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Um Rei que serve e não domina

A Igreja católica encerra o Ano Litúrgico com a Solenidade de Cristo Rei, um dia em que a Igreja comemora o Dia dos Cristãos Leigos. Um Rei que não domina e sim que serve, que se doa, que se coloca o último e caminha com os últimos, que pensa em como fazer realidade uma sociedade onde os últimos tenham voz e vez. Depois de encerrar o 18º Congresso Eucarístico Nacional, realizado na Arquidiocese de Olinda-Recife de 11 a 15 de novembro, que no momento final teve como grata surpresa o anúncio de que Dom Hélder Câmara está mais perto de ser declarado venerável, a gente pode ver que tudo está interligado, que nada é por acaso. O “Pão em todas as mesas” presente no tema do Congresso foi um dos grandes pedidos daquele que foi Arcebispo da Arquidiocese sede do grande evento eucarístico nacional. É famosa a frase de Dom Hélder, onde ele diz: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres chamam-me de comunista”. Parece que durante o Congresso alguns católicos se incomodaram quando alguém questionava as causas da atual pobreza no Brasil, que faz com que mais de 30 milhões de brasileiros não tenham pão em sua mesa. São expressões desse catolicismo que alguns tentam impor no Brasil, se afastando cada vez mais de Jesus Cristo, a quem identificam com um Rei dominador e não servidor. Fazer presente esse Rei servidor na vida do povo é missão de todos os batizados, daí a importância do laicato na vida da Igreja, ainda mais dessa Igreja sinodal que quer impulsar, com muitas resistências, o Papa Francisco. Uma Igreja que caminha junto, onde as pessoas se escutam e procuram encontrar o caminho a seguir desde a comunhão. Não podemos esquecer que juntos somos mais e que o envolvimento de todos na caminhada da Igreja faz com que a presença de Deus e dos valores do Evangelho se tornem mais evidentes na vida das pessoas e da sociedade. Esse sempre é um desafio para a Igreja e daí a importância dos cristãos leigos, que ninguém pode esquecer são a grande maioria da Igreja, na caminhada eclesial. Celebrar o Dia do Laicato é reconhecer sua importância decisiva nos processos de evangelização e na transformação da sociedade para fazer que um mundo melhor para todos e todas se torne uma realidade cada vez mais evidente. No final das contas a Igreja é chamada a ser presença na vida das pessoas e ninguém melhor do que os leigos e leigas para fazer realidade essa missão de transformar a realidade em que vivemos e faze-la mas parecida com a proposta de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Escola e Ano Vocacional: “Fortalecer o caminho sinodal que nós estamos fazendo”

A Igreja do Brasil inicia no próximo domingo 20 de novembro de 2022 o Terceiro Ano Vocacional, que vai até 26 de novembro de 2023. Uma oportunidade para “preparar as lideranças e fazer com que se perceba que falar em animação vocacional não é só falar da vida sacerdotal, da Vida Religiosa, e sim falar do cristão leigo, da vocação à vida, dar essa ênfase a todas as vocações”, segundo a Ir. Maristela Ganassini. A religiosa das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, que foi uma das assessoras da Terceira Etapa da Escola Vocacional, realizada em Manaus de 11 a 15 de novembro de 2022, insiste em que “por muito tempo se pensava a animação vocacional para que nós tenhamos sacerdotes, nós tenhamos religiosas”. Frente a isso faz um chamado a “trabalhar nessa perspectiva da cultura vocacional que é para todos, que o trabalho é com todos”. A Assessora do Setor Juventudes e Vocações da Conferência dos Religiosos do Brasil, reflete sobre como atingir as juventudes nesse trabalho, “auxiliando-os nas suas escolhas, no projeto de vida, no processo de discernimento, realizando assim um processo de discernimento vocacional”. Para isso propões o acompanhamento personalizado, que também é um dos desafios que aparece entre os objetivos do nosso Terceiro Ano Vocacional do Brasil, que foi pensado “para que chegue lá nas comunidades”, onde serão realizadas a maioria das atividades. Se busca atingir os católicos e ajudar especialmente as juventudes, segundo a religiosa, que faz um chamado a viver “a questão da cultura vocacional, oportunizar as pessoas a tomarem conhecimento e assim estabelecer-se essa cultura vocacional”, uma temática presente desde o Primeiro Ano Vocacional em 1983. A religiosa o vê como um tema transversal, dizendo acreditar que “a animação vocacional precisa perpassar por todas as pastorais, ela precisa perpassar pelos movimentos, precisa permear e interagir dentro de todos os movimentos, de toda nossa Igreja”. Em relação com a Escola Vocacional, ela tem essa preocupação dos diferentes eixos: sociológico, psicológico, antropológico, segundo a Ir. Maristela, “justamente para fortalecer e auxiliar os animadores vocacionais nessa perspectiva formativa, para que não sejam pessoas que não tenham um envasamento, seja ele teórico como prático”. Uma escola que busca “oferecer conteúdos, teorias, mas também ações práticas, oficinas, onde eles possam levar subsídios bem concretos para suas realidades, para seu trabalho bem efetivo”. A Escola Vocacional “abre esse processo de crescimento pessoal, espiritual