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Conceição Silva: “Devemos olhar para nossas vidas, e avaliar nossa conduta diante da Palavra de Deus”

No Evangelho do Trigésimo domingo do tempo comum, “Jesus nos ensina através da parábola ‘O fariseu e o Publicano’”, afirma Conceição Silva. Segundo ela, “Jesus percebeu que ao seu redor havia alguns homens que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos e honestos, desprezavam os outros”.  Analisando a parábola, Conceição afirma que Jesus “começa a parábola mostrando um fariseu orando a Deus, e se achando melhor que todos, por ser homem religioso, dizimista, preservava os mandamentos da lei de Moisés, mas sua soberba só o levava a ruína, e sua altiveis de espírito procede a queda. Ali próximo um publicano, não se achando digno nem de olhar para cima, nem de ser ouvido por Deus, fez sua oração de joelhos com toda humildade e sinceridade”, se perguntando “Qual oração vocês acham que Deus mais gostou?”.  A membro das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, trazendo a parábola para a realidade atual, afirmou que “em nossa realidade estamos enfrentando tempos difíceis, onde encontramos em nossas igrejas muitos fariseus, pessoas devotas, que trabalham em movimentos, pastorais, dizimistas, enfim, apoiando candidato a favor da tortura, violentos, condenando os pobres, migrantes, indígenas, negros, homossexuais”.  Diante disso se pergunta: “Por que razão? Se todos somos filhos de Deus, criados à imagem e semelhança? Não podemos nos achar melhores que outros, pois Deus sabe de tudo, e você acha que se Jesus voltasse `a terra ficaria do lado de quem? Dos poderosos ou dos oprimidos? Jesus falou que qualquer que a si mesmo exalta será humilhado e qualquer que a se humilha será exaltado”.  Conceição Silva faz um chamado a nos fazer “um autoexame, devemos olhar para nossas vidas, e avaliar nossa conduta diante da Palavra de Deus. A final, fariseus e publicanos continuam espalhados por todos os lugares, e Jesus nos pede diariamente: Orem com humildade, reconheçamos que somos todos pecadores, e que a salvação do início ao fim pertence somente à Deus, não podemos perder nossa humanidade”.  Finalmente, ela deixa a seguinte pergunta para nossa reflexão: “Quando olho para minha própria vida através do evangelho de Cristo quem eu me vejo? O fariseu ou o publicano?”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal Arquidiocesana de Manaus: “Diretrizes para ser presença libertadora, encarnada, misericordiosa, samaritana”

262 representantes da Igreja de Manaus têm se reunido no Centro de Treinamento Maromba para participar da Assembleia Sinodal arquidiocesana, que teve no dia 21 de outubro sua abertura e será clausurada no domingo 23. Um momento para a Igreja de Manaus se sentir “juntos a caminho na edificação do Reino da verdade e graça, da justiça, do amor e da paz!”, segundo Dom Leonardo Steiner. O Arcebispo de Manaus vê a Assembleia como um tempo para “nos darmos conta da beleza e grandeza de ser Igreja, de sabermos onde estamos, como estamos e como podemos ser uma presença sempre mais missionária, misericordiosa, samaritana”. Lembrando a história da Arquidiocese de Manaus, destacou que ela “sempre foi capaz de encarnar-se, colocar-se numa postura de inculturação e de interculturalidade, ser sinal de esperança, ação misericordiosa”. Nesse sentido, “as Assembleias nos ajudaram a ser o que somos: igreja missionária, ministerial, encarnada”. Daí a necessidade de “ouvir a realidade, as comunidades, e mesmo questionar nossos modelos de evangelização e as nossas estruturas e organização”, insistiu o Cardeal Steiner. Dom Leonardo defendeu a “exigência de uma dinâmica sinodal maior”, considerando o caminho da sinodalidade como o melhor modelo eclesial para a Arquidiocese de Manaus. Segundo o Arcebispo, “na sinodalidade somos chamados a uma articulada e dinâmica comunhão, que se faz realidade nas comunidades”. Por isso, ele vê a Assembleia Sinodal Arquidiocesana como instrumento para “oferecer orientações, diretrizes que nos ajudem a ser presença libertadora, encarnada, misericordiosa, samaritana, esperança”. Mais do que eventos, ações pontoais, buscar “linhas, diretrizes a serem seguidas”. Tudo isso como fruto de uma escuta que insistiu na formação, nos ministérios, na partilha e na presença junto aos povos indígenas. Povos indígenas que agradecem àqueles que abraçam sua causa no momento crítico que está passando o Brasil, sofrendo diante do avanço do garimpo ilegal, madeireiras e outras ameaças, segundo Ariene dos Santos Lima, do Povo Wapixana. Um momento triste, mas de resistência, que leva os povos indígenas, muitos deles ameaçados de extinção, a clamar por justiça, a insistir na necessidade de lutar para salvar o Planeta, as florestas e os rios. Uma Igreja onde mulheres são maioria nas pastorais, movimentos, comunidades, que foram importantes