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Dom José Albuquerque assume como Bispo de Parintins e quer “aprender a ser um bom pastor para o povo de Deus que aqui está”

Um momento histórico na vida das Igrejas particulares do Regional Norte1. Assim é vista a posse de Dom José Albuquerque de Araújo como Bispo da Diocese de Parintins. Uma prova disso foi o comentário entre alguns padres participantes da celebração que comentavam que um momento assim seria impensável 30 anos atrás. A Igreja da Amazônia foi evangelizada por missionários e aos poucos os presbíteros diocesanos locais foram assumindo diferentes ministérios, dentre eles o episcopado, como acontece com Dom José e foi lembrado ao longo da celebração. Nascido em Manaus, onde vivenciou sua fé e foi ordenado presbítero e bispo, assumindo desde 2016 a missão de Bispo Auxiliar, desde hoje, 12 de fevereiro de 2023 Dom José é Bispo da Diocese de Parintins. Uma data importante na vida da Igreja da Amazônia, pois em 12 de fevereiro de 2020 foi publicada a Querida Amazônia, a Exortação Pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia e na mesma data 18 anos atrás foi martirizada a Ir. Dorothy Stang, um exemplo do que que significa assumir desde a fé a missão de preservar a Amazônia, de cuidar da casa comum. A felicidade do novo Bispo é a felicidade daquele que agora se tornou Bispo emérito, Dom Giuliano Frigenni, que na homilia destacou a sintonia profunda que encontrou no povo da Diocese de Parintins, encontrado a sabedoria dos humildes, dos povos originários, dos povos ribeirinhos. Ele recordou a importância do clero local, de fomentar vocações, algo assumido como missionário do PIME há 50 anos e como Bispo de Parintins durante quase 24 anos. Dom Giuliano disse conhecer Dom José desde há muitos anos, desde que era seminaristas, depois trabalharam juntos como padres na Arquidiocese de Manaus e hoje é seu sucessor como Bispo de Parintins e irão viver juntos. Em nome dos Bispos do Regional Norte1, Dom Edson Damian, Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional Norte1 mostrou a felicidade do episcopado pela nomeação de um filho da Amazônia, de alguém com coração e rosto amazônico. Ele lembrou do legado da Ir. Dorothy, que assumiu a causa dos pobres da Amazônia, dizendo que o Bispo é chamado a dar a vida pelo povo. Junto com isso insistiu nos sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia. Dom Edson mostrou a Dom José a colegialidade episcopal, lhe fazendo ver que conte sempre com a amizade e oração de seus irmãos bispos. O clero de Parintins, através de seu representante, deu as boas-vindas a Dom José Albuquerque, lembrando e agradecendo o trabalho realizado pelos missionários do PIME, que com seu sacrifício surgiu uma nova geração de sacerdotes diocesanos. O clero disse estar disposto a lhe ajudar diante dos desafios, lhe pedindo ser acompanhados e que seja pai, amigo, irmão, diretor espiritual, mas também se for necessário aquele que puxa a orelha. Uma Igreja em sinodalidade, que cuida das vocações, uma Igreja em saída, quer ser o clero de Parintins junto com seu novo Bispo, para quem pediram a proteção de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira da Diocese. Uma acolhida que também foi realizada pela Vida Religiosa, que desde seus carismas quer viver na unidade, na fidelidade e na sinodalidad, dizendo contar sempre com o Bispo que também pode contar com as orações dos religiosos e religiosas. O laicato acolhe seu novo Bispo com alegria, numa Diocese que sempre esteve marcada em seus passos pelas pastorais, movimentos e serviços assumidos com generosidade pelos leigos e leigas, que seguindo o Sínodo da Sinodalidade compreendem a necessidade de caminharmos juntos como comunidade fraterna. As autoridades do Estado da Amazonas e dos municípios que fazem parte da Diocese destacaram a importância da chegada do novo Bispo, querendo continuar caminhando junto com a Igreja católica e desenvolvendo as grandes parcerias que tem ajudado no desenvolvimento da região do Baixo Amazonas. Finalmente, Dom José Albuquerque mostrou sua gratidão aos Bispos presentes na pessoa de Dom Leonardo Steiner, agradecendo a presença de Dom Bernardo Bahlmann Bispo da Diocese de Óbidos e Presidente do Regional Norte2. Também dos padres, diáconos, seminaristas, Vida Religiosa e todos os presentes, cumprimentando as autoridades, com quem disse querer colaborar numa parceria que possa ajudar aos últimos, aos sofredores, aos que estão sendo muitas vezes negligenciados em seus direitos. O novo Bispo de Parintins disse querer aprender a ser um bom pastor para o povo de Deus que aqui está, desejando amar o povo do mesmo jeito que Dom Giuliano lhe ama, de quem diz precisar de sua ajuda, querendo dar continuidade ao realizado por ele e pelos missionários do PIME. Dom José mostrou seu desejo de visitar todas as comunidades, pedindo um minuto de silêncio e oração por todos os missionários que entregaram sua vida pela Igreja de Parintins e da Amazônia, na evangelização e defesa dos direitos humanos. Finalmente, Dom José pediu que Nossa Senhora do Carmo lhe ajude a servir, a ser um bom pastor para todos, a quem ficando de joelhos pediu que rezassem um Ave Maria por ele. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Os olhos do Evangelho pedem que adotemos o modo da cordialidade, da simpatia, da solicitude e afeto”

