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Encontro Igrejas na Tríplice Fronteira: partilhar a vida e encontrar caminhos comuns de missão

A Amazônia não tem fronteiras, e a Igreja que caminha na região amazônica também está empenhada em superar divisões nacionais, pois na Amazônia os rios não separam, eles unem. Lá onde o Rio Amazonas entra no Brasil, lá onde as águas juntam colombianos, peruanos e brasileiros, se tornou costume que os missionários e missionárias que atuam na região se encontrem para confraternizar, partilhar a vida e encontrar caminhos comuns de missão. No dia 26 de abril de 2023 aconteceu mais um desses encontros, o primeiro de 2023, desta vez em Islândia no Peru. 31 participantes, dos três países, leigos e leigas, padres, irmãs e irmãos religiosos, da diocese de Alto Solimões (Brasil, o vicariato de Leticia (Colômbia) e o vicariato de São José do Amazonas (Peru). O desejo é impulsionar a sinodalidade em terras e águas amazônicas.  Animados pela vivência do caminho de Emaús, foi lembrado que a missão começa onde a gente está, segundo informam os participantes, que insistiram em que “a vida é mais forte que a morte”, e que “somos chamados para a vivência amorosa do Evangelho na construção do Reino de Deus”. Um encontro que serviu para acolher os novos missionários e missionárias, lembrando os que passaram e deixaram suas marcas nessa tríplice fronteira. “A nossa missão é cuidar de tudo. Quando cuidamos da natureza ela cuida de nós. Somos comunidades internacionais, Inter congregacionais e Inter vocacionais. A riqueza da biodiversidade se reflete também na riqueza da vida e experiências eclesiais”, segundo os missionários e missionárias. Os missionários e missionárias destacaram a necessidade de se aproximar, da troca de experiências, de não ficar sozinhos, pois “para cuidar do povo é preciso saber cuidar de si mesmo, porque algumas vezes temos dificuldades. Precisamos uns dos outros, como anjos de uma asa só que necessitam uns dos outros para poderem voar”. Uma caminhada que surgiu da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), por meio do Núcleo Igreja em Fronteiras, buscando fazer realidade o desejo de “todos e todas ser uma grande família. Protegendo-nos e cuidando do próximo. Pregando a boa nova de Jesus Cristo e promovendo o Bem Viver na construção coletiva de um mundo melhor”. Um encontro no espírito da sinodalidade, pois “sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos mais longe”, algo que apareceu na partilha das experiências de sinodalidade nos territórios onde realizam a missão, um compartir onde foi destacado a abertura, semeadura, acolhida, convivência, caminho novo, escuta, companhia amorosa, caminhada, ajuri, desafio, respeito, aproximação, sentir, misericórdia, comungar, amizade, biodiversidade. Nessas palavras insistiram no ajuri, uma palavra vem dos povos originários. Recorda o bem de todos e não de alguns. Não se trata de fazer somente um trabalho juntos. Na verdade o ajuri começa antes e vai depois do encontro. Antes porque é preciso gente para preparar o ajuri e depois porque é necessário dar seguimento ao que foi feito. No Ajuri todas as pessoas são valorizadas. Todos colaboram até mesmo as pessoas que são de fora. Todos trabalham para o nosso. Ninguém é mais do que todos nós juntos. Isso desde a dinâmica do Bem Comum, do caminhar juntos, lado a lado, assumindo que o outro sempre é mais importante. O desafio é descobrir o bem no outro e enxergar o bem do outro. Assumir que, diante das inúmeras fraturas sociais e humanas, se faz urgente olhar a realidade na perspectiva do outro. Precisamos sentir com o outro, a terra, a água, a humanidade, a floresta, os seres, toda a criação, o caminho e o destino nosso de vida plena e integral. Os participantes foram convidados para participar do 15º Intereclesial das CEBs em julho em Rondonópolis (MT), e do encontro preparatório em Tabatinga nos dias 5 e 6 de maio. Também foram partilhadas experiências de caminhada sinodal, como é o projeto “Igreja Sinodal com rosto Magüta”, que busca o fortalecimento do espaço de encontro das missionárias e missionários da tríplice fronteira para afiançar os laços de uma Igreja sinodal e fraterna além das fronteiras eclesiais e politicas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação Regional Norte1 – Com informações do padre Carlos (Diocese de Alto Solimões)

Dom Leonardo: “Jesus, aquele que cuida das ovelhas e nos convida a uma nova passagem”

No quarto domingo da Páscoa, Dom Leonardo Steiner começou sua reflexão lembrando que “celebramos passagem de Jesus: da morte para vida! das trevas para a luz! Passagem, pois não só recorda a morte e ressurreição do Senhor, mas também que nós passamos da morte à vida. Não pertencemos mais à morte. Foi-nos oferecida a vida. Esperamos participar definitivamente da vitória sobre a morte; triunfo manifestado, visibilizado na ressurreição de Jesus”, citando a Santo Agostinho. Neste domingo, “Jesus se apresenta como aquele que cuida das ovelhas e nos convida a uma nova passagem: “Eu sou a porta”. Por ser passagem, Jesus, no Evangelho, é o Bom Pastor, a quem as ovelhas escutam e seguem, ele chama a cada uma pelo nome, caminha com as ovelhas, e elas conhecem e reconhecem a sua voz, mas não reconhecem a voz de estranhos”, segundo o arcebispo de Manaus. O cardeal lembro quem era e qual a função do pastor, cuidar das ovelhas, “quase sempre estava a serviço de outra pessoa; cuidava das ovelhas de outros. Dedicado, cuidadoso, conhecia cada uma das ovelhas, dava nome a cada uma, para onde ele ia as ovelhas acompanhavam. Quando ele chamava, elas obedeciam, pois reconheciam a sua voz: ele sempre estava com elas, não as