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Realidade sociopolítica, eclesial e pastoral fundamento da caminhada do Regional Norte1

Analisar a conjuntura sempre tem sido um elemento importante para a Igreja do Brasil. Seguindo esse costume, depois da celebração presidida por Dom Leonardo Steiner, em que foi acolhido como Cardeal da Amazônia pelo Regional Norte1, foi analisada a conjuntura social e eclesial. O Brasil, tem sido historicamente uma sociedade marcada sistematicamente por desigualdades em que poucos tem acesso a muito e muitos têm acesso a pouco, segundo Marcelo Seráfico. Uma realidade atual, que se faz visível na insegurança alimentar, que atingem 60% por cento da população, mesmo com o aumento da exportação de alimentos, no trabalho informal, na falta de moradia, com uma parte significativa da população, no Amazonas 50%, que vive em favelas, a perda de direitos trabalhistas. Segundo o professor da Universidade Federal da Amazônia (UFAM), a Constituição de 1988 surgiu para reparar as desigualdades, algo que não se conseguiu. Hoje a sociedade brasileira está marcada pelo autoritarismo, a violência como algo normalizado, que se tornou entretenimento nos meios de comunicação e nas conversas entre as pessoas, afirmou Seráfico, que falou da “normalização do absurdo”, de uma sociedade que expulsou aqueles que mais precisam através de mecanismos econômicos. Uma população desencantada com a política, que foi aproveitado por políticos sem escrúpulo, que tem conduzido à criminalização, à agressão do diferente, à suspensão do diálogo, à educação para a competição. Isso demanda, segundo o professor resolver os problemas históricos, a autoritarismo histórico nas relações. Mas também, olhando para a sociedade atual, diante da tentativa de liquidação do país, que na Amazônia se faz visível na medida em que é vista como lugar de expansão da fronteira de exploração, que se dá de forma violenta, de maneira brutal, voltar a um projeto de país onde existe a coisa pública, onde se fale de distribuição, de novas estratégias e políticas, que superem as fronteiras. Isso numa Igreja onde o grande protagonista é o Papa Francisco, segundo Dom Adolfo Zon, que analisou a conjuntura eclesial. Um Papa, considerado como exemplo para a Igreja, que aposta numa “Igreja despojada, em saída, dialogal, evangelizadora, todos caminhando juntos, a serviço da paz e do cuidado da criação”. Um Papa que insiste na sinodalidade como caminho e na importância do povo de Deus e da missão, querendo combater “a auto referencialidade, o clericalismo, o mundanismo espiritual e litúrgico, o pelagianismo pastoral, o gnosticismo doutrinário”, o que segundo o bispo, “tem deixado uma porção de clérigos e seminaristas aborrecidos com o Papa”. Dom Adolfo foi relatando diferentes experiencias de sinodalidade vividas na Igreja do Brasil nas últimas décadas, uma sinodalidade que “exige mudanças no Direito Canônico”, uma sinodalidade que, mesmo aos poucos, vai se fazendo presente no maior protagonismo das mulheres, dos leigos, em espaços de decisão, inclusive na Cúria Vaticana. Também mostrou a maior presença no Colégio Cardinalício de purpurados chegados das periferias, destacando que em um conclave os europeus já não seriam europeus. O Bispo da Diocese de Alto Solimões falou sobre posturas contrárias ao Magistério do Papa Francisco, sobre influencers que “agradam o ouvido popular com aspectos devocionais e catequese tradicional”, que “apresentam rigidez, agressividade, acusações a inimigos, com juízos inadequados e injustos”. Dom Adolfo também relatou “o índice crescente e preocupante de depressão e de suicídios de clérigos”, as contradições presentes na Igreja, as consequências da pandemia, que também é vista como ajuda para “sensibilizar e refletir sobre a vulnerabilidade, a finitude, a necessidade de amparo e de elaboração de perdas no luto, de escuta e de acompanhamento pastoral”. O Regional Norte1 tem como fundamento da sua caminhada eclesial as Diretrizes, que nos ajudam a perceber que nossos processos pastorais, mesmo com as dificuldades, continuam avançando. Isso apareceu na partilha da caminhada das dioceses e prelazias do Regional no último ano, mostrando as ricas experiencias que fazem parte da vida das igrejas particulares do Regional Norte1 da CNBB. Diretrizes que tem elementos comuns com o Documento nascido do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, realizado com motivo dos 50 anos do Encontro de Santarém, “certidão de batismo da Igreja da Amazônia”. Documentos que tem como base a encarnação na realidade e a evangelização libertadora, “um chamado para que todo processo de evangelização não se distancie do anúncio kerigmático”, segundo o padre Zenildo Lima. Buscar uma evangelização que interfira na vida das pessoas, uma Igreja que não tem atitudes em torno de si mesma e sim da vida das pessoas. Isso em profunda comunhão com a caminhada da Igreja do Brasil. Umas Diretrizes que a 49ª Assembleia do Regional Norte1 quer fazer avançar segundo as interpelações do Encontro de Santarém do passado mês de junho. Elementos que incidem em múltiplos elementos presentes na vida das igrejas particulares, das paroquias e comunidades, das pastorais e movimentos, marcadas pela missionariedade, “carteira de identidade da Igreja da Amazônia”, como a definiu o reito do Seminário São José, pela sinodalidade, assumida mesmo nas dificuldades provocadas pelas grandes distâncias que fazem parte das igrejas do Regional Norte1, pela ministerialidade, e tantos outros elementos que enriquecem uma caminhada que anima a continuar avançando. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Regional Norte1 acolhe seu Cardeal, que espera que “demos passos para que a Igreja possa dar passos”