“Jesus continua a nos indicar a que fomos chamados: às bem-aventuranças, à realização, à plenificação”, afirma o Cardeal Leonardo Steiner comentando o Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum, onde “Ele a nos dizer do caminho a que somos convidados: percorrer um caminho, uma vida digna, livre e plenificada”. Citando o texto evangélico, Dom Leonardo vê nele “uma nova visão, um novo modo de viver, um viver que possibilita a verdadeira liberdade, um viver na cordialidade. O modo de viver da justiça, da boa medida, da medida equilibrada. As decisões segundo o que convém e é necessário, não conforme a lei, as normas. Viver que tem a boa medida da bondade, da misericórdia, como Deus, o justo”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “a justiça dos homens, a nossa justiça é diversa da justiça da Deus. A de Deus é equânime, livre, libertadora, consoladora, resgatadora. A justiça de Deus não se desvia, não acusa, não condena. Ela resgata, eleva, santifica”. A partir do texto, o Cardeal ressalta “Como dependemos de nossos olhos! Como dependemos da visão que temos da pessoa, de Deus, do mundo! Grandeza de nosso olhar, fraqueza de nossos olhos: purificação, transparência do olhar!”.  Dom Leonardo lembrou o que nos possibilitam os olhos: perceber grandezas, belezas; se deixar atrair pela beleza de uma paisagem, pela obra de arte escondida atrás de um edifício; se deixar encantar com a beleza das pequenas e estreitas ruas da cidade medieval sobre a colina; é de encher os olhos o vale florido”. O Arcebispo lembrou “o olhar que se perde ao buscar o alto, o sem confim do mar”, e também os olhos a seguir o ritmo das águas dos rios, a vida que nela acontece, a vida nascida do rio. O olhar que lê as águas, os igarapés, os rios; que percebem os pequenos gestos, as pequenas mudanças, os mínimos acenos de ternura e aconchego; que veem a dignidade humana perdida, descartada e o menosprezo em relação à natureza, à casa comum”. Um olhar que “vê a beleza da face enrugada, digna e cheia de história. São os olhos tomados de grandeza e beleza. Olhos capazes de nos dar a sensação e percepção de um mundo digno de ser visto e vivido”. “No andar da vida, nossos olhos enxergam aquilo que permanece esquecido e velado”, disse o Cardeal Steiner. Ele chamou a atenção em “tantas coisas que nos distraem”, que não nos deixam enxergar o cotidiano: nossa casa que acabou de ser arrumada e limpa; nossas roupas bem passadas e cuidadas; como cresceram nossos filhos, como eles cresceram em idade sabedoria e graça; a grandeza do amor que pode alimentar e dar criatividade às nossas diferenças. Citando o texto que diz “Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”, Dom Leonardo insistiu no “olhar que se tornou unidirecional, uni focal. Perdeu o horizonte do ver que tudo vê na sua transparência, na quase inocência. Perdemos o olhar que nos indica nossas raízes, nossa pertença, nossa terra, o nosso céu. O olhar que já não vê beleza, delicadeza, apenas desejo de posse, de possuir. Possuir é traição ao modo que nos é proposto e indicado no Evangelho, perceber a cada um como filho e filhas de Deus. Posse, dominação, que no Evangelho em dito como não consumação física, mas a consumação no coração. Aquele adultério, aquela traição, uma relação que nos afasta do amor primeiro, da pessoa amada e deixamos que o olhar se torno traição”. Por isso, o Cardeal destacou que “o convite de Deus hoje é de arrancarmos esse olho doentio, distorcido, para não perdermos a vida, isto é permanecer na cercania do amor, da convivialidade de termos sido amados”. Segundo ele “às vezes estamos na iminência de perder a sensibilidade do olhar dos pequenos, simples e humildes amados de Deus e por ele desejados como prediletos, como filhos e filha de seu coração”, convidando a reparar no “olhar que se desvia do indiferente, do meramente atraente” e chamando a perceber que “vivemos nessa espécie de dualidade de olhos, do olhar”. Daí, Dom Leonardo fez ver que “é preciso arrancar o olhar distraído, traído, traiçoeiro, pois somente o olho da vida nos conduz ao Reino de Deus. E o Reino de Deus não desejamos perder”. “Olhos que veem, olhos que, no entanto, podem estar dispersos e desatentos nessa multiplicidade de ver, sem estar concentrados e guiados pelo olhar salvador. O olhar disperso, distraído, o olhar sem grandeza, sem beleza”, destacou. Por isso, ele fez ver que “arrancar indica salvação, permanecer com o olho mau indica a condenação ao fogo do inferno, pois perdemos a graça de ver o que é invisível aos olhos. Já não vemos mais. No não ver a verdade, pecamos com nosso olho. Então é melhor entrar na vida com um olho só do que nos perdermos”. Uma reflexão que o levou a questionar: “Mas como receber esse olhar, esse olho renovador, ágil, simples, grandioso que nos deixar ver na nossa realidade a realidade e a verdade de Deus?”, lembrando que “o Evangelho de hoje nos fala de entrar na vida com um olho só. Esse