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Instalação da diocese de Borba: “Uma Igreja criada com o sopro do Espírito Santo para evangelizar”

No dia 18 de novembro de 2022, o Papa Francisco elevou a diocese a prelazia de Borba, o que será concretizado na celebração que acontecerá no próximo domingo 25 de junho. Um momento que segundo Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, bispo da diocese de Borba, “nos preenche de alegria”. Mas também uma nova realidade que “aumenta a nossa responsabilidade”, ao tempo que sendo diocese, “ela ganha uma certa autonomia”. Ela foi criada como prelazia em 1963, em pleno Concílio Vaticano II, e está comemorando 60 anos. O bispo diocesano vê como grande desafio “a formação do nosso laicato, continuar organizando, dinamizando a formação de uma Igreja toda ministerial”. Junto com isso, a dimensão social, buscando ser uma Igreja profeta. Ele tem em perspectiva “uma Igreja ministerial que leva o nosso povo a conhecer Jesus, a seguir Jesus e anunciá-lo com muita alegria”. Também, “uma Igreja sempre discípula da Palavra”, uma Igreja que quer “promover vocações, para todas as instâncias, vocações para a Igreja de Deus”. Dom Zenildo abouga por uma “Igreja sempre defensora da vida, que cuida da casa comum”, e “zela pela comunhão com o Papa, com a unidade e a sinodalidade”. No dia 18 de novembro de 2022, o Papa Francisco elevou a prelazia de Borba a diocese, o que isso significa para a Igreja local? Com muita alegria, a diocese de Borba se preparou como prelazia, organizando a cúria, os conselhos, o colégio de consultores. Sendo uma Igreja toda missionária, o Papa Francisco reconhece essa caminhada sinodal da prelazia de Borba e a eleva a diocese. Em primeiro lugar, nos preenche de esperança, porque se trata de um reconhecimento dando à Igreja local de Borba uma autonomia. Sendo prelazia está ligada a uma congregação religiosa, aqui sempre esteve ligada aos Franciscanos da Terceira Ordem (TOR), que nós temos uma gratidão imensa. Eles foram bondosos e ajudaram muito nesse processo de evangelização. Ganhando essa autonomia há uma promoção vocacional, há um investimento nas lideranças. Isso significa uma Igreja formada a partir do discipulado e da missionariedade. É um grande significado na nossa vida de uma Igreja que conquista a missionariedade, os ministérios, força nas pastorais e assim por diante. Em que muda o trabalho pastoral no dia a dia pelo fato de ser diocese? Aumenta a nossa responsabilidade, porque sendo diocese, ela deve caminhar com as suas próprias pernas, como está fazendo há muito tempo, mas sempre tivemos o apoio e o carinho dos Franciscanos. Nesse aspecto, ela ganha uma certa autonomia. Em segundo lugar, ela ganha uma organização, organizasse a cúria, a formação do laicato, o seminário. Ela é organizada hoje em foranias, a diferença está em que agora como diocese, ela funcionará descentralizada, uma Igreja toda ministerial. Nós temos quatro foranias, que dá muita mais habilidade na formação, na reunião, no atendimento às paróquias e comunidades. Há muitos elementos positivos em ser diocese, e um justamente é a organização e a descentralização. A cerimonia de instalação da diocese vai acontecer no próximo domingo 25 de junho, e será presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus. Como a Igreja de Borba está se preparando para essa celebração? Com muita alegria, nós já estamos preparados para essa celebração de instalação da diocese. Todas as paróquias estão já com suas caravanas organizadas e vão chegar aqui sábado à noite ou domingo pela manhã. Essa organização passa também pela dinâmica de celebrar os 60 anos da diocese. Ela foi criada em pleno Concílio Vaticano II, em 63, uma Igreja criada com o sopro do Espírito Santo para evangelizar. Nós estamos celebrando 60 anos e vamos celebrar com muito júbilo essa instalação, com a presença do cardeal arcebispo de Manaus e outros irmãos bispos que virão para cá. Ele também é presidente do Regional Norte1, e isso nos preenche de alegria, comunhão, com todo o nosso Regional da CNBB. Estamos preparando três momentos, primeiro a acolhida no aeroporto da comitiva que vem, depois vamos a dar a benção na cúria como um sinal da diocese organizada, e depois ofereceremos um café e nós vamos celebrar às 9:00 horas. Quais os desafios que a nova diocese de Borba enfrenta de cara ao futuro? O grande desafio é a formação do nosso laicato, continuar organizando, dinamizando a formação de uma Igreja toda ministerial. O segundo desafio, um dos maiores, é a dimensão social, nós estamos no Rio Madeira, onde nós temos a presença do garimpo ilegal, onde nós temos o narcotráfico, que é forte. Uma Igreja que precisa ser profeta, pensar em fortalecer as pastorais sociais, como também as comunidades. Qual é sua palavra como bispo diante desse novo momento para o povo que vive sua fé na diocese de Borba? Como bispo e pastor desse povo querido, eu quero apresentar perspectivas de muita esperança daqui para frente. Uma Igreja ministerial que leva o nosso povo a conhecer Jesus, a seguir Jesus e anunciá-lo com muita alegria, como diz o Papa Francisco. Uma Igreja sempre discípula da Palavra, que estuda a Palavra, que guarda a Palavra e que vive a Palavra de Deus. Uma Igreja com um coração ardente, no sentido de promover vocações, para todas as instâncias, vocações para a Igreja de Deus. Uma Igreja sempre defensora da vida, que cuida da casa comum, na conscientização e também no cuidado com todos. Uma Igreja que zela pela comunhão com o Papa, com a unidade e a sinodalidade. Eu quero acolher todos e todas que virão para cá com muita alegria, com muita fraternidade, com muita esperança, para todos se sentirem bem levando o evangelho da alegria ao nosso povo daqui para frente. Muito obrigado, um fraterno abraço a todos. Bem-vindos, quero contar com vocês aqui. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Instrumentum Laboris Sínodo 2021-24: “Abrir horizontes de esperança para o cumprimento da missão da Igreja”

