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52 Seminaristas iniciam Ano Letivo no Seminário São José de Manaus

O Seminário São José da Arquidiocese de Manaus, onde se formam os seminaristas do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil celebrou nesta terça-feira 7 de fevereiro a Missa de abertura do Ano 2023. A celebração foi presidida pelo Reitor do Seminário São José, Padre Zenildo Lima, e concelebrada pelos formadores, o Padre Rubson Vilhena, do clero da Arquidiocese de Manaus, que acompanha a Etapa da Configuração, da qual fazem parte os 22 estudantes de Teologia, e o Padre Alex Mota, do clero da Prelazia de Itacoatiara, que será o formador da Etapa do Discipulado, formada pelos 30 estudantes de Filosofia. Em 2023 o número de seminaristas no Seminário São José é de 52, sendo 13, 11 no primeiro ano de Filosofia e 2 no primeiro ano de Teologia, os seminaristas que passam a integrar a comunidade formativa, sendo acolhidos na celebração de abertura. 4 seminaristas são da Diocese de Roraima, 4 da Diocese de Parintins, 6 da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, 4 da Prelazia de Itacoatiara, 6 da Diocese de Alto Solimões, 4 da Prelazia de Borba, 7 da Diocese de Coari e 17 da Arquidiocese de Manaus. Entre os seminaristas, 12 são indígenas, quase a quarta parte do total, são indígenas, 4 Tukanos, um Tikuna, 2 Kokamas, 3 Macuxis, um Maraguá e um Sateré Maué. Sua presença é importante em vista da proposta do Sínodo para a Amazônia de avançar numa Igreja com rosto indígena na Amazônia. Durante a homilia, o Padre Zenildo Lima, tomando como ponto de partida a leitura do Livro do Génesis, onde faz a narrativa da Criação, resgatou a Aula Inaugural da Faculdade Católica do Amazonas, aonde o Padre Adelson Araújo dos Santos, chamava a atenção para as implicações da fé e o meio ambiente e a relação com a ecologia, fazendo memória da Laudato Si´ e do Sínodo para a Amazônia, assim como também a intervenção da Professora Marilene Corrêa, que dizia que as políticas públicas não contemplam a nossa região da Amazônia, para quem o Brasil está de costas. O Reitor do Seminário São José insistiu na necessidade de que “estabeleçamos uma relação nova com toda a realidade criada, a partir da categoria do saber, do conhecimento”. Segundo o Padre Zenildo, “onde existe o conhecimento dos nossos povos ancestrais, a relação com toda a realidade criada é bem mais plena, é bem mais equilibrada”. O padre da Arquidiocese de Manaus fez ver aos seminaristas que “todo vocacionado ao ministério presbiteral é também um homem vocacionado ao saber para que se relacione de um modo novo com toda a realidade”. Se faz necessário, destacou o Reitor do Seminário São José de Manaus, “uma sadia experiência de ritualidade e de memória. Não vale a pena tradições e tradicionalismos que não nos permitam esse contato com a realidade”. No final da celebração foram chamados os novos seminaristas que vão compor a casa, assim como Hugo Barbosa, do 4º Ano de Teologia, e Michel Carlos, do 3º Ano de Teologia, que juntamente com o diácono Mateus Marques e o seminarista Marcos Vinicius, da Arquidiocese de Brasília, que está fazendo uma experiência na Arquidiocese de Manaus, irão constituir uma comunidade de seminaristas na Area Missionária São João Paulo II. Uma formação que está dividida em diferentes áreas: dimensão humana, dimensão intelectual, dimensão espiritual e dimensão pastoral, uma faceta que se concretiza no trabalho pastoral dos seminaristas nas paróquias e áreas missionárias onde são enviados aos finais de semana, visando sempre formar padres no coração da Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Fotos: Seminário São José 

Faculdade Católica do Amazonas: continuidade a uma formação teológica integral, pastoral e missionária

A Faculdade Católica do Amazonas iniciou seu primeiro ano letivo completo. Após seu lançamento em 23 de setembro de 2022, continuando o trabalho realizado pelo Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES), no dia 6 de fevereiro deu início aos trabalhos que pretendem contribuir com a formação da Igreja do Regional Norte1 da CNBB, num contexto amazônico, seguindo a bússola da caminhada da Igreja da Amazônia. Um momento que foi oportunidade para fazer memória da história do ensino da Igreja na região, que a Faculdade Católica do Amazonas quer dar continuidade com gratidão, paixão e esperança, na busca de novos caminhos e horizontes, a uma formação teológica integral, pastoral e missionária, buscando caminhos de diálogo, inserindo-se, inculturando-se e encarnando-se na vida das diversas comunidades amazônicas. A Aula Inaugural contou com a presença do Padre Adelson Araújo dos Santos, que refletiu sobre “Teologia, ecologia, espiritualidade e cosmovisão indígena: Ecos da Laudato Si´ e Querida Amazônia”. Desde Roma, com um coração amazonense, quis refletir de modo virtual sobre o diálogo entre Teologia e Ecologia. O professor da Universidade Gregoriana partiu da ideia de que a Laudato Si’ não é uma “encíclica verde”, e sim um escrito pontifício que defende “uma ecologia integral, apoiada na fé cristã”, na linha das outras