olhar é aquele olhar que na Sagrada Escritura vem dito como: ‘E Deus olhando o criado, viu que tudo era bom’. Esse olhar que se recolhe, que contempla, que se deixa invadir pela grandeza das criaturas é que nos salva. O olhar da benevolência, o olhar do perdão, o olhar que sempre descobre em toda miséria humana uma grandeza toda própria: a fraqueza de Deus. Para isso precisamos perder nossos olhos, sem perdê-los não limpamos o olhar com que Deus nos presenteou”. Dom Leonardo fez ver que “recebemos olhos que enxergam a pobreza e a degradação humana perambulando pela nossa cidade. Olhos atentos para a injustiça, para a poluição. O olhar que de Deus provém, é pleno de positividade, de jovialidade, de cordialidade. É sem descanso, sem rótulos. É o olhar que já viu tudo, que sabe tudo, não…
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6º Domingo do Tempo Comum: “O revolucionário é fazer o bem até mesmo aqueles que nos desejam o mal”

No 6º domingo do Tempo Comum do ciclo A, Verónica Rubi nos lembra que “cada domingo vamos fazendo uma leitura consecutiva do Evangelho de Mateo”. Três domingos atras, nos lembra a missionária leiga na Diocese de Alto Solimões, “ouvimos que Jesus subiu ao monte com seus discípulos para ensinar-lhes, e lhes deu a conhecer as bem-aventuranças como fundamento principal para a verdadeira felicidade”. “No domingo passado ouvimos outro ensinamento: ‘vos sois o sal da terra, vos sois a luz do mundo’, destacando a importância de nossas obras, da nossa vida que glorifica ao Pai”, afirma. “Neste domingo continuando os ensinamentos na montanha, Jesus diz que Ele veio para dar pleno cumprimento à Lei e aos Profetas, não porque faça outra interpretação ou explicação das profecias, senão porque Ele mesmo é a plenitude da Lei, Jesus é a Plenitude, ele com sua vida, sua maneira de obrar, suas prioridades, sua atenção aos desfavorecidos, com seus ensinamentos, nos revela o coração do Pai”, segundo a missionária.  “Nós estamos chamados a segui-lo de perto, para conhecê-lo e aprender dele, e assumindo nosso batismo, ser discipulas- discípulos do Deus conosco e com ele protagonistas do Reino dos Céus”, lembra Verônica. Segundo ela, “nesse momento, no Monte, Jesus também lembra o que diz a Lei: ‘não mataras’, ‘não cometeras adultério’, ‘não jurarás falso’, mais Ele não fica na proibição do que não devemos fazer, do que no está certo, ele se preocupa pelas intenções mais profundas do nosso coração, por ser elas as que motivam nossas ações”. Jesus “nos chama a reconciliação com quem temos brigado, insultado, mal decido no nosso coração, tenta fazer-nos entender que na Lei de Deus que é o Amor, não adianta só não matar, o revolucionário é fazer o bem até mesmo aqueles que nos desejam o mal”, destaca Verónica Rubi. Ela nos levar a nos questionar: “Alguma vez tenho conseguido responder bem por mal? Procuro a reconciliação explicita ou implícita com aquele que me distanciei?” Segundo a missionária, “quanto ao adultério, que é romper a relação de fidelidade entre conjugues, Jesus não fica só na relação carnal, também fala do desejo, deixando claro que é a intenção, o impulso, o que estamos chamados a trabalhar, em função do bem, da verdade, da plenitude”. Daí ela se pergunta: “Como estou neste aspecto de minha vida? Consigo trabalhar, modelar meus impulsos ou eles me cegam em busca da satisfação?”   “Por último, fala do valor da palavra dada e nos motiva a viver na Verdade, a dizer as coisas como são, até mesmo se assumir a realidade nos causa problemas”, destaca, nos questionado: “Qual é minha experiencia, vivo na verdade ou vou pelo mundo modificando as situações a minha conveniência? Reconheço que dizer uma coisa por outra é uma mentira, tento trabalhar isso em mim?”. Daí ela lembra: “que seja nosso Sim, Sim, nosso Não, Não”. Isso a faz ver que “ainda temos muito por andar, muito que melhorar, que Jesus nos anime no caminho de discípulas-missionários e nos fortaleça com sua graça para glorificar ao Pai”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia CIMI Regional Norte1: Celebrar, fazer memória, buscar ser um sinal de presença da Igreja

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Regional Norte1 realiza de 11 a 13 de fevereiro no Xare (Manaus) sua assembleia, a primeira que acontece de modo presencial após a pandemia, segundo lembra Jussara Góes, Coordenadora do CIMI Regional Norte1, algo que considera muito significativo. A missionária do CIMI vê este momento como “fortalecedor depois de 4 anos de governo genocida anti indígena e agora com o novo governo”. Uma assembleia que busca discutir temas “que vão nos proporcionar encontrar caminhos para os próximos anos, principalmente na questão do fortalecimento da luta indígena, de esperança para os missionários do CIMI, fortaleza na luta e também na garantia e efetivação dos povos indígenas”. Ao longo da assembleia será apresentada a Conjuntura Política Indigenista e os desafios depois de 50 anos de caminhada do CIMI. Junto com isso a articulação e avanço do movimento indígena em âmbito regional. O encontro abordará as mudanças climáticas, a mercantilização da natureza e sua relação com os povos