A Secretaria do Sínodo acaba de divulgar, a 20 de junho, o Instrumentum Laboris para a primeira sessão da Assembleia Sinodal (Baixar aqui em PDF), que terá lugar em outubro. O texto começa por recordar os passos dados “desde que o Papa Francisco convocou toda a Igreja para o Sínodo, a 10 de outubro de 2021”, procurando responder à forma como o caminhar junto foi se concretizando. Começa a segunda fase do Sínodo O que foi recolhido primeiro a nível diocesano deu origem ao Documento para o Caminho (DEC), que foi a base para as sete Assembleias continentais, procurando o que priorizar na Primeira Sessão da Assembleia Sinodal. Com os documentos produzidos pelas Assembleias continentais, foi elaborado o Instrumentum Laboris, que encerra a primeira fase do Sínodo e abre a segunda, articulada nas duas sessões previstas da Assembleia Sinodal. O objetivo é “não produzir documentos, mas abrir horizontes de esperança para o cumprimento da missão da Igreja“. Um processo sinodal que reflita a situação atual: guerras, alterações climáticas, um sistema económico que explora e descarta, colonialismo cultural, emigração, comunidades cristãs minoritárias, secularização agressiva, abusos sexuais, de poder e de consciência na Igreja. Uma situação que pedirá à Assembleia Sinodal uma escuta profunda das situações em que a Igreja vive e realiza a sua missão, com os frutos recolhidos na fase de escuta, vividos num encontro sincero e cordial, na catolicidade da Igreja, que se exprime na diversidade e nas tensões, que não devem assustar, mas que “podem tornar-se fontes de energia e não cair em polarizações destrutivas“. Articular prioridades sem tomar posição Um IL que não quer ser o único material a ser levado em conta, mas que, a partir dos diferentes documentos que fazem parte do processo de escuta, “articula algumas das prioridades que emergiram da escuta do Povo de Deus, mas não como afirmações ou tomadas de posição”. Tornaram-se perguntas, que “são expressão da riqueza do processo do qual emergiram“, insistindo na importância decisiva das Igrejas locais “como lugar teológico onde os batizados experimentam concretamente o caminhar juntos”. O texto divide-se em duas secções, a primeira, intitulada “Para uma Igreja sinodal”, que “procura recolher os frutos da releitura do caminho percorrido“: sinais de identidade de uma Igreja sinodal; a importância do colóquio espiritual. Uma segunda secção, intitulada “Comunhão, Missão, Participação”, com três prioridades. A partir daí, deveriam surgir passos concretos. O que é uma Igreja sinodal O IL define a Igreja sinodal como “uma experiência integral”, sendo o processo sinodal visto como “algo inesperado, maior do que o previsto”, como “o espaço em que se torna praticável o modo evangélico de lidar com questões que muitas vezes são levantadas de forma vingativa“, sendo “uma Igreja de irmãs e irmãos em Cristo que se escutam uns aos outros e que, ao fazê-lo, são gradualmente transformados pelo Espírito”. Ao falar dos sinais característicos de uma Igreja sinodal, sublinha-se “que uma Igreja sinodal se funda no reconhecimento da dignidade comum que deriva do Batismo”, o que cria “uma verdadeira corresponsabilidade entre os membros da Igreja“, algo que é chamado a ser praticado. Juntamente com isso, uma Igreja da escuta, que “deseja ser humilde, sabe que deve pedir perdão e tem muito a aprender”, uma Igreja “do encontro e do diálogo”, que vive a sua catolicidade “numa diversidade de contextos e culturas”, que “enfrenta com honestidade e coragem o apelo a uma compreensão mais profunda da relação entre amor e verdade”, que sabe “gerir as tensões sem se deixar destruir por elas”. Neste caminho, a Igreja sinodal é chamada a dialogar no Espírito, definido no IL como “aquela dinâmica em que a palavra dita e escutada gera familiaridade, permitindo aos participantes tornarem-se íntimos uns dos outros”, que “permite a partilha de experiências de vida”, e que é visto como um método que “anima e informa cada vez mais a vida quotidiana das Igrejas”, e com um valor “requintadamente missionário”. Método muito presente no Novo Testamento, é também visto como “oração partilhada em vista de um discernimento comum”. Comunhão, missão, participação como temas prioritários Comunhão, missão, participação são definidas no texto como três temas prioritários para a Igreja sinodal, três pilares que “se articulam, se alimentam e se apoiam mutuamente”. Para os trabalhar, foram elaboradas cinco fichas de trabalho para cada prioridade, que constam no IL. Sobre uma comunhão que irradia, o primeiro pilar, o texto pergunta: “Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do género humano?”, vendo esta comunhão como “um caminho sobre o qual somos chamados a crescer“, colocando a liturgia como a via para o fazer. Por isso, “a vida sinodal não é uma estratégia para organizar a Igreja, mas a experiência de poder encontrar uma unidade que abraça a diversidade sem a anular”. Como partilhar dons e tarefas ao serviço do Evangelho é a questão que se coloca em relação à corresponsabilidade na missão, que “constitui o horizonte dinâmico a partir do qual pensar a Igreja sinodal”, insistindo que “a missão não consiste na comercialização de um produto religioso, mas na construção de uma comunidade em que as relações são uma transparência do amor de Deus e, deste modo, a própria vida se torna um anúncio“. Para isso, o contributo de cada batizado é precioso e indispensável, apelando “ao contributo de todos, cada um com os seus dons e tarefas, valorizando a diversidade dos carismas e integrando a relação entre dons hierárquicos e carismáticos”. Sobre a participação, a responsabilidade e a autoridade, pergunta-se “que processos, estruturas e instituições são necessários numa Igreja sinodal missionária?”, determinando a importância da “humanização das relações no coração do projeto de comunhão e do empenho missionário”. A partir daí, reflete sobre a autoridade, vista como capacidade de crescimento, e sobre a formação, que deve ser “integral, inicial e permanente, para todos os membros do Povo de Deus”, insistindo que “os candidatos ao ministério ordenado devem ser formados num estilo e numa mentalidade sinodal“. A par disso, renovar a linguagem eclesial, tornando-a mais acessível e atrativa,…