dez encíclicas sociais, iniciadas em 1891 com a Rerum Novarum do Papa Leão XIII. Um texto que mostra o que a ecologia diz “respeito à evangelização, à missão da Igreja, ao serviço dos cristãos ao mundo”, afirmou o jesuíta manauara. Segundo ele, “não se pode falar de compromisso social cristão sem incluir a ecologia”, insistindo em que essa é uma atitude que nasce do pedido do Concílio Vaticano II que chama a Igreja a estar no mundo. De fato, o professor considera indissociável o trinômio Igreja-Reino-Mundo, pois “a missão da Igreja, de realizar o Reino de Deus, realiza-se no mundo e para o mundo”. O Reino de Deus tem “uma dimensão imanente, intra-histórica”, segundo o Padre Adelson. Ele defende que o conceito de ecologia “nos remete à relação do ser humano com o planeta como um todo”, considerando que o cristianismo concebe a ecologia numa tríplice relação: ser humano – natureza – Deus. Isso fez com que o conceito de ecologia fosse assumindo diferentes rostos no Magistério dos últimos pontífices. No Magistério do Papa Francisco, a ecologia é integral “porque envolve todas as relações do ser humano”, afirmou o jesuíta, “tudo está relacionado”, nos diz Laudato Si´. Daí podemos dizer que “é a nossa fé cristã que nos leva à preocupação pela ecologia e ao compromisso social pelo cuidado da nossa Casa Comum e seus habitantes”, insistiu o professor da Gregoriana. O Padre Adelson considera o Sínodo para a Amazônia, onde ele foi perito, como “um marco na caminhada da Igreja”. Segundo o religioso, na Amazônia, o anúncio de Cristo Jesus, “está sempre ligado à defesa da casa comum, à ecologia integral, à vida e à luta pela garantia dos direitos humanos”. Ele lembrou que a palavra central que atravessa o todo o Documento Final do sínodo é a palavra conversão: integral, pastoral, cultural, ecológica, sinodal. Uma conversão que “deve fazer parte de todos os programas formação e evangelização na Amazônia”, insistiu o professor. Ele fez um chamado a “criar uma Igreja com rosto indígena, crescer na fé e celebrar o mistério de Cristo em sua pluralidade cultural, com símbolos e gestos das culturas locais, numa verdadeira liturgia da Igreja na Amazônia”. Analisando os quatro sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia (social, cultural, ecológico e eclesial), o jesuíta destacou que o sentido desta Exortação é expressar as ressonâncias, ser caminho de diálogo e discernimento, um resumo de algumas das principais preocupações, ajudar e orientar, dentre outras. Um caminho que deve conduzir ao diálogo entre espiritualidade cristã e cosmovisões indígenas, que nos ensinam como buscar “uma conexão harmoniosa com a Mãe Terra e seu mundo espiritual”, dado que “a espiritualidade indígena é fortemente marcada por uma mística cosmológica, na qual o cosmos, a natureza, a comunidade e um senso de interdependência com todos os seres são características-chave”, destacou o professor da Universidade Gregoriana. Um Deus que é transcendente, mas que “está oculto na imanência de todas as coisas e de todos os seres presentes na natureza”. Umas espiritualidades “marcadamente sapienciais, ou seja, ensinam a sabedoria de viver em harmonia com a natureza”. Daí surgem caminhos de “eco espiritualidade” ou “eco teologia”, fundamentados numa espiritualidade ecológica que nos ensina a abraçar o Cosmos e o Deus do Cosmos. Umas cosmovisões indígenas que ajudam a compreender sua importância na preservação da vida em nosso mundo ameaçado, de renovar o compromisso do ser humano com a preservação da casa comum. Na segunda intervenção da Aula Inaugural, a Professora Marilene Corrêa levou os presentes a refletir sobre o tema “Educação e Ciência no Amazonas: Desafios e Esperanças em Tempos de Ataque à democracia“. Ela partiu da ideia de que no Brasil a democracia está em constante ameaça, são constantes a violência e os ataques à democracia no Brasil, numa sociedade reacionária, segundo a professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Num país governado por um sistema presidencialista, a organização do Estado e as políticas publicas fizeram com que durante muito tempo só o 30 por cento dos brasileiros participavam da plena cidadania. Políticas nacionais que deixam fora a Amazônia, que se restringem ao ambiente urbano, que demandam maior inclusão, o que desafia a transformar as políticas setoriais em políticas nacionais, dentre elas a educação. A professora colocou vários desafios para a sociedade brasileira, refletindo sobre a realidade amazônica ao longo da história do Brasil e o que ela representa na conjuntura mundial, com uma agenda que envolve a Amazônia, num momento em que o Brasil se afastou da América Latina, especialmente nos últimos 4 anos. As políticas de todo tipo não alcançam a Amazônia em sua totalidade, insistiu a professora, que denunciou a hipocrisia dos brasileiros em relação à Amazônia, chegando dizer que “o Brasil sempre esteve de costas para a Amazônia”,…
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Os Bispos do Regional Norte1 chegam em Tefé para um encontro muito esperado na Prelazia

