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Diocese de Coari inaugura nova sede da Cúria, “para evangelizar, colaborar na construção do Reino de Deus”

A Diocese de Coari inaugurou no dia 26 de julho, Festa de Sant´Ana, padroeira da diocese, a nova sede da Cúria diocesana. Dom Marcos Piatek, bispo diocesano, realizou a benção do prédio que acolherá as novas dependências da Cúria. O bispo lembrou que segundo o Direito Canônico, que recolhe a legislação da Igreja, “a Cúria diocesana consta dos organismos e pessoas que ajudam o Bispo no governo de toda a diocese, principalmente na direção da ação pastoral, no cuidado da administração da diocese e no exercício do poder judiciário”. Por isso, ressaltou dom Marcos, a Cúria diocesana é a sede pastoral, administrativa e judicial da diocese. “Jesus não mandou construir as cúrias, mas nos enviou para a evangelização”, segundo o bispo de Coari, que lembrou as palavras do Evangelho: “Ide pelo mundo inteiro e pregai a Boa Nova a toda   a criatura… Vocês serão as minhas testemunhas até os confins do mundo… Eis que estarei com vocês até fim dos tempos”. Ele insistiu em que “para evangelizar precisamos das pessoas, dos espaços, de uma certa infraestrutura. A Cúria deve servir para evangelizar, colaborar na construção do Reino de Deus e participar na construção de uma sociedade mais humana, justa e fraterna”. A benção e inauguração da nova sede da Cúria diocesana acontece no ano em que é comemorado o 10º aniversário da criação da Diocese de Coari pelo Papa Francisco. Segundo o bispo, “recebemos a graça de terminar e benzer a nova Cúria cuja construção durou mais de dois anos”. A nova Cúria conta com uma bonita capela, com a secretaria, com as salas para as pastorais, com as salas para o tribunal eclesiástico, com o espaço para o museu diocesano de arte sacra, de uma valiosa biblioteca diocesana, uma copa, etc. Dom Marcos Piatek destacou que a internet é fornecida pela moderna tecnologia Start Link. Ele disse: “queremos agradecer, em primeiro lugar a Deus, pela sua constante benção até o fim da construção. Nossa gratidão vai ao nosso clero e a todos aqueles que rezaram e colaboraram na construção. Aos trabalhadores agradecemos o seu suor e zelo. Deus lhes pague e abençoe! Nossa gratidão aos nossos colaboradores e benfeitores!”. Finalmente, o bispo diocesano pediu a intercessão da Gloriosa Sant’Ana, padroeira da diocese de Coari. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Tráfico de Pessoas, uma realidade bem próxima de nós

No próximo domingo 30 de julho é o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, uma data instituída em 2013 na Assembleia Geral das Nações Unidas para conscientizar e promover direitos para as vítimas. O Tráfico de Pessoas existe na Amazônia e precisa ser enfrentado, atinge pessoas concretas, bem mais próximas da gente do que a gente pensa. Aqueles que sofrem graves violações em seus direitos precisam ser acompanhados, defendidos, exigindo que seus direitos sejam respeitados, que eles possam ter uma vida digna. E isso depende de todos nós, de cada um de nós, depende de mim, mas também depende de você. Dom Evaristo Spengler, bispo da diocese de Roraima e presidente da Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou que “a mentalidade mercantilista e escravocrata ainda persiste em nossa sociedade e precisamos tomar consciência deste grave problema que é invisibilizado até mesmo em nossa igreja. Muitas vezes as pessoas perguntam: ‘será que ainda existe tráfico de pessoas?’ Esta comissão reafirma que o Tráfico de Pessoas existe e precisa ser enfrentado”. Ele fez um chamado a contribuir para combater esse crime, e um dos primeiros passos é debater a temática nos grupos organizados das comunidades, igrejas e coletivos. Ontem, quarta-feira 26 de julho de 2023, Vatican News recolheu as declarações de Dom Edson Damian, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira. Ele relatou o caso de adolescentes e jovens indígenas do Alto Rio Negro traficados para a Turquia: “Há mais de um ano visitei a família de um seminarista de São Gabriel da Cachoeira que estudava em Manaus. O pai dele é professor, e me contou que um irmão do seminarista tinha viajado para Turquia. Mostrou-me até fotografia do rapaz. Elegantemente vestido, mas com aquele quipá de muçulmano na