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Ir. João Gutemberg Sampaio: “A REPAM avança, mas os problemas da Amazônia se agravam”

A Green Citizen Foundation e a Fundación Ambiental Internacional Vida Verde (FUNVIVE), distinguiram a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), com o Prêmio Mundial de Cidadania Verde 2023, na categoria: Visão e Ação Ancestral. Um prêmio que será entregue nesta quarta-feira, 21 de junho, e que será recolhido por Dom José Ángel Divasson, Ennymar Bello, Yesenia Alcalá e o padre Nelson Briceño, membros da REPAM-Venezuela. O Ir. João Gutemberg Sampaio, secretário executivo da REPAM analisa o que essa premiação representa para a instituição, ajudando a “dar essa visibilidade que corrobora, que confirma essa missão importante da REPAM no contexto amazônico”. O religioso Marista destaca o empenho da REPAM em promover o diálogo na Amazônia, uma região, onde “a REPAM avança, mas os problemas da Amazônia se agravam”. A REPAM foi reconhecida pela Green Citizen Foundation e a Fundación Ambiental Internacional Vida Verde (FUNVIVE), com o Prêmio Mundial de Cidadania Verde 2023, na categoria: Visão e Ação Ancestral. O que representa isso para a REPAM? Esse reconhecimento é muito importante, porque a REPAM está se preparando para celebrar no próximo os 10 anos de sua existência. E esse prêmio reconhece também o trabalho da rede nessa década, de formação da consciência socioambiental, da incidência, da defesa dos povos, a questão das comunidades e também a luta pelos direitos, bem focalizado, porque essas são caraterísticas da REPAM, que são reconhecidas por um organismo externo. Isso era importante para dar essa visibilidade que corrobora, que confirma essa missão importante da REPAM no contexto amazônico, e como o prêmio também menciona, o que se faz de bem na Amazônia tem uma influência para o planeta inteiro. Tanto o que se faz de bem, como o que se de ruim, mas a REPAM está no caminho do bem, do bem viver. Fala sobre um prêmio que tem sido concedido por organizações que poderíamos dizer estão fora do âmbito eclesial. A REPAM sempre tentou estabelecer pontes entre a Igreja católica, outras igrejas e diferentes organizações que cuidam da Amazônia. Esse reconhecimento dá valor ao trabalho realizado nos últimos 9 anos? Exatamente, porque a REPAM sendo eclesial, a sua caraterística de rede é exatamente de conectar-se com organizações e também indivíduos que tenham o mesmo pensamento do cuidado do planeta, do cuidado das comunidades. É um diálogo da Igreja em direção à sociedade, fazendo-se também participante da sociedade, enquanto Igreja, com um pensamento muito claro do Papa Francisco, o cuidado da casa comum e de seus habitantes. Este diálogo, ele não é religioso simplesmente, apesar de ser profundamente espiritual, ele é um diálogo socioambiental. Daí a importância dessa conexão com outros organismos não eclesiais. Esse trabalho que tem realizado a REPAM, quais os desafios que coloca no caminho da REPAM nesse trabalho em rede, nessa conexão com diferentes instâncias? O paradoxo é que a REPAM se consolida, a REPAM avança, mas os problemas da Amazônia se agravam. Existem aqui as forças externas, os modelos importados, a devastação, a invasão dos territórios, a violação dos direitos humanos. No momento ascendente da missão da REPAM existe também uma ascendência daquilo que é a destruição. É um paradigma, é um paradoxo, é uma antítese, quanto mais avançamos, mais também avança, como diz nossa vice-presidenta Yesica Patiachi, a Amazônia sangra. Isso nos confirma que precisamos cada vez mais fortalecer a missão, fortalecer a incidência para que a força do bem vai vencendo cada vez mais. Nesse sentido, todos os organismos, todas as instituições necessitamos estar muito atentos, muito conectados, para termos unidade, sinergia na defesa do bem comum. Uma dimensão de cuidado da casa comum que tem sido muito impulsionada pelo Papa Francisco, sobretudo com a encíclica Laudato Si´. Como a REPAM pode contribuir no cuidado da casa comum explicitado pelo Papa Francisco na Laudato Si´, e como trazer isso para a realidade da Igreja da Amazônia e dos povos que habitam a região amazônica?   A Laudato Si´, inclusive, ela valoriza a Amazônia quando dedica à Amazônia um parágrafo inteiro, um parágrafo longo inclusive, quando fala da Amazônia como pulmão de capital importância, junto com a floresta tropical do Congo, e também as ameaças que sofre. O conjunto da Laudato Si´ para o trabalho da REPAM é como uma carta fundacional, um plano de vida para a rede. E se nós olharmos a variedade de ações que o Papa sugere, a questão da ecologia do quotidiana, a visão cultural, a visão política, a mudança dos atos, dos costumes, evitar o consumismo, a consciência global, e também a questão da justiça entre as gerações, pensar nas gerações futuras. Tudo isso passado através de uma espiritualidade, de uma educação ecológica. É uma carta importante, uma integração importante da REPAM com a encíclica Laudato Si´, com esses caminhos tão claros de projeto de vida, de vida para defender a vida. E o Papa coloca também, dentro de uma realidade tão gritante, tão sofrida, tão triste, ele coloca esperança, porque ele pega a espiritualidade de Francisco de Assis, e ele diz que é para caminharmos e cantarmos defendendo a vida das pessoas, e a vida do planeta, superando a dicotomia entre crise social e crise ambiental. Existe uma só crise e precisamos fazer frente a essa crise unidos, com esperança, com firmeza. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Amaturá acolhe Missão Ticuna