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vive com alegria o carinho do Papa Francisco pela Amazônia, uma atitude que teve um grande gesto com a nomeação cardinalícia de Dom Leonardo Steiner, metropolita da província eclesiástica de Manaus. O Cardeal da Amazônia, que relatando sua estadia em Roma com motivo do consistório destacou a grande esperança que a Igreja universal está depositando na Igreja da Amazônia, dizendo esperar que “demos passos para que a Igreja possa dar passos”. Dom Leonardo, que presidiu a Eucaristia que deu início aos trabalhos do segundo dia da Assembleia, que acontece de 19 a 22 de setembro de 2022, representadas nos mais de 70 participantes da 49ª Assembleia do Regional e nos seminaristas das dioceses e prelazias que se formam no Seminário São José, insistiu mais uma vez, como tem feito desde que conheceu sua nomeação, que seu cardinalato “é mais um gesto do Papa Francisco em relação às nossas igrejas que estão na Amazônia, não é uma questão pessoal”. O cardeal Steiner se referiu às palavras do Papa Francisco quando ele entregou os distintivos cardinalícios, onde mostrou “o olhar dele para as igrejas que estão na Amazônia, não um olhar para os bispos, um olhar para a Igreja que está na Amazônia”. Uma Igreja que “procurou nesse tempo todo ser uma Igreja encarnada, uma Igreja participante das dificuldades, das tensões, das injustiças”, insistindo em que estamos diante de “um pequeno sinal do Papa Francisco do que ele espera de nós como Igreja que está aqui encarnada e procura ser uma Igreja consoladora e libertadora”. Agradecendo os presentes que cada uma das dioceses e prelazias do Regional entregaram para ele, que definiu como “bonitos e significativos”. Como já tinha feito na homilia, Dom Leonardo destacou a importância da Palavra, um elemento presente em seu lema episcopal. “O Verbo feito carne”. Uma Palavra presente nas igrejas do Regional, uma Igreja que “no meio das intempéries nós vamos nos gestando uma Igreja na força da Palavra”. “Uma Palavra que vai nos gestando, nessa dinâmica da maternidade da Palavra”, afirmou o purpurado, que vê a Palavra como aquilo que “vai tornando a vida cada vez mais harmónica, para que a vida chegue a sua plenitude e se torne palpável e visível”. O cardeal Franciscano lembrou do pedido de Francisco de Assis aos seus irmãos, chamando-os “a que concebessem a Palavra e a dessem à luz”. Uma Palavra que ao se tornar luz aparece como “Palavra consoladora, Palavra de Vida”, que vai nos transformando e nos tornando na Palavra irmãs e irmãos. Uma Palavra que em nós se torna visível, sensível, uma Palavra que vai formando, gestando comunidades através de séculos, algo que na Amazônia faz parte da vida das comunidades mais distantes, que “são gestadas continuamente pela Palavra”. Uma Palavra que vai se tornando visível “nos nossos gestos, na nossa proximidade, na nossa samaritaniedade, no nosso despojamento, nosso esvaziamento, no nosso acolhimento. Uma Igreja presente, ativa, transformadora, libertadora, que nós queremos ir meditando nesses dias, uma Igreja que realmente vai se encarnando”. Uma Igreja que, segundo Dom Leonardo, “vai percebendo que sem a Palavra, ela não liberta”, insistindo em “como estamos hoje necessitados de uma libertação”. Uma Palavra que “ajuda a transformar as nossas realidades sociais, e por que não dizer, as nossas realidades políticas”. No Evangelho do dia, Dom Leonardo também disse ver “uma Palavra de esperança, uma Palavra iluminadora para perseverarmos nesse caminho que estamos trilhando há tanto tempo, um caminho que é uma herança de uma Igreja que caminhou tanto através dos séculos”. A partir daí mostrou seu desejo de continuar caminhando “numa Igreja que sai, que todos somos povo de Deus, uma Igreja profundamente sinodal”. Uma Igreja onde o Verbo se fez carne e habita os beiradões, as aldeias, os quilombos, os assentamentos, as periferias. Uma Igreja que com seu cardeal, reafirma seu compromisso como Igreja junto aos povos que habitam nossa Querida Amazônia, a exemplo de Santarém, numa encarnação na realidade e evangelização libertadora, caminho de comunhão, participação e missão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

49ª Assembleia Regional Norte1 inicia com o Sínodo e Santarém como pautas em destaque