abandonava. Ele as protegia e as defendia. Ele estava dia e noite cuidado elas. Esse estar dia e noite criava laços de confiança, de segurança. As ovelhas sabiam que podiam seguir o pastor. Ele era tão cuidadoso que as conduzia a lugares onde havia pastagens e fontes. Conduzidas por ele não passavam nem fome e nem sede, pois Ele acompanha, conduz, cuida, alimenta, oferece fontes de água viva”. Uma imagem que ele aplica ao seguimento de Jesus, “na tentativa de vivermos o Evangelho vamos nos deixando guiar, conduzir, alimentar, saciar por ele. Ele cuida de nós, vela por nós. E na medida em que meditamos as suas palavras vamos distinguindo a sua voz da voz dos estranhos. Vamos percebendo como e por onde ele nos conduz”, recordando as palavras de Santo Agostinho, em que mostra as atitudes do pastor: “Procurarei a ovelha perdida, reconduzirei a desgarrada, enfaixarei a quebrada, fortalecerei a doente e vigiarei a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito”. Dom Leonardo lembrou que Jesus é “a porta, a passagem; passagem de salvação, de libertação. Jesus a porta porque nossa vida, nosso caminho! Uma porta estreita, larga, generosa. Nela passamos todo-inteiros, necessitamos apenas deixar do lado de fora as sobras, os empecilhos”. Uma porta que nem sempre vemos: “pode, no entanto, acontecer que não vejamos mais a porta, a abertura, a saída, a passagem. Manifestam-se os momentos em que não entrevemos mais a passagem entre a dor, sofrimento, morte e a vida. Não enxergamos mais a porta. Os momentos mais difíceis onde perdemos a referência, o sentido. Quando tocados na profundidade de nosso ser, atingidos no convívio amoroso e nos sentimos, no sem sentido da morte de um filho, da esposa, do esposo, de nosso pai, de nossa mãe, pode acontecer que não vejamos mais a porta, a saída. Às vezes quando somos assaltados pela doença grave, incurável, as portas todas não apenas se fecham, mas elas simplesmente não existem mais. Quantas pessoas na depressão, na angústia, no desespero, não encontram mais a porta. E parece, desaparecer a passagem. E Jesus nos diz: Eu sou a porta! Ele sempre é a passagem, uma nova possibilidade, a realização da vida plena”. Jesus “a porta da fé”, como diz Atos, “que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma”, lembrando as palavras de Bento XVI. “A porta da fé que nos conduz ao banquete da vida, até a vida eterna. A porta da salvação!”, reforçou Dom Leonardo. Segundo o cardeal, “Eu sou a porta, eu sou a passagem, significa que Jesus é o lugar de acesso para que possamos encontrar o significado da vida e o espaço, a paisagem que dão vida. Passar pela porta significa aderir a Ele, segui-lo, acolher a sua vida o seu modo de viver. As ‘ovelhas’ que passam pela porta que é Jesus os que aderem a Ele, podem passar para a terra da liberdade onde encontrarão pastos verdejantes, isto é, vida em plenitude. Jesus porta, passagem, pois só procura que deseja que cada pessoa encontre vida em plenitude”. “Ele vai abrindo a porta do consolo, do perdão, da reconciliação, da fraternidade, da esperança, da fé, do amor expansivo. Quantas portas Ele vai abrindo através da Palavra, dos sacramentos, da caridade, da solidariedade? A porta que possibilita a reconciliação, a paz! Paz tão necessitada e desejada. E Jesus a abrir passagens para mundo sempre mais amplo, livre, liberto, fraterno, amoroso”, lembrou o cardeal. Dom Leonardo convidou a nesse tempo pascal “reconhecer a Jesus como Aquele que cuida de nós, está conosco, nos acompanha nos caminhos difíceis e esburacados, enlameados; O Ressuscitado está conosco na travessia, na busca da outra margem, na busca de outras lugares que alimentam, a outras fontes que refrescam a nossa vida; está conosco em todos os momentos, em todos os lugares, não nos abandona, porque deu sua vida por nós”. Segundo o arcebispo, “Jesus provavelmente a nos convidar a sermos porta, passagem. Porta da vida: a mãe, o pai que geram vida e dela cuidam. São passagem da vida e da fé. Passagem da maturação, da percepção do amor como realização de uma existência. As nossas famílias como porta, pois ali se faz a experiência da entrega, do perdão, da maturação do existir. Sermos porta da passagem da solidariedade, do encontro. Porta passagem da oração, da prece em comunidade. Porta quando somos passagem da reconciliação, perdão. Porta quando deixamos passagem à paz para superação da violência, da morte. Quantas vezes cai a noite, sopra o vento contrário, o nosso barco é sacudido pelo banzeiro, e somos tomados pelo medo.…
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Arquidiocese de Manaus tem mais um presbítero, ordenado “para servir ao povo de Deus”

A Arquidiocese de Manaus tem mais um presbítero, Mateus Marques da Costa, ordenado neste sábado 29 de abril na Catedral da Imaculada Conceição. Um momento de festa que contou com a presença de 5 bispos, mais de 60 padres, um bom número de diáconos, os seminaristas do Seminário São Jose, e muitos representantes das comunidades, áreas missionárias e paróquias que fizeram parte da vida de fé do novo presbítero. Um irmão ordenado na véspera do Domingo do Bom Pastor e o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, “para o serviço da compaixão e o ensino”, segundo o cardeal Leonardo Steiner, que foi o ordenante. O arcebispo disse, seguindo o texto do Evangelho, que os discípulos “continuam a missão de ensinar, anunciar, quase perdidos nos afazeres”. De volta da missão Jesus os convida para a solidão, para estar só com Deus, mas Jesus se depara com um uma multidão que está como ovelhas sem pastor. “Uma multidão em busca, a caminho, mas sem direção”, e mesmo a caminho da solidão, Jesus “se faz um com a multidão, com