cabeça e muito satisfeito disse, olha ele partiu para lá já faz um ano, mas antes ele teve que fazer um estágio em Manaus para aprender árabe e também ele se tornou membro de outra religião que tem o Alcorão. E ele foi lá porque prometeram que ele escolheria a faculdade que ele quisesse, advocacia, medicina. A escolha seria dele. Me mostrou fotografias dele também com outros jovens tomando coca-cola, estavam muito felizes”. Dom Edson relata o acontecido com os jovens e como eles, com a denúncia da Rede um Grito pela Vida, a Polícia Federal conseguiu resgatá-los e trazê-los de volta para o Brasil. Esse fato deve nos levar a refletir sobre a realidade das vítimas e descobrir a necessidade de nos implicarmos na defesa daqueles que por diferentes motivos se tornaram vítimas da escravidão moderna, muitas vezes as famílias pensando que estavam tendo uma vida bem melhor, mas sendo em verdade escravos de organizações que nunca pensaram no benefício de essas pessoas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Radio Rio Mar

Mensagem às Comunidades do 15º Intereclesial das CEBs: “Sentir o calor do testemunho, da resistência e da resiliência”

Os 1.500 participantes do 15º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, realizado em Rondonópolis (MT), de 18 a 22 de julho de 2022, enviaram uma “Mensagem às Comunidades” (ver aqui), que recolhe a alegria que marcou o encontro. Um encontro guiado pelo método ver-julgar-agir, que “revelou a identidade das comunidades com seus mais variados membros”, que segundo o texto “nos fizeram sentir o calor do testemunho, da resistência e da resiliência. Um rosto latino-americano, com expressões de todas as regiões do Brasil e de outros países”. Ao longo do 15º Intereclesial, os participantes afirmam ter visto “que a desigualdade social é fruto de um sistema capitalista neoliberal, político e financeiro, de natureza excludente e concentrador de renda”, constatando em decorrência dele uma triste realidade, que a mensagem relata com detalhe. Com relação ao interno da Igreja, o texto afirma que “por um lado, as CEBs se ressentem pela falta de apoio de parte significativa do clero e, por outro, sentem-se fortalecidas pelo carinho e atenção do Papa Francisco, com suas atitudes e documentos, e por um grupo de bispos, padres, religiosas e religiosos que caminham juntos, na trilha da Igreja Povo de Deus”. Ele destaca que “há nas CEBs, grande esperança no processo sinodal em curso, fomentando um imenso sonho de comunhão e participação em todos os âmbitos eclesiais, por uma Igreja toda ministerial, superando o clericalismo”. O horizonte de um novo céu e nova terra, marcou o caminhar do encontro, vistos como “horizontes dos sonhos, mas também se constituem no princípio articulador das mais diversas utopias que apontam para a grande utopia do Reino, realizado em Jesus e antecipado na vida das CEBs”. É por isso que, segundo a mensagem, “as CEBs, qual mulher grávida, continuam gerando o novo, recriando os caminhos de libertação, sob o impulso do verbo sair, que funciona como um fio condutor de toda a nossa existência”. Os participantes do 15º Intereclesial dizem se sentir enviados a “cuidar para não perdermos o entusiasmo, para não banalizarmos a missão, para que as CEBs sempre tenham o coração ardendo pela Palavra e os pés firmes na caminhada do povo periférico”, relatando alguns elementos a serem cuidados: grupos bíblicos de reflexão, a memória martirial e profética, as estruturas de comunhão e participação, o protagonismo das mulheres e das juventudes, a vida plena dos povos originários, a aliança e parceria com os movimentos populares, a força da sinodalidade que está na comunidade e dos processos de formação permanente. O texto destaca o fato de “valorizar a força dos pobres nas iniciativas comunitárias e não deixar que nos roubem as comunidades!” Uma mensagem que faz um chamado a seguir caminhando para as periferias e que anuncia que o próximo Intereclesial será no Estado do Espírito Santo. Fotos: Equipe de Comunicação 15º Intereclesial Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Inicia em Manaus o Curso sobre a Realidade Amazônica: “Um encontro muito importante para abrir horizontes”