Uma assembleia marcada pelo Sínodo sobre a Sinodalidade, os 50 anos de Santarém e o Documento Memória e Gratidão que surgiu do encontro realizado no mês de junho, que acontece 15 depois da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Regional Norte1 da CNBB realiza de 19 a 22 de setembro sua 49ª Assembleia com a participação de mais de 70 pessoas chegadas das noves dioceses e prelazias que compõem o Regional, que se apresentaram no início dos trabalhos. Um tempo para refletir sobre o trabalho realizado na fase diocesana do Sínodo, que segundo o Cardeal Mário Grech, teve uma grande participação, dado que a prática totalidade das conferências episcopais do mundo enviaram seus relatórios, com sugestões muito positivas, segundo recolhe a carta enviada pelo Secretário do Sínodo aos bispos. Na carta, o Cardeal Grech insiste em que a sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio. Uma Igreja sinodal onde todos são chamados a estar à escuta de todos e todos à escuta do Espírito Santo. O processo sinodal está mostrando a riqueza espiritual e pastoral que existe na Igreja, a presença do Espírito Santo no santo povo de Deus, onde todos os batizados são chamados a caminharem juntos. O Documento Memória e Gratidão, fruto do encontro dos 50 anos de Santarém, será base para implementar as diretrizes e ações evangelizadoras no Regional Norte1, segundo o presidente do Regional, que insistiu na comunhão, participação e missão, como elementos fundantes da 49ª Assembleia, chamada a experimentar o trabalho do Espírito Santo, de baixo para cima. Dom Edson Damian destacou a participação dos leigos, leigas e dos indígenas, para que eles tenham a palavra e a voz, pedindo que o Espírito Santo ilumine e conduza os participantes da Assembleia. O presidente do Regional Norte 1 ressaltou a Mensagem ao povo de Deus da 59ª Assembleia Geral CNBB, destacando elementos presentes no texto que devem levar à reflexão. Iniciada com um momento orante, o primeiro dia da 49ª Assembleia do Regional Norte1 teve como momento mais destacado a apresentação do relatório da presidência, realizada por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo de Borba e Secretário do Regional, e a Ir. Rose Bertoldo, Secretária Executiva do Regional, recolhendo o acontecido de outubro de 2021 a setembro de 2022. Um relatório que quer ser uma pequena memória da caminhada do Regional, mas também da Igreja universal, da América Latina e do Brasil. Um relatório que mostrou as numerosas atividades que ao longo do ano foram acontecendo e as forças vivas que existem com diferentes rostos. Também para agradecer “a todas as lideranças, agentes de pastoral que entregam a vida pela causa do Reino de Deus no chão da Amazônia e para além dela”. Tudo isso na dinâmica da sinodalidade, um caminho já consolidado no Regional Norte1 da CNBB. Um ano marcado pela escolha de Dom Leonardo Steiner como cardeal, o Cardeal da Amazônia, porta-voz e colaborador direto do Papa Francisco. O relatório foi colocando os muitos elementos e momentos mais destacados ao longo do ano em diferentes níveis, um ano em que os bispos do Regional Norte1 realizaram a visita Ad Limina ao Papa Francisco de 20 a 24 de junho de 2022. Dentre outros foi colocado a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, a 59ª Assembleia Geral da CNBB realizada em duas etapas, uma virtual em abril e uma presencial no início de setembro, os 50 anos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os 15 anos de Aparecida, o IV Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que comemorou os 50 anos do encontro de Santarém, o Encontro Nacional de Presbíteros, o Congresso Missionário Nacional de Seminaristas. Também os muitos encontros, seminários, assembleias realizadas pelas diferentes pastorais e pelo Regional Norte1. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Missionário da Consolata Indígena baré é ordenado presbítero em Manaus

Em celebração realizada na paróquia Santa Luzia na noite de 17 de setembro, o jovem missionário Inácio Cordeiro Padrão foi ordenado presbítero pela oração e imposição das mãos do arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner. Além da numerosa participação de seus familiares, a celebração contou com participação de 21 sacerdotes missionários da Consolata, religiosos e diocesanos, além de inúmeras religiosas, leigos missionários e fiéis de Manaus e região. Natural de São Gabriel da Cachoeira, na Amazônia brasileira, é o oitavo de dez filhos do colombiano Paulo Padrão e de Maria Cordeiro, brasileira e indígena Baré. Iniciou sua formação com os missionários da Consolata em 2009 e realizou seus estudos no Brasil, Argentina e Quênia. A primeira destinação missionária do neopresbítero será em Moçambique. “NÃO TE ESQUEÇAS DAS TUAS RAÍZES INDÍGENAS” Na homilia, Dom Leonardo Steiner, exortou ao padre Inácio, que é natural do povo indígena Baré, para que mantenha e sempre se lembre de suas raízes e da fonte de sua fé. “Não te esqueças das tuas raízes indígenas, da casa do povo de onde vieste, da fé recebida, da força cultural que te gerou. Seja padre, continuando a beber da mesma fonte cultural, da mesma fonte da fé. O mesmo modo de ser que faz ser um povo, serão tuas forças e graças com as forças e graças do Evangelho”. O arcebispo de Manaus também recordou da missão que terá o neopresbítero, como missionário da Consolata e no ministério que assume. “Como verdadeiro missionário da Consolata ‘anuncia Jesus Cristo onde ainda não é conhecido!’ Deixa-te inspirar em todos os momentos, ações e exercícios de tua missão e do teu ministério pela Consolação. A Consolata é o modelo e guia, inspiração para levar ao mundo a verdadeira consolação que é Jesus, seguindo o modo de vida do Bem-aventurado José Allamano [fundador dos missionários da Consolata]. Como homem da consolação, persevera no amor e seja fiel à Eucaristia, na devoção a Maria, na obediência à Igreja e ao Papa, no espírito de família e na estima e amor ao trabalho”. Em forma de oração-reflexão, o cardeal ressaltou alguns elementos importantes para que Inácio possa viver intensamente seu ministério: “Caro irmão Inácio, Deus te conceda a graça de ser um fiel pregoeiro do Consolador, Jesus Cristo; cuidador e samaritano dos mais pobres, para que o Consolo seja visibilizado; o Consolador cuide de ti e possas dar a tua vida pela vida do Reino. Amém.” SACERDOTE FIEL E MISERICORDIOSO Nascido em 18 de maio de 1989 no Município de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas, extremo norte do Brasil, na fronteira com Colômbia e Venezuela, Inácio Cordeiro Padrão é o oitavo de dez filhos de Paulo Padrão e Maria Cordeiro. Seu pai é natural da Colômbia e a sua mãe é brasileira do povo originário Baré. Padre Inácio Cordeiro com sua família da etnia Baré em Manaus. Em 2006, depois de terminado seu ensino fundamental, Inácio migrou para Manaus, deixando sua terra, seus pais, irmãos e amigos, para continuar seus estudos. Terminado seus estudos secundários em 2008, logo trabalhava e estudava na Escola Técnica da Rede Salesiana. Em 2009 ingressou na casa de formação do Instituto Missões Consolata da Região Amazônica, realizando o ano de propedêutico e os estudos de Filosofia, na Universidade Salesiana Dom Bosco Manaus. Depois de um período em sua família, esteve em Roraima, acompanhando pastoralmente o povo Yanomami e Macuxi. Em 2016 foi destinado a Buenos Aires, na Argentina, onde viveu o ano de Noviciado, onde professou os votos religiosos em 30 de dezembro do mesmo ano. Destinado ao Quênia, no continente africano, realizou seus estudos teológicos na Universidade Tangaza  College de Nairóbi e seu ano de serviço missionário junto ao povo Turkana, na paroquia Canpi Garba Mission. Neste ano de 2022, em celebrações realizadas em Nairobi, emitiu sua profissão perpétua como Missionário da Consolata no dia 11 de fevereiro e foi ordenado Diácono no dia 12 de fevereiro. Inspirado na passagem bíblica de Hebreus 2,17, “sacerdote fiel e misericordioso”, no dia 17 de setembro, festa litúrgica da missionária da Consolata e mártir, a bem-aventurada Leonella Sgobarti, o diácono Inácio foi ordenado presbítero pela oração e imposição das mãos do Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, na paróquia Santa Luzia. Na manhã de 18 de setembro presidiu sua primeira missa na comunidade Santa Maria Goretti, na zona leste de Manaus, onde os missionários da Consolata estiveram presentes por muitos anos e que atualmente estão os Missionários de Maria Imaculada. Como Missionário da Consolata, o padre Inácio Cordeiro Padrão, exercerá seu ministério e serviço missionário em Moçambique, no continente africano. Fonte: Consolata América 

Paróquia de Belém do Solimões reforma Marcenaria Indígena Sustentável

Um projeto surgido em 2007, as que aos poucos foi se renovando e descobrindo novos modos de trabalho. A “Marcenaria Indígena” em Belém do Solimões nasceu do esforço dos Frades Menores Capuchinhos e a Paróquia São Francisco de Assis. Os Frades Capuchinhos sempre lutaram e caminharam junto ao povo e a juventude para servir a vida plena, na Evangelização e Promoção Humana. Com o decorrer do tempo, hoje, a “Marcenaria Indígena Sustentável” se tornou uma importante expressão da atuação da MAPANA – Associação das Mulheres Indígenas, alcançando direta e indiretamente uma faixa de 25 mil indígenas das terras demarcadas Indígenas Eware I e Eware II, das etnias Ticuna, Kokama, Kanamari, Kambeba. Um projeto que conta com a colaboração do ICS – Instituto Clima e Sociedade (Rio de Janeiro), a AMAZON RELIEF (Canadá) e a MZF – FRANZISKANER HELFEN (Missionszentrale der Franziskaner e.V. – Alemanha). A marcenaria acaba de ser reformada após um trabalho que começou em janeiro de 2021 e tem sido concluído neste mês de setembro. O projeto busca acreditar e apoiar a MAPANA na gestão e reorganização mais sustentável deste projeto tão importante para a vida dos povos indígenas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Com informações do Blog Povo Ticuna Belém do Solimões

Assembleia Regional Norte1: “A partir de uma Igreja Sinodal continuar construindo caminhos de vida”

