Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Dom Pedro Luiz Stringhini: “Salvar a Amazônia é salvar a vida da humanidade”

Dom Pedro Luiz Stringhini é Bispo da Diocese de Mogi das Cruzes (SP), e Presidente do Regional Sul1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que tem uma presença missionária no Regional Norte1, um intercambio missionário que segundo o bispo, “é sempre um enriquecimento para a Igreja, não é para aquela que recebe, isso temos muita consciência, mas é para aquela que envia também”. Dom Stringhini afirma que “aquela que envia não é que tem tudo, precisaria receber também, e por tanto, receber ajuda humana, pastoral, ministerial”. Ele insiste em que “esse intercambio intereclesial enriquece toda a Igreja”. O Presidente do Regional Sul1 da CNBB visitou a Prelazia de Itacoatiara, com a qual tem relação pela sua experiência missionária na paróquia de Urucará nos anos 1975 e 1976, onde morou antes de fazer a Teologia participando durante dois anos do Projeto Igrejas Irmãs São Paulo-Itacoatiara, um projeto firmado entre Dom Paulo Evaristo Arns e Dom João de Sousa Lima, Arcebispo de Manaus, porque não tinha bispo em Itacoatiara naquele momento. Dom Pedro Luiz Stringhini lembra que naquele tempo vieram padres, religiosas e alguns leigos de São Paulo. Nesse tempo chegou em Itacoatiara o Padre Jorge Marskell, de Scarboro, canadense, que depois se tornou Dom Jorge Marskell, “um bispo queridíssimo”, a quem sucedeu o também falecido Dom Carillo, lembra o bispo, os dois sepultados na Catedral de Itacoatiara. Lá, ele celebrou no dia 1ª de novembro a Festa de Nossa Senhora do Rosário, Padroeira da Prelazia, junto com o bispo atual Dom José Ionilton. O Projeto Missionário do Regional Sul1 já está no Amazonas há 27 anos, na diocese de São Gabriel da Cachoeira e na Prelazia de Tefé. Seu presidente lembra da presença missionária do Regional há 8 anos na Diocese de Pemba, em Moçambique, afirmando que “é assim que vamos tentando exercitar este espírito missionário”. Ele insiste em que “poderia ser ainda melhor se mais sacerdotes se oferecessem, estamos sempre motivando, porque no Estado de São Paulo há dioceses carentes de padres, mas há dioceses com um bom número de padres”, dentre elas a Diocese de Mogi das Cruzes, onde ele é bispo, que tem padres missionários na África, na França, na Bahia. “É este esforço de um intercambio missionário que dá vitalidade à Igreja e dá alegria para todos nós”, segundo o bispo. O Bispo de Mogi das Cruzes afirma que “uma experiência missionária para um leigo, como foi o meu caso, para uma religiosa, um religioso, um padre, um diácono, um seminarista, marca a vida de todos nós, uma experiência missionária faz alargar o nosso olhar. Por isso que as dioceses hoje, a minha também, procuram que os seminaristas, seja no tempo de férias, seja depois que terminam o estudo, que façam também alguma experiência nesse sentido. Isso tem ajudado”. Dom Stringhini destaca a importância do COMISE, o Conselho Missionário dos Seminaristas, “porque aquele que faz missão, seja seminarista, padre, leigo, leiga, tem mais facilidade de olhar a realidade dos que sofrem”. “Um que vai em missão, depois quando está na própria diocese também tem mais sensibilidade para olhar para o povo da rua, para olhar para os presos, para olhar para as periferias”, reflete o bispo. Ele lembra que o Papa Francisco, “ele trouxe essa expressão muito cara a todos nós, termos esta sensibilidade para com as periferias geográficas e existenciais”. Em relação com a Amazônia e a Igreja da região, o Presidente do Regional Sul1 afirma que para o povo de São Paulo, do Sudeste, do Sul, em geral, “a Amazônia é uma realidade diferente e distante, e por isso, o Papa Francisco, com esse olhar preferencial para a Amazônia, ajudou também e ajuda a toda a Igreja”. Segundo o bispo, “ele falando, o Sínodo chamou a atenção, aí nós bispos falamos mais, os padres também e o povo vai entrando”. Ele destaca que “o mundo olha para a Amazônia no sentido da preservação da casa comum, da preservação ambiental. Com muita preocupação nesse governo que está se encerrando, que não só não olhou, como de propósito ajudou destruir mais”. “O mundo olha, a sociedade mundial olha para a Amazônia, e temos que fazer com que a sociedade brasileira também tenha esta sensibilidade, esta preocupação”, ressalta o bispo. Ele diz que “no fundo é uma preocupação com a defesa da vida, salvar a Amazônia é salvar a vida da humanidade, o ar, a água, as chuvas, a biodiversidade. Não é todo lugar que tem uma preciosidade, uma beleza, além claro da contemplação da beleza de Deus”. Por isso não duvida em afirmar que “Papa Francisco tem nos ajudado neste e em tantos outros aspectos”, citando como exemplo a Laudato Si´ e o Documento de Aparecida, que também se deve muito a ele quando não era nem Papa, como cardeal Bergoglio. Segundo o bispo, “nós temos tantos meios para não sermos uma Igreja acomodada, e aqui na Amazônia, o que a gente sabe, eu pessoalmente até vi no meu tempo que estava aqui, vi também nestes dias, e é muito positivo, tanta participação dos leigos e das leigas, que não são só espectadores da vida da Igreja, mas que são participantes, que são agentes de pastoral lá na comunidade onde estão, seja na comunidade da cidade, no mundo urbano, que é um desafio, mas também nas comunidades ribeirinhas”. São elementos que o levam a dizer que “a nossa Igreja graças a Deus é viva, é dinâmica, cheia de desafios, mas cheia de esperança”. Diante das ameaças que a Amazônia e os povos que a habitam estão sofrendo, Dom Stringhini vê preciso “uma postura eclesial sensível, mas é preciso também uma postura política, que muitas vezes falta no nosso povo, até o povo católico”. O Bispo de Mogi das Cruzes insiste em que “quando o povo católico não percebe isso, pessoas da nossa Igreja, porque se a sociedade ficou bastante dividida politicamente, dentro da Igreja também”. Isso o leva a dizer que “é um grande desafio, a gente olha com preocupação, eu pessoalmente vejo com…
Leia mais