Já se tornou costume que no início do mês de fevereiro os Bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se reúnam numa das dioceses ou prelazias. “Uma visita fraterna para conhecer melhor o irmão bispo e a realidade em que ele exerce o seu ministério, com seus desafios, suas esperanças”, segundo Dom Edson Damian, Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional Norte1 da CNBB. Entre os vários assuntos a serem tratados no encontro desta semana, de 6 a 9 de fevereiro, que será realizado em Tefé, onde seu Bispo, Dom José Altevir da Silva, assumiu no dia 1º de maio de 2022, Dom Edson destaca “as tumultuadas eleições, a vitória da democracia, o simbolismo da posse de Lula, seu novo ministério e seu primeiro mês de governo”. Junto com isso, “o ato de terrorismo naquela multidão que movida pelo ódio, pela intolerância, extrema violência, destruiu a sede dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro. E também as medidas oportunas e enérgicas que estão sendo tomadas para defender definitivamente a democracia e o vigor da Constituição”. Os Bispos do Regional Norte1, segundo seu Presidente, também disse que dentro da pauta está “a revelação do genocídio que está acontecendo com o Povo Yanomami em Roraima e as ações que estão sendo realizadas para salvar tantas vidas ameaçadas pelas doenças, pela miséria, pela fome”. Dom Edson lembrou da recente visita do Cardeal Leonardo Steiner em nome do Papa e da CNBB, que relatará, junto com o Padre Lúcio Nicoletto, Administrador diocesano de Roraima, a situação em Roraima. Os Bispos do Regional Norte1, segundo seu Presidente, “vamos nos alegrar com Dom Giuliano Frigenni, que receberá seu sucessor”, um momento que vai acontecer no próximo domingo, 12 de fevereiro, com o início do ministério como Bispo da Diocese de Parintins de Dom José Araújo de Albuquerque, até agora Bispo auxiliar de Manaus, que contará com a presença de seus irmãos bispos. Dom Edson também lembrou que os Bispos irão se preparar para acolher Dom Evaristo Spengler, Bispo eleito da Diocese de Roraima, transferido da Prelazia do Marajó, que irá assumir no dia 25 de março. A preparação da 60ª Assembleia Geral da CNBB, que será realizada em Aparecida de 19 a 28 de abril, finalmente totalmente presencial, insiste Dom Edson, também está na pauta do encontro. Uma assembleia importante, “porque serão renovados todos os cargos e serão aprovadas as novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil para os próximos 4 anos”. O Presidente do Regional Norte1 considera importante, “destacar a graça do encontro, que fortalece nossa colegialidade episcopal, nossa amizade e fraternidade, que também se expressa nos vários momentos de oração entre nós e de celebração com as comunidades de Tefé”. Dom Altevir expressou sua alegria de “receber todos os Bispos do Regional Norte1 para uma semana de encontro”, afirmando que a expectativa é grande e “a Prelazia preparou tudo com muito carinho para receber os nossos Bispos”, que foram acolhidos por uma grande equipe da Prelazia no aeroporto. Os Bispos se encontrarão com os padres de Tefé e algumas autoridades locais, lembrou Dom Altevir, que destacou a celebração eucarística que acontecerá na Catedral de Santa Teresa com a participação de todas as paróquias de Tefé. Os Bispos também irão celebrar nas comunidades de Tefé na terça-feira, segundo Dom Altevir. “Um encontro muito animado, tranquilo, sem correria”, segundo o Bispo da Prelazia de Tefé, que disse que os Bispos também irão conhecer a realidade das reservas na região de Tefé, uma iniciativa que ajuda na preservação e cuidado da casa comum. Dom Altevir insistiu na grande expectativa de um encontro tão esperado. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Arquidiocese de Manaus, que “continua sendo a sua casa”, agradece e envia Dom José Albuquerque

Dom José Albuquerque de Araújo, que no próximo domingo 12 de fevereiro assume a Diocese de Parintins como Bispo diocesano, se despediu neste domingo 5 de fevereiro da Arquidiocese de Manaus, onde ele nasceu, foi ordenado presbítero e desde 2016 assumia a missão de Bispo Auxiliar. A despedida aconteceu numa celebração eucarística na Catedral da Imaculada Conceição e contou com a presença do Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, Dom Edson Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional Norte1 da CNBB, presbíteros, familiares e amigos de Dom José, dentre eles sua mãe, e o povo da Arquidiocese. Uma celebração de agradecimento e de envio, segundo lembrou Dom Leonardo, que mostrou o agradecimento pelo tempo que Dom José serviu a Arquidiocese de Manaus como presbítero e depois como Bispo auxiliar. Uma celebração para agradecer “o dom da sua vida, o dom do seu ministério, e que ele possa lá igualmente ajudar o povo de Deus a ser sal da terra e luz do mundo”. Na homilia, o Bispo eleito de Parintins disse que Jesus nos convoca a “ser sal da terra e luz do mundo”, destacando como algo impressionante o jeito de falar de Jesus, “simples, acessível, compreensível, mas de uma forma muito profunda”. Dom José definiu o ser sal como “saber fazer a diferença, o sal nos dá sabor”, dizendo que pelo fato de ser sal, “o cristão, a cristã no