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Comissão realiza avaliação do Ano Vocacional e proposta de Texto das Diretrizes para o Serviço de Animação Vocacional do Brasil

A Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou na última sexta-feira, 3 de março, na sede da Conferência, em Brasília (DF), uma reunião ordinária, com o objetivo de planejar as atividades do ano e se organizar em vista da eleição dos próximos membros, prevista para acontecer em abril, durante a Assembleia Geral da CNBB, que será realizada em Aparecida (SP). A reunião contou com a presença dos bispos membros da Comissão, entre eles o presidente dom João Francisco Salm, o bispo referencial da Pastoral Vocacional, dom José Albuquerque, e dom André Vital Félix da Silva. Os assessores também estiveram presentes: os padres João Cândido Neto, Juarez Destro e a irmã Maristela Ganassini. “A Comissão tem uma dinâmica interna de trabalho que é bastante abrangente por abarcar vários segmentos – os ministérios ordenados, a vida consagrada, leigos consagrados, diáconos permanentes, então para dinamizar esse acompanhamento nós nos dividimos entre a gente”, explica o dom André. Para ele, a reunião presencial foi uma oportunidade de acompanhar a experiência que cada um tem em seus âmbitos de atuação. “Acredito ser muito valiosa porque facilita o trabalho e a gente compartilha lá na base, junto a esses segmentos, aquilo que é a proposta da nossa Comissão Episcopal”, acrescentou. Ano Vocacional Um dos assuntos da pauta foi o Ano Vocacional, iniciativa que teve início em toda a Igreja no Brasil em novembro de 2022, e que desde então vem promovendo a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade. O objetivo é suscitar o despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus. Na avaliação da irmã Maristela Ganassini, muitas dioceses, paróquias, congregações têm divulgado suas ações, dentro do contexto do Ano Vocacional, por meio das redes sociais ou até mesmo do site do Ano Vocacional. “Interessante é que esse movimento tem sido feito com todas as fases (adultos, crianças, jovens). E várias pastorais e comissões o assumiram junto conosco”, disse. A Comissão de Comunicação do Ano Vocacional, segundo a irmã, é uma das que mais tem trabalhado e se dedicado para o seu bom funcionamento. Diretrizes para o Serviço de Animação Vocacional Também assunto constante na pauta é a elaboração das Diretrizes para o Serviço de Animação Vocacional. O projeto foi uma das indicações do último Congresso Vocacional do Brasil e a proposta é que o Documento seja composto por três capítulos: Vocação: chamado e resposta ao amor; Um caminho de comunhão; Planejar é preciso.  “As Diretrizes são um anseio antigo registrado no documento conclusivo do Congresso Vocacional em 2019 e , aproveitando o Ano Vocacional, fizemos uma Comissão de subsídios e resolvemos enfrentar esse desafio envolvendo os coordenadores nacionais, mas também uma equipe de voluntários que já estava ajudando nos subsídios do Ano e com muito bom gosto se prontificaram a ajudar”, explica o padre Juarez Destro. Padre Juarez revela que a Comissão fez uma avaliação do texto das Diretrizes e que o mesmo ainda sofrerá alguns ajustes.  A proposta é que o documento esteja pronto e publicado em agosto de 2023, mês vocacional. Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional  Após a reunião da Comissão aconteceu o Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional, de 6 a 8 de março, no Centro Cultural de Brasília (CCB).  Dentro da programação, os coordenadores da animação vocacional nos regionais da CNBB também discutiram e aprofundaram o texto das Diretrizes do Serviço de Animação Vocacional. Fonte: CNBB

Mulheres numa Igreja sinodal

Brasília acolhe o Encontro Sinodal do Cone Sul da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024, onde participam quase 200 representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai, dentre eles quase 70 mulheres. Numa Igreja sinodal a presença da mulher tem que ser uma necessidade, também nos espaços de decisão. Aos poucos isso vai se tornando uma realidade, mas o caminho ainda é longo, é difícil. É complicado que as mulheres possam ocupar esses espaços de decisão, mas temos exemplos de que as coisas estão mudando. No encontro em Brasília está presente a teóloga leiga casada argentina Emilce Cuda, Secretária da Pontifícia Comissão para América Latina, uma das mulheres com maior responsabilidade na Cúria Vaticana, e a advogada Valeria López, também leiga e casada, que é Secretária Geral Adjunta da Conferência Episcopal do Chile. As mulheres no processo sinodal têm assumido um papel decisivo, são elas que mais falam, fazendo um grande trabalho de corresponsabilidade, mas sem ameaçar o lugar do clero, um temor na mente de alguns. O que as mulheres exigem é que sua palavra seja ouvida, que sua palavra seja reconhecida, que sua palavra influencie na toma de decisões. Mulheres sinodais que são presença de Deus quando estão nas comunidades, nas paróquias, mas também quando elas realizam seus trabalhos no dia a dia, no campo laboral, mas também em casa, nas suas famílias, assumindo a necessidade de unir, de caminhar junto com os outros como uma atitude que brota do coração. O Papa Francisco com as nomeações que ele vai fazendo, nos mostra que é possível reconhecer o papel das mulheres numa Igreja sinodal, querendo ser uma referência para a Igreja, mas também para a sociedade. Na sociedade as mulheres assumem cargos muitas vezes como consequência da pressão social. Na Igreja de Francisco, as mulheres assumem espaços de responsabilidade mesmo diante da