Lançado no Brasil A Carta: “Convite para juntos trabalharmos incansavelmente para a construção de um mundo diferente”

No dia 4 de outubro, na festa de São Francisco de Assis, foi lançado no Vaticano o filme “A Carta”, que já teve mais de 8 milhões de visualizações no YouTube. Quando é falado em preservação do Planeta, logo vem na mente das pessoas a Amazônia, uma preocupação para a Igreja católica no Brasil, que nas igrejas particulares da região amazônica e na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a través da Comissão Episcopal para a Amazônia e a Rede Eclesial Pan- Amazônica, tem se empenhado nesse objetivo. Daí a importância do lançamento em português desse filme no dia 3 de novembro na sede da CNBB. Um filme que “faz parte de um grande desafio”, segundo Dom Joel Portela. O Secretário Geral da CNBB insistiu em que “não é apenas um filme ecológico, não é apenas um filme social”, e sim “um convite para juntos trabalharmos incansavelmente para a construção de um mundo diferente desse que aí está diante de nós, que algumas vezes nos entristece e outras vezes também nos envergonha”. Ele fez ver a necessidade de um mundo diferente, de um mundo que não esteja marcado pela “globalização da indiferença”, denunciando “as muitas dores que marcam o mundo dos nossos dias”. Por isso, insistiu em que “diante dessas dores, nós não podemos permanecer indiferentes, na ilusão de que se não nos atingiram, não temos porque nos preocupar”, algo que “anestesia a nossa consciência e os nossos corações” Dom Joel Portela Amado refletiu à luz da Bíblia sobre o sofrimento, que quando atinge o outro, faz parte da vida de todos, algo que nasce da condição de irmãos e irmãs. Por isso, o bispo fez ver que “a construção de um mundo diferente, o mundo novo, o primeiro passo consiste na união de todos nós, de todas as dores, de todos os sonhos, de todas as causas”. Isso em um mundo interligado, uma reflexão fundamental diante do risco cada vez maior de “olha apenas para aquelas situações que mais diretamente nos afligem, esquecendo-nos de que tudo está interligado”, lembrando que esse foi o ensinamento que o Papa Francisco nos deixou na Laudato Si´. O Secretario Geral da CNBB destacou tendo como base a Laudato Si, a importância da ecologia integral e sua relação com a fraternidade universal. Dom Joel mostrou gratidão para quem pensou e participou do filme, mas também para quem participou do lançamento e apresentação, um filme que ele espera “nos ajude a despertar para o desafio que a história de hoje nos apresenta”. Um filme que ajuda a trazer de volta a Encíclica Laudato Si´, “uma Carta que é muito importante, porque traz de volta o cuidado com a casa comum”, segundo a Ir. Maria Irene Lopes dos Santos, que leu trechos da encíclica. Apresentado por Igor Bastos, o Coordenador para Iberoamérica do Movimento Laudato Si´ ressaltou que A Carta “é um fruto da Laudato Si´”, que traz histórias de protagonistas: indígenas, refugiados, ativistas, cientistas. Protagonistas que o Papa Francisco chama no filme de “poetas sociais”, insistindo Igor Bastos em que “são esses poetas que constroem a diferença, que fazem parte de essa diferença, e estão construindo uma sociedade, um Planeta mais justo e fraterno”. Um filme que quer “ser uma ferramenta para chegar com essa mensagem da Laudato Si´ em espaços que ela ainda não chegou, mas também para reanimar os espaços que tem trabalhado cada dia para viver essa mensagem que o Papa Francisco nos passa”. Um instrumento que deveria ser trabalhado nas comunidades eclesiais, nas escolas, nos diferentes espaços de atuação, para trazer “essa mensagem de urgência em um tempo tão difícil que a gente vive”. Um dos protagonistas do filme é Dadá Borari, do Povo indígena Maró, do Estado do Pará, presente no lançamento. Alguém que disse que seu trabalho como ativista iniciou na Igreja católica, insistindo em que “o nosso pensamento para a preservação da Amazônia, ele é um pensamento coletivo, ele não é um pensamento individual”. Segundo o cacique, “a responsabilidade da floresta não é só de quem vive nela, mas de todos, que precisam da floresta”. Ele lembrou que para os povos indígenas a floresta é sua casa e a Terra é a sua mãe, afirmando que tem pessoas que pensam o contrário, mesmo sabendo que tudo o que eles estão fazendo é irregular. Pessoas que seguindo o líder indígenas pensam no lucro, enquanto os povos originários não pensam no hoje e sim no futuro. Ele insistiu que o filme é “uma disciplina educacional para a gente trabalhar” em todos os âmbitos, algo que ele faz a cada dia de maneira voluntária com ações de prevenção, monitoramento e educação, denunciando as instituições do governo brasileiro que não estão assumindo sua responsabilidade na defesa da floresta. Dadá Borari com sua participação no filme e nas diferentes apresentações mundo afora, quis “levar nossa voz que não é ouvida aqui para a sociedade internacional”, insistindo em que a preocupação dos povos indígenas é daqui a anos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Brasil é uma democracia

