Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Conceição Silva: “O amor e a misericórdia de Deus são como a mãe que nunca abandona seus filhos”

No Mês da Bíblia, o evangelho do Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum, “ele nos apresenta um Deus como Pai/Mãe, que nos ama incondicionalmente, que é misericórdia e compaixão”, segundo Conceição Silva. Um texto que relata as parábolas da ovelha perdida, a moeda perdida e o filho pródigo. Segundo a representante das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, “Jesus nos dá mais um exemplo da maravilhosa graça de Deus”. Ela afirma que a primeira e segunda parábola “mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. Ele ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera”. Em relação com a terceira parábola, ela “apresenta um pai que não guarda pra si sua herança, não é obcecado com a moralidade de seus filhos, que a misericórdia vai além da justiça humana, e só busca a felicidade de seus filhos”, lembra Conceição. Ela ressalta que “o pai sabia que o filho mais novo precisava passar por um processo de conversão, tomar consciência de suas atitudes, por isso, quando ele volta sente-se perdido econômica e moralmente”. Diante disso, “a acolhida do pai foi amorosa, cheia de compaixão. Nesse momento ele não deu só o perdão, mas restabeleceu sua dignidade de ser humano, de filho”, afirma a representante das Pastorais Sociais. Em relação com o filho mais velho, ela vê que “apesar de ser justo e perseverante, não é capaz de aceitar a volta do irmão, e os gestos de acolhida de seu pai”. Analisando a realidade atual, Conceição afirma que “podemos notar esses dois tipos de filhos: as vezes por estarmos na igreja todos os domingos, comungar, fazer atividades na igreja, não nos faz ‘melhores’, ou ‘privilegiados’ de Deus, porque deus veio salvar a todos sem exceções, principalmente os excluídos e excluídas da sociedade”. Ela reflete que “as vezes, nós que estamos dentro da Igreja não apoiamos, nem aceitamos pastorais da Igreja que trabalham na sociedade como: Pastoral do Migrante, do Povo de Rua e principalmente dos encarcerados”. Diante disso insiste em que “Deus quer salvar a todos e todas!”, se perguntando: “quem somos nós para julgar? condenar?”. Conceição insiste em que “o amor e a misericórdia de Deus são como a mãe que nunca abandona seus filhos, que luta, protege, para dar uma vida digna, porque seu amor é incondicional, assim como nosso Deus de paciência, alegria, misericórdia justiça e amor”. Por isso, questiona “e você já sentiu esse imenso amor incondicional de pai/mãe? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Deixar que a Palavra penetre em nossas vidas e seja instrumento que orienta nosso agir

Acreditamos em um Deus que se comunica, que se faz presente no meio de nós. Ao longo da história, Ele se comunicou com a humanidade a través de sua Palavra, que tem orientado, iluminado, marcado o caminho de seu povo. A questão é até que ponto essa Palavra é importante na nossa vida, até que ponto ela conduz minha vida, a vida das nossas famílias, a vida da nossa sociedade, a vida da nossa Igreja. A Palavra de Deus é bem mais do que um texto escrito, a gente poderia dizer que é um texto vivo, que na medida em que ele é assumido, na medida que orienta nosso agir, ela vai renovando a vida. Um Deus que foi comunicando o modo de alcançar a Terra Prometida, mesmo sabendo que Ele nem sempre era escutado. Mesmo assim, como nos ajuda a entender o Livro de Josué, que a Igreja católica tem proposto em 2022 como texto de estudo, a Palavra quer nos ajudar a perceber que Deus nunca deixa sem resposta nossa súplica confiante. Ir ao encontro de Deus através dessa Palavra, que do mesmo modo que conduziu o Povo de Israel no deserto, continua nos guiando, nos respondendo, nos mostrando o caminho da plenitude, da Terra Prometida. Ele sempre está com a gente, mas também Ele nos mostra o modo de agir na medida em que o temos como nosso Deus. Somos chamados a descobrir no meio de nós aqueles que são instrumentos de Deus, aqueles que Ele coloca no nosso meio para conduzir a história. Também entender que o que Deus coloca ao nosso dispor, não pode ser só para acapara-lo e sim para partilhá-lo, para viver a comunhão, para caminhar juntos, em harmonia, para ser instrumento de vida digna para todos e todas. Uma Terra Prometida que tem que ser cuidada, um chamado que a gente vive no Tempo da Criação, que deu início no dia 1º de setembro e vai até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, aquele que nos marcou o caminho da ecologia integral, o caminho do cuidado das criaturas, de tudo aquilo que nosso Pai Criador colocou a dispor de todos e todas. Não podemos esquecer o significado preeminente da Palavra na vida das comunidades, onde ela se torna aquela que aglutina a vida celebrativa da comunidade. Penso em muitas comunidades do interior, que cada domingo se encontram em volta da Palavra para partilhar a vida, mas também para iluminar essa vida desde a proposta de um Deus que sempre caminha com seu povo. Que essa Palavra possa penetrar em nossas vidas, que nos transforme nos diferentes aspectos que fazem parte do nosso cotidiano, que faça de cada um, de cada uma de nós, pessoas comprometidas na construção de um mundo melhor para todos e todas, imagem daquele que constantemente se comunica. Será que vamos escutá-lo? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rário Rio Mar

Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira procura estratégias comuns para combater

As regiões de fronteira representam sempre um risco mais elevado para as vítimas de tráfico humano. O combate a este crime é um desafio para a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira – RETP do Brasil, Peru e Colômbia. A fim de avançar neste caminho, desenvolveu um seminário, com o apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Caritas da Diocese de Alto Solimões, com o objetivo de contextualizar e gerar estratégias para enfrentar este problema que afeta os mais vulneráveis. Realizado em Tabatinga (AM), de 2 a 4 de setembro, reuniu 65 pessoas dos três países, com 16 localidades representadas no total. Um encontro que teve como primeiro passo a partilha de conhecimentos anteriores relacionados com o tráfico, permitindo aos participantes reconhecer o problema como uma questão que afeta milhões de pessoas no mundo. Dalila Figueiredo e Graziella Rocha, membros da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Criança e da Juventude (ASBRAD), estiveram presentes para assessorar os participantes. Após partilharem sobre a realidade do tráfico na região da Tríplice Fronteira e no mundo, os participantes tiveram a oportunidade de aprender conceitos básicos sobre esta realidade. Na apresentação destes conceitos, foi dada ênfase ao objetivo deste crime como a intenção de exploração e lucro; a intenção do traficante de deslocar a vítima entre países ou cidades com o objetivo de a destacar da sua zona de proteção, a exploração dos sonhos das vítimas, bem como o risco provocado nas pessoas pela vulnerabilidade local, como a ausência de emprego ou vulnerabilidades pessoais, como ser vítima de violência. Isto deu lugar ao trabalho em grupo, seguindo os critérios de origem geográfica, buscando reunir os casos de tráfico que ocorrem com mais frequência nas suas localidades. Com base nesta informação, cada um dos grupos dramatizou tudo isto em plenário, procurando colocar em perspectiva os casos e as formas como estes crimes ocorrem. Estas apresentações foram complementadas pela análise das assessoras do encontro, a fim de ajudar a identificar as diferentes formas de trabalho dos traficantes. Quando se tratou de abordar estratégias, foram apresentadas as diferentes legislações em cada um dos três países. Os participantes procuraram chegar a acordos, sublinhando a importância da cautela e da utilização de canais formais para a apresentação de queixas, bem como cuidar da vítima e respeitar as suas decisões e desejos. No final do seminário, cada grupo apresentou ações que se comprometeram a realizar em cada local. Um seminário que foi uma fonte de alegria, nascido do fato de ter conhecido diferentes culturas, mas também de encontrar compromissos para levar a cabo ações de prevenção e enfrentamento do tráfico humano. Foi um momento de enriquecimento pessoal, como os participantes reconheceram, mas sobretudo um momento de reforço para continuar o trabalho que a RETP iniciou.    Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações de Hugo Vasquez Nazareno

Grito dos Excluídos: “Deus nos ouve, o problema é os governos nos ouvirem”