28 missionários e missionárias chegados de diferentes países e regiões do Brasil iniciaram neste 24 de julho o Curso sobre a Realidade Amazônica, organizado pela Faculdade Católica do Amazonas, em parceria com a CNBB Norte 1, a Comissão Episcopal para a Amazônia e em comunhão com a REPAM (Rede Eclesial Panamazônica), que até 05 de agosto pretende “formar agentes de evangelização a serviço da vida nestas terras e águas”. O curso responde ao desejo expressado pelos bispos da Amazônia em 2013, “investir na formação de presbíteros e de irmãos e irmãs de vida consagrada – autóctones e os que chegam de fora – para que sejam despojados, simples, não busquem a autopromoção, que sejam missionários e vivam em maior sintonia e contato com as comunidades e saibam trabalhar em equipe com os/as leigos/as, evitando centralismo, clericalização e autoritarismo”. É por isso, que o curso “pretende ser este espaço formativo de acolhida, reflexão e aprendizados para o serviço missionário neste chão e nestas águas”. Os participantes do curso, seguindo uma metodologia participativa, irão receber ao longo de duas semanas “um conjunto de informações mais sistematizadas sobre a própria região amazônica, concentrando sua reflexão sobre o humano, o meio ambiente, a vida e a ação evangelizadora da Igreja. O curso pretende possibilitar uma imersão no território, na história e temáticas contemporâneas da realidade amazônica, refletindo sobre as questões pastorais emergentes para compreender a missão da Igreja como ‘amazonizar’ a teologia e as práticas missionárias, a partir de uma metodologia sinodal, descolonial e intercultural”. As temáticas abordadas têm a ver com a Antropologia, a Realidade sócio-política-econômica da Amazônia, os Movimentos Migratórios, a História da região amazônica e do cristianismo na Amazônia, os Povos Indígenas, Ribeirinhos e Urbanos, Bíblia e Teologia, Criação e Ecologia, Missiologia e Inculturação, Espiritualidade e Missão, a Identidade Eclesial, o Encontro de Santarém e o Sínodo para a Amazônia, os Grandes desafios pastorais e a Rede Eclesial Pan Amazônica. Também será abordada a Espiritualidade da Ecologia Integral e Laudato Si, a Juventude na Amazônia, a Questão indígena na Amazônia e o trabalho da Rede Um grito pela vida. O cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB, que presidiu a Eucaristia de abertura, destacou que “o nosso Regional tem organizado todos os anos esse encontro com os missionários e missionárias que vem para nossa região, e é um encontro muito importante para abrir horizontes e as pessoas perceberem que vem para uma realidade que não é a realidade do país de onde vieram”. Dom Leonardo disse que “nós podemos proporcionar eles dimensões que possam ajudar na missão, se sentirem ainda mais missionários e missionárias, se sentirem ainda mais enviados e enviadas, mais vocacionados e vocacionadas à missão”. Segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB, “é importante recordar aquilo que dizia o Documento de Santarém em 1972 retomado no Documento de 2022, encarnação e libertação, essas duas dimensões tão importantes, essas duas diretrizes que ajudam a orientar a nossa missionariedade, a missão da nossa Igreja que está na Amazônia”. O cardeal Steiner insistiu também em “esses missionários e missionárias puderem perceber a recomendação que faz Papa Francisco dos quatro sonhos. Levarmos em conta toda a realidade, a realidade social, a realidade eclesial, a realidade cultural, a realidade ambiental”. O arcebispo de Manaus ressaltou que “é ali que a Igreja vive, é nessa casa comum que a Igreja vive e que ela dá testemunho, é ali que ela vive e anuncia o Evangelho, e tudo necessita de transformação, tudo necessita de libertação”. Segundo Dom Leonardo, “talvez eles assim vão percebendo que há uma necessidade de inculturação, uma Igreja que procura se inculturar. O longo caminho que as igrejas na Amazônia têm percorrido e que nós desejamos que esses missionários e missionárias também possam percorrer e aprender. Se eles aprenderem a escutar já terão feito a metade do caminho”. Ir Antônia, das Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, chegou de Moçambique para ser missionária na diocese de Roraima. Ela vê sua participação no Curso de Realidade Amazônica como “colocar os pés no chão, mãos na massa e escutar a realidade”. A religiosa insiste em que diante da atitude de alguns missionários e missionárias de chegar nos lugares para ensinar, ela disse que “aqui não é para ensinar, é para aprender com o diferente, e com o diferente tentar fazer a vida com a sensibilidade do povo amazônico”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo Steiner: Jesus no Evangelho nos ensina o passo da pequenez