O Sínodo para a Amazônia ajudou a avançar na concretização de uma Igreja com rosto amazônico e indígena, algo que foi assumido pelo povo Ticuna, especialmente pela paróquia São Francisco de Assis em Belém do Solimões, diocese de Alto Solimões. Um grupo de missionários e missionárias vem realizando nos últimos meses missões em diferentes comunidades da diocese, a última em Canimarú e Nova Esperança de Maepü, comunidades indígenas da paróquia São Cristóvão de Amaturá, onde realizaram sua missão de 5 a 17 de junho de 2023. Uma oportunidade para realizar a evangelização, desde a doação, protagonismo indígena e compromisso com o Reino de Deus. Segundo os missionários e missionárias, tem sido dias e noites de formações sobre a Palavra de Deus, Catequese, Dízimo, Celebração Dominical, Vocação, os Pilares da Igreja no Brasil, Ecologia e luta contra alcoolismo e drogas! Os participantes da missão destacaram que tudo isso foi muito bem acolhido pelas comunidades, desde as crianças até os idosos. O motivo dessa grande acolhida está no fato de ter sido no “jeito”, cultura e língua Ticuna. Orações, dinâmicas, partilhas de alimentos, desafios nas longas viagens de peque-peque com frio, motivado pela friagem na região nos últimos dias, chuvas e sol… Mas sempre com alegria que brota de fazer tudo por Amor a Deus e ao povo. Os missionários e missionárias agradeceram ao padre Washinton, pároco da paróquia São Cristovão de Amaturá por acolher tão bem os missionários e missionárias indígenas. Igualmente agradecem a ACN por doar material de catequese e formação Bíblica. Uma missão onde participaram o missionário Clebson, o diácono permanente Antelmo e sua esposa Lucinda, de Belém do Solimões, o missionário Nelino de Nupene, e os missionários Maraide, Roberto, Jó Jordão e Jordeval, de Vendaval. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Com informamaçoes do Blog Povo Ticuna de Belem do Solimões

Dom Leonardo: “Hoje nós temos quase uma aberração, oferecemos o Evangelho em troca de milagres”

No 11º Domingo do Tempo Comum, Dom Leonardo Steiner iniciou sua homilia lembrando que neste 18 de junho a Igreja do Brasil inicia a Semana do Migrante. Isso numa arquidiocese que recebe muitos migrantes e faz um grande esforço “em acompanhar, documentar, receber, esses irmãos e irmãs que vem de outras terras”. Comentando o evangelho do dia, o cardeal Steiner disse que as ovelhas “caminham errando e sem direção, daí o cansaço e o abatimento. Abatidas e desnorteadas pois sem norteadores, sem sinalizadores, sem indicadores de esperança”. Uma situação que provoca a compaixão de Jesus, “e envia aos discípulos para anunciar o Reino novo, o da liberdade, da justiça, da verdade, do sentido para a vida humana”, insistindo em que “a vida humana tem sentido, também na dor”. Um Reino que ele definiu como “o Reino da plenitude, o Reino capaz de superar o abatimento e o cansaço”. Da primeira leitura, o arcebispo de Manaus destacou “a declaração do amor de Deus para com o povo de Israel. Deus compassivo cuida, enaltece, encaminha, guia”. Segundo Dom Leonardo, “Deus que se compadece de seu povo, é a compaixão que envia Moises para salvar o povo e libertá-lo da escravidão”. Ele insistiu em que “Deus é um Deus compassivo, a compaixão faz ver as realidades como são, ela é como a lente do coração que nos faz entender as realidades mais profundas, as maiores necessidades das pessoas, pois a compaixão é a fraqueza de Deus, mas também a sua força, nos diz Papa Francisco”. Um Deus que “se compadeceu de nós, se tornou compassivo e nos enviou a sua compaixão, o Filho Jesus”, segundo o cardeal. Ele destacou a continua compaixão de Jesus, que “não é um sentimentalismo, mas manifestação concreta do amor que cuida das pessoas, seja do corpo, seja do espírito”. A compaixão tomou conta da vida de Jesus, afirmou, definindo a verdadeira compaixão como “sofrer com o outro, sentir-se próximo do outro, perseverador do outro”. Essa compaixão provoca que Jesus envie seus discípulos “para proclamar o Reino da proximidade, o Reino de Deus está próximo”, destacou. O cardeal definiu que “proclamar que Deus é próximo, perto de nós”, é a primeira missão de nós discípulos, chamado a que não desconfiemos de Deus, “a proximidade, a liberdade, a frutuosidade de Deus, essa esperança que anima os passos, revigora as forças, concede olhos para ver novos horizontes, pois o Reino está próximo”. Dom Leonardo fez ver que “o anúncio do Reino acontece na gratuidade”, e “nada de negociação, de enganos, de ofertas compradas, trocadas”, denunciando que “hoje nós temos quase uma aberração, oferecemos o Evangelho em troca de milagres” e insistindo em que “o Evangelho não é negócio, é proximidade de Deus, é manifestação de Deus, não é negociação”. “O Reino novo tem sinais, oferece indicações para despertar do abatimento e do cansaço”, enfatizou. Citando o Papa Francisco, quando diz que “muitos se vem empobrecidos pelo seu dinheiro e pelas coisas que pensam possuir e vem o cansaço da vida, a indiferença para com a grandeza do Espírito”, ele fez a proposta do Evangelho do dia, que nos fala de novo horizonte, sentido, proximidade de Deus. Diante disso advertiu que “também nós às vezes estamos enfermos, enfermas, necessitamos de cura, mortos e precisamos de ressurreição, possessos e esperamos ser libertos dos demônios que impedem de viver como filhos e filhas de Deus”. Dom Leonardo chamou a reparar na necessidade de “sarar o corpo e a alma dos que se sentem destruídos pela dor e angustiados pela dureza impiedosa da vida diária, pobreza, fome, abandono, sem sentido. Libertar do que rouba a vida, o bem humor, a graciosidade do bem viver, libertar de tudo o que faz sofrer”. No ressuscitar os mortos, ele vê o chamado a “despertar os homens e mulheres para o dom da vida, do amor, da força da esperança, do morrer a conta-gotas, da morte vir a vida cotidiana como graça, como suavidade, como compaixão”. O arcebispo de Manaus fez um chamado a “deixar-se renovar pelo amor, pela vontade de lutar, pelo desejo de liberdade, uma confiança ilimitada em Deus”.     