pressão para que não seja assim. Mesmo diante das atitudes e palavras de alguns homens, mas também de algumas mulheres, ninguém pode negar o conhecimento e capacidade que muitas mulheres têm. Reconhecer isso pode ajudar a fazer realidade uma Igreja mais sinodal, onde todos e todas caminham juntos, onde a voz é escutada e o discernimento é fruto de todos e todas. Não podemos esquecer o grande aporte que as mulheres têm para ajudar a superar situações que os homens não conseguimos levar adiante. O olhar feminino, que não é melhor nem pior do que o masculino, na medida em que vive a complementariedade, ajuda a crescer a todos. As mulheres conseguem enfrentar os desafios de um outro modo, e por isso sua presença decisiva numa Igreja sinodal. É tempo de nos abrirmos ao Espírito, que nos conduz por novos caminhos, que nos desafia a não termos medo de olhar para os outros, para as outras, com sentimentos de complementariedade, de fraternidade, com vontade de caminhar juntos, entendendo que juntos somos mais. Será que temos coragem para dar esses espaços onde as mulheres possam ajudar a decidir caminhos que respondam àquilo que Deus quer de todos nós hoje? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal do Cone Sul: As mulheres na Igreja são as cordas que seguram a Tenda

Numa Igreja onde o protagonismo feminino é crescente, a Assembleia Sinodal do Cone Sul, que tem lugar em Brasília de 6 a 10 de março de 2023, reconheceu esta importância e expressou a sua gratidão pela presença de tantos rostos femininos na Igreja na América Latina e no Caribe, uma presença que está a ajudar, no caminho sinodal, a encontrar, através do discernimento, os caminhos que tornam real o que Deus quer para o momento histórico atual. Uma história de luta numa sociedade que nem sempre reconheceu a importância do feminino, como foi evidente na cerimónia da manhã em que as mulheres comemoraram o seu dia, recordando os muitos clamores ainda presentes na vida de tantos que ainda hoje sofrem as consequências da falta de respeito pelas suas vidas e pela sua dignidade. No Dia da Mulher é importante recordar que “tudo tem uma história e é muito importante recordar”, disse Emilce Cuda. A secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina assinala que neste dia, “temos de saber que aqueles de nós que alcançaram lugares de reconhecimento devem a uma longa luta das mulheres para alcançar a igualdade na dignidade humana, uma luta que começou com as mulheres trabalhadoras e da qual hoje não somos o troféu, mas sim temos uma grande dívida”. A teóloga argentina vê o seu serviço na Cúria Vaticana como “um lugar que me desafia a incluir muitas mulheres na Igreja, uma conquista que este processo sinodal está a acompanhar”. As mulheres na Igreja são as cordas que seguram a Tenda, e fazem-no com a ajuda de vários instrumentos, como o demonstrou a oração de abertura do terceiro dia da Assembleia Sinodal. Pela Bíblia, a Palavra como fonte inesgotável de graça da qual Deus falou à humanidade no Antigo Testamento e nas boas novas do Novo Testamento. Por Maria, o modelo de uma mulher aberta à graça e aquela que disse o maior Sim da história. Pela Eucaristia, a oferta de Cristo de amor total por nós, que se dá e nos compromete a ser pão para os outros. Pelos instrumentos utilizados no mundo do trabalho, transformador e significante dos homens e mulheres do nosso tempo. Pela terra, um lugar de pertença que nos recorda as tradições dos nossos povos e culturas. No Dia da Mulher, Alessandra Miranda, da 6ª Semana Social Brasileira, apelou à participação no Sínodo “com especial atenção para o papel da mulher na Igreja”. Para tal, salientou a necessidade de dois movimentos: “reconhecer a mulher e o seu protagonismo nos espaços de poder na Igreja e trazer novas mulheres para serem incluídas em todos os processos decisórios da comunidade eclesial”, insistindo na importância da mulher no mundo, na sociedade e na Igreja. Nelly Leone Correa, capelã da Pastoral Carcerária e Vigária Pastoral da Diocese de San Felipe (Chile), expressou a sua alegria por poder refletir sobre o papel da mulher na Igreja juntamente com bispos, clero, vida religiosa e leigos, dizendo que “as mulheres são a espinha dorsal de todas as Igrejas do Cone Sul, da América e do mundo”. Contudo, salientou que “precisamos de dar mais um passo, como ser mais protagonistas na tomada de decisões da Igreja”, algo que as mulheres estão a pedir e querem enviar através dos participantes na Assembleia Sinodal de outubro, dizendo que “queremos propostas claras, respostas claras aos nossos pedidos“. Uma participação na Assembleia Sinodal do Cone Sul que Mercedes Ísola vê como uma grande alegria e responsabilidade, porque “sente-se um clima forte de presença palpável do Espírito Santo”. A partir daí, ela também insistiu em como as comunidades de discernimento têm vindo a “pensar em conjunto sobre o papel da mulher na Igreja, a corresponsabilidade que temos, a participação que temos como pessoas batizadas, como construímos a Igreja cada uma a partir do nosso papel específico”. A leiga argentina salientou que “é um apelo a ser corresponsável, a ser participante e a fazer parte da Igreja”, algo que ela vê como um compromisso a levar às comunidades, a fim de construir uma Igreja mais sinodal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comunidades de discernimento: Compreender a missão da Igreja de realizar a evangelização