e também missionário” nos participantes, insiste a religiosa. “Há décadas na Igreja do Brasil se faz Pastoral de Conjunto, pastoral orgânica, e nestes últimos anos estamos refletindo muito sobre a sinodalidade”, afirma Dom José Albuquerque de Araújo. O Bispo auxiliar de Manaus considera que “o caminho sinodal de fato é necessário, urgente, porque é o caminho que nos ajuda a dar um testemunho de comunhão, de unidade, não só no meio eclesial, mas para o mundo inteiro. Nós temos um sonho que o Terceiro Ano Vocacional nos ajude como é bom caminhar juntos, planejar nossas atividades pastorais juntos, como é bom envolver as lideranças das nossas comunidades”. Dom José, que é membro da Comissão Episcopal para Ministérios Ordenados e Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, insiste em este Ano Vocacional não é um evento da Comissão nem da Pastoral Vocacional, é da Igreja. Sabendo que vai acontecer nas bases, ele deseja que seja um ano muito fecundo, vendo o tema e o lema “Vocação, Graça e Missão”, e “Pés a caminho e corações ardentes”, como inspirador para perceber que “todos nós somos vocacionados, todos nós seguimos a Cristo”, insistindo em que “o Ano Vocacional vai fortalecer o caminho sinodal que nós estamos fazendo”. Na Amazônia os desafios são inúmeros, segundo o bispo, “somos poucos, estamos muito distantes uns dos outros, os recursos financeiros são escassos, mesmo assim o Espírito Santo vem ajudado a Igreja que está aqui a ser criativa, ousada, profética, e na Amazônia temos essa esperança, que o Ano Vocacional nos ajude a celebrar o chamado que a gente recebeu e que essa dimensão missionária sempre vai fazer parte da nossa Igreja”. Como bispo nascida na Amazônia, ele lembra que “nós somos uma Igreja que nasceu da ação missionária e o Ano Vocacional vai nos ajudar também a sermos missionários, a partilharmos da nossa pobreza com outras regiões mais carentes no Brasil e no mundo”. “Aqui na Amazônia a dimensão missionária sempre vai ser fonte inspiradora para poder a gente encarar os desafios de viver a fé e de podermos valorizar todas as vocações, ministérios e serviços que aqui estão, de modo especial o ministério dos cristãos leigos e leigas, que são a grande força da Igreja da Amazônia”, destaca Dom José Albuquerque de Araújo, que faz um chamado a “suscitar a vocação missionária nos nossos jovens”. Na Escola Vocacional participou Maria Élida Vital Aragua, indígena do Povo Baniwa, da Diocese de São Gabriel da Cachoeira. Como leiga afirma que “vocação é esclarecer para o nosso povo indígena o que é servir a Deus no momento de ser chamado”. Ela considera muito significativa sua participação, “porque vou levar muito conhecimento e esclarecimento para o meu povo”. Nesse caminho vocacional, a leiga indígena afirma que o mundo indígena está no caminho do trabalho das vocações, como pessoas que conhecem a Palavra de Deus e sentem o chamado. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 da CNBB mostra solidariedade a Dom Vicente Ferreira, vítima de ameaças de morte

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil enviou uma carta de solidariedade a Dom Vicente de Paula Ferreira, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, onde vem expressar sua solidariedade diante das ameaças de morte contra sua pessoa. A carta, assinada pela Presidência do Regional, Dom Edson Tasquetto Damian (Presidente), Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos (Vice-Presidente) e Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva (Secretário), diz lamentar “mais um episódio da famosa cultura do ódio que se instalou em nosso país, e que está atingindo diferentes membros da Igreja católica no Brasil afora”. Segundo os bispos do Regional Norte1 da CNBB “são atitudes lamentáveis que tem que levar às autoridades a tomar providências e à sociedade a refletir sobre o rumo que está tomando”. É por isso, que a carta destaca que “como Igreja da Amazônia mostramos nosso apoio para com alguém que assumiu o cuidado da casa comum e a defesa dos mais pobres como atitude que marca seu ministério episcopal”, lembrando que “a encíclica Laudato Si e o Sínodo para a Amazônia têm nos ajudado a ser uma Igreja que faz opção por esse cuidado da Criação e pelas vítimas dos abusos cometidos pelos poderosos, uma conta que é paga sobretudo pelos mais pobres. Esta é uma realidade muito presente na nossa querida Amazônia”. Os bispos afirmam que “cientes de que somos chamados a defender a democracia em nosso Brasil, um país onde cada dia somos desafiados a viver e conviver com as diferenças, defendemos a maturidade e uma atitude de diálogo como caminho de solução para os diversos problemas e urgências de nossa sociedade, e assim buscar a construção da justiça e da paz, da sociedade do Bem Viver”. Finalmente, a Presidência do Regional Norte1 da CNBB diz que “lembrando o convite de Aparecida, que nos chama a sermos todos discípulos missionários, a assumirmos nosso grande compromisso com a Evangelização que humaniza nossa gente e com a defesa daqueles que são vítimas da falta de cuidado, lhe enviamos nosso abraço solidário, nossa comunhão e prece diretamente do coração da Amazônia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