mundo é chamado a ser aquele que vai fazer a diferença, aquele que conhece a Cristo, que aceita o seu chamado, que responde o seu chamado e que procura por meio de seu vida dar um testemunho”, um testemunho que tem que ser uma luz. Dom José Albuquerque insistiu na necessidade de se importar com a vida do outro, afirmando que “um dos males do nosso tempo é sem dúvida a indiferença, a falta de sensibilidade, a falta de solidariedade, a falta de amor”, algo que ele vê como vocação e missão, “estarmos no mundo como uma presença consoladora, uma presença solidária”. Seguindo o texto do Profeta Isaías da liturgia do dia, o Bispo destacou que “a vida cristã tem que sempre nos levar a agirmos pela caridade”. Sua nomeação e envio como Bispo de Parintins é visto por Dom José Albuquerque como um presente dos céus, insistindo em que “o que mais me conforta o coração é saber que eu vou continuar servindo à Igreja na Amazônia”. Ele disse “como é bom dar continuidade a minha caminhada vocacional junto com um presbitério muito querido”, e em poder continuidade à missão de Dom Giuliano Frigenni, que está lá quase 24 anos como Bispo na Diocese de Parintins. Da sua nova diocese, Dom José destacou o fato de ser um povo muito fervoroso e com uma caminhada muito bonita de Igreja, dizendo levar em seu coração, em sua vida a Igreja de Manaus, a quem diz que sempre estará unido pela sua oração e pela gratidão que vai levar para a vida toda. Para isso o Bispo eleito de Parintins disse contar com a oração de todos, “para que eu não atrapalhe o Espírito Santo na missão de ser Bispo daquela Diocese”, dizendo se sentir “um instrumento, um servidor, alguém que vai de alguma forma ajudar a comunicar a Palavra e fazer com as pessoas possam se apaixonar por Cristo como eu sou apaixonado”. Em nome do Regional Norte1, seu Presidente Dom Edson Damian disse ser tão bonito “ver o Papa escolhendo padres daqui da Amazônia para serem os bispos das nossas dioceses”. O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira mostrou a gratidão e estima fraterna do Regional Norte1, onde Dom José vai continuar seu ministério episcopal, também a colegialidade episcopal e fraternidade. Dom Edson agradeceu ao Cardeal Leonardo Steiner por sua visita ao Povo Yanomami que estava sofrendo um verdadeiro genocídio, em nome do Regional, do Papa Francisco e do episcopado brasileiro, “mostrando solidariedade e denunciando tantas atrocidades que foram cometidas lá naquela região”. Dom Leonardo disse em nome da Arquidiocese “agradecer de coração o seu ministério aqui em Manaus e desejamos todas as bençãos de Deus agora em Parintins”. Seguindo as palavras de Dom Edson, o Cardeal insistiu no fato do Papa Francisco ter buscado no meio do nosso clero, da nossa região, homens para servir à Igreja, pedindo poder continuar com isso, escolhendo “homens de nossa região, que compreendem nossa cultura, religiosidade e assim animar nossa Igreja a sermos sal da terra e luz do mundo”. O Arcebispo de Manaus pediu àquele que tem sido seu Bispo auxiliar que “esse sal seja o tempero que você possa levar junto do povo de Deus, que eles sintam sempre que Deus os acolhe, que Deus os tempera, que Deus os vivifica e restaura”. Dom Leonardo deu seu “muito obrigado pelo seu ministério aqui no nosso meio e que Deus o abençoe”, lembrando que “Manaus continua sendo a sua casa”. Em nome do clero, Monsenhor José Carlos Sabino de Andrade disse a Dom José, que “é filho desta terra”, que “você realizou um grande trabalho, serviu com dedicação, espírito de doação, entrega total por causa do Reino de Deus”, agradecendo por isso e pedindo a Deus ardor missionário para sua nova missão como Bispo da Diocese de Parintins, fazendo realidade uma Igreja em saída, insistindo em que Manaus é sua primeira casa e que “aqui será sempre recebido, será sempre acolhido, sempre se sentirá entre irmãos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Sal da terra, luz do mundo, sermos uma presença transformadora não inofensiva, sem gosto, sem sabor”

Ser sal da terra e luz do mundo é aquilo que “Jesus continua a nos indicar a que fomos chamados”, nos lembra o Cardeal Leonardo Steiner no comentário às leituras do 5º Domingo do Tempo Comum. O Arcebispo de Manaus lembra que “no Evangelho do domingo que passou, vimos que fomos chamados a perseverar, a ser fidelidade, a permanecer a caminho, ser fiéis”. O chamado a ser sal e luz é visto pelo cardeal como a “necessidade de uma transformação radical do nosso existir”, insistindo em ser “sal e luz que anunciam o novo céu e a nova terra, onde possa desabrochar, livre de toda a servidão, uma nova felicidade. Somos, mais uma vez convidados à plenitude”. Lembrando que as bem-aventuranças nos ensinam “o modo de viver, de caminhar de jamais voltar para trás com a texto das chamadas”, vemos neste domingo “Jesus a nos dizer que somos sal da terra e luz do mundo. É o chamado à conversão radical, o retorno do coração à fonte do ser, a Deus. As palavras de Jesus a destravar, desvencilhar a nossa vida, para impulso dinâmico do sopro divino, sagrado, criador, iluminador, libertador da vida. Entrarmos na dinâmica da luz, do