indígenas. A Coordenação Regional apresentará seu relatório que servirá como base para elaborar as prioridades e estratégias para a atuação do CIMI diante do cenário de desafios atual, elaborando a agenda a seguir. Na Assembleia do CIMI se fizeram presentes alguns dos Bispos do Regional Norte1. Dom Leonardo Steiner insistiu na importância de “uma assembleia celebrativa como memória, recordação do passado, mas também dos gestos importantes da missão que o CIMI exerceu e com isso também pensar no futuro do CIMI”. O Cardeal lembrou da situação dos tão difícil dos Yanomami, a quem ele visitou recentemente, “que fez o CIMI pensar em aprofundar a sua missão, serem missionários e missionárias junto aos povos originários levando sempre esperança, ajudando o povo a se organizar, buscado sempre de novo ser um sinal de presença da Igreja, sinal da presença do Evangelho, uma presença de ânimo”. O Arcebispo de Manaus lembrou da questão do Marco Temporal e de “buscar junto ao Supremo Tribunal Federal uma maneira de chegar ao julgamento final que terá repercussão na questão do Marco Temporal”, uma partilha muito rica “porque nós temos missionários e missionárias de todo o Regional Norte1”. Segundo Dom Leonardo, “essa partilha de experiências, momento celebrativo, momento de ação de graças sempre traz ânimo, sempre traz encorajamento para nunca perder de vista que estamos para servir”. O cardeal destacou que “mais uma vez foi repetida a palavra avancemos, avançar sempre, porque Jesus nos convida no Evangelho a buscar a profundidade de servir sempre”. “A Assembleia do CIMI ela tem uma importância muito grande porque Amazonas é o Estado que concentra maior população indígena do país, inclusive a maior diversidade cultural”, segundo Dom Edson Damian. Ele lembrou de sua Diocese, São Gabriel da Cachoeira que 90% são indígenas e pertencem a 23 povos diferentes e são faladas 18 línguas. Algo que o Presidente do Regional disse que “trata-se de um patrimônio étnico, linguístico, cultural e antropológico de primeira grandeza”. Segundo Dom Edson, “nossa Igreja está de mãos dadas com esses povos para preservar sua cultura, suas línguas e principalmente os territórios aos que eles têm direito porque vivem aqui desde tempos imemoriais”. Logo após a celebração dos 50 anos do Cimi, o Bispo insistiu em que “se não fosse o CIMI muitos povos indígenas teriam desaparecido literalmente do nosso país”. Ele destacou a importância do Ministério dos Povos Indígenas, a FUNAI e a SESAI totalmente administradas por eles. Ele chamou a “nos manter unidos e organizados, porque nossa democracia é muito fraca”, destacando que “os povos indígenas são para nós um testemunho de organização fantástica. Temos muito a aprender dos povos indígenas e caminhar com eles para que continuem nas suas lutas”. Um momento de “fazer memória, de celebração, de resistência, mas também de desafio”, segundo Gilmara Fernandes. A missionária do CIMI recordou a importância de “avaliar a caminhada de 50 anos e daí tirar os desafios para os próximos anos, o que a gente está vivenciando na atual conjuntura da política indigenista”, o que deve levar, depois de fazer uma análise da realidade e partilhar o trabalho das equipes, a tirar as prioridades para os próximos 3 anos no Regional Norte1. “Depois de 4 anos de retrocesso nós temos o desafio da reconstrução da política indigenista oficial, especialmente no que se refere a destravar todo o processo de demarcação dos territórios indígenas que foram travados nos últimos 4 anos”, afirmou Antônio Eduardo Oliveira. Segundo o Secretário Executivo do CIMI, “temos muitas pendências, represamentos das demarcações e isso faz com que aumente os conflitos nos territórios indígenas”. Desde o contato permanente com o movimento indígena, o CIMI quer “dar continuidade ao processo de mobilização, mesmo agora tendo essa recepção do Governo Federal com relação a uma maior participação deles no âmbito do executivo”. Segundo ele, “é necessário a continuidade do processo de mobilização para destravar toda uma legislação que foi construída contra os direitos dos povos indígenas no Brasil”. Ele lembrou da situação dos Yanomami, a invasão de territórios no Sul da Bahia, nos Munduruku e também em relação aos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Por isso, ele destacou que “são questões que são urgentes para poder ser tomadas providências e aí vamos fazer essa carga no Governo Federal a partir da mobilização dos povos indígenas e recuperar o julgamento de repercussão geral que discute duas teses fundamentais para os povos indígenas, a tese do Marco Temporal, que é uma articulação da Bancada Ruralistas, dos setores ruralistas, para poder retirar direitos dos povos indígenas e a tese do Indigenato que a Constituição Federal já contempla”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa Francisco recebe Presidência da CNBB e pede perseverar na comunhão sinodal e proximidade, afirma Dom Mário Antônio da Silva