A Constituição brasileira de 1988, que ninguém pode esquecer ainda está vigente no país, define a nação brasileira como uma democracia. Nesse sistema político, os representantes públicos são eleitos nas urnas, sendo escolhidos para o poder executivo os mais votados. Um país que não respeita a vontade da maioria expressada nas urnas se torna uma ditadura, um regime que o Brasil padeceu durante 20 anos, mas que alguns pretendem instaurar de novo, ao menos nas ruas, onde atitudes ditatoriais, que querem impor a vontade de uma minoria, estão se fazendo de novo presentes nos últimos dias, inclusive com o apoio ou tolerância daqueles que hoje assumem o poder executivo. Um país cresce quando caminha unido, quando procura construir pontes, quando o diálogo se torna atitude presente na vida do povo e das instituições. A sociedade, que deve ter como base a política melhor, um desafio que o Papa Francisco coloca em sua última encíclica, a Fratelli tutti, é desafiada a procurar um caminho comum. O Santo Padre faz um chamado a “caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum”. Uma realidade que no Brasil só vai se tornar algo presente na medida em que todos os cidadãos assumam a reconciliação, que segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, é “essencial ao novo ciclo que se abre”. Nossos bispos afirmam que “agora, todos, indistintamente, precisam acompanhar, exigir e fiscalizar aqueles que alcançaram êxito nas urnas”. A fiscalização dos trabalhos do poder executivo e legislativo deveria ser uma preocupação presente na vida de todo cidadão. O problema é que a ideologia sempre fala mais alto do que a cidadania. O verdadeiro cidadão não se interessa pela política só em tempo de eleição, pois fazer realidade um mundo melhor para todos tem que ser algo cotidiano, constante, que tem que involucrar a todos, também quando o poder executivo e legislativo é assumido por aqueles em quem a gente votou. É tempo de olhar para frente, de assumir a democracia como expressão da política melhor, de respeitar a vontade da maioria, de não querer impor pela força nosso modo de entender a sociedade. É tempo de construir um Brasil sustentado na cultura da paz e do respeito. É tempo de continuar construindo um Brasil onde todo mundo seja visto e tratado como gente, onde o cuidado pelo público, do que é comum a todos, se torne prioridade. Para isso é preciso que todos assumam essa necessidade. Só assim o Brasil vai voltar a ser um país de irmãos e um orgulho para quem dele faz parte. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Mesmo que a família, o país se esqueça, a Igreja não se esquece de rezar pelos vivos e pelos mortos”

No dia em que a Igreja católica comemora o Dia dos Fiéis Defuntos, Dom Leonardo Steiner presidiu a celebração eucarística nas proximidades do Cemitério São Batista de Manaus. Um momento que ele definiu como “a celebração da esperança”, e que foi concelebrada por Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo da Diocese de Mogi das Cruzes, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara, e um pequeno grupo de padres. Segundo o Arcebispo de Manaus, foi um momento para “celebrar o dom da fé na Ressurreição de Jesus e na nossa ressurreição”. Também para “louvar e bendizer a Deus pela vida de nossos irmãos e irmãs de quem nós nos despedimos, mas também daqueles que não conseguimos nos despedir no momento da pandemia”. O cardeal Steiner insistiu em que “as feridas da pandemia ainda estão abertas em muitas famílias. Nós desejamos rezar também por estas famílias, para que a dor se acalme, para que a dor se transforme em esperança”. Ninguém pode esquecer que Manaus foi uma das cidades com maior número de mortos por milhão de habitantes durante a pandemia, uma cidade onde foram vividas cenas dantescas pela falta de oxigênio e os sepultamentos em covas coletivas diante do número de mortos, que durante vários dias superou a centena de falecimentos na capital do Estado do Amazonas. Uma Eucaristia segundo o cardeal “por todos os nossos irmãos e irmãs falecidos, mas estamos também a celebrar por aqueles irmãos e irmãs que morreram sozinhos, abandonados, sem ninguém, estamos a rezar por aqueles, aquelas, que ninguém se lembra de rezar. A Igreja, como Igreja, sempre se recorda e reza por todos, não se esquece de ninguém, mesmo que a família se esqueça, mesmo que o país se esqueça, a Igreja não se esquece de rezar pelos vivos e pelos mortos”. Citando o texto do Evangelho lido na celebração, o Cardeal Steiner destacou o chamado de Jesus a estar preparados, acordados. O Arcebispo de Manaus se perguntou: “Não é assim que fomos todos convidados e convidadas para o banquete da vida? Não somos nós participantes da graça das bodas, isto é, do amor de Deus?”. Um Deus que nos serve, insistindo que a razão de crermos está “na graça de termos recebido o dom da fé, porque participamos da graça de um amor debotado, generoso, magnânimo, bondoso, gratuito, jovial. Um amor que nos acolhe a todos, mesmo quando nós fraquejamos, mesmo quando caímos, mesmo quando pecamos. E Deus sempre disposto a nos servir. Mas um dia seremos todos servidos no banquete da eternidade”. “Aqui estamos a rezar pelos nossos irmãos e irmãs no desejo de que eles já estejam na plenitude da vida. Eles estejam participando desse banquete sagrado, deste banquete de amor onde Deus mesmo está a servir todos”, afirmou Dom Leonardo. Segundo ele, “todos os nossos irmãos e irmãs que vieram a óbito, eles venceram o poder da morte em Cristo Jesus”. O Arcebispo destacou a importância de podermos participar do dom da fé da esperança, de “olharmos para o futuro, não termos medo do futuro, mesmo no meio das dificuldades, no meio das desesperanças, no meio dos desconfortos, no meio das agressões, no meio da violência, nós podemos viver da esperança porque temos certeza da participação do banquete do amor de Deus”. Citando o Livro de Jô, Dom Leonardo disse que “veremos Deus, contemplaremos Deus, todos juntos, com aqueles todos de quem sentimos saudades estaremos todos juntos”, insistindo em que “essa é a Luz a iluminar os nossos dias, os nossos passos”. O Arcebispo de Manaus fez um chamado a “jamais temer diante de toda violência que existe hoje, diante de toda agressão que existe hoje, a incapacidade de tolerar, a incapacidade de amar, a incapacidade de reconciliar”. Finalmente o cardeal chamou a fazer um grande propósito, “jamais deixar de rezar pelos nossos irmãos falecidos, rezar sempre por eles”, a recordá-los todos os dias na oração, na família, a rezar por todos, movidos pela comunhão, por uma ligação profunda que nasce de Cristo Jesus.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