sal”. Fazendo ver que “o sal pode destruir por corrosão”, Dom Leonardo afirma que “o próprio do sal é conservar a comida, proteger contra a putrefação, a decomposição. Ele mantem os nossos alimentos saudáveis. Sobressai no sal a sua virtude protetora e purificadora, fazendo dele um condimento fisiologicamente necessário à vida, um remédio, símbolo da incorruptibilidade, de perenidade”. O cardeal lembra “o pacto de sal” no Antigo Testamento, “que designa uma aliança que Deus não pode romper com seu povo”. Segundo ele, “o sal que acompanha as ofertas e os sacrifícios. Como a mesa é o altar e toda refeição um sacrifício, o hebreu oferece aos convivas o pão e o sal. O sal é símbolo da hospitalidade e da comunhão”. Ser ouvintes de Jesus, nos torna “um povo que é sal, tempero, sinal, preservação da presença, do cuidado de Deus”, segundo Dom Leonardo. Citando um poeta, ele diz que “o sal a simbolizar o Povo de Israel, e o novo Povo de Deus, a Igreja”. Ser o sal da terra é “um testemunho da presença salvadora e criadora de Deus”, insistindo em cada um de nós e como comunidade de seguidores e seguidoras de Jesus, “se deixamos de ser sal, se deixarmos de sermos preservação, condimento necessário à vida, um remédio, o símbolo da incorruptibilidade, de perenidade, ‘não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens’”. Diante disso, “o sal que deveríamos ser, é dispensado, jogados fora”, ressalta Dom Leonardo, que questiona: “Se somos sal, qual a nossa valia, a nossa contribuição, na visibilização do Reino de Deus; da transformação da nossa sociedade como sal da terra?”. O Arcebispo vê o ser sal como “tempero de paz, de concórdia, de solidariedade, de samaritanidade; sal de justiça, de equidade; sal de ânimo, de caminho a ser percorrido, jamais desanimar”. Daí faz um chamado a “não deixar que a nossa humanidade esteja corrompida. O sal não pode deixar de salgar. Mas nós como sal da terra, podemos perder a força cuidadora, purificadora, salgadora, mostrando o sentido de conviver pelas sendas e caminhos de Deus”. Seguindo a tradução bíblica, “se somos sal e deixamos de ser sal, enlouquecemos, não sabemos mais quem somos, não conservaremos a preciosidade da vida, não preservamos mais a vida na sua totalidade”, diz Dom Leonardo. Ele reflete dizendo que “se um povo deixar de ser sal, se um povo enlouquecer, perder a razão de existir, de ser, quem executará a sua missão de salvar o mundo?”. Citando André Chouraqui em sua obra “A Bíblia Matyah”, o Cardeal diz que “Israel não será mais suficientemente forte para nada senão ser jogado fora e pisado pelos homens. É o que aconteceu efetivamente em 70 d.c., quando as legiões romanas destruirão a pátria e o templo de Israel, pisando no povo e jogando fora os sobreviventes, vendidos como escravos nos mercados do império romano”. Nesse ser sal da terra, o Cardeal Steiner afirma que “somos chamados, vocacionados a ser o tempero, o sabor da vida de tantas existências que perderam a razão de existir, de ser. Seguidores e seguidoras de Jesus somos, pela cruz e ressurreição de Jesus sal. A sinalizar o sentido da agradabilidade e suavidade do Reino”. “A luz se faz mais luz na noite, nas trevas”, segundo o Cardeal, que lembra que “na criação Deus concede a luz, tudo fica iluminado. A luz, o conhecimento, a iluminação, como o sopro de vida, o sopro de Deus, o Espírito que paira e ilumina.  A sua vibração é criadora, ela traz em si o real que ela forma e esculpe em sua transparência. A luz precede as trevas e as sucede tanto na ordem real quanto na iluminação interior de uma dualidade universal que se exprime desde os primeiros versículos do Gênesis”, se referindo novamente às palavras de André Chouraqui. Dom Leonardo ressalta que “a luz simboliza a vida, a salvação e o amor que brotam da fonte única: Deus que é própria Luz”. Ele destaca que “a dinâmica das palavras de Jesus segue o método talmúdico do geral ao particular”. Junto com isso, o Arcebispo de Manaus nos faz ver que “Jesus nos chamou de ‘luz do mundo’ porque, iluminados por Ele, verdadeira e eterna Luz, nos tornássemos, a luz que brilha nas trevas. Jesus é o Sol da Justiça; nos chama a todos para ser ‘luz do mundo’; pois é por meio de nós que irradia sobre o mundo a luz esplendorosa de Jesus”. Diante disso, “deveríamos, com nosso modo de vida, afugentar dos corações das pessoas as trevas do erro, da injustiça, do abandono, do desprezo, do egoísmo. Manifestar a luz da verdade, da bondade, da proximidade, da samaritanidade”. Recordando as palavras de São Paulo, nos diz que “iluminados por Jesus e pelos irmãos e irmãs que seguem a Jesus,…
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Yanomami. Artigo de Dom Leonardo no Jornal Em Tempo