cada uma das pessoas da multidão. E no ensinar conduz para o lugar fecundo e desdesertificado, onde corre leite e mel: O Reino de Deus!”, afirmou Dom Leonardo. O cardeal insistiu em que Jesus viu, “e por isso foi tocado com a compaixão”, ainda mais, “a compaixão tomou conta do seu coração, porque viu as necessidades da multidão”, ele é atingido nas entranhas, “ele se comove, ele é atingido pela busca daquela multidão que se pôs a caminho, que se fez caminho”, ressaltou o arcebispo de Manaus. No meio do povo que o busca, como luz, direção, horizonte, Dom Leonardo apresentou Jesus “no meio da multidão, sem descanso, sem aflição, sem desconforto, mas na liberdade, na liberalidade, a despertar a saudade do Reino de Deus”. O cardeal destacou a importância da ordenação no Dia de Oração Mundial pelas Vocações, no dia do Bom Pastor, insistindo em que seria ordenado “para servir ao povo de Deus”, lhe dizendo: “seja também para ti, as necessidades dos irmãos e irmãs o teu descanso, as necessidades materiais e espirituais dos irmãos sejam o lugar de estares só no todo, inteiro por inteiro, sem dobras”. Um ser presbítero que deve estar “tomado, banhado, revestido, alimentado pela compaixão”, disse Dom Leonardo, afirmando que “será ela a guiar teus passos a realizar teus sonhos missionários”. O caminho é “ser presbítero, padre, na Igreja, Igreja missionária, uma Igreja misericordiosa. Ser missionário é inclinar-se, às necessidades de todos, especialmente dos mais pobres e necessitados”, ressaltou o cardeal, acrescentado que “a proximidade com os últimos evangeliza, pois visibiliza o Reino”. Ele chamou aquele que ia ser ordenado a que “sejam teus passos ousados, humildes, alegres, não apresados, capaz de encontros”. Na primeira leitura de Atos, o cardeal destacou a necessidade de como pai, o novo padre insista, liberte, acolha, perdoe, e como mãe aconchegue, abrace, beije. Na segunda, a necessidade de como sacerdotes seguir os passos de Jesus. Finalmente, depois de lembrar as palavras do Papa Francisco sobre a missão, Dom Leonardo agradeceu aos formadores, àqueles “que na casa da formação foram para ti alento, ânimo, prece, convivência forte-suave”. Uma gratidão que estendeu aos país e à família. No final da celebração, o novo presbítero fez seus agradecimentos, lembrando os nomes que fizeram parte da sua vida e de sua caminhada na Igreja. Ele foi acolhido no presbitério da Arquidiocese de Manaus pelo coordenador da Pastoral Presbiteral, padre Gilson Pinto, que mostrou a alegria dos presbíteros pelo fato de receber mais um irmão no meio deles. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Voto feminino no Sínodo: Papa Francisco cumpre a promessa feita no Sínodo para a Amazônia

Francisco é um Papa de processos e sua decisão de que todos os participantes, inclusive as mulheres, votem na Assembleia Sinodal que será realizada no mês de outubro tem sido manchete em diferentes âmbitos. No Sínodo para a Amazônia, as 35 mulheres presentes na Assembleia Sinodal fizeram um pedido formal ao Papa para votar naquela assembleia, algo que Francisco não levou adiante naquele momento, mas que claramente não esqueceu. Duas daquelas mulheres eram a Ir. Maria Irene Lopes, secretária executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil (REPAM-Brasil) e da Comissão para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Ir. Rose Bertoldo, secretária executiva do Regional Norte1 da CNBB. “Eu quando vi essa notícia pela primeira vez, eu me reportei logo ao Sínodo de 2019, mas eu acredito que não foi só ali que começou essa instigação”, afirma a Ir. Irene, que não duvida em ver o Sínodo para a Amazônia como esse divisor de águas. A religiosa destaca “o grande número de mulheres naquele Sínodo, tanto indígenas como leigas, religiosas”, que ao longo da assembleia sinodal se aproximaram do Papa Francisco para mostrar que estavam lá, insistindo em que não era simplesmente uma presença, “nós também pedimos ter voz, pedimos poder falar, quem sabe até votar, foi um sentimento que a gente foi tendo e que o Papa foi tendo naquele Sínodo”. Em que é fruto de um processo insiste a Ir. Rose Bertoldo, lembrando que estamos no décimo ano do pontificado do Papa Francisco, “e ele sempre teve esse olhar”. Segundo a religiosa, “não teve muitos avanços, mas é um Papa que é de processos. O voto das mulheres nesse Sínodo é fruto desse processo, que ele vem fazendo na Igreja, que a gente sabe que não é fácil”. Segundo a secretária executiva do Regional Norte1, o gesto de entregar ao Papa a carta assinada por todas as mulheres presentes na assembleia sinodal, “isso foi muito significativo”. Junto com isso, a religiosa destaca que “o Papa reconhece o trabalho que as mulheres fazem”, citando como exemplo que no Sínodo para a Amazônia as mulheres foram a maioria das participantes no processo de escuta, destacando sua contribuição, “então nada mais justo do que reconhecer essa contribuição, que é a realidade da Igreja. O rosto hoje da Igreja é feminino, esse reconhecimento é fruto desse processo, com que o Papa aos poucos vai abrindo espaço para que isso se consolide na Igreja”. A Ir. Rose diz que “o próximo Papa não tem como retroceder nesses processos”. A Ir. Irene Lopes lembra a última fala do Papa naquela assembleia sinodal, “o Papa olhou para nós e disse: ‘não foi desta vez ainda, mas vocês vão ter esse espaço’, algo que para mim ficou muito marcante. Em momento algum o Papa esqueceu das mulheres que estavam presentes”. Nesse processo, a Ir. Rose Bertoldo destaca como elemento importante que “a gente não foi para o confronto, mas essa consciência de que o diálogo é a ponte”. Ela vê como algo importante que “a gente não foi brigar, mas