Brasil comemora neste 7 de setembro o Bicentenário da sua Independência, uma data que desde 1995 está unida ao Grito dos Excluídos, que sempre tem como tema “Vida em Primeiro Lugar”. Em 2022 o lema do 28º Grito dos Excluídos é: “Brasil: 200 anos de (In)Dependência. Para quem?”. Uma pergunta importante em um país que nunca se tornou independente, ao dizer de muitos. Ao longo desta Semana da Pátria, o Grito dos Excluídos está sendo realizado de diferentes modos. Em Manaus aconteceu no dia 5 de setembro, Dia da Amazônia, com a celebração de uma missa, presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, os bispos auxiliares e dezenas de padres, contando com uma boa representação do povo de Deus da Arquidiocese de Manaus, e uma passeata na rua, pedindo os direitos que lhe são negados ao povo. Um grito necessário, segundo o Cardeal Steiner, “o grito da recordação, o grito da mostração, o grito da visibilização de tantos irmãos e irmãs que são excluídos da nossa vida social. São excluídos da habitação, da casa, são excluídos da terra, são excluídos do emprego, são excluídos na justiça. São excluídos da própria sociedade em termos de religião, de fé, de educação. Quantas exclusões na saúde, na segurança”, lamentou Dom Leonardo. Uma manifestação extremamente importante segundo o padre Alcimar Araujo, em que a Igreja católica sai às ruas há 28 anos, independentemente dos governos. Um grito que neste ano é extremamente importante diante da “PEC da devastação”, que quer liberar a exploração do garimpo nas terras indígenas sem nenhum critério, segundo o vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus.   Depois do tempo da pandemia, em que morreu tanta gente, o padre Alcimar afirmou que poder reunir as pastorais sociais e os movimentos sociais “quer dizer que nós não aceitamos essa situação”, insistindo em que é necessário que a gente deixe de ser espectador para a gente ser protagonista da nossa vida, da vida do povo”. Ele denuncia que “o custo de vida aumentou, o desemprego aumentou, a pandemia matou muita gente, e a gente percebe que se a gente ficar calado com tudo isso, é concordar com aquilo que está acontecendo”. O vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, afirmou que “vir aqui é muito importante para reacender a esperança dos cidadãos e cidadãs para que sempre lutem, não se calem, se organizem, façam resistência para ser ouvidos”. O padre Alcimar afirmou saber que “Deus nos ouve, o problema é os governos nos ouvirem”. Mesmo assim, ele disse que “nós queremos gritar, queremos dizer que não estamos contentes, o nosso povo está morrendo fome, nosso povo está sem direitos, nosso povo sem emprego”. Diante disso, ele finalizou afirmando que “é necessário a gente estar junto, reivindicando, gritando e lutando”. Diante de tanta exclusão, consequência da doença, da má fé, “Jesus vai convidar para que venham para o meio”, segundo Dom Leonardo. Seguindo as leituras da Missa Amazônica, o cardeal mostrou que “ele não quis deixar este homem da mão seca do lado, excluído, ele o leva para o meio, pede para estender a mão e salva a convivência”, ressaltando que “existe agora a possibilidade de uma relação nova porque veio para o meio, ele foi novamente inserido na vida da comunidade”. Refletindo sobre a sociedade atual, ele fez ver “quantas pessoas de mão seca na nossa sociedade, quanta agressão, quanta exclusão também das criaturas”. Segundo o Cardeal da Amazônia, “Jesus quer todos no meio, todos participando, todos ativos, ninguém excluído”, mostrando que é necessário salvar. Dom Leonardo disse que “o nosso grito deve ser o grito de todos aqueles que se sentem excluídos”, insistindo na necessidade de convidar para todos vir para o meio, também “os excluídos na saúde, na segurança, na educação, os excluídos de uma convivência familiar, da paz”, que tem que ter direito a participar, direito a estar no meio. Um grito que deve ser salvífico, “um grito que realmente salva, ergue, transforma”, um grito para que todas as criaturas se sintam inseridas. O Arcebispo de Manaus chamou a não cair na imoralidade da exclusão, de afastarmos as pessoas do nosso meio, de excluir as pessoas por causa da raça, da cor, da cultura, de alguém não seguir a mesma fé que nós. Finalmente, ele convidou a que o Grito dos Excluídos seja um grito redentor.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comissão para a Amazônia e REPAM-Brasil: “Sonhar uma Política para o Bem Comum na Amazônia”