A visita aos Yanomami durante a semana que passou, fez perceber que não há exagero quanto à catástrofe que se abateu sobre diversas aldeias Yanomami. Um dos testemunhos que me impactou profundamente foi ouvir que boa parte do Povo Yanomami está morto espiritualmente. Quais as causas testemunhadas? A destruição da floresta, os assassinatos e ataques de todo tipo que sofrem, humilhações, os estupros, o roubo de crianças, os suicídios. Tudo como consequência do garimpo, que tem levado as 120 comunidades Yanomami a situação de calamidade. “A exploração sexual no garimpo, inclusive de menores, e a morte violenta de mulheres indígenas, visando a desaparição dos povos originários e suas culturas, uma realidade que denunciada pelos próprios indígenas, tem impactado fortemente. De fato, as estatísticas dizem que 70% das mulheres assassinadas em Roraima nos últimos anos morreram no garimpo, uma realidade forjada na violência e controlado pelo crime organizado chegado de outras regiões. Uma violência que é reproduzida na cidade de Boa Vista, que tem como consequência uma sociedade cada vez mais dividida e omissa”. (Luis Miguel Modino) São manifestações de bestialidade relatados nas guerras. Não pode haver indiferença. Se trata da nossa humanidade, do nosso ser! As lideranças ouvidas, afirmam: “quem está matando é o garimpo, que está na Terra Indígena e na cidade”, insistindo que “o garimpo está banhado de sangue”. A desintrusão da terra Yanomami é urgente, se não desejarmos a continuidade do desaparecer lento de um povo. Quando um povo perde a espiritualidade, perde a sua alma, vegeta, há perda de horizonte, nasce o desejo da morte, desaparece a suavidade da alegria e as crianças deixam de sorrir. Além da situação do garimpo, o que levou à situação de desumanidade foi a falta de assistência de saúde. O Estado brasileiro foi omisso. Os relatos ouvidos o confirmam. O Relatório “Yanomami sob ataque”, evidencia e denuncia a violência contra o Povo Yanomami. Ele foi entregue em abril de 2022 aos 3 poderes, executivo, legislativo e judiciário. Não houve omissão da parte dos indígenas e suas organizações, não houve omissão da Igreja católica e outras organizações. No relatório foram recolhidos depoimentos e dados que mostram os efeitos devastadores do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Enfatiza a necessidade de articulação das organizações indígenas, que na atualidade contam com pessoas muito bem-preparadas e altamente organizadas. O serviço dos órgãos do Estado, o serviço dos organismos indígenas e os serviços da Igreja ajudarão a superar o estado de morte. Também há disponibilidade e sonho de olhar na busca de ações de futuro que possam devolver uma convivência digna, culturalmente própria, espiritualmente de fonte. Sempre há esperança quando floresce solidariedade, samaritanidade, amor ao próximo.   Cardeal Leonardo Steiner  – Arcebispo de Manaus

Prelazia de Tefé acolhe de 06 a 09 de fevereiro encontro dos Bispos do Regional Norte 1

A Prelazia de Tefé de Tefé acolhe de 06 a 09 de fevereiro de 2023 o encontro dos Bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No encontro está prevista a participação de 12 bispos além da presença do Padre Lúcio Nicoletto, administrador diocesano da Diocese de Roraima e da Secretária do Regional, Irmã Rose Bertoldo. No dia 06, os Bispos irão se encontrar com os padres da Prelazia de Tefé, lideranças pastorais e outras autoridades, continuando posteriormente sua programação. O primeiro dia do encontro será encerrado com a celebração eucarística de acolhida na Catedral de Santa Teresa. A celebração será transmitida ao vivo através do Facebook da Prelazia de Tefé @prelaziadetefe e pelo Facebook e site da Rádio Rural de Tefé FM 93,9. Na terça-feira 07 de fevereiro, os Bispos celebrarão nas paroquias da cidade e nas comunidades circunvizinhas, levando adiante a pauta marcada para o encontro, um trabalho que deve continuar no dia 08 de fevereiro. Os Bispos terão oportunidade de conhecer Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde é desenvolvido um Programa de Turismo de Base Comunitária. Os Bispos retornarão para Manaus no dia 10, desde onde se deslocarão até Parintins para participar da posse do novo Bispo da Diocese de Parintins, Dom José Albuquerque de Araújo.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações da Prelazia de Tefé

5º Domingo Tempo Comum: Ser sal e luz é entrega gratuita ao Reino de Deus, é doar a vida pelo outro e por uma causa

No 5º Domingo do Tempo Comum a Ir. Rose Bertoldo nos faz ver que “o simbolismo do sal e da luz são extraordinários: o sal não pode salgar a si mesmo.  Sua capacidade não lhe é útil para nada. Mas é imprescindível para os outros. É para ser acrescentado a outro alimento, é para ressaltar seu sabor. O sal é feito para os outros, ele garante o sabor, com a condição de que se dissolva”. A religiosa do Imaculado Coração de Maria coloca “o desafio de sermos sabor na vida dos outros, aquilo que dá sentido desde as simples e pequenas coisas do cotidiano”. Em relação com a luz, a Secretária Executiva do Regional Norte1 da CNBB disse que “o tema da luz é muito frequente na Bíblia.  