a gente fez que isso ficasse para a história”. Seu serviço como secretária executiva do Regional Norte1, “ele ajuda gestar processos muito grandes”, insistindo em que “tem muitos bispos que nos escutam, não é a gente que vai fazer a decisão, mas eles nos escutam, e isso leva a uma decisão”, o que ela considera muito importante. Um exemplo disso é a Mensagem ao Povo Brasileiro da 60ª Assembleia Geral da CNBB realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril de 2023, “tem muito da voz feminina”. Por isso, a religiosa destaca que “muitos processos, muitas decisões, elas partem da sugestão de nós mulheres”. Como secretária executiva do Regional Norte1, ela fala das sugestões que faz, mas não de forma impositiva, o que acaba sendo acatado pelos bispos. A Ir. Rose mostra que nas comunidades e nos espaços que as mulheres estão, “elas são ouvidas e os processos avançam por conta das sugestões que nós mulheres fazemos”. A Ir. Irene Lopes, que está na CNBB desde 2009, lembrando os bispos que presidiram a REPAM-Brasil e a Comissão para a Amazônia, ela disse perceber “muito respeito deles pela presença nossa enquanto mulheres”. Na equipe da REPAM-Brasil, hoje todas são mulheres, “e eu vejo que existe esse respeito pela nossa presença e pelo nosso trabalho, confiam, valorizam”, algo muito importante, pois “a gente está ali para fazer junto, pensar junto, não só para prestar um serviço, e sim para fazer propostas, sugerir”, destacando o acolhimento de todo o episcopado. Tudo isso, “passa por essa dimensão da escuta, há um processo mais aguçado de escuta por parte dos bispos, e desse processo de escuta surge a confiabilidade e essa valorização e reconhecimento da nossa participação”, insiste a Ir. Rose Bertoldo. Uma presença das mulheres que na Igreja da Amazônia é decisiva, “não temos como mais pensar na Igreja da Amazônia sem a presença das mulheres”, afirma a Ir. Irene Lopes, que insiste em que muitos bispos estão dando “uma grande valorização para questão das mulheres nas comunidades”, uma atitude que “se deve à preparação do Sínodo, às escutas que foram feitas e os espaços que as próprias mulheres estão conquistando nas comunidades”. A secretária executiva da REPAM-Brasil diz ter percebido nos últimos anos “uma maior valorização da presença feminina, inclusive em falas públicas”. A religiosa cita exemplos de bispos encantadíssimos com o trabalho que as mulheres estão fazendo, e é um trabalho de incidência, um trabalho que está sendo apoiado. A dimensão da circularidade nas comunidades é apontada pela Ir. Rose Bertoldo como um elemento importante, insistindo em que “nossas comunidades têm o serviço não como poder, essa dimensão de troca que acontece de uma forma circular e não piramidal”. Junto com isso, a secretária executiva do Regional Norte1 destaca “toda essa discussão que a gente vem fazendo que é a ministerialidade. A gente tem avançado no sentido de fazer processos de discussão em relação aos ministérios e os ministérios das mulheres.…
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Encerrada a 60ª Assembleia Geral da CNBB: “Um Pentecostes, uma experiência de comunhão”

A 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encerrou nesta sexta-feira 28 de abril com a celebração final em que a nova presidência e os presidentes das 12 comissões em que se divide a CNBB assumiram seus novos cargos. Em encontro com a imprensa, a presidência analisou a última assembleia e marcaram brevemente o rumo a seguir nos próximos 4 anos. Partindo da ideia de que “cada assembleia geral é um Pentecostes, uma experiência de comunhão”, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, definiu a 60ª Assembleia como dias marcados por “temas pertinentes à vida da Igreja e também do nosso povo”, uma agenda complexa, marcada pelas numerosas eleições realizadas. Para os próximos 4 anos, ele espera que seja “um tempo de trabalho vigoroso”, diante da “complexidade do tempo que vai exigir discernimento, bom senso e capacidade de colaborar para deixar as nossas comunidades e o nosso Brasil um pouco melhor para as futuras gerações”. Agradecendo a confiança dos irmãos bispos para presidir a Conferência, Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente, definiu a CNBB como o principal grupo de serviço da conferência episcopal. Eles foram escolhidos para servir e fazer a conferência realizar seu serviço de estar ao serviço da evangelização na Igreja do Brasil, insistiu. Algo que é marcado pelas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que só serão aprovadas em 2025 seguindo as decisões do Sínodo da Sinodalidade. O arcebispo destacou o trabalho das 12 comissões episcopais, que formam o Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), que se reúne 6 vezes ao ano, e do Conselho Permanente que se encontra 3 vezes por ano. A lógica do poder que Jesus oferece, que é a lógica do serviço, foi apresentada por Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, bispo da Diocese de Garanhuns (PE) e segundo vice-presidente, que ressaltou a presença das diversas regiões na presidência, destacou como ponto de partida da nova presidência, que ele vê como grupo de serviço aos irmãos bispos, às Igrejas locais, na linha da colegialidade, da sinodalidade, e da comunhão, insistindo em que “a CNBB existe para ser mistério de comunhão”, para animar a pastoral e articular serviços. Citando São João Crisóstomo, que diz que a Igreja é Sínodo, o bispo chamou a caminhar juntos desde uma mística de comunhão que nasce da Santíssima Trindade. Para fazer que isso aconteça, ele chamou a construir uma cultura do encontro, para assim colaborar com o grande processo de reconciliação no Brasil, algo que nasce do