“O semeador sai a semear. A semente lançada na terra em pleno dia, tem um longo caminho. O caminho da frutificação. Lançada na terra, ela se aninha, lança raízes, apresenta lenta e silenciosa as suas folhas verdes, sinaliza o dom de seu verdor, a vida que deseja multiplicar-se. Na alegria que a brisa oferece não se apercebe do incômodo e sofrimento que a rodeia”, disse o cardeal Leonardo Steiner no início de sua homilia no 16º Domingo do Tempo Comum. Comentando o texto, o arcebispo de Manaus disse que “em meio da noite, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo. Cresce o trigo, cresce também o joio. O semeador ao contemplar o campo percebe que cresce também o que não é trigo. Difícil de distinguir. Só os cultivadores experientes percebem a sua presença e do perigo. O desejo é arrancar o joio”. Segundo Dom Leonardo, “num mesmo campo trigo e joio; num mesmo campo, mas com destinos diferentes. Num mesmo campo, o mesmo solo, o mesmo sol, a mesma chuva, mas frutos diversos. Um fruto saboroso quanto grão triturado, farinha, pão cozido. O outro apenas fungos tóxicos que podem levar à morte”. Lembrando as palavras de Papa Francisco, o cardeal disse que “Jesus nos ensina que a atitude do dono do campo é aquela da esperança fundada na certeza de que o mal não é a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que o próprio joio, ou seja, o coração maldoso, com muitos pecados, no final pode tornar-se uma boa semente. (…) Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o alento de uma confiança inabalável em Deus”. Ele insistiu em que “a semente não cresce e não chega à sua maturidade, à sua frutificação, à colheita, sem experimentar as contrariedades, as fraquezas, as desilusões, os desânimos, as frustrações. A mesma terra que nutre o pé de trigo, nutre o pé do joio”. Isso porque “o caminho da semente, da Palavra às vezes é longo. Exige paciência, humildade, para perceber a transformação que pode ocorrer em nós. Quanta desarmonia, discórdia, insatisfação, intriga, desconforto e ao mesmo tempo quanto desejo de amizade, de aconchego, de perdão, de reconciliação, de harmonia, de vida frutificada. Joio, cizânia: a discórdia, a briga, a rixa, a desavença, a falta de harmonia. Trigo: viço, força, graciosidade que vem à luz, vida flor, florida”. “E esses desejos, essas realidades falam, dizem, expressam o caminho da semente-palavra, a Palavra, o Evangelho, em nós. E na desatenção da escuta, voltamos nosso olhar e ouvidos para as limitações, as fraquezas, as impossibilidades e perdemos os passos do Evangelho. No descuido e distração às vezes não nos damos conta que damos mais atenção à cizânia que ao trigo; e às vezes nos apercebemos cheios de desejos de eternidade, de cuidado, de entrega. Vamos caminhando e vamos tentando. Mas o grande desejo seria arrancar os conflitos, o sofrimento. Essas nossas incapacidades, incompreensões, tensões que nos tiram a tranquilidade e nos levam quase ao desânimo”, segundo Dom Leonardo. O arcebispo de Manaus advertiu que “a nossa tentação é de nos livramos da finitude humana carregada de fraqueza. Quantas vezes até fazemos promessas para nos livrarmos de fraquezas que nos afligem, e damo-nos conta que elas continuam. Quantos pensamentos, sentimentos, desejos contrários à vida do Evangelho. E nós lutando para nos desfazer, superar, desvencilhar desses incômodos existenciais que nos acompanharão até a hora de nossa morte”. Uma semente do Evangelho lançada “no meio do joio da injustiça, da desigualdade, da corrupção, da vingança, da violência, da apolítica, encontra dificuldade de crescer, maturar, das fruto. No entanto, a força da semente no meio das tensões e sofrimentos da sociedade permanece como esperança de transformação. Crermos que o Evangelho recebido e semeado transforma, liberta, deixa surgir frutos de fraternidade, acolhimento, de paz. O Evangelho sempre desperta frutos de esperança em meio à realidade da fragilidade humana social”.   “Livrar, rejeitar a nossa finitude, a nossa humanidade frágil?”, perguntou Dom Leonardo, que lembrou o texto da Cata aos Romanos da segunda leitura do dia (Rm 8,26-27), e também o texto de 2Cor 12,10. Ele insistiu em “quanta confiança, quanta esperança, quanta perseverança suscita a semente da Palavra, o Evangelho. No meio das distrações, das tensões, dos desamores, das negações, das injustiças, do ódio, a semente, a Palavra, imperceptível e suavemente, tempera e anima os passos. Também na transformação da nossa sociedade”. Jesus no Evangelho nos ensina o passo da pequenez, disse o presidente do Regional Norte1 da CNBB, citando o texto e afirmando que “a semente que recebemos é pequenina, miúda, quase desprezível, mas pronta explodir e vir à luz, frutificar, abrigar”. Segundo ele, “a dinâmica, o movimento do Evangelho, é feita na pequenez, na pobreza, na simplicidade, na humildade; nada de suntuoso, grandioso, espetacular. Necessita ser despojado, pequenino, contido, recolhido. Extraordinária a semente a Palavra de Deus, quando encontra terra boa, cresce e cresce e cresce… e abriga vidas voadoras que ali descansam e fazem casas para suas crias”. “Na escuta da Palavra, às vezes, estamos à espera de grandes transformações e não nos apercebemos o seu movimento próprio: dia após dia, dia-a-dia, quase monótona e perseverantemente vai crescendo, busca espaço, seiva, transformando sais e minerais em vida verdejante. Uma semente de mostrada pequenina, mas viva; pequenina, cheia de vida, pronta para crescer e acolher. A Palavra fazendo-se vida em nossa vida, vida na vida da sociedade. E isso, sem arrancar a finitude, a humanidade”, segundo Dom Leonardo. Lembrando o texto do Evangelho, “O reino dos céus é semelhante ao fermento”, Dom Leonardo destacou que “é como se dissesse: como o fermento muda substancialmente a farinha, assim também nós somos transformados”. Ele lembrou que “Jesus não disse simplesmente: ‘Que pôs’, mas sim misturou, como que ‘escondeu’; como se tivesse dito: desapareceu, mas transformou. E assim como o fermento se vai corrompendo, mas não se destrói, e pouco a pouco muda toda a massa…
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Caminhada com o povo Magüta

“Cada povo que conseguiu sobreviver na Amazónia tem a sua própria identidade cultural e uma riqueza única num universo multicultural” (QA 31) Um grupo de missionários da Tríplice Fronteira Brasil-Peru-Colômbia, formado por leigos e leigas, religiosos e religiosas, e padres, que vivem em cidades e comunidadaes dos três países, de três jurisdições eclesiais diferentes, e partilham a vida e a fé com o Povo Magüta, elaborou um projeto de fortalecimento deste povo indígena originário do território. “Magüta” é uma palavra da língua Ticuna que significa “aqueles que foram pescados“, segundo a história de origem, o início do povo se deu quando Joi pescava peixes no rio e quando estes tocaram a terra, tornaram-se gente, dando origem ao Povo Magüta.  O projeto chama-se “Igreja Sinodal com rosto Magüta” e inspira-se na experiência eclesial do Sínodo para a Amazônia. Uma das principais linhas de ação é o fortalecimento dos Agentes de Pastoral do povo indígena Magüta presente na tríplice fronteira, voltado para catequistas, celebrantes da Palavra, coordenadores de grupos de jovens e diversas lideranças das comunidades católicas dos três países.   Com grandes desafios em relação às distâncias, às diferentes línguas e à rica identidade cultural do Povo Magüta, realizamos o II Encontro de Agentes de Pastoral, com 50 participantes de 9 comunidades indígenas Ticuna, de 19 a 21 de julho, na Comunidade Umariaçú I, no Brasil.  Foram três dias de trabalho em que o processo metodológico do encontro em profundo diálogo com a cultura, permitiu reconhecer que o Povo Magüta foi “Peixe para a liberdade” é “Chamado à vida plena” e “Enviado a partilhar a fé”, cada momento foi vivido com alegria, participação, cantos e danças. O enriquecimento da experiência foi expresso tanto pelos indígenas como pelos missionários, todos eles agradecidos à comunidade acolhedora e à equipe coordenadora que não mediu esforços para que o encontro fosse um sucesso.  O Papa Francisco diz-nos que “a Igreja é chamada a caminhar com os povos da Amazônia” (QA 61) esse é o segredo, navegar juntos, viver com eles, conhecer-se, respeitar-se, amar-se como família, cuidar da vida ameaçada, fortalecer a cultura e crescer em Dignidade.  Muito obrigado a todos aqueles que, de diferentes formas, apoiam e sustentam estas iniciativas da Igreja sinodal na Amazónia que se expressa a partir do seu rosto indígena.   Verónica Rubí, missionária leiga na diocese de Alto Solimões