  A Assembleia Sinodal do Cone Sul, que se realiza em Brasília de 6 a 10 de março com representantes do Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Brasil, ajuda a compreender a necessidade de se deixar conduzir por Cristo através do Espírito Santo, de estar aberto à sua ação, de experimentar a sua presença que anima a vida de todos os batizados.  O Batismo como eixo fundamental da organização eclesial Contemplando a partilha das 21 comunidades de discernimento nas quais os participantes estão divididos mostra o rosto de uma Igreja que se quer organizar e caminhar com o Batismo como eixo fundamental. Isto é algo que nos leva a escutar e a fazê-lo assumindo que a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus, é essa ação que Lhe permite revelar-se, que cria seres humanos e ao escutá-los torna-se um interlocutor. Na prática, é isto que a Etapa Continental do Sínodo quer alcançar através da Conversação Espiritual, o instrumento que torna possível o discernimento comunitário. E isto só é possível para aqueles que escutam, sem entrar em debate, aceitando o que o Espírito revela ao outro, mesmo no silêncio. Esta conversa espiritual leva cada um de nós a perguntar a si próprio o que mais nos impressionou, o que nos tocou internamente, a partir do que ouvimos. Trata-se de reconhecer as moções que surgem no coração de cada um ao escutar os outros, moções que por vezes são de paz, alegria, encorajamento, luz, mas que também podem ser o oposto. A partir daí, os sentimentos são partilhados, e quando alguém se coloca na presença de Deus, descobre como eles ajudam a crescer, a purificar o coração e os sentimentos.   À descoberta dos temas para a Assembleia Sinodal de Outubro de 2023 Com base nas tensões ou problemas que cada um sente, as assembleias da Etapa Continental visam identificar as questões, os temas mais importantes ou prioritários a serem tratados na Primeira Sessão da Assembleia Sinodal em Outubro de 2023. Para tal, é necessário começar por escutar a si próprio e a cada pessoa, estar aberto ou disposto a receber e deixar-se enriquecer por novas contribuições ou experiências, sabendo que nem todos pensam da mesma maneira, o que conduzirá ao alargamento da tenda. Tudo isto se baseia na realidade que marca a vida de cada batizado e de cada Igreja, que marca sempre, como demonstrou a delegação chilena, o processo de discernimento eclesial, que no seu caso tem estado fortemente ligado à crise de abusos na Igreja, algo pelo qual pediram perdão perante a Assembleia Sinodal do Cone Sul. É uma questão de alargar a Tenda, mas para isso é necessário saber que esta tenda é móvel, que deve ser alargada porque como fruto de fecundidade a família cresceu, e porque ao alargá-la poderá receber aqueles que chegam no meio do deserto. Uma tenda que tem a ver com a mobilidade, com a família, a fecundidade e a vida, com a hospitalidade, ou seja, com a comunhão e a fraternidade, ideias refletidas por Dom Santiago Silva Retamales, Bispo de Valdivia, no Chile. Aprofundar e fazer o caminho Uma assembleia na qual, com base nas suas experiências locais, os participantes da Assembleia partilham as suas experiências de vida sinodal. Trazem consigo os frutos da escuta das mais diversas comunidades, “que nos ajudam, sob o olhar do Espírito, a aprofundar e a fazer um caminho neste processo de construção da sinodalidade“, como reconheceu a Irmã Rose Bertoldo. Uma sinodalidade que não é algo abstrato e metodológico, mas “uma realidade muito concreta”, nas palavras do padre argentino Luis Albóniga, que se referiu ao trabalho nos grupos como uma oportunidade para “nos formarmos na escuta dos nossos irmãos, na escuta da voz das igrejas irmãs, mas é também escutar o Espírito”, uma experiência que deve ser feita a todos os níveis da Igreja. Uma metodologia que ajuda “a compreender a missão da Igreja nas diferentes situações em que nos encontramos para podermos realizar o trabalho de evangelização“, salientou Dom Geremias Steinmetz. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O cuidado com a Vida, mulheres guardiãs do Bem Viver

Escrevo a partir das experiências que tenho vivenciado nas comunidades, nesta imensa Amazônia, a gente percebe a importância das mulheres na dimensão do cuidado com a vida em todas as suas dimensões. No universo feminino a vida humana não é fragmentada, pois há uma interdependência entre todos os seres que habitam o mesmo espaço. Os territórios fazem parte da vida das mulheres, tudo está interligado. Existem muitos aspectos que vão destruindo essa inter-relação e harmonia que faz possível o Bem Viver. Neste chão da Amazônia avançam brutalmente os grandes projetos, as mineradoras cada vez mais destruidoras, as empresas madeiras que desertifica a floresta, as hidroelétricas que extinguem a biodiversidade, inundando povos, culturas e florestas, aniquilando os sonhos da convivência com a Mãe Terra. Neste contexto de degradação da vida, somos todos desafiados a aguçar o olhar para realidades aparentemente invisibilizadas, nocivas e que reforçam o patriarcalismo e o machismo numa sociedade que insiste em cultivar a cegueira. Não podemos continuar impassíveis diante de tantas situações de morte, manifestadas nas redes bem articuladas dos narcotraficantes, que aliciam cotidianamente crianças, adolescentes e jovens e os introduzem no mundo do crime em troca de ínfimas possibilidades de sobrevivência, o êxodo e a migração forçada, que na busca dos sonhos por uma vida melhor, caem na armadilha destas redes que se aproveitam das necessidades básicas, para tornarem famílias inteiras escravizadas. A naturalização do abuso, exploração sexual de crianças e adolescentes, a crescente violência contra as mulheres, o extermínio das juventudes, a drogadição, o alcoolismo financiado pela indústria de entorpecentes, que atrofia a capacidade