coração de Jesus. O secretário geral da CNBB tem como missão gerenciar, dinamizar, fazer acontecer o que a conferência resolve na Assembleia Geral. Dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS), que vai desempenhar esse serviço no próximo quadriênio, destacou em sua missão o objetivo de integrar as 12 comissões com seus assessores para dar a dinâmica a nível nacional e nos regionais. Ele insistiu no trabalho de integração, dando continuidade ao que estava sendo muito bem-feito até agora, afirmando que algumas coisas serão aperfeiçoadas. Tudo isso em comunhão com o CONSEP, que realizará no mês de maio seu primeiro encontro e com o Conselho Permanente, a se reunir pela primeira vez em junho. Na promoção de um trabalho de reconciliação insistiu Dom Jaime Spengler, relatando a situação que o Brasil vive, com famílias divididas, comunidades divididas, e inclusive o clero dividido. Nesse sentido, mostrou como caminho a Campanha da Fraternidade 2024, que tem como tema “Fraternidade e amizade social”, e como pano de fundo a encíclica Fratelli Tutti. Isso num país com índices enormes de violência, violência da linguagem, no uso dos meios de comunicação social, que podem ser promotores de cultura de paz, segundo Dom Paulo Jackson. Ele fez um chamado a dar passos significativos na superação da violência em todos os níveis, a superar o confronto e partir para o debate de ideias. O único membro da presidência anterior na atual é Dom Jaime Spengler, que lembrou que “na presidência anterior fomos duramente provados pela pandemia, tivemos que nos reinventar em vários aspectos”. Ele destacou o trabalho de Dom Walmor Oliveira de Azevedo e de toda a presidência, afirmando ter dado conta de que lhes foi pedido e chamando a dar continuidade aos trabalhos, especialmente no que faz referência à sinodalidade e à gestão. Uma continuidade que segundo Dom João Justino ficou expressada no fato de na celebração de posse da nova presidência, Dom Walmor Oliveira de Azevedo entregar a Dom Jaime Spengler do novo Estatuto e do novo Regimento, onde está um elemento de continuidade muito importante. Uma continuidade que nasce do fato de que a “missão da Igreja é evangelizar, apresentar Jesus Cristo como razão última e primeira de nossa existência”, segundo Dom Paulo Jackson. Na linha da continuidade destacou que na anterior gestão, a presidência otimizou os 19 regionais, afirmando que a presidência e os órgão de articulação da CNBB podem prestar uma grande assistência às dioceses, lembrando da existência de dioceses muito simples, muito pobres, que talvez precisem muito do apoio da presidência e da estrutura que a CNBB tem. Uma presidência que na voz de seu presidente fez um chamado a serem instigados, ajudados para poder levar a bom término a missão que a CNBB tem para fazer que o Brasil e a própria Igreja possam ser melhores no futuro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Sérgio da Rocha: Conselho de Cardeais, “buscar a comunhão em vista da missão”

No dia 7 de março de 2023, o Papa Francisco renovou o Conselho dos Cardeais, uma novidade do atual pontificado criado no dia 28 de setembro de 2013. Entre os novos membros está o cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA), que participou da primeira reunião do novo C9, realizada no Vaticano na segunda e terça-feira desta semana, nos dias 24 e 25 de abril de 2023. Segundo o cardeal, “esta nomeação que o Papa me fez para o Conselho de Cardeais é uma graça, um dom, mas ao mesmo tempo uma tarefa muito exigente, uma responsabilidade grande, um serviço que a gente presta à Igreja”. Dom Sérgio da Rocha lembra na insistência do Papa em “não entender as nomeações como honraria, mas como serviço. De fato, desde o primeiro momento em que recebi esse comunicado me coloco a serviço efetivamente, e espero estar sendo um servidor da Igreja quando participo dessas reuniões”. O purpurado brasileiro afirma que “o próprio Conselho de Cardeais já se coloca nessa perspectiva de sinodalidade que o Papa tem ressaltado com muita razão e proposto para toda a Igreja”. É por isso que ele insiste em que “o Conselho de Cardeais é um instrumento de comunhão, de participação e de missão”. Sua afirmação está sustentada no fato de ser “primeiramente um espaço de diálogo, um espaço de discernimento, junto do Papa, naturalmente, prestando um serviço ao sucessor de Pedro, mas buscando justamente a comunhão em vista da missão”. O cardeal Sérgio da Rocha não se sente propriamente um representante do Brasil ou da América Latina, “não há esse critério de representatividade, mas sem dúvida que eu tenho tido a oportunidade de levar a experiência da vida da Igreja no Brasil e da missão da Igreja em América Latina, nossas alegrias e dores, nossas preocupações”, algo que espera continuar a fazer. O arcebispo de Salvador espera “contribuir sempre mais nesse Conselho de Cardeais a partir de nossa vivência eclesial, a partir da missão em América Latina, naturalmente sempre atento aos desafios, mas também levando nossos valores, nossa experiência”. Um conselho que tem na sua composição diferentes origens, o que o cardeal considera muito importante, “a sinodalidade, ela pressupõe sempre esse espaço de diálogo, de corresponsabilidade, de discernimento conjunto, uns à escuta dos outros e todos à escuta do Sucessor de Pedro, e junto com o sucessor de Pedro à escuta do Espírito Santo”. Dom Sérgio da Rocha considera muito importante essa iniciativa do Papa Francisco, pelo que ela representa para toda a Igreja. Ele espera que “nós possamos como Conselho de Cardeais contribuir efetivamente com a missão do sucessor de Pedro no discernimento das questões que o próprio Papa quiser apresentar e tudo aquilo