Comunidades Eclesiais de Base, uma Igreja em saída atrás de vida plena

A fé cristã é vivida em comunidade, caminhando junto com os outros, uma dimensão presente nas comunidades eclesiais de base, que nesta semana estão realizando o 15º Intereclesial, com o tema: “CEBs, Igreja em saída na busca da vida plena para todos e todas”. Em Rondonópolis (MT) se fazem presentes mais de 40 representantes das dioceses e prelazias que fazem parte do Regional Norte1 da CNBB. Junto com eles estão participando do 15º Intereclesial Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, e o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1. Na Amazônia, as pequenas comunidades são fundamentais no processo evangelizador, comunidades que são expressão de uma Igreja em saída, de uma Igreja que busca vida plena para todos e todas. O desafio é fazer com que essa reflexão possa fazer parte do processo evangelizador nas Igrejas da Amazônia. Quando essa reflexão não é levada às bases estamos diante de mais um evento, que não ajuda no caminhar da Igreja que se faz presente nas bases. Uma Igreja que quer viver a sinodalidade tem que ser uma Igreja onde o caminhar junto se torna uma necessidade e vão se dando os passos para que isso se torne uma realidade concreta na vida cotidiana das comunidades. Uma Igreja atenta à realidade, que olha o que acontece em volta, na vida das pessoas, e leva para essas pessoas, especialmente para os mais pobres e sofredores, uma proposta de vida, de cuidado. O que fazer para ser próximos daqueles que mais sofrem? Como ser voz de Deus na sociedade atual? Como ter um olhar que enxerga a vida do povo que mais sofre e se preocupa em criar melhores condições de vida para essas pessoas? Como trazer para a vida da comunidade aquilo que faz parte da vida do povo? Não podemos ser indiferentes diante daquilo que acontece do lado de fora de nossas comunidades. Seguindo o exemplo de Jesus somos desafiados a contemplar a realidade com o olhar de Deus, um olhar que atinge nosso coração de batizados e batizadas, mas também atinge a vida comunitária. Um olhar que nos faz mais empáticos com o que acontece em volta da gente, com o que acontece na vida do povo. Ser Igreja em saída que busca vida plena para todos e todas tem que ser mais do que um lema, tem que ser uma atitude que nos compromete, que mexe com nossa vida, que nos converte e nos faz sair de nós, de nosso mundo fechado, inclusive como Igreja, que nos leva a não nos preocuparmos só com o que é nosso, mas também com o que é dos outros. Uma Igreja que é missionária, que se preocupa com se fazer presente na vida de outras pessoas, evitando ser sempre os mesmos, um encontro após outro encontro, uma celebração atrás outra celebração, uma reunião atrás outra reunião. É tempo de agir, de olhar para fora, de enxergar o que muitas vezes não queremos ver, inclusive de querer ver aqueles que nunca foram enxergados. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

20º Encontro Nacional da Pastoral do Surdo em Manaus: avançar em seu protagonismo na Igreja

Manaus acolhe de 18 a 22 de julho de 2023 o 20º Encontro Nacional da Pastoral dos Surdos (ENAPAS), que tem como tema: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio.”, inspirado em João 20,21, e como lema: “Pastoral do Surdo transmitindo a paz enviada pelo Pai”, com a participação de umas 80 pessoas. Alice Costa, Coordenadora Regional da Pastoral dos Surdos, declarou com a interpretação de Renan Rodrigues, que o 20º ENAPAS acontece depois de ter parado em consequência da pandemia. Ela considera o encontro como “uma oportunidade para discussão de propostas de trabalho para a evangelização dos surdos dentro da Igreja católica”. A temática deste encontro tem a ver com a tecnologia como estratégia de evangelização através deste meio, afirmou Alice Costa. Isso, “porque é a nossa realidade hoje na sociedade e é uma novidade ainda para todos nós”. A Coordenadora Regional insistiu em que “o ENAPAS está preocupado sobre como utilizar esse meio para evangelizar, levar essa informação a