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com os assessores e assessoras encerraram neste 9 de fevereiro sua visita aos Dicastérios da Cúria Romana e ao Papa Francisco realizada na última semana. “Uma visita de agradecimento e também de relatar para os Prefeitos e assessores de dicastérios os últimos quatro anos da Igreja no Brasil, sobretudo da atuação da Presidência juntamente com o episcopado brasileiro”, afirmou Dom Mário Antônio da Silva, que insistiu em que “não foi uma prestação de contas, mas foi uma partilha muito fraterna”, e mesmo com o frio enfrentado em Roma, num ambiente “muito caloroso, de muita receptividade”. Um momento de “muita acolhida, inclusive até um pouco de expectativa dos dicastérios, tendo em vista o momento eclesial do processo sinodal e tendo em vista também o momento social brasileiro, seja nas questões políticas, também nas questões sociais” destaca o 2º Vice-presidente do episcopado brasileiro. Ele vê na presença dos assessores e assessoras, “uma valorização dos leigos e leigas, da Vida Consagrada, dos demais ministros ordenados que se ocupam do serviço da CNBB”. No último dia da visita foi celebrada a Eucaristia junto ao túmulo de São Pedro, um momento que o Arcebispo de Cuiabá define como “reconhecimento e gratidão da Presidência em nome do episcopado aos assessores, em comunhão com toda a Igreja no Brasil”. Da audiência com o Papa, a quem Dom Mário Antônio define como “sempre muito paterno, mais ao mesmo tempo deixando espaço para a fraternidade e conversando conosco de irmão para irmão”, o 2º Vice-presidente da CNBB destaca “toda a preocupação da Igreja no momento com as questões do Sínodo e evidentemente tudo aquilo que circunda a nossa vida como cristãos e como cidadãos”. Segundo ele, “o Papa sempre muito preocupado em acompanhar cada momento da vida da Igreja em todos os países e mormente no Brasil, onde ele tem um grande conhecimento e tem realmente uma predileção tendo em vista a Igreja na Amazônia”. “O Papa Francisco, ele reconhece e agradece a comunhão da Igreja no Brasil a ele”, segundo Dom Mário Antônio da Silva, insistindo em que “a comunhão é mais do que uma admiração, é uma adesão aos seus ensinamentos e a suas propostas”. Um Papa “como sempre, muito atento na escuta, no discernimento para que o diálogo seja frutuoso, pediu de nós a responsabilidade, a corresponsabilidade de perseverar na comunhão e numa atuação sempre ascendente daquilo que a proposta do Sínodo para este momento ainda preparatório”. Também foi insistido pelo Santo Padre a necessidade da proximidade, “proximidade com Deus, proximidade entre nós Bispos, proximidade com o clero e Vida Consagrada, e uma proximidade exemplar com os cristãos leigos e leigas, mormente com aqueles que mais sofrem e com aqueles que por uma ocasião ou outra, talvez estejam afastados de nós”, destaco o Arcebispo de Cuiabá. Junto com isso, a recomendação clara e objetiva na “atuação junto aos nossos seminários, junto às comunidades eclesiais, fazendo com que a espiritualidade seja profunda, a vida comunitária bastante séria, saudável, através de uma missionariedade e uma pastoralidade que gere frutos e que sobretudo visibilize as bem-aventuranças do Evangelho”, enfatizou Dom Mário Antônio. ç Nos dicastérios, a Presidência da CNBB e seus assessores, puderam ouvir “as indicações para melhor atuação pastoral, missionária, também litúrgica na nossa Igreja, tanto no campo bíblico, litúrgico, como no campo pastoral, vocacional”, segundo o Arcebispo. Um momento que ele define como “uma experiência que nos faz crescer como pastores e ainda estarmos mais unidos e apaixonados pela Igreja no Brasil, na atuação que é prevista nas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”. Uma visita que foi oportunidade para levar a Roma “o essencial da Igreja do Brasil para o coração do Papa e também de todos os dicastérios, que sempre estão atentos para o melhor prosseguimento da Igreja, seja no Brasil, seja em todo lugar”, fazendo assim crescer o “compromisso para com aquilo que já temos diante de nossos propósitos e propostas da Igreja para o Brasil”. Uma visita que acontece pouco antes de encerrar o quatriênio como Presidência da CNBB, algo que é visto por Dom Mário Antônio como “um dom de Deus que a gente agradece a toda a Igreja no Brasil pela comunhão e espírito de oração e adesão para conosco”. Reconhecendo “divergências e obstáculos que já enfrentamos e que certamente serão ainda enfrentados um longo tempo no Brasil infelizmente”, o 2º Vice-presidente da CNBB insiste em que “o saldo é muito positivo, de saber que nosso episcopado, mesmo na diversidade, comunga de uma união, de um consenso naquilo que a Presidência tem oferecido de textos e de atividades para toda nossa Igreja”. No decorrer da atual Presidência, o Arcebispo de Cuiabá destaca que “diálogo e comunhão, essa foi sempre uma grande preocupação nossa, porque o diálogo se faz entre diferentes, e até mesmo entre aqueles que divergem as opiniões buscando um consenso que vai gerar uma comunhão, senão absoluta, pelo menos num consenso de objetivo comum. Isso foi nosso esforço durante os últimos quatro anos”. Igualmente destaca como positivo a comunicação, afirmando que “não obstante várias questões ainda em andamento, a Presidência da CNBB procurou ser ágil na comunicação, até mesmo às vezes se antecipando em algumas