de empoderamento e autonomia das pessoas, são realidades que nos interpelam a tomar posição e agir. A naturalização destas violências passa pelo cotidiano da vida das pessoas, e vai dando poder cada vez maior às redes criminosas, que se apresentam como possibilidade de um futuro melhor para quem de fato está caindo nas ciladas de um sistema de exploração e dominação. Um outro aspecto que fica fora do olhar da sociedade e até mesmo da racionalidade, que submete o feminino a categorias secundárias, é o tráfico de pessoas, que vitima principalmente as mulheres, se convertendo na mais brutal de uma violência que muitas vezes começou na mais tenra infância, através do abuso e exploração sexual, que tem se naturalizado na Amazônia, igual tem acontecido com tantas outras violências. A mercantilização do corpo e da corporalidade das mulheres, tratadas como mercadoria e objeto de exploração, tem se tornado um negócio lucrativo que se espalha através dos rios e estradas, até chegar nos cantos mais remotos da Amazônia, sem limite de fronteiras, e com a omissão e conivência das instituições que deveriam garantir o cuidado com as pessoas. Nos processos formativos de prevenção ao tráfico de pessoas, desenvolvidos nas comunidades, aparecem muitos relatos que demonstram a inter-relação entre os crimes do tráfico de drogas, armas e pessoas. As pessoas conhecem, sabem que existe, mas não identificam o crime do tráfico de pessoas como uma realidade presente nesses locais, especialmente nas comunidades indígenas e ribeirinhas, que lentamente rouba os sonhos de uma juventude que busca uma vida melhor nas grandes cidades e que caem na armadilha do crime organizado. Essa exploração, que perpassa a vida dos povos e da floresta, está inter-relacionada. Seguindo a lógica do capital, que explora e dilapida os recursos naturais, a vida das mulheres se vê submetida a esse mesmo processo de exploração. Sendo conscientes que são as mulheres quem mais e melhor cuidam da Casa Comum, como manifestam as pequenas iniciativas gestadas e nascidas nos grupos de mulheres e espalhadas por toda a Amazônia, ignorar esta exploração que elas sofrem, vai ter como consequência inevitável o fim do sistema que afiança o Bem Viver. Garantir o cuidado com a Vida e promover o Bem Viver só vai ser possível na medida em que juntemos esforços e assumamos as causas de quem lida cada dia com esse propósito. Não é possível permanecer em processos que querem desassociar as realidades numa tentativa de implementar um sistema onde o individualismo provoca o enfraquecimento das lutas comuns. O melhor cuidado é aquele que nasce de dentro da realidade. Só quem tem os pés e o coração neste sagrado chão amazônico é capaz de compreender, na sua profundeza, a inter-relação dos processos de vida que se dão, e revelam os muitos modos de entender a vida que aparecem nas diferentes comunidades amazônidas. Aprendamos com essas mulheres, que cuidam do cotidiano da vida as tantas realidades que garantem o Bem Viver. Superemos relações de submissão e exploração, a partir de atitudes que possibilitem a tessitura de aprendizados, que transformem a vida e recriam novas possibilidades geradoras de esperanças. Ir. Rose Bertoldo, secretária executiva CNBB Norte1 – Rede um Grito pela Vida

Agenor Brighenti: Assembleia Eclesial e Sínodo 2021-2024, “verdadeiros Pentecostes para a Igreja”

A Igreja na América Latina e no Caribe pode ser considerada como aquela que tem cultivado com maior cuidado a semente da sinodalidade plantada no Concílio Vaticano II. Nas últimas décadas, tomou medidas que podem ser consideradas prova disso, a mais recente e indiscutivelmente mais decisiva foi a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada em novembro de 2021, com a presença dos vários estratos do Povo de Deus. Processos relacionados O Sínodo 2021-2024 e a Primeira Assembleia Eclesial estão “intimamente ligados no tempo, nos seus objetivos e no formato do evento“, segundo o Padre Agenor Brighenti, como deixou claro aos participantes da Assembleia Sinodal do Cone Sul, que se realiza em Brasília, de 6 a 10 de março. Dois eventos relacionados com a experiência da Igreja no continente nas últimas décadas, que ele define como eventos kairológicos, “verdadeiros Pentecostes para a Igreja”. O teólogo brasileiro define-os como “verdadeiras efusões do Espírito, que abriram novos caminhos para a Igreja e que continuam a inspirar novas respostas aos desafios da evangelização no nosso contexto“. A partir daí, destacou a importância do Sínodo para a Amazônia, da Primeira Assembleia Eclesial e do Sínodo 2021-2024, que circunscreve à Conferência de Aparecida em 2007 e à eleição do Papa Francisco em 2013, eventos que relançaram o Concílio Vaticano II, e no caso da América Latina e do Caribe, a Conferência de Medellín.   