Ao explicitar o “purificai os leprosos”, Dom Leonardo chamou a “purificar, limpar o corpo social da mentira, da hipocrisia, da falsidade, da vontade do poder, do convencionalismo”. Isso para “viver na verdade, na simplicidade, na bondade, na transparência, na honradez, na justiça”. No expulsar os demônios, o cardeal refletiu sobre “quantos espíritos maus a rondar as nossas relações, as nossas ações. O demônio da violência, da corrupção, do roubo, da morte. Expulsar tantos demônios que escravizam e pervertem a nossa convivência familiar, social e também eclesial”. O cardeal disse Deus estar próximo “onde há liberdade de espírito, onde o Espírito rege e multiplica as relações dignificadas pelo amor”. Ele insistiu na compaixão como mandamento de Jesus, “um anúncio gratuito, um anúncio testemunhal, sermos pessoas que vivem do Evangelho, buscam curar-se, buscam ressuscitar, abrir olhos, dar suportes para que as pessoas vivam em plenitude, enfrentem a cotidianidade com jovialidade e graça”. Por isso, Dom Leonardo chamou a “sermos tomados pela compaixão em nossos dias”, advertindo que “podemos ser tomados às vezes pela indiferença”. Dom Leonardo refletiu sobre “como a indiferença humana faz mal aos necessitados”, citando o Papa Francisco. “As margens da sociedade há muitas mulheres e homens provados pela indigência, inclusive pela insatisfação e a frustração de viver”, afirmou, criticando o sistema econômico que “explora o homem e impõe um jugo insuportável que os poucos privilegiados não querem carregar”. A falta de amor é causa de que nos sintamos cansados e abatidos, afirmou, cansaço do espírito, advertindo que “o que nos salvara não será o conforto, as riquezas, a tecnologia, mas o amor”. “O amor compartilha, acolhe, se compadece, enobrece as relações, desperta confiança, vence os demônios da violência e da ganância”, destacou. Daí ressaltou o Reino da compaixão e do amor, afirmando que “quem se compadece, atingido em suas entranhas, o coração se emociona, lacrimeja, quando no compadecimento aprende a amar. É que amor nos…
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Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 mostra solidariedade aos profissionais da educação

O Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizado em Manaus de 15 a 18 de junho emitiu no final do seu encontro uma Carta em solidariedade aos profissionais de educação da Rede Estadual do Amazonas e da Rede Municipal de Manaus. O texto mostra “solidariedade aos anseios apresentados por aqueles e aquelas que buscam as melhorias das condições de vida por meio da valorização e da dignidade do trabalho”. Uma denúncia que é fruto da reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja, especialmente da Fratelli tutti, onde o Papa Francisco “nos ensina a importância do escutar o outro”.  Os participantes do Seminário dizem ter se indignado ao “saber que os profissionais da educação não estão sendo escutados no seu direito por valorização salarial e melhores condições de trabalho”, relatando a situação que está sendo vivida. A carta, citando o episcopado brasileiro, diz que “ao abordar o Pacto Global pela Educação, afirma que educar exige também investimento ostensivo, diretrizes e políticas públicas claras, acompanhamento sistemático e empenho geral de toda a sociedade”, mostrando sua “profunda confiança nos profissionais da educação”. Texto da Carta SEMINÁRIO DAS PASTORAIS SOCIAIS CNBB REGIONAL NORTE-I   Manaus – AM, 18 de junho de 2023   CARTA EM SOLIDARIEDADE AOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DA REDE ESTADUAL DO AMAZONAS E DA REDE MUNICIPAL DE MANAUS.   Nós, Pastorais Sociais da CNBB Norte 1, reunidos no Seminário “Formação de lideranças no compromisso sociopolítico da fé”, vimos manifestar solidariedade aos anseios apresentados por aqueles e aquelas que buscam as melhorias das condições de vida por meio da valorização e da dignidade do trabalho. Durante o encontro, realizado em Manaus, ao refletir sobre a Doutrina Social da Igreja católica realizamos a escuta cuidadosa dos anseios sociais que cercam nossa igreja, momento em que a realidade da educação do Amazonas foi partilhada. O Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti ao tratar dos riscos da informação sem sabedoria nos ensina a importância do escutar o outro, característico do encontro humano, é um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro, presta-lhe atenção, dá-lhe lugar no próprio círculo. Às vezes a velocidade do mundo moderno, impede-nos de escutar bem o que outro diz.   Enquanto cristãos e cristãs da Amazônia nos indignou saber que os profissionais da educação não estão sendo escutados no seu direito por valorização salarial e melhores condições de trabalho. Na rede estadual para uma prévia de diálogo com o governo os profissionais precisaram entrar em greve para apresentar suas pautas de reinvindicações. Naquele momento o governo ativou o poder judiciário e conseguiu uma liminar que declarou a ilegalidade da greve, bloqueando os recursos do SINTEAM e aplicando multa diária de R$ 30.000 reais. O que era para amedrontar, ampliou a indignação e paralisou mais de 75% da rede estadual, assim, o governo foi obrigado a abrir o diálogo. Na rede municipal de Manaus, os profissionais da educação buscam um reajuste salarial de 15% e dividiram suas pautas em dois pontos: Campanha Salarial e Pautas Permanentes. A proposta de reajuste final apresentada pelo poder municipal foi de 4,5%, desse valor 3,83% é referente a perdas inflacionarias, ou seja, o aumento real é de apenas 0,67%. A CNBB na carta ao episcopado brasileiro às famílias, educadores e gestores (2022), ao abordar o Pacto Global pela Educação, afirma que educar exige também investimento ostensivo, diretrizes e políticas públicas claras, acompanhamento sistemático e empenho geral de toda a sociedade. Reafirmamos nossa profunda confiança nos profissionais da educação da rede estadual do Amazonas e da rede municipal de Manaus. A proclamação da liberdade, da democracia e da fraternidade, torna-se contraditórias, enquanto as condições reais impedem que muitos possam efetivamente ter acesso a ela.   “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Paulo Adolfo Simões: “A dimensão política, ela não é uma parte optativa, ela é uma parte integrante da nossa fé”