I Encontro de Interculturalidades e memórias dos povos indígenas: “mostrar o Brasil que queremos”

No último dia 12, jovens indígenas de diversos povos promoveram junto à Pastoral Indigenista o “I Encontro de Interculturalidades e memórias dos povos indígenas”. A atividade desenvolvida é fruto do permanente diálogo entre a juventude indígena e a pastoral, anteriores à Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Manaus, ocorrida no final do mês de outubro, e que vêm estreitando os laços e construindo ideias que visam o bem viver dos povos indígenas que estão em Manaus e entorno. A ideia de se construir uma proposta intercultural diz respeito aos complexos e diversos povos étnicos que ocupam o território do Amazonas, e embora sejam povos tão distintos entre si, pretende-se com esta atividade articular relações e fortalecer os vínculos, onde jovens das diversas calhas dos rios do Amazonas se enxerguem como filhos e herdeiros de uma ancestralidade que lhes entrelaça a um passado e presente de atuação e de mobilização. Nesse contexto, os jovens trouxeram consigo suas experiências tanto de comunidade quanto de contexto urbano para dialogar, aprender e contribuir para uma perspectiva de mundo mais indígena, independente do povo. Nesta primeira oportunidade, com o objetivo de articular um encontro dos povos e promover o diálogo acerca da importância do conhecimento tradicional, os jovens estiveram ouvindo as lideranças políticas e religiosas, Emilson Munduruku, Estevão Tukano e Daniel Piratapuya, numa intenção de fortalecer a relação cosmológica, linguística e cultural dos povos indígenas em Manaus, e elevar a importância do protagonismo da juventude para a defesa dos direitos fundamentais dos povos indígenas na atualidade. E com esse princípio, almejamos construir juntos, um projeto plural, com encontros que abordem temáticas que leve em consideração as reais necessidades da juventude; como a luta pela educação e pelas garantias de acesso e permanência nas universidades, pela saúde, pelos direitos das mulheres, das crianças e pela diversidade sexual e de gênero. E por meio disto a juventude que é diversa, mas almeja se unir em um só povo para lutar pelos seus e mostrar o Brasil que queremos. Não o Brasil “oficial”, construído pelas mãos de quem quer nos ver em baixo, excluídos, mas o Brasil real, diverso, pluriétnico, plurilinguístico; tal qual são os povos do Amazonas. Visualizando as lutas dos nossos ancestrais, aprendemos que diante das diversas tentativas de violências e de conflitos que sempre rondou nossos povos, a melhor forma de permanecermos vivos era se defendendo juntos, uns aos outros. Os tempos são outros, mas as lutas foram incorporadas, tomaram novas formas, novos espaços e nomes. Hoje temos novos recursos, novos métodos, novos aliados. A juventude indígena que aqui está agradece a pastoral indigenista do Amazonas e a Arquidiocese de Manaus pelo trabalho desenvolvido coletivamente, pela parceria e pela luta travada que busca da visibilidade e criar meios para que a voz dos jovens indígenas que já ecoam, possam ser escutadas e tomar o protagonismo que lhes diz respeito. Texto: Coletivo Juventude Indígena Fotos: Ariene Susui

Dom Ionilton: “O Congresso tem me ajudado a ver Jesus naqueles que estão à margem da sociedade”

A Arquidiocese de Olinda-Recife acolhe de 11 a 15 de novembro de 2022 o 18º Congresso Eucarístico Nacional. Um encontro postergado pela pandemia que tem como tema “Pão em todas as mesas”. Um Congresso para o que o Papa Francisco pede que reforce nos fiéis o desejo de prosseguir no caminho de diálogo fraterno com todos”. No encontro participam três bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, o Bispo auxiliar emérito Dom Mário Pasqualotto, e Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara. No 18º Congresso Eucarístico Nacional também está presente o Reitor do Seminário São José de Manaus, Padre Zenildo Lima, além outros padres, representantes da Vida Religiosa e do laicato do Regional. Dom Ionilton está vivendo o Congresso como “uma oportunidade de reafirmar a nossa fé na presença real de Jesus na Eucaristia”. O Bispo da Prelazia de Itacoatiara diz que “esse é o objetivo maior num Congresso Eucarístico, mas também a partir do tema do Congresso, ‘Pão em todas as mesas’, e do lema “Não havia necessitados entre eles”, a gente reafirmar que esse Cristo presente na Eucaristia, no pão e no vinho consagrados, é o mesmo Cristo que está presente em toda pessoa humana e de modo especial nos mais pobres, com quem Ele se identifica, como Ele mesmo diz no Evangelho de Mateus 25, 31-46, ‘o que fizerem a um dos mais necessitados é a mim que faz’”. Segundo o bispo, “o Congresso com esse lema tem me ajudado a reafirmar esse caminho de ver Jesus na pessoa dos humildes, do marginalizado, do empobrecido, daqueles que estão à margem da sociedade e que precisam do nosso apoio, do nosso serviço pastoral, do nosso cuidado”. Do vivenciado, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira destaca que “estes dias aqui têm servido para que a gente observar que estamos nesse caminho com a Igreja na América Latina, com a Igreja no Brasil através da CNBB, no nosso Regional”. O Presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), destaca