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realiza nesta semana, de 19 a 22 de setembro, na Maromba de Manaus, a 49ª Assembleia Regional, com o tema: “Santarém Encarnação na realidade e Evangelização Libertadora: caminho de comunhão participação e missão”. Os bispos das nove dioceses e prelazias, coordenadores de pastoral, representantes dos povos indígenas e das pastorais em nível regional estão convidados, sendo esperados mais de 70 participantes, um número significativo depois de dois anos de pandemia, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Comentando a programação da assembleia, a Secretária Executiva do Regional Norte1 afirma que inicia com “uma análise de conjuntura sociopolítica e econômica, tão necessária nestes tempos às vésperas das eleições”, tendo como assessores o professor Marcelo Seráfico e Dom Adolfo Zon, Bispo da Diocese de Alto Solimões. Uma assembleia “marcada por estudos principalmente do Documento de Santarém bem como a partilha do estudo realizado em preparação para o Sínodo sobre sinodalidade que vieram das dioceses”, destaca a Ir. Rose Bertoldo. A religiosa lembra também a importância da “partilha da caminhada missionária fundamentadas a partir das diretrizes que estão sendo colocadas em prática em cada Igreja particular”, analisando os avanços realizados na concreção das diretrizes no último ano e vendo como seguir avançando desde a perspectiva de Santarém e do Sínodo.  A Secretária Executiva do Regional também lembra que “queremos acolher a chegada e a presença de Dom José Altevir da Silva, novo Bispo da Prelazia de Tefé, em nosso meio sendo a primeira Assembleia que ele participa no Regional, bem como a acolhida de Dom Leonardo como Cardeal da Amazônia”. “Uma assembleia que nos enche de esperança pois temos muito muita clareza do caminho que o Regional vem construindo ao longo desses anos e queremos a partir de uma Igreja Sinodal continuar construindo caminhos de vida”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Cada uma das pastorais vai ter seu espaço para partilhar sua caminhada, sendo também abordada a 6ª Semana Social Brasileira, e questões relacionadas com a Comissão para a Amazônia, que tem como presidente o Cardeal Steiner, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), e a Conferência Eclesial da Amazônia (REPAM). Junto com isso, o Congresso Missionário Nacional, que irá acontecer em Manaus em 2023, a experiência Missionária de Seminaristas, a ser realizada também em Manaus no próximo janeiro, o Decreto e Proteção de Menores e as conclusões da 59ª Nacional da CNBB. No dia 23 de setembro, os bispos continuarão reunidos para tratar questões referentes ao Seminário São José e a caminhada dos seminaristas. No mesmo dia será realizado o Lançamento da Faculdade Católica do Amazonas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Eduardo Brasileiro: Economia de Francisco y Clara, “uma resposta a partir dos territórios”

Un encontro que desperta uma grande ansiedade entre os participantes. O Encontro da Economia de Francisco que acontece em Assis de 22 a 24 de setembro, com dois anos de demora em consequência da pandemia da Covid-19, passou de ser um evento, marcado por um encontro dos jovens com o Papa Francisco, a ser um processo global, onde uma comunidade global quer se empenhar na mudança do modelo económico vigente no mundo inteiro. No Brasil, segundo relata Eduardo Brasileiro, um dos cem jovens brasileiros que participarão do encontro em Assis, a grande diferença está no fato de que junto com Francisco entrou Clara, e com ela se fez presente “a perspectiva das periferias, das mulheres, de tudo aquilo que é excluído da lógica do capitalismo”. Segundo Brasileiro, a Economia de Francisco e Clara se tornou no país um movimento social, um espaço de denúncia, um lugar onde fazer propostas de uma outra organização do Estado, onde se fazem presentes políticas públicas, dinâmicas culturais, fazendo aparecer expressões que hoje são apagadas. Um Encontro que é uma oportunidade para conhecer as experiencias de resistência em outros países, em outros continentes, em outras realidades culturais, descobrindo outros modelos alternativos de desenvolvimento, afirma Eduardo Brasileiro. Ele insiste em que “neste evento não há desejo de conversar com os grandes líderes globais, que se sentem numa mesa e negociem com os jovens”. O representante do Brasil, insiste em que “há uma maturidade política, uma habilidade política de quem está construindo a Economia de Francisco y Clara que é perceber que são os territórios, se empoderando sobre processos cada vez mais de democracia económica, de organização popular, que geram um processo de transformação”. Eduardo Brasileiro insiste em que a Economia de Francisco y Clara, “ela não deve ser uma resposta para o mundo única, mas ela tem sua resposta a partir dos territórios”. Isso o leva a afirmar a necessidade de entender a Economia de Francisco e Clara como “uma expressão a partir dos territórios e não como uma plataforma que pega um documento para debater com políticos ou empresários”, e sim como “um processo de retomada das experiências territoriais”. No caso do Brasil, se busca que o Estado se torne “o grande propulsor de uma retomada ecológica, de construção de políticas públicas, de investimento em renda e trabalho, um Estado que se volta ao território como um potencializador de políticas públicas, de desenvolvimento territorial”. Uma expressão disso