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), está realizando de 15 a 18 de junho de 2023 o Seminário das Pastorais Sociais. Um momento de formação de lideranças no compromisso sociopolítico da fé, que tem uma participação de mais ou menos 90 representantes das dioceses, prelazias e pastorais do Regional. Uma oportunidade para aprofundar na dimensão sociopolítica da fé, uma urgência no Brasil, dado que “a fé e a política ainda é uma relação conflituosa em diversos cenários, e no âmbito da Igreja também não é diferente”, segundo Odete Rigato, do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP). Ela insistiu em que “a gente tem que tratar sempre a política como ciência do bem comum”, afirmando que fazendo isso, “toda a Igreja vai apoiar e vai também contribuir com a disseminação dessa política do bem comum nas nossas pastorais, em especial nas pastorais sociais, porque na verdade tudo o que a gente faz é política”. Uma política que a gente faz quando a gente se relaciona, enfatizou Odete Rigato, afirmando que este seminário, “alimenta a nossa caminhada, mas estamos fazendo política, nós estamos discutindo aquilo que todos nós precisamos, enquanto pessoas, enquanto cristãos, e também preocupados não só com a minha necessidade, mas com a necessidade do meu irmão, com a necessidade coletiva”. É por isso que, segundo ela, “cada vez mais as nossas igrejas, elas vão se abrindo a essa necessidade, a essa realidade na qual nós estamos inseridos”. Não podemos esquecer, segundo salientou o padre Paulo Adolfo Simões, que “a Igreja do Brasil tem feito sempre uma grande incidência no campo político, sobretudo durante o processo da assembleia constituinte, que resultou na Carta Magna de 88”. Ele falou sobre o Encantar a Política, que “teve em vista das eleições gerais de 2022, mas tentou resgatar essa experiência num momento muito crítico, que os parceiros primeiros do projeto, o CEFEP, o NESP, o CNLB e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, entenderam que estava faltando um pouquinho esse protagonismo da Igreja”. Algo que está sendo assumido no Regional Norte1 com o material novo a partir do Encantar a Política, os círculos bíblicos que foram apresentados durante o Seminário, algo que se soma a diversas iniciativas que estão sendo desenvolvida no Brasil todo. “O Papa Francisco com a Fratelli tutti, chamando-nos a todos e todas a sermos irmãos e irmãs, e a fazer o que ele chama de boa política, ele reforça essa caminhada da Igreja do Brasil”, destacou o secretário executivo do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara. Durante o Seminário, os participantes estudaram a última encíclica do Papa Francisco, refletindo a partir da realidade local sobre as orientações que aparecem no documento pontifício. O padre Paulo Adolfo Simões ressaltou que “a dimensão social da fé, a dimensão política, ela não é uma parte optativa, uma parte que a gente escolhe e pode deixar de fora, ela é uma parte integrante da nossa fé. Isso entendendo política em um sentido bastante amplo, muito além da política eleitoral e partidária”. Não podemos esquecer que “quem trabalha com pastorais sociais está fazendo política”, segundo afirmou o padre Paulo Adolfo, que lembrou que o campo religioso onde se encontram mais Fake News nas redes sociais. Ele insistiu na importância do Documento 105 CNBB e na necessidade da Igreja apoiar os leigos e leigas que se envolvem no campo da política partidária, pois cabe a eles assumir esse papel na sociedade. Tudo isso buscando ser semente de transformação na realidade de cada um, algo que tem nas escolas de Fé e Cidadania do Regional Norte1 um espaço que pode ajudar a impulsionar essa dimensão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 lança os Círculos Bíblicos “Encantar a Política”, conhecer para realizar a boa política

Na Campanha Eleitoral para as eleições municipais de 2020, o Conselho Nacional do Laicato Brasileiro (CNLB), junto com o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP), a Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), e o Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas (NESP PUC – Minas) lançou um Caderno de Reflexões de acesso gratuito num hotsite com vídeos e outras cartilhas para animação do trabalho de base no período eleitoral. Esse caderno, chamado Encantar a Política, teve 600 mil acessos em 45 dias. Nas eleições gerais de 2022 essa proposta apresentou três inovações: ofertar materiais para formação, com o Caderno “Vamos fazer a boa política!”, que foi aprovado no Conselho Permanente da CNBB, e foi disponibilizado gratuitamente; o Curso de “Planejamento de Campanha Eleitoral”, buscando contribuir na eficácia dos resultados eleitorais das candidaturas cristãs e populares; identificação de candidaturas a Mandatos Populares ou Mandatos Coletivos, para que pudessem ser apoiadas. Junto com isso ampliou-se a parceira com diferentes instituições. São materiais que pretendem ajudar na reflexão das escolas de Fé e Política espalhadas pelo Brasil, um trabalho realizado de diversas formas. Nesse sentido, os participantes do Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1, que está sendo realizado em Manaus de 15 a 18 de junho, testemunharam o trabalho realizado numa Área Missionária da periferia da Arquidiocese de Manaus, onde perceberam que a política serve para resolver os problemas da sociedade; a Pastoral do Menor, realizando um trabalho com adolescentes; e o Seminário realizado na diocese de Roraima, com participação de 90 pessoas, uma experiência apaixonante, e que enfrentou o desafio da parte dos leigos de levar isso para dentro das comunidades. Segundo foi apresentado pelo padre Paulo Adolfo Simões, secretário executivo do CEFEP, o que motivou a iniciativa foi compreender que nos últimos tempos, sobretudo com a Lava Jato, houve uma operação para criminaliza a Política e fragilizar a Democracia. Junto com isso o papel importante da CNBB e as Pastorais Sociais na construção política do país no processo constituinte e nas orientações nas eleições. Mesmo tendo outros materiais, faltava o sendo crítico para ajudar na análise do momento atual. O nome do projeto responde