A importância da Luz para o desenvolvimento da vida. Não só porque a luz é imprescindível para a vida, mas porque o ser humano não pode desenvolver-se na escuridão. A luz símbolo da vida, ‘caminhar na Luz’. A luz sempre indica caminho”. Segundo a Ir. Rose, “a liturgia desse domingo nos convida a iluminar, ser luz e dar e ser sabor. Ser luz nestes tempos tão sombrios, diante de tantas violências, mortes, genocídio dos povos indígenas, destruição das florestas… Ser luz é repartir o pão com o faminto, é acolher nos nossos espaços o pobre, o peregrino, o migrante, a pessoa violentada, excluída”. Por isso, a religiosa afirma que “ninguém é ‘a luz’, mas cada um de nós tem um pouco de luz. Todos nós compartilhamos mutuamente a luz que vem de Deus. Nossa pequena luz reforça e ativa a luz presente no outro”. “A liturgia deste domingo nos convida a rezar a nossa presença e nossa atuação na realidade cotidiana e no encontro com os outros”, destaca a Secretária Executiva do Regional Norte1. Segundo ela, “Ser sal” e “ser luz” significa vida descentrada, servidora. E junto com isso, nos faz ver que “vale lembrar, o sal, para salgar, tem de desfazer-se, dissolver-se, deixar de ser o que era”. Em relação com a luz, convém lembrar que “a lamparina ou a vela produzem luz, mas o azeite ou a cera se consomem”. Por isso, “ser sal e luz é entrega gratuita ao Reino de Deus, é doar a vida pelo outro e por uma causa. Seguir Jesus é deixar que a Luz d’Ele transpareça em nossa vida”. Lembrando a Festa da Apresentação do Senhor acontecida no dia 2 de fevereiro, Dia Mundial da Vida Religiosa Consagrada, a religiosa afirmou que “centra-se na missão e incentiva a alargar a tenda. A missão alarga o espaço de nossa tenda e ensina-nos a crescer em sincera harmonia, fortalecendo os nossos laços, caminhando juntos, com a solicitude de Maria e com a sua profunda alegria”. A religiosa também lembrou do 8 de fevereiro, Dia Mundial de Oração contra o Tráfico de Pessoas, “convite a caminharmos juntos no enfrentamento ao crime que cerceia a vida de tantas pessoas”. A Ir. Rose, que faz parte da Rede um Grito pela Vida, que se dedica ao combate da exploração sexual de crianças e adolescentes, convidou a rezarmos “nesta semana que se inicia em comunhão com todas as pessoas que lutam para erradicar esse crime que atinge principalmente crianças, adolescentes e mulheres”. Junto com isso, a Ir. Rose pediu que “nos unamos em oração na festa litúrgica de Santa Bakhita padroeira de todas/os que sofrem pela violência do tráfico de pessoas. Ela nos inspira a rezar e nos conscientizar sobre esta ‘ferida aberta no corpo de Cristo, no corpo de toda a humanidade‘, que nos diz o Papa Francisco”. Por isso, finalizou pedindo que “sejamos sal que dá sabor e luz que ilumina o caminho”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Todas as vezes que fizestes isso a um destes yanomami…

O Evangelho nos ilumina e nos desafia, nos confronta com aquilo que Deus através de sua Palavra vai nos propondo como caminho a ser seguido. Como batizados e batizadas, enxergar a presença de Deus naqueles com quem a gente se depara é um desafio, nem sempre fácil. O capítulo 25 do Evangelho de Mateus é um desses textos que tem que ser assumidos como condição indispensável para podermos dizer que nós somos discípulos e discípulas de Jesus. Ele nos diz: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, que são meus irmãos, a mim o fizestes“. Esses pequeninos aparecem cada dia na nossa frente, são o rosto de Jesus que procura e pede a nossa compaixão. Viver a samaritaneidade é um constante desafio, um termómetro que marca até que ponto nosso coração está aquecido. Só um coração aquecido tem a capacidade de se deixar interpelar pelo sofrimento alheio, de enxergar que nos pequeninos é Jesus, é o mesmo Deus que está ao nosso lado. Ver os corpos doloridos dos yanomami, escutar os relatos de tantas situações que vivem em seu dia a dia, é algo que tem que mexer com nossa humanidade, mas também com nossa fé cristã. O Deus cristão não é alguém que fica distante, lá no céu, o Deus de Jesus Cristo é aquele que se faz gente, que se faz pequeno, aquele com quem nós nos deparamos cada vez que a vida coloca na nossa frente um destes pequeninos. Não podemos ignorar as mulheres, as adolescentes, que no meio da floresta estão sendo estupradas, violentadas, levadas ao suicídio. Tem que mexer com a gente os corpos de inocentes que boiam no rio porque não aceitaram a “lei do garimpo”. As crianças que sofrem desnutrição porque o povo yanomami já não pode mais plantar sua roça, tem que mexer conosco. As vítimas da malária porque os mosquitos se instalaram nas balsas de garimpo espalhadas na mata, não podem nos deixar impassíveis. É Ele que está nos olhando e é com Ele que a gente se tornou insensível. É Ele que está sofrendo, que está sendo crucificado na Cruz do lucro, na Cruz do Ouro, na Cruz da Injustiça, na Cruz de uma sociedade que virou as costas para esses pequeninos, para esses yanomami. Nunca esqueça que eles são seres humanos, que eles são filhos e filhas de Deus, que eles são nossos irmãos, nossas irmãs, que eles e elas são o próprio Cristo, que questiona minha consciência e me diz: enxerga minha presença, eu estou neste corpo sofrente, eu estou esperando por sua compaixão. Aprendamos a olhar com o coração, tenhamos um olhar humanizado, um olhar de fé, uma fé concreta, que não se dissipa em sentimentalismos, mas que mexe com nossos sentimentos e com nosso agir. Naquela aldeia distante, na beira daquele rio no meio da floresta, Deus está gritando, Jesus está me dizendo: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, que são meus irmãos, a mim o fizestes”. Será que tenho vontade de escutar seu clamor, seu grito de dor? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Faculdade Católica do Amazonas: Fazer Teologia na Amazônia, lugar teológico onde Deus se manifesta de forma inculturada