todos os surdos para trazer esse despertar à comunidade surda e principalmente para a comunidade surda poder colocar sua opinião, mostrar esse jeito de ser surdo para a Igreja. Porque sabemos que infelizmente ainda precisamos dar muitos passos a respeito à questão da acessibilidade dentro da Igreja”. A Missa de abertura do 20º ENAPAS, que foi celebrada na manhã do dia 19 de julho é vista por Alice Costa como “uma experiência maravilhosa”, pois foi “uma missa totalmente realizada em LIBRAS, uma missa adaptada à realidade do surdo, à cultura surda, principalmente a questão do espelhamento, o próprio surdo sendo o intérprete sinalizando ali, sendo o agente dessa celebração”. Um momento que segundo ela, “é para provar que é possível celebrar a Eucaristia com o jeito de ser surdo, a missa em LIBRAS”. Na celebração participou Dom Tadeu Canavarros, bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus. No encontro se faz presente Dom Adilson Pedro Busin, bispo de Tubarão (SC) e referencial da Pastoral dos Surdos em nível nacional. Um encontro que é uma oportunidade para “discutirmos aqui a proposta para que haja essa inclusão dos surdos dentro da Igreja e que aqui neste encontro, seja um proliferar de proposta de trabalho, de ações locais onde tem pastoral do surdo” segundo Alice Costa. A Coordenadora Regional insistiu em que “os participantes aqui deste encontro sejam multiplicadores e também sejam aqueles que vão conseguir trazer outros para nós”, afirmando que “infelizmente há muita evasão de surdos em nossa Igreja, principalmente porque a gente não leva em consideração a cultura surda”. Ao longo do encontro será feita a memória do Pre ENAPAS e um estudo de diferentes temas, que tem a ver com estratégias para alcançar crianças, adolescentes e jovens surdos, a sinodalidade, o protagonismo e o lugar da Pessoa Surda na Igreja, e os itinerários do Intérprete e dos Ministérios. Também serão apresentado uma Mostra Missionária da Pastoral dos Surdos e será realizada a eleição para a Coordenação Nacional no período 2023-2025 e do 21º ENAPAS. Também serão estudadas as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil e o Regimento interno da Pastoral do Surdo. Entre os temas abordados está a acolhida da Pastoral do Surdo, a responsabilidade do tradutor e do intérprete na Pastoral do Surdo e a transmissão da fé e a vivência dos ritos litúrgicos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cebs do Alto Solimões presentes no 15º Intereclesial

Nesse último final de semana aconteceu o encontro das Cebs na região pastoral 2 da diocese do Alto Solimões. Mais de 40 pessoas de diversas comunidades e das paroquias São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá se encontraram para estar em sintonia com o acontecimento do 15º Intereclesial das Cebs que está acontecendo em Rondonópolis no Mato Grosso. Temos três pessoas representando a diocese. Nossas irmãs Salvina e Alcirlene e nosso irmão Elimar. Em sintonia com as Cebs do Brasil refletimos o tema da Igreja em saída na busca da vida plena para todos e inspiradas nas palavras do profeta Isaías que diz que o Senhor irá criar novo céu e nova terra. Mesmo enfrentando as dificuldades as pessoas estavam animadas e fizeram o estudo da Cartilha do Intereclesial. Fomos abastecer nossa militância e espiritualidade para seguir como Igreja em saída, discípula, missionaria e solidária. A partir do olhar de Deus fizemos o estudo metodológico. Primeiro fomos buscar os olhos de irmãos e irmãs para ver a realidade. Depois procurar os olhos de discípulos e discípulas para julgar o que acontece. E, por fim adotar os olhos de profetas e profetizas para Agir na conversão e na transformação do que não dá mais. Estudamos o conteúdo da cartilha sobre a Igreja sinodal e do serviço, doméstica e inclusiva, a ecologia integral, o bem viver, a economia da vida e não do lucro, a sustentabilidade, a participação e a comunhão. Enfim, uma Igreja com rosto amazônico que entende que quando cuidamos da criação, a criação cuida da gente. Nossa ferramenta de luta para a vida vencer a morte é a Bíblia. Ela nos ajuda a criar novas comunidades e animar as que já temos. Meditamos sobre a vida das comunidades eclesiais de Paulo apóstolo e as nossas. Como a Bíblia foi escrita em comunidade ela também deve ser lida e interpretada