que “isso serve para reafirmar Jesus realmente presente no pão consagrado, no vinho consagrado, na Eucaristia que a gente comunga para ser força para nosso caminho na vivência da fé e da vocação. Mas também é esse Jesus que nos aponta para o mais pobre, que nos aponta realmente para aquele que está neste momento sem pão e que precisa da nossa caridade, da nossa solidariedade”. Dom Ionilton lembra que vai ser realizada a Casa do Pão, “como expressão maior dessa presença de Jesus no pobre. E essa Casa do Pão vai servir de modo especial para as pessoas em situação de rua”. Ele o vê como “um gesto concreto do Congresso da Arquidiocese de Olinda-Recife, mas que estimula a todos nós de todo o Brasil para também a fazer esses gestos concretos a partir do nosso amor a Jesus na Eucaristia”. O Bispo da Prelazia de Itacoatiara também diz que “como expressão dessa sintonia, de ouvir o grito de Jesus na boca do faminto, e acolher o mandato de Jesus ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’, o Congresso convidou também às Pastorais Sociais para no espaço do Centro de Convenções, onde se realiza a maior parte das atividades, ali pudessem estar as Pastorais Sociais e os organismos, Caritas, Rede um Grito pela Vida”. Uma oportunidade que o Presidente da CPT vê como possibilidade de “mostrar o trabalho que fazem”. Segundo Dom Ionilton, “isso tem sido muito bom porque são muitas pessoas que circulam nesses espaços e que muitas vezes não conhecem o trabalho que as Pastorais Sociais e esses organismos da nossa Igreja fazem em favor dos pobres, como expressão dessa solidariedade que a Igreja sempre deve ter com quem mais precisa do nosso amor, do nosso cuidado”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Não tem sentido celebrar a Eucaristia num modelo de espiritualidade intimista”

O 18º Congresso Eucarístico Nacional está acontecendo na Arquidiocese de Olinda-Recife de 11 a 15 de novembro. Um momento para refletir sobre a Eucaristia desde diferentes visões. Numa das oficinas, Dom Leonardo Steiner refletiu sobre o tema “Eucaristia e as dimensões sacerdotal, profética e régia do Batismo”. O Arcebispo de Manaus, desde o que diz o Documento Conciliar Lumen Gentium, começou falando sobre o chamado a refletir “a partir do lugar de onde viemos e falamos – a Arquidiocese de Manaus – sede do IX Congresso Eucarístico Nacional, aquele que nos ofereceu a V Oração com sua teologia mistagógica – mas sobretudo, enquanto uma Igreja que se encarna na Amazônia e lá se faz corpo eucarístico!”. O Cardeal Steiner lembrou o chamado da Lumen Gentium a “perceber a Igreja como Povo de Deus! Povo de Deus, visibilização do Reino de Deus, instaurado pela pregação, morte e ressurreição de Jesus. Somos recebidos no Povo de Deus pelo batismo. É no batismo que fazemos parte de um povo sacerdotal, um povo de profetas e um povo régio”. Desde aí apresentou sua reflexão tendo como base a V Oração Eucarística do Missal Romano em sua edição para o Brasil. Ele começou pelas palavras que dizem: “Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós…”, desde o contexto da pós pandemia, afirmando que “carência de sentido da existência humana, emergência de modalidades de convivência pautadas por intolerâncias e agressões, ameaças aos sistemas democráticos, crise ambiental, dentre outros, faz emergir a pergunta da presença de Deus”. Algo que vai além da Teologia, que é “uma questão pastoral, evangelizadora, missionária: a capacidade da comunidade eclesial de explicitar esta presença no bojo de seu ensinamento, de sua liturgia, de sua práxis”, refletindo sobre o modo de celebrar a Eucaristia no meio da pandemia, “em condições até questionáveis, não para salvaguardar um preceito, mas para permitir o encontro com uma presença”. O trecho que diz “…este pão que alimenta e que dá vida, este vinho que nos salva e dá coragem…”, segundo Dom Leonardo “contempla a ação de Deus que prepara uma mesa para o pobre e a solidariedade na encarnação do Verbo, sinais de uma compaixão e presença perene na Eucaristia como memorial do agir de Deus que continua sua ação através da comunidade eclesial a fim de que haja pão em todas as mesas”, uma ideia presente na oração do atual Congresso, que “se entende em perspectiva de sinodalidade”, destacando a dimensão comunitária, social e profética da ceia do Senhor. Refletindo sobre “…o Espírito nos uma num só corpo, para sermos um só povo em seu amor…”, que supera os estereótipos que aprisionam “a ‘Eucaristia’ a um ostensório geralmente conduzido por um ministro ordenado”, para abordar “o mistério eucarístico em relação à assembleia”, o que fundamenta que “A Igreja se faz carne e arma sua tenda na Amazônia”. Segundo o Cardeal da Amazônia, “esta comunhão eucarística sustenta a vida de comunidades eclesiais nas regiões mais remotas que, embora não tendo com a necessária frequência a celebração memorial do sacrifício do Cristo, estruturam-se de modo eucarístico em uma corporeidade ministerial”.  