é a economia solidária, “que gera renda, trabalho cooperado, superação da fome a través da agroecologia”, mas também os bancos comunitários, o orçamento participativo, que leve a “discutir para onde está indo o orçamento do povo”. O grande parceiro da Economia de Francisco e Clara é, segundo Eduardo Brasileiro, o Pacto Educativo Global, que leve a discutir dentro das escolas, dos espaços de educação global e comunitária, nas comunidades eclesiais, ajudando a “perceber o território como lugar de potencialidades, não como lugar de ausências”, e com isso a “uma retomada do comunitário”. Frente à postura de Margaret Thatcher na década de 80, quando ela dizia que “não existe sociedade”, potenciando o auge do neoliberalismo no mundo, Eduardo Brasileiro ressalta as palavras do Papa Francisco na Evangelii Gaudium, onde diz: “não deixem que os roubem a comunidade”, apontando que “o caminho de construção de um novo pacto social, ecológico, económico, educativo, ele passa por uma experiência comunitária de economia para os bens comuns, de economias para os territórios, para o desenvolvimento sustentável, para uma nova arquitetura económica”. O atual cânone económico, onde economia é ausência de dinheiro, onde tudo é construído desde a escassez, é o que provoca segundo Brasileiro, posturas que não vem futuro para a atual sociedade. Tudo isso em consequência de um modelo de extração, de corporações que expoliam os recursos dos países. A alternativa é “realmar a economia, colocá-la no centro da vida da pessoa e de todos os outros ecossistemas, olhar para os territórios com maior criatividade”. Uma Economia impulsada pelo Papa Francisco, considerado pelos jovens como “a maior autoridade política viva com preocupação pelos caminhos da humanidade. Ele é o que mais consegue vociferar, aglutinar forças denunciando esse modelo de morte, seja com a migração, seja contra as guerras, seja apontando a insensatez do mercado, do modelo climático, das políticas públicas”. A presença do Papa Francisco no encontro, “ele já nos compromete ao modelo que priorize uma economia comprometida com processos de vida”, ressaltando que ele consegue promover uma escuta favorável da parte do mundo, uma atitude assumida pela Igreja do Brasil, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pelas pastorais, que tem aberto muitos espaços para a Economia de Francisco y Clara. Eduardo Brasileiro faz um chamado a “resgatar um catolicismo de compromisso com a profecia, com os mais pobres, a não perder de vista os pobres e a Mãe Terra”. Um Papa que compromete a continuar, pois a Economia de Francisco e Clara tem o compromisso de gerar uma geração de jovens provocada pelos apelos que estão surgindo, gerando uma juventude comprometida com a transformação global, ressalta Eduardo Brasileiro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Michele Silva: “Muitas vezes nós até nos sentimos minoria fazendo o bem”

Um convite “a entrarmos na dinâmica da construção de uma nova sociedade, pautada na justiça e no bem comum”, é o chamado da Liturgia da Palavra neste 25º Domingo do Tempo Comum, segundo a Ir. Michele Silva. Comentando a parábola do administrador que aparece no Evangelho de Lucas, a religiosa afirma que “altera os números, que rouba em seu próprio benefício e essa atitude ainda é elogiada pelo seu senhor”. Ela reflete sobre “com quantas situações nós nos deparamos, com realidades em que as pessoas cometem fraudes, enganam e ainda são elogiadas pelos seus atos”, lembrando a frase do Evangelho que diz: “os filhos das trevas são mais espertos e inteligentes dos que os filhos da luz”. Segundo a Ir. Michele, “muitas vezes nós até nos sentimos minoria fazendo o bem, lutando pela justiça, querendo o bem comum, mas esse é o ensinamento que Jesus nos deu, quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes”. Diante disso, ela enfatiza que “nós não podemos nos esquecer a profecia, a luta pela justiça!” No Salmo, a religiosa destaca que “o salmista louva o Senhor que cuida, que ama os pobres”, afirmando que “como cristãs e cristãos, essa deve ser a nossa opção de vida, lutar pela justiça, e por aqueles que são mais vulneráveis”.   Em relação com a realidade social atual, a Ir. Michele denuncia “quantas pessoas estão vivendo na miséria, passando fome, são violentadas, enquanto nós presenciamos cenas de desgoverno, que não valorizam a vida. Nós não podemos ficar indiferentes diante destas realidades, como mulheres, como homens cristãos e cristãs, temos que lutar pela justiça, pelo bem comum, e criar uma mentalidade mais crítica diante da realidade”.  Junto com isso, ela insiste em que “nós não podemos ser indiferentes ao que acontece ao nosso redor, inclusive na dimensão da política, temos que ter posicionamento, lutar pela justiça e pelo bem comum”. Algo que nasce da Palavra de Deus, pois “e Evangelho nos provoca a uma ação diferente, e esse deve ser o nosso gesto concreto neste tempo em que vivemos, nessa realidade. Nós não podemos deixar de denunciar e anunciar o Reino de Deus, o reino da justiça, da igualdade, da sororidade e do amor, onde todos e todas tenham os mesmos direitos e igualdade”, enfatiza a religiosa. A Ir. Michele ressalta que “nenhuma pessoa que faz gestos de corrupção pode achar que é melhor do que os outros, ou que pode se beneficiar por um tempo, mas a justiça sempre prevalece”. Segundo ela, “esse deve ser o nosso ideal como cristãs, como pessoas que pensam diferente e que lutam por uma nova sociedade”.  