questões que pudessem ocasionar rupturas entre o episcopado, sobretudo na atuação da Igreja neste momento eclesial e político vivenciado pelo Brasil nos últimos dois, três anos, e agora neste ano 2023”. Dom Mário Antônio da Silva ressalta a grande preocupação com a gestão, “que não é apenas econômica, mas que também se preocupa com as pessoas, não só os assessores, mas todos aqueles que estão direta ou indiretamente envolvidos com as atividades da nossa Conferência, indo além dos membros da Presidência”. Por isso, apesar das divergências, insiste em que “nós estamos vivendo um momento de comunhão, em preparação da próxima Assembleia Geral, que será eletiva, em abril em Aparecida (SP)”. Diante das expectativas, o 2º Vice-presidente reconhece que “nós da Presidência temos aí a gratidão de poder estar encerrando…
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Tráfico de Pessoas, o crime que nos questiona se somos realmente humanos

Muitas vezes a gente se pergunta se ainda somos humanos. No final das contas, o que nos faz humanos é a disposição para demostrar misericórdia, compaixão, cuidado do outro. Ontem, 8 de fevereiro, na festa de Santa Bakhita, a Igreja católica celebrou pelo nono ano o Dia de Oração e Reflexão Contra o Tráfico de Pessoas, uma data instituída pelo Papa Francisco. Ver como 50 milhões de pessoas no mundo são vítimas das redes de tráfico humano tem que nos levar a nos questionarmos sobre o nosso grau de humanidade. Mesmo que a gente faça de conta que não sabe de nada, estamos diante de uma realidade muito próxima de nós. As vítimas estão aí, ao lado da gente e isso deveria nos levar a pensar, a cuidar daqueles que podem se tornar alvo das redes de tráfico humano. Como sociedade e como Igreja somos desafiados a tomarmos consciência e assumirmos a responsabilidade de combater um crime que provoca dor, sofrimento e morte, especialmente nas pessoas mais vulneráveis, que se tornam vítimas potenciais das redes de tráfico de pessoas. Qual é minha responsabilidade pessoal no combate ao tráfico humano? O que nossa Igreja, minha comunidade deveriam fazer para que esse crime possa desaparecer? As vítimas do tráfico humano se fazem presentes na minha oração, rezamos como Igreja, como comunidade para que essa realidade que provoca tanta dor possa ser superada e as pessoas deixem de se tornar vítima do tráfico? Não podemos fechar os olhos, fazer de conta que essa realidade, esse crime não tem nada a ver comigo. No final das contas quem cala, consente, e em certa medida se torna cúmplice. O Dia instituído pelo Papa Francisco é mais uma oportunidade para pensar nas pessoas, para nos colocarmos na pele das vítimas, para rezar e nos comprometermos. O que eu vou fazer daqui para frente? Como quero me comprometer para mudar a realidade? Nas perguntas e no fato de querer responder a essas perguntas está o desejo de mudar a realidade, de que essa realidade possa mexer comigo e me levar a ter um olhar diferente. O mundo muda quando eu estou disposto a fazer o que estiver na minha mão para que isso aconteça. Fiquemos do lado das vítimas, das crianças, adolescentes e mulheres que hoje são exploradas sexualmente nos garimpos da nossa Amazônia, dos homens e mulheres escravizados nas fazendas, nas carvoarias, em tantos espaços onde os direitos foram esquecidos e a vida clama em meio a tanta dor e sofrimento. É tempo de agir, de escolher o lado, de dizer não a um sistema que despreza as pessoas, tirando seus direitos e sua dignidade. É tempo de dizer que o direito a viver em plenitude tem que ser universal e de mostrar que só é gente, só é humano quem trata o outro como ser humano com todos os seus direitos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Padre Luís Carlos Oliveira representa Regional Norte1 no encontro da Comissão Nacional dos Presbíteros

Salvador (BA) acolhe de 6 a 10 de fevereiro a reunião da Comissão Nacional Ampliada dos Presbíteros, com a presença dos membros da Presidência da Comissão e os representantes dos Presbíteros de todos os Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Em representação do Regional Norte1 da CNBB participa do encontro o padre Luís Carlos Oliveira, presbítero da Diocese de Parintins. O encontro, onde participam 19 padres, tem como objetivo ouvir como está a caminhada dos regionais, as conquistas e as dificuldades, também para planejar metas para os próximos anos, a caminhada da pastoral Presbiteral nos diversos regionais. Um momento de conhecimento e comunhão entre os representantes dos regionais com a Presidência Nacional. No encontro se faz presente Dom André Vital Félix da Silva, Bispo de Limoeiro do Norte (CE), e referencial episcopal na Comissão Nacional dos Presbíteros. Durante a reunião foi planejado o próximo encontro nacional de presbíteros, que acontecerá em 2024 com o tema: “Presbíteros: testemunhas da esperança“, e o Lema “Sede alegres na esperança,  perseverantes na tribulação, constantes na oração ” (Rm 12, 12). Durante o Encontro a Presidência da Comissão Nacional dos Presbíteros fez a prestação de contas. Um encontro que os organizadores esperam possa dar muitos frutos para a vida presbiteral no Brasil. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Combate ao Tráfico de Pessoas, uma prioridade na Igreja da Amazônia e do Regional Norte1