REPAM-Brasil mostra esperança pelo “firme posicionamento do presidente eleito em defesa da Amazônia e seus povos”

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) publicou no dia 1º de novembro uma nota pública (baixar aqui em PDF) sobre o resultado do processo eleitoral onde “parabeniza o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, e expressa sua esperança na efetivação das propostas anunciadas em campanha, relativas à Amazônia seus povos e comunidades tradicionais”. A nota, assinada pela presidência da REPAM- Brasil, Dom Evaisto Spengler, Bispo da Prelazia do Marajó – PA (presidente), Dom Pedro Brito Guimarães – TO, Arcebispo de Palmas (vice-presidente), e Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara – AM (secretário), destaca sua esperança pelo “firme posicionamento do presidente eleito em defesa da Amazônia e seus povos, já em seu primeiro discurso após a confirmação da sua vitória”, quando ele garantiu que “temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade”. Um compromisso urgente, segundo a nota, “porque a Amazônia arde em chamas e seus povos padecem todo tipo de violência e violação dos direitos humanos”. Diante dessa realidade, a REPAM-Brasil afirma a urgência de “reposicionar a Amazônia e reconhecer sua importância central no ciclo das águas e na produção e distribuição das chuvas, bem como a sua função na regulação do clima em todo o planeta”. O texto denuncia que “os últimos governos, desde 2016, representaram uma tragédia para a Amazônia e uma ofensa aos Direitos da Natureza”. Diante disso destaca que “os povos dessa região estratégica se mantiveram firmes na defesa da vida e votaram conscientes em um novo projeto orientado pela ‘Ecologia Integral’, tema central do Sínodo Especial da Igreja para a Amazônia”. A REPAM-Brasil define o momento atual como “tempo de esperançar! De devolver aos povos da Amazônia seus rios livres de mercúrio e agrotóxico, repovoados de peixes de todas as espécies, alimento sagrado no chão da Amazônia. É tempo de parar de violentar a terra com garimpos criminosos e mineradoras irresponsáveis. É tempo de devolver aos povos indígenas a sua dignidade com seus territórios legitimamente demarcados e protegidos de todo tipo de invasão e destruição. É tempo de sonhar um tempo novo para a Amazônia e seus povos”. Finalmente, o organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, “ressalta a confiança em todas as instituições representativas dos processos democráticos do país e no processo eleitoral, conduzido de forma competente pelo Tribunal Superior Eleitoral, auxiliado pelos partidos políticos e organizações da sociedade civil”. Também pede a intercessão pelo povo brasileiro de Nossa Senhora de Nazaré, Rainhada Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1  

Dom Altevir da Silva: Pacto das Catacumbas, compromisso “em acolher esse Deus da vida que criou tudo para nós”