Uma novidade em formato e agenda A Primeira Assembleia Eclesial é considerada por Agenor Brighenti como uma novidade, devido ao seu formato, e um marco, devido à sua agenda, que reanimou Aparecida. Uma assembleia da qual surgiu um texto final seguindo o método de ver, julgar, agir, que é uma síntese e sistematização do conteúdo dos quatro documentos gerados no processo de preparação e realização da Assembleia: Documento para o Caminho, Síntese Narrativa, Documento para o Discernimento e Conclusões da Assembleia. Como Brighenti demonstrou, o texto reúne os aspectos significativos dos povos do continente na esfera social, grandes iniquidades, a fragilidade das democracias, a casa comum em perigo, a cultura do descarte, as novas religiosidades e rostos protagonistas, e na esfera eclesial, o clericalismo, o protagonismo dos leigos, jovens, mulheres, povos originários e afrodescendentes, a formação nos seminários, os abusos e ser uma Igreja em saída. Daí surgiram novos caminhos a seguir, com 32 propostas pastorais com as correspondentes linhas de ação, distribuídas em 6 dimensões, sistematizadas com base nos 231 desafios, 42 propostas pastorais e 12 prioridades elaboradas pela Assembleia. A partir daí, a Assembleia propôs 3 horizontes: uma Igreja sinodal, de comunhão e participação, que analisa o que é a sinodalidade e como se concretiza a comunhão, baseada na participação e no discernimento entre todos; uma Igreja missionária, companheira de caminho, que procura assegurar que todos alcancem o objetivo; e uma Igreja samaritana ao serviço da vida em plenitude, que serve, escuta o grito dos pobres e caminha em conjunto com outros atores sociais. A conversa espiritual como metodologia Os quatro encontros em que a Igreja na América Latina e Caribe realizou a Etapa Continental do Sínodo 2021-2024 utilizaram a conversa espiritual como metodologia, um método dado a conhecer pelo jesuíta Óscar Martín. Na tradição espiritual da Igreja tem havido uma mudança, “de experimentar Deus através da mediação para experimentar o Senhor através da comunicação existencial com Ele”, sendo a chave que “Deus pode e quer comunicar diretamente com a sua criatura”. A conversação espiritual é uma metodologia simples, baseada num diálogo entre Deus e a Sua criatura, que tem lugar no coração humano através de movimentos e que se baseia “na convicção de que há uma influência do Espírito Santo no coração de todos os cristãos“. Estas moções, que o discernimento nos ajuda a descobrir para onde vão, são uma expressão do espírito bom e do espírito mau.   O discernimento como um processo espiritual que busca Deste ponto de vista, o discernimento deve ser entendido como um processo espiritual que busca, que nos faz perceber e distinguir os movimentos do Espírito no nosso coração e nas realidades humanas que apelam à nossa liberdade para uma decisão ou uma ação. O discernimento requer “olhos para ver e ouvidos para escutar o que Deus quer”, para procurar e encontrar a vontade de Deus. O discernimento tem lugar a três níveis: pessoal, comunitário e apostólico. Pode, portanto, dizer-se que a conversa espiritual é uma metodologia para encorajar o discernimento comunitário, uma troca centrada na qualidade da escuta, que atende às moções do próprio coração e as dos outros. O objetivo da conversa espiritual é detectar os movimentos espirituais e o seu fruto é o discernimento, procurando luz para avançar no caminho sinodal. Isto é realizado em três ciclos, começando com a partilha dos frutos da leitura orante e da escuta ativa, refletindo sobre o que mais impressionou cada um, procurando preocupações comuns e gerando harmonia, e em terceiro lugar sentindo e expressando o que o Espírito nos diz, procurando descobrir para onde o Espírito está a mover a comunidade. Uma metodologia que irá orientar os participantes nesta Assembleia Sinodal do Cone Sul, procurando contribuir com elementos que ajudem a concretizar de novas formas o que a Igreja Sinodal quer tornar realidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Início da Assembleia Sinodal do Cone Sul: “A dignidade batismal como critério estruturante”.

Quase 200 representantes das Conferências Episcopais do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai deram início à Assembleia Sinodal do Cone Sul no dia 6 de março. Essa é a última das quatro assembleias em que o Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (CELAM), está realizando a Etapa Continental do Sínodo 2021-2024.   Um encontro de experiências eclesiásticas Dom Joel Portella Amado, em nome da presidência CNBB e de toda a equipe que no silêncio de seus trabalhos está buscando acolher da melhor forma, saudou “a cada irmão e irmã que, vindo de suas terras natais, com suas experiências eclesiais, traz a alegria de ser Igreja e o sonho de que essa mesma Igreja seja sempre mais sinodal”. O Secretário Geral da CNBB disse que “o Brasil se alegra com a presença de cada um, de cada uma”, pedindo “que o Deus-Comunhão nos conceda uma semana fecunda”. A vida religiosa como portadora das exigências do povo Em nome das Conferências dos Religiosos do Cone Sul, a Irmã Eliane Cordeiro, saudou os participantes da assembleia sinodal. A vida religiosa intitula-se “filhas e filhos desta terra que sofre e compartilha a dor de tantas irmãs e irmãos que foram forçados a deixar a sua terra buscando de um futuro melhor”. A partir daí querem ser “porta-vozes do clamor de centenas de povos ameaçados por um crescimento económico desenfreado que não respeita a dignidade do ser humano, dos povos originários e que prejudica profundamente a natureza, nossa Casa Comum”. Em unidade com o Papa Francisco, juntam-se à construção de “uma comunidade de irmãs e irmãos capazes de acolher a vida, olhar seu pecado, assumir os seus erros, pedir perdão e reparar os danos causados aos mais vulneráveis”, sendo fiéis ao Projeto de Jesus. Uma Vida Religiosa que fez o caminho sinodal, que “sentámo-nos à mesa com outras e outros para escutar e discernir o apelo do Senhor Jesus, que nos fala através da nossa história. Uma história cheia de luzes e sombras que nos desafia a sermos cada vez mais proféticos, coerentes com a mensagem do Evangelho e corresponsáveis na missão da Igreja”. A presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil insistiu que “olhamos com grande esperança o caminho percorrido e para aqueles que estão à nossa frente como Igreja”, chamando a superar medos e a crescer em confiança, a “responder ao desafio para o qual o Espírito nos chama: ser profecia e comunhão: uma Igreja verdadeiramente sinodal”.   