a uma constatação: há um desencanto com a Política, mas também a uma intenção: desmobilizar o povo para que não defenda os seus direitos nem contribua na construção da sociedade, e a uma urgência: tornar nossa sociedade, o melhor possível, à semelhança do sonho de Jesus, o Reino de Deus, é preciso devolver o seu verdadeiro sentido. Fruto disso, o Regional Norte 1 da CNBB lançou um caderno com Círculos Bíblicos que tem por nome Encantar a Política, elaborados por uma equipe do Regional, uma prática que vai ser adotada no futuro em diversos momentos ao longo do ano, aproveitando um material elaborado pela Prelazia do Marajó. Foram feitas 10 mil cartilhas que serão distribuídas nas dioceses e prelazias, mas o material também será disponibilizado em modo virtual (Baixar aqui). Segundo Dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões, vice-presidente do Regional Norte1 e bispo referencial das Pastorais Sociais, “para podermos contribuir com nossa corresponsabilidade na realização da boa política temos que conhecer a natureza desta atividade e as mediações necessárias para poder implementá-la. Isto não podemos fazê-lo sozinhos, precisamos uns dos outros para encontrarmos os melhores caminhos possíveis para a efetivação de uma real e autêntica democracia”. São seis círculos bíblicos, o 1º, “Encantar a política: Quem é o administrador fiel?”; o 2º, “Política fiscal e orçamento”; o 3º, “Amizade social e ética da política”; o 4º, “Diferentes espaços da política”; o 5º encontro, “Evangelização e política”; e o 6º encontro, “Ecologia, política e Evangelho: Tudo está interligado”. Todos os encontros seguem a mesma estrutura, com uma palavra da Igreja, a proclamação e partilha da Palavra de Deus, rezar com a Bíblia, e um encerramento rezando o Pai Nosso. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Adolfo Zon: Pastorais Sociais, “favorecer a dimensão sociotransformadora da fé na sociedade”

Conhecer a Doutrina Social da Igreja é um desafio para quem trabalha nas Pastorais Sociais, segundo Dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões, vice-presidente do Regional Norte1 e bispo referencial das Pastorais Sociais no Regional Norte1. Ele é um dos assessores do Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1 que está sendo realizado em Manaus de 15 a 18 de junho de 2023 com o tema “Formação de Lideranças no Compromisso Sociopolítico da Fé”. Tendo como base o DOCAT, compendio que recolhe os Documentos da Doutrina Social da Igreja, o bispo de Alto Solimões refletiu sobre “Doutrina Social da Igreja e a dimensão sociopolítica da Fé”. Dom Adolfo Zon destacou a necessidade de uma releitura contínua da Doutrina Social da Igreja, que tem que ser lida a partir do contexto em que foi escrito cada um dos documentos. Daí a importância do que ele chamou de “hermenêutica da Doutrina Social da Igreja”, dado que “o tempo vai revolucionando a compreensão da realidade”. Isso porque “a sociedade é dinâmica e não estática”. Segundo o bispo, “o objetivo principal das Pastorais Sociais é contribuir a favorecer a dimensão sociotransformadora da fé na sociedade. Tanto as pastorais sociais como também os leigos, através de suas diferentes profissões e modos de vida, têm que fazer presente esta dimensão que é constitutiva da nossa fé”. Dom Adolfo Zon destacou que “a Doutrina Social da Igreja, ela nos vem dar luzes para ler, para julgar, e sobretudo para encontrar caminhos ou diretrizes para a ação social dos seres humanos na sociedade”. “A Doutrina Social da Igreja é uma contribuição preciosa para que os nossos leigos e leigas, e todo batizado possa realizar a dimensão sociotransformadora da nossa fé”, destacou o bispo de Alto Solimões. Ele ressaltou o envolvimento que se dá nas dioceses e prelazias no campo das Pastorais Sociais, que “tem uma prática libertadora e que está embasada nesta Doutrina Social que a Igreja nos oferece para iluminar a realidade social e nossas atividades”. Conhecer bem a Doutrina Social da Igreja se faz necessário “para falarmos com propriedade”, fez ver o bispo referencial das Pastorais Sociais do Regional Norte1 aos participantes do Seminário, mostrando sua desconformidade com a rejeição à Doutrina Social da Igreja por pessoas que se dizem parte da Igreja católica. Um conhecimento que ajuda a melhorar a vida do povo, afirmando que “os políticos não querem que o povo conheça a política pública”, e junto com isso que “nossas comunidades ficam fora das políticas públicas porque não nos organizamos”. Dom Adolfo Zon apresentou a identidade, conteúdo, objeto, sujeito, objetivo, fontes e método da Doutrina Social da Igreja e fez uma análise de diversos documentos pontifícios que conformam a Doutrina Social da Igreja, que ele considera algo muito iluminador, convidando a fazer uma leitura de fé da realidade ajudados pelos Documentos da Doutrina Social da Igreja, “confrontar-se com eles para aprendermos em relação à nossa ação”, pois a Doutrina Social da Igreja é uma prática, ressaltou. O bispo referencial das Pastorais Sociais insistiu em interpretar o contexto da Doutrina Social da Igreja, fazendo uma apresentação de sua história desde a publicação da Rerum Novarum em 1891 até a Fratelli tutti em 2021, considerando o Concilio Vaticano II como um divisor de águas em relação à Doutrina Social da Igreja. Junto ao Magistério Pontifício apresentou alguns documentos do episcopado brasileiro sobre essa temática. O vice-presidente do Regional Norte1 fez uma análise dos Princípios da Doutrina Social da Igreja e seus princípios estratégicos, apresentando os princípios que o Papa Francisco apresenta na Evangelii Gaudium: O tempo é superior ao espaço (EG. 222); A unidade prevalece sobre o conflito (EG. 226); A realidade é mais importante que a ideia (EG. 231); O todo é superior à parte (EG. 234). Junto com isso os critérios de julgamento e as diretrizes para a ação e a dimensão prática da Doutrina Social da Igreja, mostrando a metodologia para a ação. Pastorais Sociais que chegam aonde não chega o poder público, daí sua importância decisiva na vida da Igreja e da sociedade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “As Pastorais Sociais são a nossa tentativa de seguirmos a Jesus, de vivermos o Evangelho”