em comunidade. Esse é o principio e fundamento. Depois temos as duas chaves de leitura: a teológica, o nosso é o Deus libertador; a sociológica porque sempre devemos interpretar as escrituras a partir da vida e da realidade do povo de Deus. Assumimos o compromisso de seguir nas Cebs com a amizade, a novidade e a responsabilidade. Nossos próximos encontros serão em São Paulo de Olivença em agosto para tratar sobre a questão da segurança pública e a participação cidadã e em setembro para sentir os ecos do 15º intereclesial. E seguimos de mãos dadas, ninguém larga a mão de ninguém. Como diz o apóstolo Paulo: é quem perseverar até o fim será salvo. Diocese de Alto Solimões

60 anos da Prelazia de Itacoatiara: oportunidade para lembrar histórias bonitas neste percurso

A Prelazia de Itacoatiara encerrou no último dia 13 com uma Eucaristia na Catedral de Nossa Senhora do Rosário a comemoração dos 60 anos da criação da Prelazia, que “significou uma organização maior da ação evangelizadora nesta área territorial do Amazonas: Itacoatiara, Silves, Itapiranga, Uatumã, Urucará e Urucurituba”, segundo lembrou Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira na missa que contou com a participação de Dom Tadeu Canavarros, bispo auxiliar de Manaus, do clero local, da vida religiosa e dos leigos e leigas da Prelazia. Seguindo as leituras do dia, o bispo começou pedindo perdão, “nem sempre fizemos a vossa vontade; nem sempre assumimos a nossa vocação e missão; nem sempre colaboramos eficazmente para a expansão de seu Reino; nem sempre defendemos o nosso bioma Amazônia; nem sempre fomos solidários com os empobrecidos, excluídos e marginalizados; nem sempre fomos coerentes entre a fé que professamos em nossas celebrações e orações com a prática de nossas vidas, palavras e ações; nem sempre fomos uma Prelazia missionária, em saída; nem sempre fomos uma Igreja de comunhão e participação; nem sempre vivemos a fraternidade; nem sempre assumimos a dimensão profética de nosso batismo, anunciando o Reino e denunciando o que se opõe a ele…”. Os 60 anos foram comemorados em cada paróquia e em algumas Comunidades, uma oportunidade para lembrar “quantas histórias bonitas foram sendo contadas neste percurso de 60 anos; quantas graças e bênçãos de Deus nós recebemos; quantos homens e mulheres movidos pela fé, pelo seguimento de Jesus Cristo, pela pertença a Igreja doaram e doam suas vidas pela missão neste chão da Amazônia, nesta nossa querida Prelazia de Itacoatiara”, disse Dom Ionilton. O bispo disse querer que a Prelazia de Itacoatiara fosse segundo o retrato das primeiras comunidades que aparece no Livro dos Atos dos Apóstolos e do Evangelho de Mateus: “Em vosso caminho anunciai: o Reino dos céus está próximo”. Ele pediu “que esta celebração sirva para nos animarmos e nos encorajarmos para a continuidade de nossa missão neste chão da Querida Amazônia”, em uma prelazia marcada pela missionariedade. Segundo Dom Ionilton, “nossa missão é a mesma de Jesus. Não temos e não devemos ter outra. É a missão dele transmitida aos discípulos: curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios”. Ele insistiu em que essa missão, “é favorecer a vida e a liberdade, é promover a dignidade das pessoas oprimidas pelas mais diferentes formas de sofrimento, abandono, discriminação, perseguição, vícios, injustiças”. Uma missão vivida na simplicidade, na gratuidade e na verdade. Lembrando o lema do Ano Vocacional, “Corações ardentes, pés a caminho”, o bispo fez um chamado a “deixando-nos guiar pelo Espírito Santo, meditando e vivendo o evangelho de Jesus, acolhendo as orientações do Papa Francisco, esforçando-nos para colocar em prática as Diretrizes da Ação Evangelizadora da CNBB Nacional e Regional e trabalhando incansavelmente para tornar efetivas as Prioridades de nossa última Assembleia da Prelazia”, pedindo “tornar nossos os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia”. Com motivo da comemoração, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB enviou uma mensagem, onde lembra que “é o momento de celebrar e agradecer, de renovar e prospectar”, enviando as bençãos de Deus para a Prelazia de Itacoatiara, pedindo “estar sempre unidos para anunciar o Reino da verdade e a graça, da justiça, do amor e a paz”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1