que nós podemos levar também para essas reuniões”. “Independente de resultados”, o membro do C9 considera que é “uma iniciativa de um significado muito profundo, significado eclesiológico, sinodal”. Ele se sente, “por uma parte muito agradecido diante de Deus, diante do Papa Francisco, e ao mesmo tempo com esse senso de corresponsabilidade, mas de saber que não estou ali em nome próprio, de alguma forma levo a vida e missão daqui na Igreja”. O cardeal considera o Papa Francisco “um exemplo extraordinário de diálogo, mas de valorizar a escuta no diálogo que supõe escutar o outro, supõe aprender com o outro, reconhecer os valores do outro”, insistindo em que “o Papa Francisco tem sempre essa atitude de escuta muito generosa, e isso não é apenas nessa instância, nesse Conselho de Cardeais”. Como exemplo coloca que “nós bispos, quando vamos conversar com o Papa, seja na visita ad limina, seja quando de alguma maneira alguém vai pessoalmente a encontrá-lo, nós vemos nele essa abertura, essa atenção, essa escuta atenta de quem está falando com ele”. Uma atitude que Dom Sérgio da Rocha vê de modo especial no Conselho do Sínodo, onde ele é membro desde o Sínodo da Juventude. Nesse conselho, que o Papa preside, “nós temos uma atenção muito grande do Papa e uma atitude de escuta muito generosa. O Papa é capaz de nos ouvir durante muito tempo, sem interferir, de ouvir atentamente o que se diz, e depois, naturalmente, a palavra é dele. Se trata de um diálogo, essa escuta também é recíproca, de alguma forma nós também queremos ouvi-lo”. O cardeal destaca como admirável “o tempo e a disposição do Papa de ouvir”, refletindo sobre o fato de que nós “nem sempre conseguimos uma escuta mais prolongada, continuada e atenta”. Junto com isso destaca no Papa o “acolher com muito respeito, uma valorização daquilo que se diz, se apresenta, e o Papa faz um discernimento, mas ouve com muita atenção, acolhe, respeita, e isso falta muito no mundo de hoje”, insistindo em que “nós precisamos do diálogo, do diálogo que brota, que alimenta a disposição sincera de escutar o outro”. Como exemplo de diálogo na Igreja, o cardeal coloca a Ecclesiam suam, um texto do Concílio Vaticano II, em que “se propõe vários níveis, vários tipos de diálogo, dentro da Igreja e com o mundo, e o mundo de hoje precisa de diálogo como caminho de paz, o Papa Francisco tem insistido muito nisso, no diálogo, na fraternidade como um caminho de paz, e hoje precisamos dialogar mais, nos vários níveis, seja em nível mais interpessoal, no dia a dia, nos ambientes onde se vive, mas sobretudo nas nossas comunidades. E hoje, se fomos ver, o diálogo tão necessário entre lideranças, seja num país, seja entre os países, num mundo em guerra, num mundo tão sofrido, em situações de conflito, de guerra, nós temos mais necessidade ainda de recorrer ao diálogo como caminho de paz, como expressão de fraternidade”.     Foto: Victória Holzbach Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Os bispos convidam os brasileiros a “apoiar-se reciprocamente para o bem do País”

Os bispos brasileiros, reunidos em Aparecida para sua 60ª Assembleia Geral deram a conhecer nesta quinta-feira sua tradicional mensagem ao Povo Brasileiro (ver aqui). Diante dos grandes desafios presentes no país, movidos pela “renovação desse compromisso com a vida”, os bispos se sentem estimulados como Igreja “na promoção do Reino de Deus”. O texto mostra a “solidariedade fraterna, às consequências das tragédias socioambientais; com compromisso cidadão na defesa da democracia e, com responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola”, presente nas comunidades. Uma atitude que é considerada “o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita”. Os bispos dizem enxergar “os sofrimentos presentes na sociedade”, denunciando aquilo que o Papa Francisco chama “uma terceira guerra mundial em pedaços. Junto com a guerra denunciam “os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à ‘casa comum’, aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas”. Uma realidade que é consequência de “certa cultura da insensibilidade”, denunciando a tragédia do povo Yanomami, que é expressão da “degradação da criação e o descaso com os mais pobres e abandonados”, uma situação que se repete em outras realidades, mostrando a “globalização da indiferença”. Diante disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reconhece “a importância da resistência histórica do movimento indígena”, pedindo adotar “providências e ações concretas em defesa desses povos”, destacando dentre elas o marco temporal. A causa está “na opção por um modelo econômico cruel, injusto e desigual”, denunciando a falta de escrúpulo do sistema financeiro, que “destrói a vida, precariza as políticas públicas, em especial a educação e a saúde, adota juros abusivos que ampliam o abismo social, afeta a cadeia produtiva e reduz o consumo dos bens necessários à maioria do povo brasileiro”. Os bispos reclamam melhores condições de emprego em vista de “condições mais saudáveis de vida”, superando a informalidade e o trabalho análogo à escravidão. A mensagem faz um chamado a todas as instituições a “apoiar-se reciprocamente para o bem do País”, e uma cobrança aos governos por “uma opção clara e radical pela vida, desde a concepção até à morte natural, passando inevitavelmente pelos direitos sociais e humanos”. Os bispos conclamam “a construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação”. Para isso a amizade social e a cultura do encontro são o caminho. Pedindo orações e reafirmando sua profunda confiança no povo brasileiro, os bispos afirmam que “A esperança é a nossa coragem!”, convidando a ser “semeadores de mudança, de solidariedade e de vida”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Altevir: 60ª Assembleia CNBB, “um sinal de esperança para nossa Igreja”