Daí lembrou o encontro de Santarém do passado mês de junho, onde os bispos da Amazônia “reafirmaram esta concepção eclesiológica que situa a encarnação da Igreja na realidade, como participação no processo encarnatório do Verbo”, uma ideia presente no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, que destaca que “estes caminhos de encarnação são também caminhos de inculturação e interculturalidade”. Destacar a comunidade eclesial como sujeito da ação litúrgica, ajuda a superar “uma concepção da ministerialidade que gravita em torno da individualidade do ministro”, um risco que apareceu de novo com a pandemia e as Eucaristias sem a presença da comunidade. Nesse sentido, falando sobre o jejum eucarístico imposto, Dom Leonardo recordou que essa realidade está presente na Amazônia. Abordando o tema da oficina, Dom Leonardo refletiu sobre o triple múnus do Batismo: a dimensão profética, sacerdotal e regia. A primeira tem como base o “…falando conosco por ele…”, afirmando que “o ‘múnus’ profético de Jesus realiza-se na assembleia pela palavra proclamada”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “a Eucaristia é sempre um gesto profético, um memorial profético”, afirmando que “a Palavra de Deus ressoada profeticamente torna-se ‘pão para todas as mesas’”, destacando que “cada membro da assembleia litúrgica no exercício de seu múnus profético garante às mesas da história, mesa dos pobres, mesa da política, mesa do saber, mesa dos desesperançados…”.  A importância da Palavra faz com que o cardeal afirme que “não é possível vivenciar a profecia se a assembleia não for acolhedora da Palavra e nela perseverar”, algo presente na Amazônia, “uma Igreja discipula da Palavra”, que se abre a diversas culturas, pessoas, religiões, “através de um diálogo respeitoso, que não se impõe e nem exclui ninguém”, pois “profecia e pluralidade não são categorias que se opõem, mas que se desafiam”. A dimensão sacerdotal é abordada desde a frase “…recordamos, o Pai, neste momento, a paixão de Jesus, nosso Senhor, sua ressurreição e ascensão…”, afirmando que “a participação na memória do sacrifício não restringe o sacerdócio do batizado a uma expressão cultual, mas faz deste um participante do mesmo sacrifício do Cristo e com ele se faz oferente”. Segundo o Cardeal Steiner, “a participação no sacerdócio de Jesus conduz à vivência deste amor até o fim”. Algo que tem a ver com um “sacerdócio ministerial” presente em todo batizado. Dom Leonardo criticou “uma apropriação que o presbítero faz do rito. A demasiada acentuação do aspecto sacrifical, inclusive como articulação do espaço sagrado, proporciona uma distância entre assembleia e altar”. Nesse sentido, o “fazei isto em memória de mim”, é visto pelo cardeal como “um mandato de salvaguarda da misericórdia”, uma urgência “num mundo que se esqueceu da compaixão”. O monopólio do sacerdócio ministerial pode levar a que “a comunidade acaba tendo um papel passivo na profecia e no pastoreio (régio)”, algo que pode ser recuperado desde a sinodalidade. Olhando para as longínquas regiões da Amazônia, Dom Leonardo as vê como “comunidades eucarísticas sem…
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Escola Vocacional na Amazônia: Um Cristo distante da vida não pode ser a escola de nenhum vocacionado sério

O Centro de Formação Maromba da Arquidiocese de Manaus acolhe de 11 a 15 de novembro a Terceira Etapa da Escola Vocacional, que conta com a participação de 70 pessoas de toda a Amazônia. O tema deste ano é “Graça, vocação e profecia: por uma Igreja sinodal na Amazônia”. Uma escola que neste ano, “ela procura enraizar as propostas do Sínodo amazônico, nessa dimensão vocacional”, segundo o Ir. Ronilton Santos. O irmão Marista também destaca a profunda sintonia com os 50 anos de Santarém e com o Ano Vocacional Nacional. Uma Escola que quer ajudar a descobrir “a importância da formação das lideranças para continuarem o trabalho de articulação da Pastoral Vocacional nas igrejas particulares, tendo em vista também o Ano Vocacional que celebramos em 2023”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. A Secretária Executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acolheu os participantes em nome da Presidência do Regional, destaca a necessidade de “trabalhar as vocações na Amazônia e para a Amazônia a partir da realidade de cada diocese e prelazia”. O Ir. Ronilton, que faz parte da coordenação da Escola, destaca o fato de “trazer essa dimensão das temáticas vocacionais a partir da realidade amazônica, os temas, procurar olhar para a realidade e ver como as vocações estão surgindo ou não estão surgindo na Amazônia, como é que a gente vai trabalhar a vocação leiga na Amazônia, que importância que nós estamos dando para essas vocações”. “Ajudar com que as pessoas, elas possam realmente se despertar para acompanhar outras pessoas a viver sua vocação”, é um elemento importante segundo a Ir. Gervis Monteiro da Silva. “Uma vocação à vida, a vocação humana, o sentido de pertença à Igreja, sentir-se discípulos missionários, pessoas envolvidas vivendo seu Batismo”, insiste a religiosa Paulina. Algo que tem que levar, na linha do Concílio Vaticano II, a “criar uma cultura vocacional na Igreja, fazer com que todas as pessoas, toda a Igreja, todos os batizados, padres, religiosos, leigos, as famílias, se sentam mesmo responsáveis de animar as pessoas para viver a sua vocação na Igreja, nos diferentes ministérios”, buscando fazer com que “a Igreja se torne cada vez mais