O Sínodo para a Amazônia insiste na importância da formação na Igreja da Amazônia. Na Querida Amazônia, o Papa Francisco diz que “é oportuno rever a fundo a estrutura e o conteúdo tanto da formação inicial como da formação permanente dos presbíteros, de modo que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as culturas amazónicas. Esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer o crescimento da misericórdia sacerdotal”. Nesse caminho formativo, a Faculdade Católica do Amazonas, apresentada no dia 23 de setembro de 2022, inicia sua caminhada formativa no próximo dia 6 de fevereiro com uma Aula inaugural ministrada pela Dra. Marilene Corrêa da Silva Freitas, da Universidade Federal do Amazonas, que falará sobre “Educação e Ciência no Amazonas: Desafios e esperanças em tempos de ataque e democracia”, e o Padre Adelson Araújo dos Santos, SJ, da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, que refletirá sobre “Teologia, Ecologia, espiritualidade e Cosmovisão Indígena: Ecos da Laudato Si e Querida Amazônia”. Segundo o Padre Adelson “esta nova Faculdade Católica do Amazonas é um dos frutos do Sínodo para a Amazônia, porque se nós vamos ler o número 114 do Documento Final do Sínodo, ali há esse claro pedido dos padres sinodais para que se pensasse numa Universidade Católica na região da Pan-Amazônia”. Mesmo estando localizada no Brasil, no Estado do Amazonas, “já é um sinal muito visível de que a Igreja daqui de Manaus, do Regional Norte1 da CNBB, busca responder a esse apelo do Sínodo que a gente acredita é inspirado pelo próprio Espírito Santo, que conduziu todo esse processo, desde a preparação até a sua realização e tudo o que veio depois, a Querida Amazônia, a criação da Conferência Eclesial da Amazônia”. O professor da Gregoriana, nascido em Manaus, reflete sobre as pontes que podem ser estabelecidas entre Roma, neste caso a Universidade Gregoriana e o ensino da Teologia e das Ciências Humanas na Amazônia, na Faculdade Católica de Manaus. Segundo o jesuíta, “tem a dar e receber entre ambas as partes. A Amazônia, ela leva um ar de renovação, um ar de novidade, um sopro novo do Espírito, próprio da forma como se vive a Teologia na Amazônia, não esquecendo que a Amazônia é um lugar teológico, um lugar onde Deus se manifesta de forma muito concreta, inculturada. E por outro lado, uma universidade com a tradição da Gregoriana, que tem toda uma solidez, uma experiência no ensino da Teologia, que poderá contribuir muito para integrar essa formação das lideranças das nossas igrejas locais, não só os padres e seminaristas, mas também os nossos leigos e leigas, também a Vida Consagrada, a Vida Religiosa, a Vida Missionária presente aqui na região”. O Sínodo, segundo o perito sinodal, “nos recordou a importância de que a nossa Teologia, o nosso estudo teológico, ele não seja um estudo abstrato, mas ele parta do que foi a própria experiência do Nosso Senhor Jesus Cristo, que se inculturou e se encarnou numa realidade, num contexto histórico cultural concreto e também anunciou o Reino de Deus a partir disso, de uma cultura própria, de uma situação geográfica, histórica, política, económica própria”. Daí, o Padre Adelson insiste em que “se nós queremos fazer uma Teologia com rosto amazônico não podemos virar as costas para as culturas presentes na Amazônia, e de modo particular as culturas dos povos ancestrais, dos povos originários, com todo seu saber, com toda sua experiência acumulada por milhares de anos”. O doutor em Teologia ressalta que “todo seu saber, a sua cosmovisão, a sua espiritualidade, a sua relação com a Criação, é algo que nós podemos como cristãos nos enriquecer bastantes”. Por isso, ele abouga em “estabelecer um diálogo de respeito, de enriquecimento mútuo e tudo isso é fazer Teologia a partir de um lugar concreto”. Nesse sentido, “um programa teológico voltado para a Amazônia tem que levar em consideração isto”, disse o Padre Adelson. O perito sinodal faz um chamado a “ajudar aos nossos seminaristas e padres da própria região amazônica, mas também missionários que venham de fora a aprender a como se relacionar com a própria geografia amazônica, que é bem diferente de outras partes do Brasil e do mundo”. Diante disso, ele coloca o desafio de “aprender a como nós vivermos numa região dominada por rios e por florestas, onde isso impõe até um ritmo diferente do tempo, as distâncias enormes, e tudo isso nos leva a aprender a ler a própria Palavra de Deus, a meditar a Palavra de Deus, a ação desse Espírito Santo presente aqui nessa região de um modo que é bem do jeito com que os nossos ribeirinhos, as nossas populações autóctones já vivem. E nós temos que saber fazer Teologia também a partir disso”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1