De 6 a 27 de outubro de 2019 aconteceu a Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia, um processo que tem marcado o caminho de uma Igreja sinodal. Nos dias do Sínodo, no domingo 20 de outubro de 2019, nas Catacumbas de Santa Domitila, foi realizado o Pacto das Catacumbas pela Casa Comum, fazendo memória do pacto realizado no mesmo lugar durante o Concílio Vaticano II. Um dos presentes foi Dom José Altevir da Silva, que vê aquele momento como oportunidade para avançar na “importância de uma Igreja com rosto amazônico”. O Bispo da Prelazia de Tefé diz que sentiu “um momento histórico muito forte e ao mesmo tempo a renovação de compromisso”. O Bispo considera o Sínodo para a Amazônia um compromisso, insistindo em que “as pessoas que não entendem a importância desse pacto que nós fizemos, eles nunca vão conseguir defender a Igreja que quer ser uma semente de vida para nossa Amazônia”. Ele faz um chamado a “falar cada vez mais da importância desse pacto”, a “acolher esse Deus da vida que criou tudo isso para nós”. Segundo Dom Altevir “todos aqueles e aquelas estão se comprometendo com esta causa, vão ser perseguidos”, insistindo em que “as comunidades tradicionais, os quilombolas, os indígenas, eles têm muito a nos ensinar porque eles estão ali no dia a dia, enfrentando, defendendo”. Um Pacto que “são indicações e compromissos que dá para fazer um programa em nossas igrejas locais”. Completou três anos do Sínodo para a Amazônia e um dos momentos marcantes desse Sínodo foi o Pacto das Catacumbas para o cuidado da casa comum, que lembra o Pacto das Catacumbas realizado durante o Concílio Vaticano II. O senhor participou desse momento, o que representou para o senhor aquela celebração? Em primeiro lugar foi essa ligação com o Pacto das Catacumbas no final do Concílio Vaticano II, trazendo presente para a vida da Igreja hoje na Amazônia a importância de uma Igreja com rosto amazônico, como os bispos antes pensavam também uma Igreja pobre, servidora, profética, uma Igreja que está junto com as pessoas, não separada do povo. O fato de fazer acima dos túmulos dos mártires, foi fazer essa retomada de uma maneira consciente, bonita e compromissada com a profecia, com o martírio, que hoje está sendo esquecido. O primeiro momento de estar ali, celebrando nas Catacumbas de Santa Domitila, vinha para mim essa memória histórica. Senti um momento histórico muito forte e ao mesmo tempo a renovação de compromisso, especialmente no momento de assinar ou de molhar os nossos dedos no urucum, algo próprio da Amazônia, dos povos indígenas, deixando nossas marcas sobre o tecido, representando aquele urucum o sangue dos mártires, de muitos mártires de ontem e de hoje, e o compromisso selado para que nós pudéssemos levar em frente esse pacto, esse compromisso com a Igreja aqui na Amazônia. O que dizer àqueles, inclusive gente que se dizem católicos, que não entendem esse compromisso com o cuidado da casa comum? Por que é importante esse pacto nesse sentido? Esse pacto é importante porque o Sínodo da Amazônia para nós, muito mais para nós que fazemos parte da Igreja da Amazônia, é muito mais do que um documento, muito mais do que um legado deixado pelo Papa Francisco. É realmente um compromisso de vida junto a esse povo, junto a essa mata e esse rios. As pessoas que não entendem a importância desse pacto que nós fizemos, eles nunca vão conseguir defender a Igreja que quer ser uma semente de vida para nossa Amazônia, isso não tem como explicar para quem não quer entender. O que nós devemos fazer justamente é falar cada vez mais da importância desse pacto que foi celebrado com vários bispos, leigos, padres, religiosas presentes. Essa foi uma diferença, pois no Concílio Vaticano II estavam presentes os bispos, mas agora essa presença diversificada, isso para nós foi muito importante para ver que a força transformadora e sustentadora dessa dimensão profética na Amazônia, ela vai além da Igreja hierárquica, ela realmente brota do chão da terra, na pessoa dos leigos, dos padres comprometidos, bispos, e isso incomoda às pessoas que não querem entender. Quem critica muitas vezes um pacto como esse é porque não quer entender o compromisso, esse jeito de abraçar essa causa. O melhor jeito que tem é continuarmos lutando para que a vida seja transformada aqui em nosso meio, em nossa querida Amazônia. O compromisso nos leva a reconhecer, como lembrou Oscar Beozzo, que não somos donos da terra, mas nos comprometemos em acolher esse Deus da vida que criou tudo isso para nós, defender a terra, defender o rio, defender a casa comum é sem dúvida defender a obra da criação de Deus, a primeira Bíblia, a obra da Criação. Ninguém entendeu essa Bíblia, e aí veio a segunda Bíblia, que é a que nós usamos, a Bíblia escrita, mas a primeira já foi escrita por Deus através da nossa casa comum. Dentre os presentes no Pacto das Catacumbas estavam representantes dos povos indígenas, que são perseguidos, martirizados em muitas regiões da Amazônia por assumir no dia a dia esse Pacto pelo cuidado da casa comum. O que significa para a Igreja esse testemunho dos povos indígenas e das comunidades tradicionais da Amazônia e como essa Igreja pode se comprometer mais na defesa desses povos perseguidos pela sociedade e pelos governos dos diferentes países da Amazônia? Todos aqueles e aquelas que estão se comprometendo com esta causa, vão ser perseguidos, porque o sistema de morte, o sistema bruto do capitalismo selvagem, que vem com toda a força bruta acima dos pequenos, eles vão procurar calar a voz de quem defende a nossa casa comum. Como o Papa Francisco nos fala, o grito do pobre é o grito da Terra, e se confundem. O grito do rio, o grito da nossa realidade da Amazônia, o grito dos animais correndo do fogo das queimadas planejadas pelo sistema para avançar cada vez mais na destruição da nossa Amazônia em busca de seus…
Leia mais

Episcopado convoca “para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre”