ministerial”. Sobre as vocações na Amazônia a Igreja dá duas dicas, segundo o Padre Vanthuy Neto. Ele destaca a necessidade de “ficar perto das pessoas pelo caminho da encarnação”, insistindo em que “não tem como ser vocacionado da Escola de Jesus Cristo no distanciamento das pessoas e da vida das pessoas, seus desafios de vida, seus problemas e situação. Os vocacionados são chamados a viver uma comunhão de intimidade, de destino com as pessoas que nos é colocado para viver”. O Padre Vanthuy, que é um dos assessores da Escola, diz que “não é possível viver a vocação numa experiência de distanciamento”, fazendo um chamado a desde a sinodalidade, caminhar juntos. Isso é visto como um desafio e uma graça muito grande, porque “quando a gente pode estar no meio das pessoas, viver com elas, a gente vive um processo muito parecido com o de Jesus, de desapego, de aprender coisas com as outras pessoas, mas também de dar”. O Padre da Diocese de Roraima coloca como exemplo “esse movimento de São Francisco de dar e receber é muito bonito na vida dos vocacionados”. Em um mundo que cada vez mais aumentam grandes situações que negam a humanidade, diz o Padre Vanthuy Neto, colocando como exemplo o garimpo, a questão da mineração, a questão energética, que tanto atinge os povos indígenas, ele insiste em que “não tem como ser vocacionado e não defender a vida desses menores. Não tem como estar na Amazônia a não defender os povos indígenas”. Também se refere à importância de “descobrir uma boa companhia do povo de Deus, as pessoas simples, com os passos que aqui se tem”, sem buscar evasão o que acontece em outros lugares. Nesse sentido, se referindo à experiência de Missão dos seminaristas do Seminário São José de Manaus na Prelazia de Borba, destaca o fato de ficar no meio do povo, pescando, tirando açaí, algo que desafia a “entrar na vida das pessoas com muita simplicidade”. Finalmente, o Padre Vanthuy ve imprescindível “falar da pessoa de Jesus, do Verbo de Deus que tomou a nossa experiência, escolheu um lugar, que foi o lugar dos pobres, dos simples, quis viver com eles, teve um estilo de pobre e morreu pobre”. Por isso, “não tem como ser vocacionado se não conhecer a pessoa de Jesus e conhecer aqueles que querem bem a Jesus, os pobres, os simples, acompanhando os missionários, os padres, acolher também quem chega aqui”, salienta. Algo que faz referência ao Documento de Santarém, que diz que “dar a conhecer a pessoa de Jesus é um grande desafio hoje aqui na Amazônia, de modo especial nesse modelo de Igreja cada vez mais de um Cristo desencarnado, de um Cristo que é apresentado como poderoso, mas distante da vida das pessoas”. Seguindo o que escreve São Paulo: “quem nega a encarnação de Cristo, se torna um anticristo”, ele reflete sobre “uma propaganda tão grande de um Cristo distante da vida dos homens, das mulheres”, dizendo abertamente que “essa não pode ser a escola de nenhum vocacionado sério”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Rose Bertoldo: “Somos convidadas a fortalecer a construção de pontes que unem sonhos de tempos melhores”

Neste trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum “somos convidadas a não ter medo a seguirmos no firme propósito de trabalhar pela justiça e pela paz, pois vivemos tempos fecundos de esperança”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Ela destaca que “a Liturgia nos encoraja a não ter medo, a esperançar, já nos anuncia o profeta, pois percebe que a situação em que o povo vive não é nada boa”.  “O profeta denuncia todas as formas de injustiça e anuncia uma mensagem de esperança: ‘o sol da justiça se levantará para os justos, trazendo a salvação’”, afirma a religiosa. Segundo ela, “Deus conduz a história e acompanha nosso caminhar, que sem dúvida é permeado por muitas dificuldades”. Citando o texto do Evangelho: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”, a Secretária Executiva do Regional Norte1 afirma que “o texto descreve o que estamos vivendo: guerras, perseguições dos defensores de direitos, aumento da fome, das violências, miséria, desemprego…”. A Ir. Rose destaca que “o Evangelho nos mostra que perseguições e oposições fazem parte do caminho de todos aqueles que buscam ser fiéis discípulos de Jesus. Ele nos fortalece e nos anima para reagirmos e não nos acomodar, buscar meios para transformarmos as situações de morte e reconstruir a vida na luta pelos direitos, pela dignidade e vida plena”. Refletindo sobre o texto, a religiosa diz que “quando seguimos Jesus, vamos descobrindo que permanecem ainda muitos muros visíveis e invisíveis por derrubar; é preciso entrelaçar mãos que construam pontes de reconciliação e não de divisão; essas mesmas mãos que, em lugar de empunhar armas, devem pegar em martelos para derrubar as paredes do ódio e da intolerância”. A Secretária Executiva do Regional Norte1 da CNBB faz um chamado a que “não esqueçamos esta dura realidade: também aqueles que constroem muralhas acabam se tornando vítimas de sua sandice; tornam-se prisioneiros das fortalezas que constroem, vítimas do próprio veneno da soberba e da crença de que são donos da verdade. Tudo isso é expressão de um coração petrificando que insiste na cega ignorância de que estão certos”. Diante disso, a Ir. Rose faz vez que “somos convidadas a fortalecer a construção de pontes que unem sonhos de tempos melhores, onde a solidariedade, a partilha nos movem ao encontro das multidões que foram descartadas dos seus direitos”.  