no processo sinodal, insistiu Rosana Barbosa Lopes, membro da Comissão de Coordenação da Assembleia Sinodal. Nessa escuta, as mulheres, firmes na missão da Igreja, pediram maior reconhecimento e valorização na Igreja, participar dos processos decisórios. Não buscando enfrentamentos e sim caminhar juntos, homens e mulheres, pois segundo Rosana, “temos muito mais a contribuir quando formos valorizadas”. A Arquidiocese de Manaus, com uma extensão de mais 95 km2, compreende 8 municípios do Estado do Amazonas, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes. Uma presença eclesial com um olhar particular para indígenas, ribeirinhos e migrantes, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Uma Arquidiocese que conta com 21 pastorais e com um bom número de agente de pastoral leigos e leigas, 189 padres, 120 deles religiosos, 52 diáconos permanentes, 20 seminaristas e 98 religiosas de 32 congregações. Da Assembleia participam os bispos e representantes do clero, vida religiosa e dos leigos e leigas. Eles refletem juntos sobre a Assembleia, que “corresponde exatamente à caminhada do Sínodo para a Amazônia”, segundo Dom Tadeu Canavarros. O Bispo Auxiliar afirma que “nós vamos concretizando aos poucos os sonhos da Querida Amazônia e aquilo que nós celebramos no Sínodo”, lembrando a sintonia com o Sínodo sobre a Sinodalidade. Uma Assembleia que “nos ajuda como caminhada pastoral a este olhar mais profundo das novas frentes de evangelização e de entender todos os nossos recursos, sejam humanos como também financeiros, e como nós podemos avançar mais na direção de uma pastoral de conjunto”. “A Assembleia Sinodal Arquidiocesana está sendo um momento muito importante para a caminhada da Igreja nesse tempo que nós estamos vivendo de tantos acontecimentos na nossa Amazônia, no Brasil”, destacou o Padre Ricardo Pontes. Segundo o Pároco da Paróquia São Pedro Apostolo de Rio Preto da Eva, “é um momento em que a Igreja precisa efetivar mais o seu profetismo, o anúncio do Evangelho, ser uma Igreja que finque de verdade a sua fé, a força do Evangelho por meio de nossos agentes de pastoral, por meio do clero”. Ele destaca os passos dados nas Assembleias já realizadas, insistindo em que “queremos dar passos a mais, seguindo o caminho de Jesus Cristo, sendo uma Igreja que saiba caminhar juntos, com os leigos, construindo uma Igreja sinodal”. A Ir. Gervis Monteiro vê a Assembleia Sinodal Arquidiocesana como continuidade do Sínodo para a Amazônia, onde ela foi auditora. Segundo a religiosa paulina, “nós podemos ver e sentir que está acontecendo a sinodalidade na Amazônia e na Arquidiocese de Manaus”. Ela insistiu em que “a sinodalidade é muito mais do que o Sínodo e nossa Assembleia é sinal de um novo Pentecostes”. Por isso, destacou que “hoje nós estamos buscando um novo impulso para viver a sinodalidade respondendo ao Sínodo para a Amazônia e sonhando com o Papa Francisco o que ele traz para nós na Querida Amazônia”. Também um tempo de conversão, seguindo o Documento Final do Sínodo, “para que a gente possa sonhar com um Brasil melhor, com esperança de que todos possamos ter vida nessa casa comum”. “Os passos que nós temos dado como Igreja de Manaus tem sido passos constantes no caminho da sinodalidade nas dez Assembleias de Pastoral realizadas até agora, mesmo que não se tinha consciência disso”, segundo Rosa Maria Rodrigues dos Santos, da Paroquia Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos – Setor Maria Mãe da Igreja. A membro do Conselho Missionário Diocesano insiste em que “foi preciso acontecer o Sínodo para a Amazônia para nos despertar para essa pastoral missionária da nossa Igreja de Manaus”. Daí que ela veja a “necessidade de ser uma Igreja que caminha com o povo, principalmente com aqueles que vivem na invisibilidade, os povos originários, que é justamente a nossa cultura”. Uma Assembleia que tem que ajudar a descobrir “como levar o Reino de Deus a todas as realidades e sermos uma Igreja mais missionária”, insistiu Dom Leonardo.…
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Prelazia de Borba acolhe X Experiência Missionária do Seminário São José: “Uma missão edificante para as comunidades”