Uma Assembleia com “um caráter diferente das demais pelo fato de ser uma assembleia eletiva onde estamos escolhendo a presidência e os presidentes das comissões”, afirma Dom José Altevir da Silva. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está realizando em Aparecida (SP) sua 60ª Assembleia Geral. Segundo o bispo da prelazia de Tefé (AM), esse fato, “para nós isso tem um grande sentido, porque a semana que antecipou, ela foi marcada justamente pelas orientações e inspirações de textos, análise de conjuntura, análise eclesial e partilha de textos significativos para vermos onde estamos e para onde queremos ir no Brasil”. Lembrando o Retiro realizado no final de semana, “em que refletimos sobre o amor de Deus por cada um de nós”, o que segundo o bispo, “implica também o amor de Deus pela Igreja e seu povo através dos seus representantes, de seus pastores, de todo o Povo de Deus”, Dom Altevir destaca a importância da organização das comissões. Ele define a atual assembleia como “um sinal de esperança para nossa Igreja e também atualização da hermenêutica da caminhada missionária da Igreja, porque essa é uma dimensão transversal na caminhada da Igreja enquanto CNBB, a dimensão missionária na vivência do Evangelho de Jesus Cristo”. Dom Altevir diz sair da 60ª Assembleia Geral da CNBB, “animado e esperançoso para que tudo seja feito nesta assembleia em prol do crescimento, da evangelização do Povo de Deus”. Isso se concretiza na missão, uma dimensão importante na vida do bispo da Prelazia de Tefé, que no último quadriênio participou da Comissão para a Ação Missionária da CNBB. Os bispos na Assembleia estão refletindo sobre como “levar essa dimensão missionária, que não é uma dimensão mais, essa essência missionária à base”, insiste Dom Altevir. O bispo de Tefé percebe que “nós precisamos dar grandes passos, porque muitas reflexões que nós fazemos, ficam muitas vezes entre os agentes, entre os pastores, entre os padres, entre um grupo que pensa, que programa”. Diante disso, Dom Altevir insiste em que “nós precisamos sair do programado para o pragmático, para o espírito da missão, em todos os sentidos, seja para a dimensão sinodal, seja para a dimensão missionária, para sair realmente dos conceitos, dos estudos, e ir até a base, aqui que está o grande desafio para uma Igreja que é por natureza missionária”. Em relação à prática missionária, “nós deveríamos ter menos trabalho para que este assunto fosse assumido e vivenciado, porque ela já é por natureza missionária”. Diante disso se questiona o que nós estamos fazendo, algo que acontece, “por falta de conscientização dos próprios batizados e isso recai sobre nós pastores também, nós estamos lutando para que a Igreja, que é por natureza missionária tenha consciência que é missionária”. Por isso, ele pede que o trabalho que está sendo feito, também pelos bispos e pela CNBB, “chegue à base, chegue junto com o povo”, reconhecendo que “aqui que está um pouco a dificuldade”. Dom Altevir faz um chamado a “ter esperança que cada assembleia que nós fazemos, cada diretriz, cada orientação que recebemos da CNBB é em prol da realização da missão junto ao povo de Deus lá na base”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

60ª Assembleia CNBB avança na eleição de presidentes de comissões

As 12 comissões episcopais que fazem da Conferência Nacional dos Bispos de Brasil (CNBB) são de grande importância para a caminhada da Igreja católica no país. Depois da eleição da Presidência e dos dois presidentes da Comissão de Animação Missionária e Bíblico-catequética, nesta quarta-feira os bispos do Brasil elegeram os membros das outras comissões. A Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé será presidida por Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), que foi secretário geral no último quadriênio. Dom Joel foi nomeado bispo em 7 de dezembro de 2016. Na Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora foi reeleito na primeira votação dom José Valdeci Santos Mendes, bispo da Diocese de Brejo (MA), desde agosto de 2010. Ele disse aceitar “pela confiança dos senhores, pelo compromisso de uma Igreja comprometida com o empobrecido, com o propósito da Comissão de testemunhar o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja”. Dom Hernaldo Pinto Farias, bispo de Bonfim (BA), é o novo presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB. foi o escolhido para conduzir os assuntos de Liturgia no quadriênio (2023-2026). Ele, que é bispo desde 2019, disse aceitar “por acreditar numa liturgia que nasceu do Concílio Vaticano II. A Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB será presidida por dom Ângelo Ademir Mezzari, que é bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo (SP), desde 2020. Em suas primeiras palavras disse: “Eu quero agradecer a confiança da Assembleia da CNBB. Eu sou um bispo da pandemia, e sou um bispo das assembleias virtuais. Essa é a primeira assembleia presencial, já que ano passado eu estava no curso para novos bispos. Conhecendo a caminhada e tendo participado bastante, sobretudo nesses organismos, eu hoje, também por fidelidade ao meu carisma como rogacionista, no Ano Vocacional e nessa mensagem tão bonita do Papa, ‘Vocação, graça e missão’, eu me coloco à disposição e aceito essa nova missão”. Na presidência da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB foi reeleito na primeira votação Dom Giovane Pereira de Melo, recentemente nomeado primeiro bispo da diocese de Araguaína (TO), desmembrada da diocese de Tocantinópolis, para