A religiosa comenta sobre o Dia Mundial dos Pobres, instituído no dia 20 de novembro de 2016 pelo Papa Francisco dizendo: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.  Citando a sua mensagem para este ano, ela lembra que o Papa Francisco escolheu o versículo bíblico: “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9), “uma sadia provocação para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual”. Diante disso a religiosa pede “que possamos neste tempo viver a solidariedade que é partilha do pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra”. Finalmente, a Ir. Rose destaca que “quanto mais cresce o sentido de comunidade e comunhão como estilo de vida, tanto mais se desenvolve a solidariedade e o compromisso com os mais pobres”, pedindo “que este Dia Mundial do Pobre se torne uma oportunidade de graça, que nos ajude a sermos mais humanas e cuidadoras da vida”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

REPAM toma postura diante da COP27, “um percurso de hipocrisia climática”

Um momento de comunhão com os povos de diferentes pontos do mundo, que estavam em sintonia com aqueles que na noite do dia 10 de novembro, dento do Comitê Ampliado da Rede Eclesial Pan-Amazônica, realizado em Manaus os dias 10 e 11 de novembro, se reuniram para refletir sobre a COP27. Uma sintonia que nasce do fato de “sentir como nós sentimos que a Amazônia está no centro do mundo”, segundo o Padre Dário Bossi. Um momento em que se fizeram representantes de outras igrejas, que na mesma data realizaram em Manaus o encontro “Amazônia de todas as Lutas”, organizado pela Coordenadoria Ecuménica de Serviço (CESE), que reuniu uma diversidade enorme de povos originários de toda a Amazônia Legal para escutar o clamor que vem dos povos originários, as suas lutas, as suas dores, os seus enfrentamentos, as suas resistências. Algo que a Pastora Sônia Mota, Diretora Executiva da CESE considera “um manancial, porque nos desinstala, porque nos incomoda, porque nos tira também do nosso chão e faz com que cada vez mais a gente se conecte uns com outros, umas com as outras, pelo cuidado da casa comum” Pessoas que se sentem parte de um mesmo objetivo, o cuidado da casa comum, a “oikomene”, o que se faz realidade na caminhada em comum entre a REPAM e a CESE, nascida no Fórum Pan-Amazônico, onde foi criado um tapiri ecuménico, um tapiri interreligioso, que levou a “escutar os gritos da Amazônia, e como é que a gente enquanto comunidade de fé, enquanto pessoas que ouvem o Deus que cria, que nos dá para cuidar desta casa comum, qual é a nossa responsabilidade diante de um mundo que clama que quer respirar”, afirmou a pastora. “Diante de uma natureza tão degradada, de uma natureza tão vilipendiada, qual é a nossa responsabilidade?”, se questionou, chamado a se perguntar o que temos feito como sal da terra e luz do mundo que somos. Uma COP27 que tem provocado uma grande insatisfação, sendo definida por alguns como “um percurso de hipocrisia climática”, segundo Padre Bossi, que lembrou as palavras do Secretário da ONU, Antônio Guterres, que diz que “o risco é de tornar a COP um slogan, uma campanha de mercado, uma cerimonia esvaziada”. O religioso Comboniano lembrou a força de outras COP, como Paris, logo depois da publicação da Encíclica Laudato Si´, o que provocou um entusiasmo, uma expectativa, metas bastante concretas de exigência, mas que não só não foram cumpridas, senão que hoje são vistas como inalcançáveis. Num mundo que hoje vive uma insegurança energética que levou países desenvolvidos e tecnologicamente sofisticados, como a Alemanha, a retomar os combustíveis fósseis como fonte de energia, isso faz mais difíceis os acordos. Diante disso, o Padre Bossi fez ver que a COP continua porque “é conveniente oferecer falsas soluções, construídas e propostas por aquele próprio sistema que causou o aquecimento”. Daí denunciou que “o sistema capitalista agora sugere a venda dos créditos de carbono”, e junto com isso o fato de qualquer país do Norte Global poder seguir poluindo a condição de investir para um país do Sul Global absorver o CO2 que produz. Um fenómeno que denomina “a financeirização da natureza”, considerando “dramático poder calcular quanto pode valer uma árvore, um rio, uma população indígena”, um perigo quando se buscam essas falsas soluções, insistiu. Aos poucos a sociedade civil foi deixando de se posicionar frente à COP, algo que tem a ver com o fato desta COP ser realizada no Egito e a próxima na Arábia Saudita, dois países bem conhecidos pela sua falta de liberdade de expressão e perseguição de líderes ambientalistas. Isso faz com que as pessoas se sintam COP em diferentes lugares do mundo, insistindo em que “a solução à crise climática vem da sofisticada tecnologia dos povos em seus territórios, ela vem daquela experiencia amadurecida ancestralmente, de uma convivência equilibrada com a natureza, onde ninguém domina ninguém. Mas essa solução é tão distante do modelo que temos construído que não convém