A formação dos futuros presbíteros envolve diferentes elementos. No Documento Final do Sínodo para a Amazônia, que neste mês de outubro está completando 3 anos, se afirma a necessidade de “oferecer aos futuros presbíteros das Igrejas da Amazônia uma formação de rosto amazônico, inserida e adaptada à realidade, contextualizada e capaz de responder aos numerosos desafios pastorais e missionários”. Segundo o Documento Final “os centros de formação para a vida presbiteral  e consagrada devem ser inseridos, preferencialmente, na realidade amazônica, com vistas a favorecer o contato do jovem amazônico em formação com sua realidade enquanto se prepara para sua futura missão, garantindo assim que o processo de formação não se afaste do contexto vital das pessoas e de sua cultura, além de oferecer a outros jovens não amazônicos a oportunidade de participar de sua formação na Amazônia, fomentando assim vocações missionárias”. São elementos presentes no Seminário São José da Arquidiocese de Manaus, onde são formados os futuros presbíteros das igrejas particulares do Regional Norte1. Nesta semana, de 16 a 22 de outubro, os seminaristas, acompanhados por outros missionários de diferentes pastorais, estão participando da “X Experiência Missionária do Seminário São José”, que acontece na região da Forania São Marcos da Prelazia de Borba, nas paróquias São João Batista no distrito do Axinim, Santo Antônio, Cristo Rei e Nossa Senhora Aparecida da cidade de Borba. Eles saíram de Saíram de Manaus dia 15, chegaram em Borba no dia 16, onde foram acolhidos nas paróquias com a celebração de abertura da experiência missionária. Neste próximo sábado à noite será realizada a missa de encerramento, presidida por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba. No domingo, sem dúvida animados pela experiência, será a volta para Manaus, alegres pela missão, “um impulso para a Prelazia, para os agentes de pastoral e para as comunidades”, segundo Ademir Jackson. O Coordenador de Pastoral da Prelazia de Borba vê a experiência missionária como “uma graça de Deus depois de termos vivenciado esses tempos tão difíceis que foi a pandemia”. Um tempo em que “as nossas comunidades ficaram mais isoladas sem a nossa presença, principalmente as mais longínquas”. Segundo Ademir, essa é “uma grande oportunidade da presença, da escuta, da animação na fé e da orientação pastoral”. Junto com isso, o Coordenador de Pastoral destaca que “é um acontecimento eclesial, porque se trata de uma ação da Igreja que é comunhão, participação e missão, com a presença das igrejas do nosso Regional, a presença dos leigos e leigas, das congregações. Uma grande força missionária”, que está sendo uma oportunidade para visitar as comunidades indígenas, ribeirinhas e as comunidades urbanas. Um dos participantes da missão é o seminarista André Lincoln Silva Braga, do segundo ano de Teologia. O Seminarista da Arquidiocese de Manaus está junto com mais um seminarista e duas leigas na região do Arapapá e Carapanatuba, no Rio Madeira, uma região onde a presença do garimpo marca a vida do povo da região. André Lincoln destaca a alegria com que as famílias têm recebido os missionários durante a semana, onde as visitas e as celebrações têm marcado a missão. “Uma missão edificante para as comunidades”, segundo o seminarista, “comunidades fervorosas na fé”, onde a maioria do povo faz parte da Igreja católica. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Papa Francisco aprova canonicamente a CEAMA, “fruto do Espírito Santo”

A presidência da CEAMA comunicou em 20 de outubro a aprovação pelo Papa Francisco dos Estatutos da Conferência Eclesial da Amazônia, algo visto como “uma grande alegria para a Igreja Universal e, em especial, para o Povo de Deus que peregrina na ‘Querida Amazônia’”. Segundo o comunicado, a CEAMA foi erigido como “uma organização da Igreja Católica com personalidade jurídica canônica e pública“, o que foi comunicado pelo Cardeal Marc Oullet, Prefeito do Dicastério dos Bispos, através de um Decreto de 3 de outubro de 2022. O texto vê a aprovação da CEAMA como “fruto do Espírito Santo“, destacando um processo sinodal iniciado com a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM em 14 de setembro de 2014, cujo primeiro presidente foi o Cardeal Claudio Hummes. O texto relata os passos dados posteriormente: a Carta Encíclica Laudato Si sobre o cuidado da casa comum, que se refere à importância de cuidar da Amazônia, a convocação do Sínodo para a Amazônia, cuja preparação começou com a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado, o processo de escuta confiado à REPAM. Isto levou à realização do Sínodo de 6 a 27 de outubro de 2019, onde no documento final uma das propostas era ” a necessidade de criar um organismo episcopal que contribuísse para a realização de um plano pastoral conjunto para a região amazônica”. Seguindo os passos, como diz o comunicado, “em 29 de junho de 2020, em meio à pandemia da Covid-19, foi criada a Conferência Eclesial da Amazônia, de acordo com a eclesiologia do Concílio Vaticano II”, tendo o Cardeal Claudio Hummes como seu primeiro presidente. No dia de sua renúncia como presidente, 27 de março de 2022, o Cardeal Claudio Hummes expressou a necessidade de elaborar novos Estatutos da CEAMA, que foram aprovados em assembleia em 23 de agosto e entregues pessoalmente ao Papa Francisco em 2 de setembro. A CEAMA considera sua aprovação jurídica canônica e pública como “motivo de profunda gratidão a Deus, ao Papa Francisco e a todos aqueles que animaram este processo sinodal“. Mas também assumem como um