Brasil viveu no último domingo 30 de outubro o segundo turno de uma eleição polémica. Após uma campanha fortemente polarizada, reflexo de uma sociedade fortemente enfrentada, o resultado apertado é uma amostra da divisão presente na sociedade brasileira, inclusive geograficamente. Nessa conjuntura, no dia posterior à votação, que teve como resultado a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para seu terceiro mandato como Presidente da República, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiu uma nota onde afirma que “a conclusão das Eleições 2022 convoca-nos, ainda mais, para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre. Agora, todos, indistintamente, precisam acompanhar, exigir e fiscalizar aqueles que alcançaram êxito nas urnas. O exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral”, um desafio urgente na atual sociedade brasileira. O episcopado brasileiro, a través da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, diz cumprimentar “candidatos eleitos, deputados, senadores, governadores e presidente da República”. Junto com isso, a CNBB “parabeniza ainda o Tribunal Superior Eleitoral por sua atuação no zelo de todo o processo democrático”. Tomando como referência as palavras do Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti, a Presidência do episcopado brasileiro pede que “todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum”. Palavras que são os votos da CNBB, e ao mesmo tempo algo que os bispos suplicam “em preces para o nosso país”. Para isso, a Presidência da CNBB pede “a materna intercessão de Nossa Senhora Aparecida – Rainha e Padroeira do Brasil”, e junto com isso que “Deus muito abençoe a sua vida e a sua família”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Apresentação do Documento da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: “Um laboratório prático de sinodalidade”

O Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), continua a avançar “Para uma Igreja Sinodal em saída para as periferias“, documento (Baixar aqui em português) que reúne as “Reflexões e propostas pastorais a partir da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, realizada na Cidade do México em novembro de 2021.   Um documento que já está nas mãos do Papa Um Documento em seis idiomas apresentado ao Papa Francisco pela presidência do Celam em 31 de outubro, dividido em três partes: os sinais dos tempos que nos desafiam e nos encorajam; uma Igreja sinodal e missionária a serviço da Vida Plena; e o transbordamento criativo em novos caminhos a seguir. Como diz o texto, o desejo é “oferecer uma contribuição significativa para a reflexão e o caminho das comunidades em nosso continente, com a certeza de que ‘somos todos discípulos missionários em saída’”. E para fazer isso “partindo das tradições e culturas do continente para traduzir o único Evangelho de Cristo no estilo latino-americano e caribenho, em uma sinfonia onde cada voz, cada registro, cada tonalidade enriquece a experiência de ser um discípulo-missionário”. A presidência do Celam, acompanhada pelo teólogo italiano Gianni La Bella, apresentou o documento em uma coletiva de imprensa realizada na Sala Marconi, no edifício da Rádio Vaticano, na qual dezenas de jornalistas participaram pessoalmente e virtualmente, o que não devemos esquecer que foi um dos grandes aportes da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.   Um laboratório prático de sinodalidade Como destacou Dom Miguel Cabrejos, um dos grandes promotores deste momento inédito para a Igreja no continente, “um laboratório prático de sinodalidade“, foi algo que “corajosa e profeticamente levantou uma barreira, porque de agora em diante, progressivamente, não será possível evitar a participação do Povo de Deus nas diversas decisões da Igreja”, o que, nas palavras do presidente do Celam, “favorece a corresponsabilidade, mas ao mesmo tempo coloca desafios”. Entre eles ele mencionou agir sempre com misericórdia, coerência entre discurso e prática, leitura adequada dos sinais dos tempos, escuta, diálogo e discernimento como processo, comunicação mais empática, habitar o “continente digital”, acolher a diversidade, integrar as mulheres nos espaços de decisão e ver sempre nos outros a imagem de Deus. Desafios que afetam o clero e a Vida Religiosa, em relação a sua formação num mundo pluralista, seu modo de vida, mais simples, mais austero e místico, trabalhando em sinodalidade, promovendo e acompanhando os leigos. Eles são chamados a caminhar juntos, a avançar em uma formação sólida, uma prática coerente e a assumir a Doutrina Social da Igreja. Uma Igreja que “deve construir pontes, derrubar muros, integrar a diversidade, promover a cultura do encontro e do diálogo, educar no perdão e na reconciliação, o senso de justiça, o repúdio à violência e a coragem pela paz”, concluiu Dom Cabrejos. No lugar das perguntas e da construção coletiva Aos presentes na Sala Marconi se juntaram testemunhos de diferentes partes da América Latina. Uma delas foi Ir. Liliana Franco, que refletiu sobre o tema: “O transbordamento criativo em novos caminhos a serem percorridos: perspectivas da Vida Religiosa Latino-Americana”. Segundo a religiosa, estamos em um momento de esperança, que nos levou a nos colocar “no lugar das perguntas e da construção coletiva“, a nos questionar “sobre a vontade de Deus”, a fim de nos aproximarmos da realidade a partir daí. Uma Vida Religiosa que, segundo sua presidenta no continente, está comprometida com “uma Igreja em perspectiva missionária, em saída como condição de fecundidade apostólica“. Portanto, a ouvir os gritos, apostando em novos modos relacionais, deixando claro que, em contextos tão complexos, “os crentes são chamados a ser um sinal, uma expressão de estilo e valores contraculturais e eloquentes”. Um transbordamento criativo que “não será possível sem a participação das mulheres, dos leigos e dos jovens” e que desafia “a abrir buracos para o Espírito”. Transbordamento e escuta Uma Assembleia que, nas palavras de Gianni La Bella, foi “sobretudo uma verdadeira e feliz experiência de sinodalidade, em escuta mútua e discernimento comunitário, sugerida pelo Espírito”, que ele considera “uma ponte ideal entre o Sínodo Pan-Amazônico e o próximo Sínodo Universal sobre a Sinodalidade, experimentando no terreno uma nova abordagem conceitual da eclesiologia da comunhão”. O teólogo italiano lembrou as duas palavras nas quais o Papa insistiu em relação à Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: transbordar, a fim de “superar divisões e encontrar soluções criativas e inovadoras”, e escutar, a Deus e aos gritos. A partir daí ele mostrou a importância dos “sinais dos tempos” e como os desafios que emergiram da Assembleia, que busca “oferecer uma série de sugestões práticas para reler e atualizar o conteúdo e o espírito da Conferência de Aparecida“.    Ser santos em jeans e tênis Dom José Luis Azuaje, presidente da Caritas América Latina e Caribe, Irmã Laura Vicuña da CEAMA, e a jovem Paola Balanza da Pastoral Juvenil, mostraram elementos presentes na Assembleia Eclesial. Uma Assembleia que mostra uma Igreja mais renovada, em saída para as periferias, samaritana, a serviço da vida, especialmente dos mais pobres, uma Igreja que constrói fraternidade, sustentada pelo amor àqueles que mais sofrem, segundo Dom Azuaje, que insistiu em ser “uma Igreja próxima que se constrói como misericordiosa e promove a cultura da ternura“. Não se pode ignorar que a participação sinodal requer “uma escuta atenta do Espírito, um diálogo aberto e fecundo e um discernimento eclesial“, de acordo com Ir. Laura Vicuña. Ela insistiu que somos todos o Povo de Deus que caminha junto, com a mesma dignidade batismal. Uma Igreja que na Amazônia quer ser ministerial, inculturada, levando em conta a ecologia integral, em um processo de conversão. A representante dos jovens os chamou a “serem santos de jeans e tênis“, a compartilhar o amor de Deus, já que são “sujeitos fundamentais dentro da Igreja, sujeitos de comunhão, de participação, de missão”. A partir daí, Paola Balanza desafiou a Igreja a ouvi-los e a serem levados em conta, pedindo que o documento seja conhecido e praticado.   A…
Leia mais