A Igreja somos nós O Arcebispo local, Cardeal Paulo César Costa, deu as boas-vindas aos recém-chegados a Brasília, uma cidade e uma Igreja jovem, que ele definiu como uma síntese de todo o Brasil. Uma Igreja com um laicato participativo e um numeroso clero, numa cidade que acolhe os três poderes da República e os organismos da Igreja no Brasil. Seguindo o texto da Transfiguração, o Cardeal insistiu que a Igreja, a túnica de Cristo, somos nós, que a tornamos mais bela ou mais feia. Nas suas palavras, salientou a importância do Concílio Vaticano II como o momento em que o caminho da sinodalidade e da comunhão começou, um caminho tomado pela Igreja na América Latina e no Caribe. Finalmente, insistiu em ser uma Igreja de servos, destacando a capacidade que o Papa Francisco tem de ler a realidade, de descobrir o que o Espírito faz entre nós, algo presente na vida da Igreja desde o início. Uma realidade que desafia a Igreja a encontrar novos ministérios de evangelização que respondam à vida concreta do povo e da própria Igreja, em fidelidade ao Senhor.   Igualdade de todos através da dignidade batismal Um encontro do Povo de Deus, categoria cuja incorporação no caminho da Igreja pode ser considerado o grande ponto na eclesiologia durante o Concílio Vaticano II, afirmou Dom Miguel Cabrejos. O presidente do Celam salientou a opção dos padres conciliares de reconhecer a participação de todos os membros do Povo de Deus, “estabelecendo assim a igualdade de todos através da dignidade batismal como critério estruturante para a configuração da identidade de todos os sujeitos eclesiais”. Com o Vaticano II, os sujeitos eclesiais “foram definidos com base na dignidade batismal partilhada e na participação de todos no sacerdócio comum”. Com o caminho sinodal, o objetivo é “pôr em prática uma nova hermenêutica inspirada na lógica do todo”, organizada na base de todos (o Povo de Deus), alguns (os Bispos) e finalmente um (o Bispo de Roma). Não há três sujeitos eclesiais, afirmou o presidente da Conferência Episcopal Peruana, mas apenas um, o Povo de Deus, o único sujeito ativo e fundamental de toda a ação e missão da Igreja. A consequência disto é a corresponsabilidade resultante de cada um dos seus membros. Estabelece-se um ministério hierárquico ligado à comunidade, algo já presente na Igreja primitiva, e o bispo “deve colocar-se de novo entre o povo de Deus a ele confiado”.   Aprofundar a dimensão pneumatológica Para Dom Cabrejos, a recuperação e o aprofundamento da dimensão pneumatológica ajuda na recepção atual do sensus fidei, algo assinalado pelo Cardeal Grech. A partir daí afirmou que “escutar o Povo de Deus é ouvir verdadeiramente o que o Espírito diz à Igreja”. Escutar é mais do que uma pesquisa, é assumir uma dinâmica comunitária e espiritual no sensus fidei fidelium, é compreender que “o depósito da fé é confiado a todo o Povo de Deus, que o preserva, professa e transmite”, insistiu ele. A escuta mútua é vista pelo prelado peruano como “um elemento constitutivo de uma Igreja sinodal”, o que conduz a “consulta, diálogo, discernimento comum, conselho, tomada de decisões e prestação de contas”. Estas são dinâmicas que “criam um ambiente favorável para gerar processos de conversão”, especialmente na hierarquia, levando ao entendimento de que “é precisamente ao nível dos processos de tomada de decisão e de construção de consenso que está em jogo a nossa capacidade de imaginar e construir um novo modelo eclesial institucional para a Igreja sinodal do Terceiro Milénio”. Dom Cabrejos salientou a inspiração do Espírito ao Papa quando decidiu que…
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Assembleia Sinodal Cone Sul: “Resgate de toda a beleza do Batismo que nos une”

A etapa continental na América Latina e Caribe do Sínodo 2021-2023 dá mais um passo em frente esta semana, com a quarta e última assembleia das programadas para a realização desta fase. Um encontro sinodal que terá lugar de 6 a 10 de março na Casa Mons. Luciano Mendes de Almeida da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. Quase 200 representantes do povo de Deus das cinco conferências episcopais que fazem parte da Região do Cone Sul do Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (Celam): Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Brasil, reunir-se-ão para partilhar testemunhos e experiências da Igreja no continente, uma oportunidade para socializar e caminhar juntos, em sinodalidade, seguindo a metodologia da conversa espiritual. É o momento de utilizar estas experiências do povo de Deus para tornar real aquilo que o Papa Francisco nos pede: construir uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e missão. “A acolhida da assembleia do Cone Sul, para nós enquanto equipe sinodal, enquanto Igreja no Brasil, é um momento antes de tudo de ação de graças por todo o caminho feito até o momento, e também de expectativa daquilo que será o Sínodo dos Bispos”, segundo o Padre Patriky Samuel Batista. O Secretário Geral Adjunto da CNBB afirma que “é uma ocasião favorável para que a gente possa começar a transformar toda essa escuta em um caminho”. O presbítero lembra as palavras do Papa Francisco, para quem “a sinodalidade é o caminho que Deus quer para a Igreja hoje”. Ele insiste em que “agora então atentos aos sinais dos tempos, nessa escuta comprometida, que nós possamos agora celebrar agora presencialmente no encontro com a Igreja na América Latina, no Cone Sul. É um momento de ação de graças, de memória e de