O tráfico de pessoas é uma realidade presente no mundo todo, mas que na Amazônia tem “características próprias, consequências das tantas vulnerabilidades das pessoas, principalmente das crianças, adolescentes e mulheres”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Estamos falando de “um território de mais difícil fiscalização, com maiores dificuldades de o serviço público chegar. Muita coisa ainda na Amazônia é mais invisível”, afirma Dom Evaristo Spengler. O Presidente da Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), coloca o exemplo do trabalho escravo no Brasil. As estadísticas são maiores nos Estados onde a fiscalização é mais eficaz, enquanto que “na Amazônia, nós temos regiões de fazenda, de garimpo, temos regiões de plantação extensiva, de pecuária, onde o trabalho escravo é muito presente, mas ainda de uma forma invisível, com dificuldades de fiscalização e denúncia”. Em relação ao tráfico de pessoas na Amazônia, o Bispo eleito da Diocese de Roraima destaca que a Amazônia é “um lugar propício para isso, porque de um lado nós temos a vulnerabilidade das pessoas que são muito pobres, que vivem em regiões do interior, mas que fazem fronteiras com outros países”, rotas frequentes de tráfico de pessoas para a Europa ou outras regiões. Também relata a realidade da migração, de pessoas que entram no Brasil, nos últimos anos chegados de Venezuela. Dom Evaristo Spengler cita a recente visita da Comissão que preside ao Ministério dos Direitos Humanos, onde “colocamos esse quadro do Brasil, mas também o quadro da Amazônia como um quadro que merece um olhar mais atencioso, seja para a fiscalização, seja para também para a repressão do tráfico onde ele existe”. A Ir. Rose, com uma ampla experiência no trabalho de combate ao tráfico humano, sobretudo através da Rede um Grito pela Vida, denuncia uma situação que vem de longe, mas que tem se incrementado nos últimos tempos, como é a realidade do garimpo, que é muito presente na Amazônia, principalmente para fins de exploração sexual de crianças, adolescentes e mulheres. Um crime que está sendo combatido pela Igreja da Amazônia. O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, onde a religiosa é secretária executiva, assume como prioridade o combate da exploração sexual de crianças e adolescentes e o tráfico de pessoas, e “a partir dessa prioridade tem reforçado a presença dos núcleos da Rede um Grito pela Vida na Amazônia”. A Ir. Rose Bertoldo também destaca o trabalho da Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano, da qual ela faz parte, que “tem contribuído ao trabalho das diversas instituições que atuam no enfrentamento ao tráfico de pessoas, numa maior atenção à realidade do tráfico de pessoas nos espaços eclesiais e como fortalecer o trabalho de prevenção ao abuso e exploração sexual, e sobretudo ao tráfico de pessoas, a partir dos espações eclesiais, que até então se tinha muita dificuldade de abordar esse tema”. A religiosa do Imaculado Coração de Maria vê importante que essa realidade seja conhecida pela sociedade e por quem faz parte da Igreja. “A gente só enfrenta, só trabalha a partir daquilo que se conhece”, o que tem levado à Rede um Grito pela Vida e à Igreja da Amazônia a “dar visibilidade, a sensibilizar às lideranças que atuam nas diversas pastorais e organismos da Igreja”. A religiosa destaca o “maior envolvimento a partir dessa sensibilização, desse trabalho que vem sendo realizado”, o que faz com que “aos poucos as pessoas vão assumindo esse compromisso de enfrentar esse crime que acontece nas mais diversas formas”. Dom Evaristo lembra que “o Papa Francisco, ele instituiu este dia de hoje, 8 de fevereiro, como dia de oração pelas vítimas e também pelo fim do tráfico de pessoas”. Tendo isso em conta, o Bispo afirma que “o primeiro passo é nós termos a consciência de que esse crime diante da Lei, esse pecada diante de Deus, ele persiste e é grave, movimenta milhões de dólares a nível de mundo e também de Brasil”. No Brasil, a escravidão existiu até finais do século XIX, “mas a mentalidade ainda persiste, muitas pessoas não percebem como as pessoas estão sendo traficadas e a pessoa não se identifica que naquele momento está sendo traficada”, o que demanda uma tomada de consciência. Junto com isso, o Bispo eleito da Diocese de Roraima reclama “um olhar mais sensível a essa realidade, e o engajamento, seja nas comissões que existem nos municípios, nos estados, e também a incidência política para que o Estado assuma o seu papel diante do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, para a finalidade de trabalho forçado ou trabalho escravo, ou para tráfico de órgãos que também existe nos nossos dias”. Na Igreja do Regional Norte1 da CNBB, o dia 8 de fevereiro tem sido “momento de oração nos mais diversos espaços, nas igrejas locais, nas 9 dioceses e prelazias”. Também os Bispos reunidos em Tefé tiveram muito presente na celebração da Eucaristia o tráfico de pessoas, e os meios de comunicação da Igreja abordaram essa temática. Igualmente o roteiro de oração preparado pela Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano, ou a participação da live organizada pela Rede Talitha Kum com a participação de todos os continentes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A Igreja do Brasil e do mundo convida a rezar pelas vítimas do Tráfico Humano