desafio ” comunicar-nos com as Conferências Episcopais, a fim de explicar a graça especial da CEAMA como espaço de escuta, discernimento e ação missionária pastoral na Região Amazônica” algo a ser realizado também com as Nunciaturas Apostólicas, buscando ajuda ” no reconhecimento legal da CEAMA perante os Estados incluídos no território amazônico”. Finalmente, o comunicado afirma que “no dia 27 de outubro celebramos os três anos do encerramento do Sínodo Especial da Amazônia com este presente de Deus: a criação da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA como ‘uma organização da Igreja Católica com personalidade jurídica canônica e pública’”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Estar do lado dos pobres não é ser comunista e sim cristão

Ministros da Palavra, padres, bispos e inclusive cardeais atacados dentro das igrejas em plena celebração, nas ruas, nas redes sociais, por defender os pobres, a democracia e um Brasil para todos e todas, com um Estado ao serviço daqueles que mais precisam… Poderia ser uma boa trama para um filme, mas infelizmente são situações reais, que estão acontecendo atualmente. Pessoas que entram nas igrejas, buscando qualquer oportunidade para fazer escândalo e provocar altercados envolvendo todo tipo de religiosos, inclusive cardeais, inclusive aqui em Manaus. A gente se depara com situações hilárias, até o ponto de ver escrito nas redes sociais e outros meios de comunicações insultos contra o Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Scherer, chamando-o de comunista pelo fato de se trajar com vestes vermelhas, vestes que fazem parte dos paramentos próprios de todos os cardeais do mundo, também os brasileiros. O pior de tudo é ver que esses ataques são proferidos na maioria dos casos por “católicos”, ou por gente que se acha “os verdadeiros, únicos e autênticos católicos”. Pessoas que colocam as ideologias além do Evangelho, uma Palavra de Deus que eles usam para justificar atitudes que os distanciam de Deus, no mínimo do Deus encarnado, que sendo o primeiro se coloca o último, que sendo rico se faz pobre e pequeno e escolhe nascer e viver no meio dos pobres, enfrentando abertamente e acima de tudo atitudes farisaicas daqueles que pensam ser melhores do que os outros. Como falar de comunhão, de sinodalidade, de caminhar juntos, de diálogo, em uma Igreja onde esse tipo de atitudes se faz presentes? Em que Deus acredita quem tem essas atitudes? Como restaurar o conceito de igreja, que não podemos esquecer que significa comunidade, diante dessa realidade? Estamos diante de uma doença que vai se introduzindo em todos os níveis de Igreja, em muitas comunidades, em todas as idades, inclusive em coroinhas que mostram sua preocupação diante um fenómeno que nem eles mesmos sabem o que é: o comunismo. Na cabeça desse povo é comunista o Papa Francisco, bispos, padres, religiosas, ministros e ministras, e assim por diante. Uma lista interminável de pessoas que fazendo parte da mesma Igreja tem que ser combatidas, inclusive eliminadas, em nome de uma ideologia que obnubila a mente e endurece o coração. Ser cristão é outra coisa, ser católico é estar aberto à universalidade, às diferenças de raças, pensamentos, estar do lado dos vulneráveis e descartados. O cristianismo não é uma religião excludente, pois tem como mandamento primeiro e fundamental o amor a Deus e ao próximo. Sempre é bom lembrar das palavras de São João da Cruz: “Ao entardecer da vida serás examinado no amor”. Essa afirmação sempre fez sentido, mas atualmente, no Brasil de hoje, esse sentimento de amor tem que ser princípio que fundamente o relacionamento humano, e ainda mais o relacionamento cristão. Chega de lavagem de cérebro que faz com que as pessoas percam aquilo que as diferença dos animais: a inteligência e a capacidade de raciocínio. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Pe. Geraldo Bendaham: Assembleia Sinodal Arquidiocesana em Manaus, “fazer realidade uma Igreja cada vez mais participativa”

Em março de 2021, Dom Leonardo Steiner convocava uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, um processo que tem neste final de semana, de 21 a 23 de outubro, um momento importante com a realização da Assembleia Sinodal, onde se espera a participação de 260 delegados e delegadas das paróquias, áreas missionárias, pastorais e movimentos que fazem parte da Igreja da capital do Amazonas. Uma arquidiocese que está “colocando em prática o pedido do Papa Francisco de fazer realidade uma Igreja cada vez mais participativa, que esteja em comunhão e que saia para a missão”, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Tem sido um processo em que “houve um envolvimento das comunidades, das pessoas, dos jovens, dos adultos, das pastorais, dos movimentos”, afirma o Coordenador de Pastoral Arquidiocesano. O Padre Geraldo reconhece que “é um exercício que não é fácil, a