Finalmente, a religiosa convida na próxima semana, que “nós possamos nos sentir iluminadas e fortalecidas por esta palavra e também possamos transformar a vida que clama ao nosso redor”. Para isso deseja “a todas e todos que tenham uma abençoada semana e que possamos levar a Palavra de Deus para transformar os corações e as mentes, especialmente daqueles que não querem se abrir para um novo caminho da justiça”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Alessandra Smerilli: “Ser a expressão da misericórdia e do amor do Papa com os pobres”

Secretária de “um Dicastério que está muito no coração do Papa Francisco“, que assumiu um firme compromisso com a reforma proposta pela Praedicate Evangelium, algo tornado conhecido nos últimos dias ao apresentar sua nova organização. A salesiana Alessandra Smerilli é uma das mulheres que ocupa um dos mais altos cargos de responsabilidade na Cúria Romana, algo que ela assume “com um grande senso de responsabilidade e competência, porque se eu trabalhar bem, abriremos as portas para tantas outras mulheres“. Ela o faz no Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, de onde procura estabelecer uma estreita relação entre a Cúria e as igrejas locais. Nesta entrevista ela analisa a Economia de Francisco, alguns dias antes do encontro em Assis, e o papel dos jovens no futuro da humanidade, destacando a importância de cuidar da vida de todos e para todos, uma vida plena que nunca deve depender das circunstâncias. Francisco se apresentou no início de seu pontificado como o Papa dos pobres. Para alguém que trabalha no “Dicastério dos Pobres”, isso significa uma responsabilidade maior? Desde o momento em que cheguei aqui, entendi que este é um Dicastério que está muito no coração do Papa Francisco. E a responsabilidade é ser verdadeiramente o que um dicastério deve ser, como vemos na Praedicate Evangelium, estar ao serviço. Não é apenas o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, mas o Dicastério ao serviço, acima de tudo, dos mais pobres. E para fazer isso queremos ter um relacionamento o mais próximo possível com as igrejas locais, porque acreditamos que é lá que o desenvolvimento humano integral é realmente feito, não aqui em Roma. E, portanto, nosso objetivo é poder estar em contato, poder escutar, poder acompanhar as igrejas locais, não por nós mesmos, mas acompanhando as igrejas locais a fim de ser um instrumento de desenvolvimento humano integral. Fala de acompanhamento, de ser uma presença. Uma das dificuldades da Igreja é ser essa presença, uma presença entre os pobres, os migrantes, aqueles que são vítimas do tráfico de pessoas e tantas outras realidades que a Igreja acompanha e se esforça para acompanhar, mas nem sempre consegue fazê-lo. Do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, quais são os passos que são dados, como se busca que essas atitudes sejam assumidas pelas igrejas locais? Pensamos que é necessário estabelecer um diálogo com as igrejas locais. Isto significa que escutamos, tanto quando os bispos vêm aqui como quando estamos em contato com as diferentes regiões do mundo. Ouvimos seus desafios, seus problemas e suas boas práticas, mas, ao mesmo tempo, estamos ocupados procurando as notícias, vendo o que está acontecendo e informando as igrejas locais para ajudá-las a estar mais a serviço. Isso significa diálogo, que ouvimos e ao mesmo tempo tentamos estimular as igrejas locais, sem substituí-las. Não queremos substituir, queremos ser proativos, queremos que quando surgir qualquer problema sério, por exemplo com migrantes ou com refugiados, façamos as igrejas locais entender que talvez elas não estejam percebendo o problema e ajudá-las a enfrentar essa situação. A senhora é economista e poderíamos dizer que uma das causas da pobreza é uma economia errada, algo que temos visto nos diferentes regimes econômicos ao longo da história. Como podemos promover uma economia baseada na pessoa e não no lucro, como podemos promover isso com base na Doutrina Social da Igreja? Esta é uma questão importante, mas também muito difícil. Por um lado, devemos ajudar as igrejas locais a mostrar sempre as experiências de uma boa economia, de uma economia para a vida e não de uma economia que mata. Por outro lado, é necessário pensar com uma visão para o futuro, um processo que nós, como Dicastério, estamos seguindo. O processo lançado pelo Papa Francisco, a Economia de Francisco, que no Brasil é a Economia de Francisco e Clara, é uma esperança. Qual é a ideia inicial do Papa Francisco? Se você pedir aos grandes economistas que realizem reformas, nada vai acontecer, porque uma pessoa treinada durante vinte ou trinta anos de uma certa maneira não consegue mudar completamente. Em vez disso, se nos voltarmos para os