renovação da esperança”. Um encontro que é visto pelo Padre Patriky como “um compartilhar de experiências que vai nos ajudando a perceber desafios comuns, mas também horizontes que se apresentam também de superação desses desafios, tanto na perspectiva eclesial como nos desafios que tocam diretamente à sociedade”. Ele insiste em que “além disso é uma oportunidade singular para que a gente possa compartilhar as boas práticas e as experiências também de escuta dos outros países, das outras conferências. Esse compartilhar a partir da escuta do Espírito é um momento muito especial para todos nós”, ressaltando que “é uma dinâmica nova”. Um momento em que participam todos os estamentos do povo de Deus, o que é considerando pelo Secretário Geral Adjunto da CNBB como “expressão bela da Igreja que é comunhão”. Uma dinâmica que, antes de tudo é “esse resgate de toda a beleza do Batismo que nos une”. O presbítero brasileiro não duvida em definir este encontro como “um belo testemunho que a gente oferece para o mundo, onde todos, cada um com sua vocação, com seu ministério são chamados a ser essa Igreja em saída, mas sairmos juntos, esse é o grande horizonte”. Lembrando de novo as palavras do Papa Francisco, o Padre Patriky diz que “há momentos que os pastores estejam à frente, no meio, às vezes atrás”. Ele destaca “essa mobilidade, essa disposição de caminhar juntos, mas também de ir valorizando cada membro do povo de Deus, sobretudo o laicato, é um momento singular”. De fato, “toda essa caminhada sinodal, esse processo de escuta e essa assembleia agora do Cone Sul, é também uma oportunidade para que a gente possa redescobrir a Teologia do Batismo”. Estamos diante de “uma Igreja que deseja mais do que nunca caminhar juntos, na escuta uns dos outros, transformando essa escuta em caminho. É uma Igreja profundamente ministerial e aí vem toda essa reflexão sobre o sacramento do Batismo, mas do que a fonte comum para todos nós, o trampolim que nos joga realmente na missão, independente da vocação, do ministério que exerce, a importância e a beleza do sacramento do Batismo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: Transfiguração, “um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração”

Lembrando que “no primeiro domingo da quaresma fomos impelidos a meditar as tentações de Jesus, o seu jejum, a nitidez de seguir fazendo a vontade do Pai, a anunciar o Reino da salvação. Fomos despertados para o jejum que nos esvazia de nós mesmos e, por isso, somos convocados a tomarmos sempre a decisão de seguir a Jesus, sua vida, morte e participarmos da ressurreição”, iniciou o Cardeal Leonardo Steiner sua homilia no segundo domingo da quaresma. Ele fez ver que “como Jesus, podemos ser, nas tentações, fortificados no caminho do seguimento de Jesus”.   Se referindo à primeira leitura e o convite a Abrão a sair da sua terra, Dom Leonardo disse que “somos hoje convidados a sair como Abraão, pois nos conduz pelo caminho da transfiguração”. O Arcebispo de Manaus ressaltou que “ao sair com Jesus os discípulos viram o seu rosto verdadeiro. Saindo, subindo que puderam dar-se conta da benção que haveria de cair sobre eles. A benção da morte e ressurreição que alcançará a cada um de nós, na medida em que nos colocarmos a caminho, seguirmos a Jesus”.   Na Carta de Paulo a Timóteo, “nos recordava justamente que em Jesus a graça nos revela pela sua manifestação”, segundo o Cardeal. Ele fez ver que “como comunidade vivermos da manifestação, da graça que é Jesus. Certos de que não fomos abandonados, mas elevados. Sabemos o caminho e o tempo da quaresma a elucidar sempre mais a transfiguração a que somos destinados em Jesus”. Seguindo os discípulos, conduzidos por Jesus ao alto, Dom Leonardo disse que “com os discípulos todos nós convidados a subir”. Ele lembrou a escolha de três discípulos “para serem testemunhas dum acontecimento singular”, insistindo em que Jesus “deseja que a experiência de graça não seja vivida solitariamente, mas de forma compartilhada, como é a nossa vida de fé. Vivemos o seguimento de Jesus em comunidade, em família”. Somos chamados a descobrir que recebemos “a graça da antevisão do Reino definitivo”.   O Cardeal Steiner, tendo como referência a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano, afirmou que “a Jesus, seguimos juntos; e juntos, como comunidade de fé que peregrina no tempo, vivemos a Quaresma, caminhando com aqueles que Jesus colocou ao nosso lado como companheiros de viagem. A subida de Jesus com os discípulos ao Monte Tabor, nos indica o caminho quaresmal. Como comunidade percorremos juntos o mesmo caminho, discípulas e discípulos com Jesus, o Mestre”.   “Para seguir a Jesus no deserto, nas contrariedades, na dor, na cruz, ele nos leva ao monte onde é transfigurado. Ele nos propõe subirmos com Ele ao monte da oração, para contemplar no seu rosto humano iluminado, transformado” destacou o Arcebispo de Manaus. Ele disse que “o Evangelho nos indica a luz transfigurativa e a voz iluminativa. A luz divina que resplandece no rosto e vestes de Jesus e presencializam a Mosés e Elias. A luz que se manifesta em Jesus a indicar o sentido da história da salvação nas figuras de Elias e Moisés. A voz do Pai celeste que que provém da nuvem a proteger aqueles discípulos amedrontados. Dá testemunho dele e pede que escutemos o Filho. Jesus lhes revela a essência de sua vida e a vida do Reino de Deus, o novo horizonte que se delineia no alto da cruz”.   