Um dia para lembrar das vítimas do tráfico humano, na data em que a Igreja celebra a festa de Santa Bakhita, que também foi vítima deste crime. No dia 8 de fevereiro, a Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Rede Internacional Talitha Kum, convida a participar da 9ª edição do Dia de Oração e Reflexão Contra o Tráfico de Pessoas. O Papa Francisco instituiu essa data para que as pessoas dediquem um tempo de orações e reflexões sobre o Tráfico de Pessoas. Em 2023 a proposta é a realização de uma “Romaria pela Dignidade Humana” (Baixar a celebração em PDF para rezar com sua comunidade). O tema deste ano é “caminhando pela dignidade”, tendo como inspiração o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos que define a dignidade humana como horizonte da liberdade, da justiça e da paz. Se busca refletir e rezar pelas vítimas desta violência silenciosa, lembrando Santa Bakhita, vítima de uma realidade que provoca grande dor e sofrimento, pedindo que ela interceda pelas vítimas e inspire ações concretas. Dentre essas ações o Papa Francisco propõe a economia solidária, uma economia de cuidado, que cria oportunidades, não explora e defende a dignidade das pessoas: “uma economia sem tráfico de pessoas é uma economia com regras de mercado que promovem a justiça e não interesses especiais exclusivos”. Estamos diante de um crime que em 2022 atingiu 50 milhões de pessoas no mundo, vítimas da escravidão moderna. As causas são as situações de instabilidade econômica, política e ambiental, e tem nas mulheres e crianças o grupo de maior vulnerabilidade, sobretudo em países mais pobres. No Brasil, a situação é preocupante, pois nos últimos 4 anos o governo brasileiro enfraqueceu os mecanismos de proteção às vítimas e poucas ações foram realizadas para combater o crime. Buscando refletir sobre essa realidade no país a Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil busca caminhar para reconhecer os processos que induzem milhões de pessoas, especialmente os jovens, à exploração e ao tráfico de pessoas; caminhar para descobrir os passos dados diariamente por milhares de pessoas em busca de liberdade e dignidade, caminhos de cuidado, inclusão e empoderamento; caminhar para promover ações de enfrentamento do Tráfico que permita redescobrir a dignidade, despertar a alegria de viver e resgatar a esperança; caminhar para construir uma cultura de encontro que leve à conversão dos corações e a sociedades inclusivas, capazes de desmascarar estereótipos e tutelar os direitos de cada pessoa. Em nosso Regional Norte1, a Rede um Grito pela Vida organiza atividades nas diocese e prelazias em vista de contribuir para que cada pessoa tome consciência da necessidade de se envolver no combate a um crimem que acaba com a dignidade de muita gente. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Disponibilizada Mini Cartilha do Instituto Federal de Roraima para Combate ao Racismo Indígena

Uma mini cartilha, intitulada Antirracismo Indígena foi disponibilizada para o público no início deste ano de 2023. O trabalho foi executado após as primeiras etapas do projeto “Racismo e suas implicações nos povos indígenas de Roraima. Percepções de estudantes do IFRR nos campus Amajari e Boa Vista Zona Oeste”, durante o ano de 2022. Com o objetivo de promover o respeito aos povos originários, por meio da linguagem, tendo como foco expressões racistas e/ou pejorativas ouvidas, constantemente por indígenas, o conteúdo é resultado de projeto de pesquisa, que contou com o apoio do Pipad (Programa de Incentivo à Pesquisa Aplicada – Docente) do IFRR (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima), e foi antecedido por rodas de conversas e oficinas a respeito do racismo local. Segundo o coordenador da pesquisa, o professor do CBVZO (Campus Boa Vista Zona Oeste), Marcos Oliveira, a proposta inicial, junto com o estudante bolsista indígena do CAM (Campus Amajari), Renato Gabriel Francisco, foi investigar a existência de racismo com os povos indígenas, em particular, com os e as estudantes dos campi Amajari e Boa Vista Zona Oeste, e a partir das primeiras etapas de execução do projeto, já foi possível produzir o material, criado no sentido de ajudar estudantes indígenas e não indígenas a lidarem com o racismo no IFRR, ampliando esses conhecimentos para população em geral. “Gostaríamos de disponibilizar esse material para todos e todas que quiserem conhecer. Esperamos que de alguma maneira possamos contribuir para uma relação mais igualitária na nossa comunidade acadêmica e para a promoção de uma instituição antirracista”, ressaltou Oliveira. O projeto de pesquisa deverá ser finalizado neste ano de 2023, após a execução da última etapa, que será a aplicação de um questionário a estudantes indígenas dos dois campi envolvidos na pesquisa. Fonte: Rádio Monte Roraima FM