onde foi nomeado no dia 4 de março de 2009. Ele disse aceitar “para continuar servindo o povo de Deus, de modo particular os cristãos leigos e leigas, agradeço o carinho dos irmãos e acolho esse serviço”. Na última votação do dia, a 60ª Assembleia Geral da CNBB elegeu dom Bruno Elizeu Versari, bispo de Campo Mourão (PR), de onde foi eleito bispo coadjutor no dia 19 de abril de 2017, assumindo como titular em 6 de dezembro do mesmo ano, como presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família. O novo presidente assumiu agradecendo pelos votos e dizendo esperar corresponder ao encargo confiado. Além das votações os participantes da Assembleia fizeram as últimas observações em relação ao Regimento interno da CNBB, que finalmente foi aprovado por ampla maioria, sendo apresentada igualmente a caminhada dos organismos do Povo de Deus: Comissão Nacional dos Presbíteros, Conferência dos Religiosos do Brasil, Comissão Nacional dos Diáconos, Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil, Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil e Conselho Nacional do Laicato do Brasil. Os representantes dos organismos mostraram os elementos presentes em cada um desses organismos, insistindo em olhar para o futuro com esperança, em viver a sinodalidade e a comunhão, agradecendo à Presidência do último quadriênio pelo caminho percorrido, uma caminhada conjunta, em diálogo, em corresponsabilidade na missão, em sintonia com a Igreja do Brasil, com o Papa Francisco e seu Magistério, sendo relatadas as diferentes ações realizadas. A Assembleia escutou o relatório do Conselho Indigenista Missionário, constantemente atacados no Brasil, relatando as dores presentes na vida dos povos e o esforço dos missionários em acompanhar os povos originários. Neste dia também aconteceu a celebração interreligiosa, com representantes da Comunhão anglicana, do islamismo, Igreja presbiteriana unida, judaismo, Igreja Metodista, e Luteranos, um sinal da necessidade de caminhar juntos como humanidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Altevir: “Missão é a Carteira de Identidade da Igreja”

O tema da missão ganhou destaque nesse sétimo dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Durante a plenária, realizada pela manhã, foi apresentada a I Experiência Vocacional Missionária Nacional, realizada em Manaus (AM), de 5 a 17 de janeiro deste ano, e que contou com a presença de 295 participantes, entre seminaristas, diáconos, presbíteros e bispos; de 94 dioceses e de oito congregações. A Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial pôde partilhar o trabalho realizado e as atividades em preparação durante entrevista coletiva.  Para o bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga (MT), dom Maurício da Silva Jardim, a formação deve contribuir para que ser missionário seja realmente o modo de servir. “Não dá mais para pensar em formar padres que não sejam missionários”. O arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, considera ser preciso dar muita importância para as experiências missionárias no tempo da formação de seminaristas, pois “a missionariedade é uma graça e é importante que essas experiências aconteçam em uma realidade pobre, pois são os pobre que nos indicam o caminho de Jesus e do Evangelho”. O bispo Araçuaí (MG), dom Esmeraldo Barreto de Farias, informou ainda que a experiência será retratada em uma publicação, “que terá como tema principal o desafio de como fazer para cultivar o ardor missionário e deve estar disponível em junho ou julho deste ano”, reforça ele. Programa Missionário Nacional e Congresso Missionário O tema da missão voltou na parte da tarde, em partilha durante a coletiva de imprensa. O bispo da prelazia de Tefé (AM) e membro da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, dom José Altevir da Silva, e o bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão para a Ação Missionária, dom Odelir José Magri, falaram sobre duas ações concretas que serão realizadas pela Comissão. Dom José Altevir relatou que o Programa Missionário Nacional nasceu como um dos gestos concretos da missão, com o objetivo de colaborar para que a missão seja o eixo transversal norteador das prioridades da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil – DGAE 2019-2023. “A Igreja é, por natureza, missionária. Ela nasce na missão e para a missão. É uma Igreja em saída desde a sua origem. Missão é a carteira de identidade da Igreja”, afirmou dom Altevir.  Dom Odelir José Magri, ao falar sobre o Congresso Missionário Nacional, afirmou que “os congressos missionários não querem ser um evento, mas um processo que tem o objetivo de impulsionar um novo ardor missionário nas Igrejas locais”. O 5º Congresso Missionário Nacional irá reunir missionários e missionárias de todo o Brasil na arquidiocese de Manaus (AM), entre os dias 10 e 15 de novembro. O tema “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e lema o “Corações ardentes, pés a caminho” serão os inspiradores desse importante encontro. Coordenado pelas Pontifícias Obras Missionárias juntamente com o Conselho Missionário Nacional, os Congressos Missionários têm colaborado com o amadurecimento da consciência missionária dos batizados, aprofundando a responsabilidade da Igreja com a missão além-fronteiras. “Temos um longo caminho a percorrer quando se trata de assumir a missão ad agentes, caminho de apelo de conversão para assumir mais a missão missionária. Que o Congresso Missionário Nacional seja um modo de aquecer o coração para que nossos pés, na realidade local e além fronteiras, possam se colocar em missão, em saída”, reforçou dom Odelir. Vanuza Wistuba – Pastoral da Criança (Fonte CNBB)