gente vai observando que tem descompassos, tem muitas posses, ainda tem muita auto referencialidade e um caminho longo, mas é o caminho da Igreja”. Nessa perspectiva, ele insiste em que “a Igreja abraça esse processo sinodal, onde a gente partilha os serviços, que nós acreditamos são inspiração do Espírito Santo, e a gente se abre a essa experiência da participação”. Uma dinâmica onde “vai aparecendo mais serviços na Igreja, a coordenação da Igreja sendo partilhada”, insiste o Coordenador de Pastoral, que vê “um crescimento que vai se concluir na Assembleia Sinodal, mas é um exercício, uma experiencia que faz avançar e até renovar a Igreja”. No processo de escuta tem sido recolhido “as experiências das nossas comunidades, a Igreja é comunidade, a Igreja é Povo de Deus com Jesus Cristo, mas dentro das nossas comunidades, a gente vai observando o surgimento dos ministérios”, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Ele relata a descoberta da presença nas comunidades de lideranças de idade avançada, o que é muito bom, mas coloca como desafio eclesial o fato de ir ao encontro da juventude. Em relação com a juventude, o Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus, que também coordena a Assembleia Sinodal, reflete sobre realidades presentes no mundo juvenil, como é a perda de sentido da vida, que muitos foram cooptados pelo tráfico de drogas. Diante disso, “a comunidade eclesial é um sinal de fraternidade, harmonia, solidariedade”, afirma o Padre Geraldo, para quem “a comunidade precisa ser orante, samaritana, acolhedora, misericordiosa”. Junto com isso, “a comunidade não pode ficar isolada, ao contrário, tem que se abrir à missão, à missionariedade”. Um desafio que se concretiza no fato da comunidade gerar discípulos missionários e missionárias, novos membros para a Igreja. Em uma Igreja onde se constata um número insuficiente de presbíteros, 170 para mais de dois milhões de habitantes, e onde os processos de formação presbiteral são prolongados, e é necessário que sejam longos, e junto com isso a falta de vocações ao presbiterato, insiste o Padre Bendaham, “a gente tem que pensar que a Igreja não é formada só de padres, mesmo sendo importante que tenha o presbítero e possa celebrar a Eucaristia, o pão tem que estar à mesa, para todas as pessoas”. O ministério do leigo, da leiga, a questão da celebração, de levar a Palavra, levar a Eucaristia, isso é uma realidade na Arquidiocese de Manaus. O Padre Geraldo defende a necessidade de ampliar esses ministérios, “confiando mais nas pessoas, dando-lhes o ministério”, mas ele também insiste na necessária ajuda econômica para que esses ministros possam chegar nas comunidades mais distantes, pois “é um direito dos fiéis, que estão perto, que estão longe, que estão nas periferias, ter acesso à Palavra de Deus, ter acesso a Jesus Eucarístico”. O Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus vê necessário que “a Igreja tome decisões mais velozes. A gente não vai perder o trem da história, mas nós estamos com uma Igreja um pouco acanhada nesse sentido de tomar decisões para que a gente possa favorecer o acompanhamento sobretudo das comunidades do interior”. Nesse sentido, ele defende a necessidade de “estar mais presente, não só final de semana, mas morar, ficar na companhia, ter proximidade, respeitar o povo, ser sinal de esperança lá para o povo que mora distante”. Em relação à Assembleia Sinodal que vai acontecer, o Padre Geraldo Bendaham insiste em que “ela é fruto de uma escuta, a gente espera muita fraternidade, espera muita harmonia e espera também que aprofunde em discussões, em debates, que a gente possa ser uma Igreja viva, uma Igreja de presença, mas que a gente possa tomar decisões, que essas decisões sejam bem discernidas e possam responder aos desafios da evangelização, mas também das realidades especiais que tanto desafiam à Igreja”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “A oração conserva a fé, a confiança em Deus mesmo não compreendendo a sua vontade”

“A necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” é o convite de Jesus a permanecer, a estar em oração, segundo Dom Leonardo Steiner. Em sua homilia dominical, o Arcebispo de Manaus afirmou que “não se trata de rezar de vez enquanto, quando temos vontade. Em um estado orante. Perseverar!” Analisando a passagem do livro do Êxodo 18,21, o cardeal vê que “recomenda que os juízes sejam pessoas tementes a Deus, dignas de fé, imparciais e incorruptíveis”. Segundo ele, “Moisés instituiu juízes imparciais, inimigos do suborno, que julgassem segundo a Lei. Assim, as palavras do juiz, diante da pobre viúva, nos espantam. Aquele que deveria ter a justiça como guia, como orientação de vida afirma: ‘Eu não temo a Deus e não respeito homem algum’”. Nas palavras do juiz, Dom Leonardo vê uma “linguagem que expressa a dureza de coração, a autossuficiência, o desprezo