O medo dos discípulos é “a nuvem que os cobriu e a voz que dela emanou”, a mesma nuvem “que acompanhara o povo no tempo do deserto, da travessia, da intempérie, da luta, da fome. A nuvem que nunca os abandonara”. Essa nuvem agora fala e faz ver aos três discípulos, “agora estou no meio de vós como um de vós. Mas em ouvindo, em seguindo, sereis como ele: transfigurados. Nele compreendeis a Moisés e a Elias, a todos os profetas. Nele agora entrevedes, antevedes a plena realização das promessas; nada mais oculto. Grudai os vossos ouvidos em Jesus. Ouvi-o; transfiguração!”.   “Se isso era verdade, se isso poderiam conhecer, foi o motivo de temor, de medo”, segundo Dom Leonardo, que lembrou que Jesus aproximando-se deles, os tocou e os ajudou a superar o medo. O Arcebispo destacou que “Jesus manifesta ao seu rosto verdadeiro que nasceria da cruz e ressurreição. Ele a demonstrar o sentido da história o comprimento das promessas, a verdadeira presença de Deus em nosso mundo. Uma nova realidade, uma nova verdade a iluminar a vida dos que convivem com Jesus. Tudo referido à nossa finitude, ao mistério encarnatório de Deus, à cruz e ressurreição de Jesus”.   Citando de novo a Mensagem quaresmal do Papa Francisco, Dom Leonardo chamou a “não se refugiar numa religiosidade feita de acontecimentos extraordinários, de sugestivas experiências, levados pelo medo de encarar a realidade com as suas fadigas diárias, as suas durezas e contradições. Permanecer no caminho do seguimento de Jesus que recebe a cruz, nela dá a sua vida, e ressurge glorioso. A luz que Jesus mostra aos seus discípulos é uma antecipação da glória pascal, e é nesta direção que é necessário caminhar seguindo ‘apenas Jesus e mais ninguém’. A Quaresma orienta-se para a Páscoa: a retirada para a montanha, não é um fim em si mesmo, mas prepara-nos para viver – com fé, esperança e amor – a paixão e a cruz, a fim de chegarmos à ressurreição”.   “A quaresma é o caminho de conversão, de mudança”, segundo o Cardeal. “O caminho da cruz, da transformação na cruz; caminho de transfiguração”, lembrando que “os discípulos perceberam o caminho transformativo do seguimento, mesmo assim, não foram fiéis até o fim”. Dom Leonardo vê nisso que “a própria fraqueza, reconhecida, misericordiada, conduz à transformação. Na caminhada quaresmal somos despertados para compreender e acolher o mistério da salvação, realizada no dom total de si mesmo por amor na cruz”. Por isso, ele fez um chamado a nos colocarmos “a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como encontro na montanha. Subamos juntos como comunidade”.   Se referindo à Campanha da Fraternidade, Dom…
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Dom Marcos Piatek benze a sede do Ministério Público do Estado do Amazonas em Coari

No dia 03 de março de 2023 o Município de Coari ganhou novas instalações da Sede da Promotoria de Justiça no Município, que receberam o nome de Dra. Simone Martins Lima. Da inauguração participaram as autoridades do poder executivo, legislativo e judiciário. Na inauguração se fez presente Dom Marcos Piatek, Bispo da Diocese de Coari, que benzeu as nova sede do poder legislativo. No início da benção o Bispo leu o trecho do Evangelho de São Mateus onde Jesus nos convida a sermos o Sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-16). Na sua reflexão lembrou que “existe a separação entre o Estado e a Igreja. O Estado é laico, mas os cidadãos tem a sua fé, a sua religiosidade e por isso, preservando a autonomia dos dois, faz sentido rezar, benzer e pedir a benção de Deus”. Segundo Dom Piatek, “o ser humano é definido como ‘Homo Sapiens’, como ‘Homo Faber’, como ‘Homo Ludens’, mas também como ‘Homo Orans’ – ‘Homem que Reza’. Sendo assim as pessoas, desde os tempos remotas, constroem os lugares de culto e rezam”. O Bispo da Diocese de Coari lembrou o pensamento de Paulo Freire que nos disse que “o ser humano é um ‘Ser Inacabado’ e por isso precisamos da graça de Deus na nossa vida”. Dom Marcos falou que “vivemos num mundo marcado por muitas coisas bonitas, pelo progresso, pela ciência, tecnologia cada vez mais avançada. Porém, no meio de nós tem muitas chagas como fome, desigualdade, violência, injustiça, guerras, drogas, etc.”. O Bispo lembrou da atualidade das palavras de Ruy Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantear-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Diante disso, o Bispo fez um chamado a “zelar mais, como nos lembra o Papa Francisco na ‘Fratelli Tutti’, zelar pela cultura do encontro e pela fraternidade universal”. Igualmente, ele lembrou o artigo 127 da Constituição Federal de 1988: “O Ministério Público tem como tarefa: a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, a defesa da ordem jurídica e a defesa do regime democrático”. “A sociedade é chamada a zelar pelos menos favorecidos e pobres”, ressaltou Dom Piatek. Ele lembrou as palavras de Mahatma Gandhi, o pai da Índia: “Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa aos pequenos e às minorias”. Igualmente se referiu às palavras que São João Paulo II disse em Paris, em 1997: “Uma sociedade é julgada pela mentira de encarar os feridos da vida e pela atitude diante dos doentes, injustiçados e pobres” . Finalizando a sua reflexão, o Bispo parabenizou todos aqueles que tornaram uma realidade de ter no Município de Coari uma nova e moderna sede do Ministério Público. Em seguida abençoou a água, rezou uma benção especial e os participantes junto com o prédio foram aspergidos com a água benta. O ato religioso terminou com a oração do “Pai Nosso” e a benção final, pedidno “que a nova sede do Ministério Publico sirva a todos os munícipes de Coari em busca de uma sociedade mais humana, mais fraterna e mais justa”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1