propô-la e defendê-la”. Uma situação que levou o Padre Dário a pedir uma reforma das Nações Unidas, “para que os povos tenham voz, acima inclusive da economia e dos governos”. Diante de tudo isso, a REPAM tem tomado posição, com uma Declaração de Manaus diante da COP27, “para seguir gritando junto com o Papa Francisco, por seu sonho de uma Amazônia que luta por seus direitos, os direitos dos mais esquecidos”, denunciando a situação da terra, dos rios, do ar, “numa corrida desenfreada rumo à morte”, e exigindo “mudanças radicais e urgentes”, para evitar consequências catastróficas para todo o planeta. Por isso, deixa claro que “Sem a Amazônia, não há vida nem humanidade possível”. Uma realidade que leva a REPAM a dar um basta diante de acordos que ficam como letra morta, da falta de uma promoção eficaz dos direitos humanos, sobretudo dos povos da Amazônia. Um mundo chamado a olhar para os verdadeiros sábios e sábias sobre a água, a terra, as árvores e as plantas, ainda mais diante de uma atitude que Querida Amazônia chama de “injustiça e crime”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “O Reino de Deus se visibiliza quando os nossos povos originários começam a ser respeitados”

No Evangelho Jesus é perguntado pelo Reino de Deus, “o Reino de Deus que sonhamos, o Reino de Deus que nos atingiu, o Reino de Deus que se tornou nosso horizonte,  o Reino de Deus que se fez nossa esperança, o Reino de Deus que se fez nosso viver, o Reino de Deus que é a razão de estarmos aqui, de juntos tentarmos sempre de novo, a través de todos os meios, tornar visível o Reino de Deus”, afirmou o Cardeal Leonardo Steiner no Comitê Ampliado da Rede Eclesial Pan-Amazônica que está sendo realizado em Manaus os dias 10 e 11 de novembro de 2022. Dom Leonardo ressaltou as palavras de Jesus no Evangelho, onde diz que “o Reino de Deus não vira ostensivamente, não virá com força, com violência”, denunciando o momento tão difícil que o Brasil está vivendo de tanta violência. O Arcebispo de Manaus afirmou que “o Reino de Deus tem uma suavidade enorme, não que seja frágil, ele tem um vigor próprio, o vigor da semente”. O cardeal insistiu em que “a vida que está por implodir, a vida que está por nascer, ela nunca nasce na ostensividade, nasce lenta, suave, cotidianamente, sempre, todo dia”. O Arcebispo insistiu em que “esse Reino de Deus que nós sonhamos, esse Reino de Deus que nos motiva, esse Reino de Deus que veio na suavidade da Cruz e na força da Ressurreição, que nos motiva e nos faz buscar todos os meios para que se torne visível”. Ele lembrou que “a REPAM, a CEAMA, as nossas comunidades, as nossas igrejas, o nosso estilo de vida, mas especialmente aquilo que diz Jesus das nossas relações, o Reino de Deus se torna visível através das relações”. O Cardeal da Amazônia ressaltou que “o Reino de Deus só acontece com relações novas, o Reino de Deus acontece quando nós nos abrimos realmente como irmãos e irmãs, nas diferenças, quando nos respeitamos profundamente, quando como nos diz o Papa Francisco em Querida Amazônia, quando nós sonhamos juntos os sonhos, temos um sonho só, de novas relações”. Dom Leonardo fez um chamado a que “a REPAM, a CEAMA, nos ajude a criar relações novas, jamais ter medo, jamais dar um passo atrás quando se trata de visibilizar o Reino de Deus”. O Reino de Deus se visibiliza, afirmou o Cardeal, “quando existe esta harmonia, quando os nossos povos originários começam a ser respeitados, na sua cultura, no seu modo de ser, na sua cosmovisão”, questionando “como nós como Igreja nos colocamos a serviço, que povos nos escutamos, quando escutamos e percebemos que as relações do Reino já estão presentes”, e chamando a “ser testemunhas de Jesus, testemunhas do Reino”. Dom Leonardo disse que “se desejamos um rosto amazônico, e o rosto amazônico ele é tão diverso, mas ele vai colorindo, vai dando um rosto único nas suas diferenças, suas diversidades, o mundo urbano, sua vida cultural, sua vida social, sobre o ambiente, vai dando devagarinho um rosto, tantos rosto, mas que só se torna um rosto verdadeiro quando é visibilizado pelo Reino de Deus, que não é nosso, que nós ganhamos, que nós recebemos, e que recebemos gratuitamente, do alto da Cruz pela Ressurreição”. O Vice-presidente da CEAMA se referiu ao rito amazônico, uma das propostas do Sínodo para a Amazônia, “que está fazendo a sua caminhada, nas discussões, reflexões, mas há necessidade de irmos junto aos povos originários buscarmos as expressões deles de religiosidade”, algo que está sendo feito em diversas regiões da Amazônia, no Brasil e em outros países, onde “nós sabemos que existe uma riqueza de religiosidade dos nossos povos”, destacou. Um trabalho que será realizado por dois pesquisadores que irão recolhendo diversas experiências muito interessantes que existem, relatando a vivida pelo Cardeal com o povo Xavante no tempo que ele foi Bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia, com um rito próprio de iniciação à vida cristã e de celebração da Eucaristia, na própria língua, fazendo realidade aquilo que o Papa Francisco fala em Querida Amazônia, o Evangelho que se incultura, e não são eles que têm que se adaptar à nossa cultura. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1