pela justiça, a injustiça para com os pobres e desvalidos, os quase sem ninguém. A linguagem de quem se julgam acima de todos, intocável e único intérprete da verdade. O Evangelho a nos apresentar uma pessoa que, diante da responsabilidade da justiça coloca-se na distância, na irresponsabilidade da justiça, no desprezo pela viúva, necessitada, desamparada. Sem escrúpulos, sem consideração à Lei, faz o que quer, é um surdo, um insensível; vive como que a parte da justiça”. Segundo o arcebispo, citando o Papa Francisco, “a viúva era, em geral, a mais pobre dos pobres. Ela sem guarida, sem valia, pobre, normalmente perdia até os filhos, uma vez viúva. Elas, os órfãos e os estrangeiros, eram as pessoas mais frágeis da sociedade. Os direitos assegurados pela Lei podiam ser espezinhados com facilidade, pois eram pessoas sós e indefesas: uma pobre viúva, ali sozinha, ninguém a defendia, podiam ignorá-la, sem lhe fazer justiça. O mesmo pode-se dizer do órfão, do estrangeiro, do migrante”. “O que nos encanta é a mulher que vive no desamparo, na desvalia, na não escuta, permanecer fiel na busca da justiça, ser justiça; perseverante. Apenas guiada pela justiça permanece dia a dia na sua busca: confiança, destemor, perseverança, crença na justiça. Injustiçada e lesada em seus direitos, sente-se incapaz de ser ouvida, mas persevera. Sem poder fazer pressão por influências, muito menos dar presentes, retorna pacientemente, insiste, apresenta-se ao juiz”, afirmou o cardeal Steiner. Segundo o purpurado, “a surdez da justiça foi um confronto de liberdade, busca de encontro, de amor e de doação de si mesma. Humilde, perseverante, sem gritos, sem desesperos, continua a apresentar-se ao juiz, guiada pela justiça e necessidade de vida. Como não lhe restava ninguém permaneceu fiel ao desejo de receber o dom da vida na justiça”. Dom Leonardo destacou que “a perseverança, a ousadia, o comprometimento, desperta o surdo da insensibilidade, se não pela justiça, pela insistência, presença. A perseverança, a insistência, o destemor, foi tal que infundiu temor. O que desperta o homem de sua insensibilidade é o permanecer na busca, o apresentar-se quase cotidianamente, o oferecer as mesmas palavras, a mesma necessidade, sem desfalecer. Havia nela um ânimo e uma disposição que amedrontou o juiz. O apresentar-se na sua viuvez, temperamentada, fortalecida, acordou para a justiça, a verdade, aquele homem insensível. A fortaleza, a segurança, a determinação, a constância, fez descer a justiça!”. Diante da atitude da viúva, o juiz, “agredido na sua percepção de justiça, no cumprimento do seu dever, na aplicação da Lei, do seu dever de cuidar dos fracos, pequenos, desvalidos, estrangeiros, viúvas e órfãos”, faz com que “a presença da viúva na sua persistência e constância, acorda o homem para o exercício da justiça que é mais que direito”, segundo o arcebispo. Ele citou o Sermão 80 de Santo Agostinho, onde ensina a partir da oração e insiste em que “Todos nós, todos, devemos animar-nos a orar”. Na primeira leitura, o livro do Êxodo mostra, segundo Dom Leonardo, que “Moisés é um orante, está à frente do seu povo em oração. Não é um comandante, pois em vez de espada tem um cajado, uma vara. Um suplicante que carrega em sua mão a vara de Deus. A vara que toca, fere o coração misericordioso de Deus: a vara da súplica dos pobres, perseguidos, dos desvalidos e desafortunados. Aquela que toca, abre o coração de Deus! Do quase medo da derrota, ergue a súplica, na fraqueza da dessustentação das mãos que suplicam, recebe ajuda de Hur e Araão. Uma súplica que reúne e une o povo para a salvação, libertação, a travessia do deserto, permanecer a caminho. Moisés permaneceu em oração, perseverou”. Na segundo leitura, o Arcebispo de Manaus destaca a insistência “na necessidade da perseverança, permanecer na graça recebida, permanecer no ensinamento recebido, permanecer em Cristo Jesus”. Um chamado a “abraçar a fé, a Igreja, Jesus Cristo! Perseverar no caminho para o qual foi despertado, o caminho iniciado. E permanecer firme, criar raízes, crescer, deixar-se fortalecer pelo Mistério amoroso que tudo abarca, dá sentido, transforma! Perseverar: ser tomado pela dinâmica da relação, da profundidade”. Dom Leonardo fez um apelo a perseverar. Segundo ele, “nos dias que estamos a viver exige perseverança. Permanecer, insistir, sem desfalecer, para que justiça mantenha a dignidade de nossas relações sociais. Perseverar, sem desfalecer na superação da violência em todos os âmbitos, também na política. Perseverar, sem desfalecer numa economia justa que não descarte nenhum irmão, nenhuma irmã. Perseverar, sem desfalecer na dinâmica evangélica da paz que supera toda violência. Perseverar, sem desfalecer na certeza de que a democracia é a possibilidade de um Estado equânime e uma nação de fraternidade. Perseverar, sem desfalecer, seguindo a esperança! Como pessoas que receberam de Jesus a graça do Reino, perseverar”. Um chamado a “perseverar no bem, na bondade, em oração!”, ressaltou o arcebispo. “Às vezes temos a impressão de Deus ter silenciado. Pedimos, voltamos, insistimos. Podemos ter a percepção do silêncio de Deus.  E Jesus no Evangelho a nos dizer que não deixemos nunca de dialogar com Ele, de rezar”, afirmou Dom Leonardo. “É nessa oração-escuta que somos tomados pelos projetos e os ritmos de Deus; é nessa escuta-oração que…