jovens, que estão começando agora, e sabemos que os jovens são autênticos, os jovens têm sonhos e ideais e são capazes de apostar suas vidas nesses sonhos e ideais, colocando todos juntos, podemos criar um núcleo de pessoas capazes de regenerar a economia, colocando a pessoa no centro e não o lucro, lutando e denunciando as desigualdades, pensando em uma economia que respeita o meio ambiente, que escuta o grito da Terra e dos pobres. Há esperança para o encontro que acontecerá em Assis de 22 a 24 de setembro, um encontro de jovens economistas que trabalham há dois anos e no qual o Papa estará presente. Acreditamos que a partir deste encontro virá a energia que ajudará estes jovens a fazer destas mudanças uma realidade. Eles são nosso futuro, mas também nosso presente. Nós, como Dicastério, desejamos continuar a acompanhar estes jovens após este encontro. Podemos dizer que os jovens compreendem melhor a Economia de Francisco e podem ser vistos como uma esperança, como pessoas que assumem estas dimensões de uma nova economia, de uma ecologia integral, de procurar alternativas ao sistema atual, que na opinião de muitos está nos levando ao fim? Pelo que pude ver e experimentar com estes jovens, porque no início eu estava no comitê organizador do Encontro de Economia de Francisco, mas com o trabalho do Dicastério tive que deixá-lo por um tempo, mas desde o início conheci estes jovens, devo dizer que tenho muita esperança nisto, porque é claro que os jovens não são apenas nativos digitais capazes de se conectar, criando uma rede global, mas também são nativos ecológicos. Para eles, todas as questões relacionadas ao meio ambiente e a compreensão de que não podemos continuar assim é algo natural, está dentro deles, eles não precisam ser convencidos. Pelo contrário, são eles que procuram convencer os outros, porque são eles que têm mais tempo para viver…
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Política: não diga que não lhe interessa, se encante com ela e faça realidade um mundo melhor

Fazer política é uma necessidade na vida de todo ser humano, uma obrigação para todos os cristãos. No final das contas, fazer política é cuidar do que é comum, buscando fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. Infelizmente, muitas pessoas dizem abertamente: “Eu não me interesso por política”, uma afirmação que deveria nos levar a refletir como sociedade, mas também como Igreja, pois são muitos os católicos que dizem abertamente que fazer política não é coisa de Deus. Diante disso, o grande desafio é fazer com que as pessoas se encantem com a política, uma proposta que o Conselho Nacional do Laicato do Brasil, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tem lançado neste ano de 2022. No dia 2 de outubro, as eleições determinarão o rumo de um país a cada dia mais polarizado e dividido, consequência daqueles que não se interessam pela verdadeira política e sim por uma política que só quer defender a qualquer custo o interesse de pequenos grupos de poder. Em um país onde o voto é obrigatório e onde muita gente vota porque tem que votar, é decisivo refletir sobre aquilo que determina as escolhas dos candidatos aos diferentes cargos públicos no poder executivo e no poder legislativo, entendendo as consequências do voto em cada um dos diferentes poderes. Quando a gente professa a fé cristã é obrigado a entender que a política é “a forma sublime de caridade”, e junto com isso a se preocupar com a justiça e a fraternidade, elementos que não podem ficar de fora de uma sociedade que quer ser lugar onde se vive a cidadania. Ser cidadão é um direito, mas diante da atual realidade social temos que nos perguntarmos: Todos os brasileiros e brasileiras tem hoje carta de cidadania? O Brasil é um país onde os direitos cidadãos não atingem à totalidade da população. Isso na medida em que um bom número de brasileiros e brasileiras ficam de foram de políticas públicas garantidas pela Constituição do país e que devem fazer parte da vida de todas as pessoas. Quando a gente se encanta com a política, quando somos conscientes do que significa a política na prática, vamos descobrindo aquilo que falta na vida das pessoas e lutando para que isso se torne uma realidade na vida de cada cidadão. Para fazer política, o diálogo é uma atitude da qual a gente não pode abrir mão. Na medida em que vamos confrontando as ideias que cada um tem em relação com a construção de um mundo melhor para todos e todas, vamos nos encantando com a política e aprendendo a respeitar àqueles que por caminhos diferentes também querem fazer realidade esse mundo melhor para todos e todas. Essa totalidade é condição necessária para que a política seja verdadeira, para que aos poucos todos possamos nos encantar e dialogar em busca de caminhos comuns. A sociedade se constrói na medida em que todos nós nos implicamos, nos encantamos e tomamos consciência que juntos somos mais, que a felicidade não pode ser privilégio de pequenos grupos e sim algo a ser promovido em beneficio de todos, também daqueles que não pensam igual a gente. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar