulo-missionário-servidor, a exemplo de Jesus que propôs ‘quando deres um banquete, convida os pobres, os inválidos, os coxos e os cegos’”. Se dirigindo ao padre Raimundo disse: “exerce teu ministério num cuidado especial com os pobres e marginalizados. Sejas solicito na defensa da vida dos pobres”, lembrando as palavras do Documento de Aparecida e dos Atos dos Apóstolos. Mas também…
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Seminário de Ecoteologia: diálogo ecumênico e interreligioso para o cuidado da casa comum

O cuidado da casa comum é algo que vai além das religiões, que deve buscar a sinergia de valores e propósitos que todos nós temos. O Seminário de Ecoteologia, organizado pela Faculdade Católica do Amazonas, a REPAM-Brasil, a Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, a Arquidiocese de Manaus e o Regional Norte1 da CNBB, de 13 a 15 de setembro refletiu em sua última jornada sobre questões ecológicas desde o diálogo interreligioso, ecumênico e as cosmovisões ecológicas. Um Seminário que foi espaço de apresentação de pesquisas de académicos abordando a questão da fome e da insegurança alimentar, uma realidade presente na Amazônia, agravada com a pandemia da COVID-19. Junto com isso, questões relacionadas com a crise ambiental e a ética da responsabilidade, apresentada como a ética do futuro, colocando como um dos caminhos o bem viver dos povos indígenas e a necessidade de aprender com eles na relação respeitosa e ética com a natureza em vista de respeitar a vida. Desde a filosofia budista, inspiradora do Instituto Soka, os participantes do Seminário foram chamados a refletir sobre as relações harmônicas entre homem e natureza, mostrando a importância da Carta da Terra. Foram apresentados os valores éticos e princípios que lhes norteiam, destacando o que denominam origem dependente, que leva a entender que tudo está interligado, relacionado com o ambiente em que estamos inseridos, e a unicidade da pessoa e meio ambiente. A filosofia budista fala de três venenos: avareza, ira e estupidez, que chama a transformar em remédio. Igualmente, entender que humanismo é diferente do antropocentrismo, reconhecer o valor do ser humano e seu potencial de transformação em sabedoria, coragem e compaixão. As Religiões de Matriz Africana afirmam que “destruímos quando nos afastamos da nossa ancestralidade”. Nessa tradição religiosa, tudo tem alma, e por isso o cuidado com a terra, o cuidado com as plantas lhes remete a sua ancestralidade maior. Uma tradição religiosa muitas vezes perseguida em Manaus, sendo destacado alguns episódios em que a Igreja católica mostrou seu respeito e apoio. Ao mesmo tempo, foi denunciado os ataques do poder público, de políticos e da polícia em diferentes momentos contra os seguidores dessa tradição religiosa, que insiste em viver em harmonia para deixar um mundo melhor. Desde o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental, inspirado na tradição jesuítica, mostrou dentro das preferências apostólicas universais da Companhia de Jesus, o colaborar no cuidado da casa comum, descrevendo a justiça socioambiental como caminho da companhia de Jesus para propagar a mensagem da Ecologia integral, sendo a Amazônia uma das áreas mais decisivas para manter o equilíbrio da natureza em função da vida. Daí seu chamado a ouvir o grito da mãe-natureza que é clamar pelos mais vulnerabilizados. Desde a tradição evangélica, que contam com a Rede Amazonizar, foi destacado que o ecumenismo é um caminho recente, mesmo que nas famílias existe essa convivência entre diferentes confissões religiosas. No Amazonas é um caminho iniciado em 2018, sendo relatado os passos dados nesse tempo, se somando diferentes igrejas e grupos presentes na Amazônia, destacando que as diferenças das tradições religiosas acabaram se tornando algo que lhes enriquece e engrandece a rede. Ideias complementadas por outras tradições evangélicas e seus diferentes modos relação com o meio ambiente. Não podemos esquecer que a Ecoteologia “é uma discussão que já tem um tempo, mas em termos de aprofundamento ainda é uma coisa muito nova, principalmente no meio da Amazônia, e a realização do IV Encontro de Ecoteologia aqui em Manaus faz toda a diferença”, segundo a professora Elisângela Maciel, coordenadora de extensão, pesquisa e pós-graduação da Faculdade Católica do Amazonas. Um encontro que ajude a “construir uma caminhada que faça pensar a Amazônia no futuro”, no qual “partimos de questões internas”, insistindo nas alternativas “e como nós que moramos e vivemos e lutamos pela Amazônia podemos fazer algo a mais”. A professora disse que o propósito da Faculdade Católica do Amazonas “é implantar em nossos alunos essa semente para ser continuadores de esse processo”, tendo sido vivenciado no último dia que essa “não é uma luta da Igreja católica, como pede o Papa Francisco, uma luta pela casa comum, que diz respeito a cada um de nós, todos nós que cuidamos este Planeta e especialmente neste lugar especial que é a Amazônia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Seminário de Ecoteologia: Organizar e sistematizar as práticas ecológicas presentes na sociedade

A Ecoteologia e as experiências ecológicas é algo presente de diferentes modos nas comunidades, paróquias e igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Essas experiências foram partilhadas no Seminário de Ecoteologia, que está sendo realizado em Manaus de 13 a 15 de setembro, organizado pela Faculdade Católica do Amazonas, a REPAM-Brasil, a Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, a Arquidiocese de Manaus e o Regional Norte1 da CNBB. Os participantes do seminário constataram que ainda tem muito a avançar para trabalhar a ecoteologia de forma mais abrangente, de forma mais profunda. As expressões presentes na Liturgia, nos diferentes projetos sociais e muitas outras realidades, demandam uma maior conexão com os saberes locais, com a realidade em que os povos da região vivem e com a própria natureza. O objetivo e lutar pela preservação de uma realidade cada vez mais degradada, que sofre diante da falta de respeito. É uma luta pela preservação dos rios, dos lagos, dos igarapés, um trabalho a ser realizado em parceria, tanto com instituições eclesiais, como junto aos movimentos sociais em defesa das questões ambientais. Uma defesa que não encontra apoio na sociedade nem dentro das próprias comunidades eclesiais, segundo foi relatado pelos participantes do seminário. Diante dessas experiências ecológicas sem uma organização que ajude a sistematizá-las, se faz necessário insistir na formação, em projetos que ajudem a pensar nos povos que habitam na Amazônia, em um trabalho interinstitucional e com participação dos jovens, em valorizar diferentes elementos na evangelização. São elementos que aparecem nos livros apresentados no Seminário de Ecoteologia pelo padre Justino Sarmento Rezende, o Ir. Sebastião Ferrarini e o professor Marcilio de Freitas. Livros que recolhem as vivências dos povos amazônicos, seu conhecimento coletivo, segundo o padre Justino, um indígena que conhece sua cultura e participa das cerimonias e rituais, e que buscou, a pedido dos anciãos de seu povo, que as futuras gerações possam conhecer a espiritualidade e cosmovisão tuyuka. Livros que refletem sobre a formação teológica na Amazônia afirmou o Ir. Ferrarini, que tem que ser encarnada, inculturada no contexto amazônico, e desde uma visão cosmoteándrica. Isso numa Amazônia com um zelo global, que deve levar a quem mora nela a se questionar como tudo isso ecoa nas pessoas. Apresentar vivências pastorais de ecologia integral foi um dos propósitos do Seminário de Ecoteologia no segundo dia. A Paróquia São Francisco de Assis, na zona sul da cidade de Manaus, apresentou iniciativas que surgiram com o Magistério do Papa Francisco, que levou ao cuidado da casa comum e o cuidado da vida. Os trabalhos começaram em 2019, despertando o cuidado das mais de 100 fontes no bairro e assim cuidar do lençol freático, coletando óleos de cozinha usados. No tempo da pandemia foram plantadas árvores lembrando as vítimas da COVID, mudas de plantas medicinais, projetos de reciclagem. Trabalhos e projetos realizados em parceria com diferentes instituições. A Caritas Arquidiocesana de Manaus trabalha em diversos projetos que promovem o cuidado do meio ambiente, o bem viver, e a economia popular solidaria com incidência na preservação ambiental. Projetos que foram apresentados aos participantes do seminário, mostrando como eles melhoram a vida do povo e ajudam no cuidado do meio ambiente. Se faz necessário buscar a positividade das ações que estão sendo realizadas na região amazônica e que ajudam a renovar a realidade, a continuar acreditando e tendo esperança no futuro da Amazônia. Daí a necessidade de sair do seminário com alegria e esperança, inspirados pela Querida Amazônia e pelos documentos do Magistério da Igreja da região e da Igreja universal. Uma Amazônia que está sendo ameaçada por uma economia baseado no capitalismo industrial, voraz; pela política, sustentada em lógicas perversas; pelo capital financeiro; por uma religião que engana o povo com a lógica do sucesso, do individualismo; pela mídia e as redes sociais, que difundem mentiras de modo perverso; pelo consumismo. Diante disso se faz necessário fortalecer a fé em Jesus e viver aquilo que o Papa Francisco chama na Laudato Si de sobriedade feliz. Junto com isso continuar no compromisso que ajude a avançar no caminho da alegria e da esperança. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1