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10ª ANOPD: “Construir pontes, estabelecer relações, alimentar a comunhão”

Os cerca de 180 participantes da 10ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus (ANOPD), com diversos representantes do Regional Norte1 da CNBB, realizada em Brasília de 14 a 16 de outubro de 2022, lançaram uma Mensagem ao Povo de Deus (ver aqui). Assinada pelos presidentes das instituições presentes: Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil (CNISB), Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil (CRB), Comissão Nacional dos Diáconos (CND), Comissão Nacional de Presbíteros (CNP) e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a mensagem quer ser uma palavra de fé, esperança e caridade. A Assembleia, vivida em espírito de comunhão, tem sido um exercício de sinodalidade, “onde todos os batizados e batizadas, por força da vocação própria, se sintam verdadeiramente pertencentes à Igreja peregrina, presente e atuante na história e por ela corresponsáveis”. Por isso, o tem refletido está na linha do atual Sínodo, que se prolongará até 2024, segundo foi anunciado pelo Papa Francisco no dia do encerramento da Assembleia. “Uma oportunidade privilegiada de fraternidade, diálogo, oração e reflexão”, afirma a Mensagem. Isso diante de um tempo desafiador, que diante das suas influências em todos os âmbitos, “exige disposição para acolher os sinais dos tempos, discernimento e ousadia na busca de respostas adequadas às exigências do Reino de Deus e sua justiça”. O texto reflete sobre a complexa realidade brasileira atual, algo que “impede que grande parte da população tenha condições de vida digna, com paz e justiça social”, mostrando se sentimento diante das “dores agravadas pela destruição de políticas públicas”, aumentando assim situações que provocam dor e sofrimento em boa parte da população, algo exacerbado pela pandemia da Covid-19, “gerando mortes, violência, fome, perdas de direitos, desemprego”. Também mostram tristeza e vergonha diante do aumento das ameaças ao Estado Democrático de Direito. As alternativas propostas diante dessa realidade são “construir pontes, estabelecer relações, alimentar a comunhão, trabalhar juntos no cuidado e promoção da vida e da Casa Comum, indo ao encontro das periferias geográficas e existenciais”. A Mensagem celebra os 70 anos da CNBB, e louva “a Deus pela sua história de colegialidade episcopal, unidade e comunhão com os demais Organismos, coragem e profetismo diante das necessidades do povo brasileiro, especialmente dos mais pobres!”. Finalmente, a 10ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus mostra sua sintonia com a Igreja no mundo inteiro e com o atual processo sinodal, pedindo a intercessão da Virgem Mãe Aparecida, para que “nos acompanhe nesta caminhada sinodal!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Cidinha Fernandes: “Rezar pelo que é essencial, a concretização da justiça”

No Evangelho do 29° domingo do tempo Comum, “encontramos Jesus ensinando os discípulos sobre a necessidade de rezar sempre, de nunca desistir e, de rezar pelo que é essencial, a concretização da justiça”, afirma a Ir. Cidinha Fernandes. Segundo a religiosa das Catequistas Franciscanas, “estamos em tempos de Travessia, de uma urgência cristã, social e política que não nos permite a paralisia, apatia ou inconstância. Precisamos urgentemente nos humanizar, descer as profundezas de nós mesmos, das dores do povo, o sofrimento dos pobres. Estamos falando de milhões de pobres que hoje não terão comida em seus pratos, trabalho, casa, dignidade; de pessoas que transitam de um lugar para outro, sem rumo, sem destino, sem esperança e, também de migrantes e refugiados, que buscam um bom lugar para se viver. Queremos recordar o corte orçamentário na educação, na saúde, a falta de políticas públicas para as juventudes, mulheres e crianças, e tantas dores mais que chegam até nós cotidianamente”. A missionária na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, diante dessa realidade, convida a rezar com o salmista: “Eu levanto os meus olhos para os montes, de onde pode vir o meu socorro?  Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor, que fez o céu e fez a terra.  Ele não deixa tropeçarem os meus pés, e não dorme quem te guarda e te vigia. Ele mesmo vai cuidar de tua vida, Ele te guarda desde agora e para sempre.” No Evangelho deste domingo, a religiosa destaca a figura central de uma mulher, uma viúva que vinha ao juiz com um pedido: “faça-me justiça contra o meu adversário!”