Dom Leonardo: “Deus ama a todos como filhos e filhas, sem exceção, acolhe os considerados impuros, ladrões e assassinos”

“Um texto muito atraente, cada figura que nos é apresentada e o olhar de Jesus”, assim define o Cardeal Leonardo Steiner a passagem do Evangelho do Trigésimo Domingo do Tempo Comum. “Depois de fixar os olhos nele, Jesus convida o cobrador de impostos a descer do sicómoro, da figueira, e Jesus entra na vida deste cobrador de impostos”. O Arcebispo de Manaus lembrou a condição de Jericó naquela época como uma cidade próspera, “uma rota comercial, lugar de negócios, e alguns negócios duvidosos”. Ele apresenta a figura de Zaqueu como “o chefe dos publicanos, um homem considerado pecador público, explorador dos pobres, um colaboracionista ao serviço dos dominadores romanos”, se servindo do cargo para se enriquecer. Segundo Dom Leonardo, “talvez a referência da sua baixa estatura no texto do Evangelho nos diga mais do que o tamanho físico, poderia estar a nos indicar a estatura interior, pequeno, insignificante, do ponto de vista moral”. O cardeal fez ver a riqueza do cobrador de impostos, “não graças aos ganhos honestos, mas porque subornava, enganava, e por isso aumentava da parte das pessoas o desprezo por este homem”. Falando do sicómoro, uma árvore de frutos falsos, Dom Leonardo definiu Zaqueu como “um homem de frutos falsos, mas justamente os frutos falsos é que o ajudou a ver Jesus. O desejo de ver o faz subir nas suas fraquezas e misérias, ao subir nos seus desmandos, roubos e enganos é visto por Jesus”. Ele insistiu em que “mais do Zaqueu ver Jesus, é Jesus que o vê”. O Arcebispo de Manaus, citando Santo Agostinho, lembrou que “para poder ver devemos ser olhados, para poder amar, devemos ser amados”, destacando que a misericórdia de Deus sempre irá antes. “O desejo de ver Jesus faz com que ele seja visto, olhado e encontrado”, disse Dom Leonardo em relação com Zaqueu, insistindo em que “porque o encontrou mudo de vida, de olhar, o modo de viver. Jesus chama pelo nome aquele cobrador de impostos”. Jesus “se convida a entrar na vida de Zaqueu”, chamando-o a descer do desregramento da sua vida, a descer do sicómoro dos enganos, dos frutos indesejados. Zaqueu ao ser visto por Jesus “desce e descobre a vida nova, a sua vida se ilumina, se transfigura”, segundo o cardeal. Ele insiste em que Jesus não o censura e sim mostrar para Zaqueu seu desejo de entrar na sua vida como misericórdia, lhe fazendo uma oferta de transformação, de vida nova. “E Zaqueu, um homem desonesto e desprezado por todos descobre que na sua vida tem espaço para outra vida, para uma vida de bondade, de generosidade”. No encontro com Jesus, Zaqueu percebeu “como era mesquinha, limitada, uma vida tomada pela desonestidade, pelo dinheiro”. Citando o Papa Francisco, Dom Leonardo disse que a presença de Jesus na sua casa faz com que Zaqueu “veja tudo com outros olhos, até com um pouco de ternura com que Jesus olhou para ele”, mudando até seu jeito de ver e usar o dinheiro, substituindo o se apoderar pelo oferecer. “Zaqueu descobre de Jesus que é possível ele amar gratuitamente, era mesquinho, agora torna-se generoso, gostava de acumular, agora se alegra em distribuir, e ao encontrar o amor, descobrindo que é amado a pesar de seus pecados, torna-se capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão”, destacou Dom Leonardo, que insistiu na mudança de vida, no horizonte diferente quando se encontra Jesus, e junto com isso que no Evangelho nascem os frutos. O cardeal destacou em Zaqueu que dividindo “ele se desprende de sua desonestidade, não se sentirá mais escravo do dinheiro injusto que o afastara da vida digna. Dividindo com os pobres, ele mesmo impõe uma pena pelas injustiças cometidas, no seu gesto de divisão, ele mesmo se impõe a pena substituindo a avareza pela liberalidade e entra no caminho das virtudes, das bem-aventuranças”. Dom Leonardo insistiu em que “com Jesus na vida, reina a justiça, a generosidade, a magnanimidade, superando qualquer tipo de avareza”. “O nome Zaqueu quer dizer puro, inocente, sincero”, lembrou Dom Leonardo, afirmando que “no encontro com Jesus este homem se tornou justo, sincero, honesto, tornou-se o homem das virtudes, tornou-se um discípulo. O encontro de Jesus com Zaqueu nos ensina que Deus ama a todos como filhos e filhas, sem exceção, e que acolhe no seu amor os marginalizados, os considerados impuros, os considerados ladrões e assassinos, porque Deus busca a todos, seu olhar se volta para todos”. No Evangelho de hoje descobrimos, insistiu o Arcebispo de Manaus que “Deus tem predileção pelos pecadores, que também nós somos”, ressaltando que Deus nos ama e nos fazendo ver a necessidade de descer do sicómoro porque Jesus deseja entrar na nossa vida, que nos busca porque somos frágeis. Um olhar de Jesus que “vai para além dos pecados e dos preconceitos”, segundo o cardeal. Um Deus que “não se detém no mal do passado, mas olha o futuro, olha as feridas, os figos falsos, mas nos oferece abrigo, entra na nossa casa, nos transforma, nos dá ânimo, nos dá futuro. Ninguém está perdido para Deus”, destacou, pedindo que “a Virgem Imaculada nos obtenha a graça de sentirmos sempre o olhar misericordioso de Jesus que veio procurar e salvar o que estava perdido”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Caritas forma 40 agentes em Roraima para seguir fazendo realidade “a caricia da Igreja”

O Papa Francisco define Caritas como “a caricia da Igreja”, pudendo ser considerado esse trabalho como algo fundamental e que nunca pode faltar para podermos ser verdadeiras testemunhas do Deus que acima de tudo é amor, caridade, cuidado com os descartados pela sociedade. Nos dias 28 e 29 de outubro aconteceu na Diocese de Roraima a formação sobre o voluntariado da Caritas e como constituir caritas paroquial, com a assessoria de Marcia Maria Miranda, Articuladora da Caritas Regional Norte1. No encontro participaram 40 agentes entre padres, religiosas, leigos e leigas. Segundo Marcia Maria Mirando, “vale destacar que na formação foram feitas análises da realidade local quanto a situação social e apresentação das ações sociais que já são realizadas pelas paróquias e áreas missionárias da diocese”. Ao longo dos dois dias foi abordada a questão do voluntariado, o que é que é o voluntariado, como organizar e trabalhar com os voluntários, a valorização da pessoa do voluntário. O objetivo desse trabalho sobre o voluntariado é “que a gente possa conquistar mais pessoas para os serviços sociais da Igreja católica, em especial os serviços da Caritas”, segundo Marcia Maria. Ele diz que “a gente observa que tem muitos serviços e poucas pessoas para nos ajudar nesses serviços”. Os participantes desse momento de formação puderam conhecer como está organizada a Caritas em nível nacional, a Articulação Regional e as Dioceses. Tem se buscando com isso, poder chegar na organização das Caritas paroquiais. Nesse sentido, foi repassado para os presentes a informação das dioceses e prelazias do Regional Norte1 que já trabalham com Caritas paroquiais, explicitando o que é a Caritas paroquial, como ela funciona, qual o perfil que cada Caritas tem que ter. Nessa perspectiva, Marcia Maria Miranda destaca que “a Diocese de Roraima, ela tem como prioridade a criação das Caritas paroquiais, pois isso vai facilitar o trabalho da Caritas diocesana, potencializando os trabalhos na base”. As Caritas paroquiais estão surgindo com a colaboração de Agentes de Pastoral, que já fazem o serviço social nas paróquias e Áreas missionárias, buscando aproveitar essas pessoas e fortalecer o trabalho que já existe. A Articuladora Regional insistiu em que “os irmãos e irmãs mais vulneráveis e desrespeitados em seus direitos, tem sido prioridade para Caritas”, destacando que “a busca do protagonismo resulta na ação transformadora”. Roraima é uma diocese onde o trabalho da Caritas tem sido fundamental na acolhida dos migrantes venezuelanos nos últimos anos, um trabalho que foi assumido, fazendo com que a Igreja católica se tornasse exemplo de samaritaneidade, de amor e solidariedade com aqueles que a sociedade descarta. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1