As Pastorais Sociais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizam de 15 a 18 de junho seu Seminário, buscando avançar na Formação de Lideranças no Compromisso Sociopolítico da Fé. Pastorais Sociais que o cardeal Leonardo Steiner definiu como “as pastorais da bem-aventuranças”. Segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, “as Pastorais Sociais são a nossa tentativa de seguirmos a Jesus, de vivermos o Evangelho”. Segundo o cardeal Steiner, “compreendemos o seguimento de Jesus como ir ao encontro dos irmãos e das irmãs e as nossas pastorais na Igreja do Brasil foram aparecendo na medida em que fomos descobrindo, fomos despertando para as diversas dimensões da vida humana”. Ele insistiu em que “as diversas pastorais sociais são uma maneira tão simples de tentarmos viver o Evangelho, de tentarmos seguir Jesus, de tentarmos juntos construir um novo céu e uma nova terra, que é o Reino de Deus”, ressaltando que “as nossas pastorais são a visibilização dessa tentativa de seguir Jesus”. O presidente do Regional Norte1 da CNBB denunciou que “os meios de comunicação as vezes dissociam as Pastorais Sociais da vida do Evangelho”. Mesmo com a rejeição e as críticas daqueles que não entendem, a atuação na política, junto aos povos indígenas, junto as pessoas que buscam terra, “é apenas a nossa tentativa de vivermos o Evangelho e ajudarmos os nossos irmãos no serviço de ter uma vida digna, isto é, visibilizarmos o Reino de Deus”, afirmou. Diante da pouca participação nas Pastorais Sociais, o arcebispo vê isso como consequência de que “é o confronto com as dificuldades, é o confronto com o limite da vida humana, é o confronto muitas vezes com a morte”, algo que tem se concretizado ao longo da história em ameaças àqueles que tem se comprometido nas pastorais sociais. Dom Leonardo insistiu em “não ficar numa comunidade que reza, mas uma comunidade que leva em consideração a vida, a realidade ao seu redor e busca viver, pregar e construir o Reino de Deus”, como modo de ter pessoas que participem das Pastorais Sociais. Ele fez ver o desafio de ter lideranças novas, envolver os jovens, pois eles têm sensibilidade, um convite que ele faz nas crismas. Dentre as Pastorais Sociais, o Regional Norte1 está introduzindo a Pastoral do Meio Ambiente, “um grandíssimo desafio para nós que vivemos na Amazônia, mas é um convite insistente do Papa Francisco de termos o cuidado com o meio ambiente, especialmente nós que vivemos na Amazônia”. O cardeal disse que existem atritos e dificuldades, porque existe garimpo, pesca predatória, desmatamento, venda de madeira ilegal. Ele insistiu em que “essas questões todas nos envolvem como Igreja, mas as vezes há um receio de refletirmos sobre essas questões”. Diante disso, insistiu em que “nós estamos apenas tentando viver o Evangelho, apenas isso, e ajudar as pessoas a viver o Evangelho”. O arcebispo de Manaus disse que no encontro do presidente Lula com o Papa Francisco, previsto para a próxima semana, ele espera que o presidente tome a inciativa de falar sobre a Amazônia, sobre os povos indígenas. Refletindo sobre o trabalho que realiza a arquidiocese de Manaus, seu arcebispo insistiu em ir ao encontro dos irmãos necessitados sem perguntar se pertence a nossa Igreja, pois “Jesus não olhava o que a pessoa era”. Para isso, está sendo discutido a criação de um Vicariato da Ação Social e da Caridade na arquidiocese de Manaus abrangendo todas as Pastorais Sociais, buscando um trabalho mais em conjunto e assim “estarmos ainda mais ao serviço das pessoas necessitadas”. Em relação à política, que além da política partidária “é participarmos da construção de uma sociedade justa e fraterna”, Dom Leonardo insistiu em que “é uma realidade em que estamos muito ausentes”, com pouca presença de pessoas de Igreja, fazendo um chamado a “pensar nessa questão como uma questão vital para nossa sociedade”. Por isso, chamou a “não termos receio de participar do debate político”. O cardeal lembrou as palavras de Ana Arendt, que disse que “política é sair do familiar para o social, sair do particular para o social”, , e por isso, “essa nossa participação, essa nossa contribuição como Igreja na construção de uma sociedade mais justa”. “Não ter receio de entrar no mundo da política”, ressaltou o cardeal Steiner. Para isso, a arquidiocese de Manaus está pensando em realizar um curso de formação para levar às comunidades, “ver se nós conseguimos transformar um pouco a ideia da política”, que tem sido desnaturalizada e vista como foco de corrupção. Segundo dom Leonardo, “desconstruímos a política”, o que demanda “vermos a importância que a política tem, a participação de todo cidadão, de toda cidadã na construção de uma sociedade justa”. Como presidente do Regional Norte1, ele agradeceu a presença de cada um e cada uma. Ele disse que no Regional Norte1, “nos sentimos uma Igreja sinodal, em nossas assembleias a sinodalidade é a coisasmais normal do mundo, em nossas assembleias participam os leigos e leigas, as Pastorais Sociais, participam os padres, diáconos permanentes, Vida Religiosa, participam os bispos, e todo mundo vota, todo mundo discute”. Tudo isso graças à intuição dos bispos em 1972, a uma inspiração de bispos missionários. Uma participação, que segundo o cardeal, pode “nos ajudarmos a refletir e nos ajudarmos a dinamizar nossa Igreja, uma Igreja viva e transformadora, uma Igreja de proximidade, uma Igreja de misericórdia, uma Igreja da caridade”. Uma Igreja que se faz presente no meio do sofrimento do povo, lembrando a fome do povo yanomami, que lhe fez ficar horrorizado quando os visitou em Boa Vista no mês de fevereiro, dizendo se sentir tocado profundamente “quando um indígena me disse que eles estavam perdendo o espírito, a fome estava levando o espírito”. Diante disso disse que como Igreja, “temos a verdadeira missão de levar vida”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1