. Segundo ela, “o juiz daquele tempo, se recusou a atender este pedido até que um dia, para ficar livre da importunação e, por medo de ser agredido, atendeu o seu pedido. Diante deste fato, o Senhor mesmo acrescentou: se o juiz cedeu a insistência da viúva, atendendo sua reivindicação, ‘Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar”? E Jesus nos dá uma garantia, Deus lhes fará justiça bem depressa’”. Olhando a passagem do Livro do Êxodo que aparece na primeira leitura, a Ir. Cidinha, no relato de uma luta contra os amalecitas, que vieram atacar Israel, afirma que “a imagem bonita é da figura de Moisés que permanece de pé, no alto da colina, com a vara de Deus na mão e, ‘Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia’, quando a mão se tornou pesada, ele se sentou e Aarão e Ur, ficaram um de cada lado, sustentando as mãos de Moisés”. A religiosa insiste em que “diante da realidade de morte que se impõe, a nossa oração precisa ser como a da viúva, faça-nos justiça!”. Ela ressalta que “a conquista da justiça se dá pela luta persistente, insistente, sem direito a retroceder e desistir. Precisamos como Moisés, permanecer de pé na colina de Deus, com os braços levantados em oração-ação, e, quando os nossos braços estiverem cansados, que possamos contar uns com os outros como apoio, presença-esperança- sustentação”. Finalmente, a Ir. Cidinha afirma que “hoje, a Palavra de Deus nos pede oração encarnada, constância na luta pela vida, pois o nosso Deus vem em nosso socorro, nos guarda, nos protege desde agora e para sempre”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo Spengler: “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”, caderno para se engajar, se envolver

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acaba de lançar, em versão digital e impressa, o Caderno: “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”. Segundo Dom Evaristo Spengler, “embora o tráfico de pessoas seja o terceiro comércio ilícito mais rentável do mundo, é ainda um crime desconhecido porque é invisível para a sociedade. Ele gera mais de 30 bilhões de dólares anualmente, mas as pessoas não conhecem esse crime”. O Presidente da Comissão destaca que “por isso, quando as pessoas ouvem falar, perguntam: ainda existe essa realidade nos tempos atuais?”. O Bispo da Prelazia de Marajó ressalta que “esse caderno, ele quer ser uma ferramenta para ajudar a todas as pessoas que mobilizam as pastorais, movimentos, organizações e coletivos que atuam nos processos de formação para o enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil para que possam ajudar a trazer à tona essa realidade”. Dom Evaristo relata como segundo passo, depois de tomar conhecimento, “quais são os caminhos para que as pessoas possam se engajar, se envolver nesse enfrentamento ao tráfico de pessoas”. O bispo afirma que “o caderno coloca aquele esquema que é bem conhecido nosso no Brasil e em América Latina do ver, julgar e agir, apresenta conceitos, modalidades, indicações para a cultura do cuidado”. Citando o Papa Francisco, o Presidente da Comissão, ressalta que “ele nos alerta que nós não teremos um mundo de paz, não teremos um mundo de fraternidade enquanto não tivermos uma cultura do cuidado”. Nesse sentido, o bispo franciscano afirma que “a violência, o uso das pessoas para o lucro, como é o tráfico de pessoas, ele é o oposto disso, é o uso da pessoa para a ganância de alguns, usando as pessoas como mercadoria, como propriedade, como um objeto. Isso é um crime que brada aos céus”. Lembrando novamente as palavras do Papa Francisco, Dom Evaristo diz que o Tráfico de Pessoas “é uma chaga atroz que tem que ser curada em nossa sociedade”. Por isso, “nós desejamos que esse caderno possa ajudar a trazer à tona para muitas pessoas das nossas bases, pastorais e movimentos, e também outros grupos sociais que querem conhecer melhor e saber como se engajar no enfrentamento ao tráfico de pessoas”. A realidade do Tráfico de Pessoas no Brasil se torna mais preocupante neste cenário em que o país atravessa crises sociais, políticas econômicas e ainda convive com a pandemia da Covid-19. Nesse sentido, o caderno pretende ser instrumento que ajude a enfrentar um crime que é considerado a escravidão moderna deste século. Ainda mais diante do fato de que no Brasil, “o grito das vítimas praticamente foi silenciado pelo poder do crime organizado durante a pandemia da Covid-19”, uma realidade que demanda formar e informar para denunciar. Um caderno que conta com as parcerias da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (ASBRAD), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Rede Um Grito pela Vida e apoio da Conferência Episcopal Italiana.   Luis Miguel Modino, assessor de comunição CNBB Norte1