Em vista das eleições de 2022, a Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), tem lançado um apelo aos eleitores/eleitoras e candidatos/candidatas, que leva por título: “Tempo de Sonhar uma Política para o Bem Comum na Amazônia”. A nota, assinada pelo Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, e por Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo do Marajó, faz um chamado à “efetivação de políticas públicas eficazes, com o cuidado integral com nossa Casa Comum, a Mãe Terra e com o bem comum, objeto da verdadeira política”, ao tempo que convida a participar no processo democrático. O texto denuncia aqueles que têm muito, o que ameaça os povos da Amazônia, consequência da “insaciedade voraz do capital…, que contaminam e destroem as fontes da vida”, causando “dor, sofrimento e morte dos amazônidas”. Também reflete sobre “a emergência climática na Amazônia e no Planeta”, que pode levar “a um ponto de irreversibilidade do processo predatório nos territórios amazônicos”. Diante da atual conjuntura, é pedido “uma política que pensa com visão ampla”, segundo a proposta de Fratelli tutti, uma “política melhor”. Frente a isso, os bispos da Amazônia repudiam “às lideranças políticas, em todas as esferas de poder, que defendem ou promulgam projetos de morte na Amazônia”, confiando seu apoio “a todo projeto político que promova e proteja os direitos das pessoas e da natureza”. O texto relata uma série de propostas concretas pela preservação e cuidado da Amazônia, lançando um apelo ao Brasil e ao mundo: “Amazoniza-te!”. Isso deve levar à “defesa das culturas, da biodiversidade e do clima, como expressão de amor profundo pela vida, pela paz, pelo cuidado da Criação a ser deixada às próximas gerações”. A Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a REPAM-Brasil conclamam a votar pela Amazônia, “deixando-se encantar pela Verdadeira Política, elegendo candidatos/as cujos projetos promovam a dignidade da pessoa humana, combatam a pobreza e as desigualdades sociais, estaquem as mudanças climáticas e protejam a Amazônia, seus povos e suas comunidades tradicionais”. Finalmente, dizem sonhar com o Papa Francisco, seus sonhos relatados em Querida Amazônia e imploram à Nossa Senhora de Nazaré, Mãe da Amazônia, “que inspire eleitores e eleitoras, os candidatos e candidatas nas eleições deste ano, para que todos assumam o compromisso de promover a vida em abundância para todas as pessoas, bem como a responsabilidade de cuidar e guardar o jardim sagrado que é a Amazônia”. Texto completo da Nota. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, afirma em acolhida da Igreja de Manaus

A sinodalidade sempre foi um distintivo da Igreja de Manaus, algo que Dom Leonardo Steiner, Arcebispo da capital do Amazonas desde janeiro de 2020, apoiou e incentivou. De fato, ele convocou uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que neste domingo 4 de setembro entregou ao povo de Deus o Instrumento de Trabalho que será trabalhado na Assembleia Sinodal, programada para o mês de outubro. Foi nessa celebração na Catedral Nossa Senhora da Conceição que o “Cardeal da Amazônia“, um título que ele reconheceu gostar, pois entende seu cardinalato não como algo pessoal e sim em função do seu serviço na Igreja da região amazônica, à qual está tão ligado o Papa Francisco, foi acolhido pela Igreja de Manaus, um povo que não oculta sua alegria diante da uma nomeação que pela primeira vez na história tem um arcebispo de Manaus como protagonista. Uma celebração onde se fez presente o clero, a vida religiosa, os leigos e leigas que lideram a vida das paróquias, áreas missionárias, comunidades, pastorais e movimentos na Arquidiocese. No início da celebração o cardeal foi acolhido por uma religiosa, um presbítero e um leigo em representação do povo de Deus, pedindo que continuasse sendo voz da Igreja da Amazônia, agora junto ao Papa Francisco. Palavras acolhidas pelo novo cardeal com gratidão, que mais uma vez insistiu em que “eu entendo o cardinalato como serviço”. Ele lembrou sua família de 16 irmãos, destacando a figura do seu pai e sua mãe, pessoas de uma fé muito profunda, uma fé que agradece ter herdado no leite materno, uma fé que levou adiante através da sua vocação. Também lembrou e agradeceu por ter sido introduzido na espiritualidade de Francisco de Assis, “uma espiritualidade da gratuidade, do serviço”, que tem orientado sua vida. Do mesmo modo que ele falou para as autoridades no evento do sábado 3 de setembro, o Cardeal Steiner disse ser “muito grato por todas as manifestações de carinho, de afeto, que tenho recebido, mas o que me alegrou mesmo foi ouvir de várias pessoas que mais uma vez o Papa Francisco se lembrou de nós”. Algo que leva o Arcebispo de Manaus a querer ficar “junto aos pequenos e pobres, e ajudar a que nossa Igreja seja cada vez mais sinodal”, uma forma de ser Igreja que reconheceu presente na Igreja da Amazônia ao longo da história. Na homilia, Dom Leonardo começou fazendo um chamado a “sermos todos discípulos missionários, discípulas missionárias, povo de Deus”, indicando o que significa esse discipulado, que é “um aprender, um saber”. Isso significa, em palavras do cardeal, “ir com Ele para onde Ele o desejar, ir com Ele até a morte e morte de Cruz”. Ele insistiu em definir a Cruz como “uma tensão criativa, uma tensão libertadora”, chamando a assumir as tensões existências, as tensões da nossa cotidianidade, da nossa convivência, as nossas dúvidas de fé, não como frustração, mas como possibilidade, como chance a avançar sempre mais na fé. O cardeal refletiu sobre o que significa fazer a vontade do Pai, desde o dinamismo da liberdade e da gratuidade de Deus, afirmando que “fazer a vontade do Pai é estar na dinâmica amorosa do Pai”. No mês de setembro, Mês da Bíblia, convidou a “ela sempre mais seja presente na nossa evangelização, na nossa ação pastoral, nos nossos encontros, nas nossas reuniões, sempre a Palavra como centro, porque é Jesus”, uma palavra que é instrumento de encontro e força de uma presença, segundo o Arcebispo de Manaus. A Palavra foi quem guiou a caminhada sinodal na Arquidiocese de Manaus, segundo Dom Leonardo, que agradeceu a todos os que ajudaram na caminhada sinodal. Lembrando as palavras do Papa Francisco na missa com os novos cardeais no dia 30 de agostou, citou aqueles em que o Santo Padre disse que “a admiração é o caminho da salvação, e nos alertava para o perigo de nos sentirmos eminentes, a tenção de se sentir-se mais alto, de sentir-se eminentíssimo, de se sentir uma eminência”, que o Papa definiu como “o verme da mundanidade”. Nessa perspectiva, o novo cardeal afirmou que “títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, pedindo que “Deus me dê a graça da simplicidade”. Tudo isso na perspectiva da Palavra, especialmente neste mês de setembro, pedindo “nos ajude a descobrir a grandeza e tomar a Cruz sobre os ombros e caminhar, no meio das dificuldades, mas especialmente no meio das alegrias”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Amazonas acolhe seu cardeal, uma nomeação com a qual “o Papa mais uma vez se lembrou da Amazônia”

Acolher como sociedade civil aquele que desde o momento de sua nomeação fui chamado de “Cardeal da Amazônia”, em palavras do padre Zenildo Lima, condutor do evento, foi o propósito do ato realizado na Catedral Nossa Senhora da Conceição no dia 3 de setembro. O reitor do Seminário São José, lembrando o Sínodo para a Amazônia, onde ele foi auditor, disse ver a nomeação cardinalícia como algo relacionado com o território amazônico, “por causa da sua importância estratégica, merece cuidados que passam por novos caminhos de evangelização e de ecologia integral”. Um momento de alegria, segundo Dom Luiz Soares Vieira, que definiu a Amazônia como “uma região que empolga, uma região de um povo que entusiasma, uma região de um povo que luta pela vida”. O Arcebispo emérito de Manaus, fazendo ver que a Amazônia é além da ecologia, afirmou que “a ecologia só se entende quando lá existem pessoas que estão convivendo com a natureza”. Se dirigindo ao novo cardeal, Dom Luiz Vieira insistiu em que “nós precisamos gostar dessa região, gostar de nosso povo, é um povo que nos ensina muita coisa”. Uma região onde o arcebispo emérito disse ter aprendido a “pensar no presente”, algo que segundo ele modificou completamente sua vida. Dom Luiz afirmou ter dado um pulo de alegria quando saiu a nomeação de Dom Leonardo Steiner, dado que “a Amazônia hoje é um tema de discussão nacional, um tema de discussão internacional”, insistindo em que a Amazônia tem que dizer o que deseja, o que quer, desde quem vive nela. Como conselheiro do Papa, o Arcebispo emérito de Manaus, disse que Dom Leonardo “vai ser a voz da nossa região amazônica no pastoreio universal da Igreja”, insistindo em que “a voz da Amazônia chega, graças a Deus e ao Papa Francisco, ao pastoreio universal da Igreja”, algo que vê como um momento bonito. Algo que tem que fazer com que “esta região vai ter um povo respeitado, vai ter um povo amado, vai ter uma voz que vai ter voz, para ser o povo que vence, o povo que constrói, o povo que sabe conviver com a natureza, o povo que sabe exigir que sejamos tratados com dignidade”, ainda mais depois de “muitos e muitos anos que nós fomos considerados colônia”. Uma região que já foi chamada de inferno verde, de paraíso, insistiu. Finalmente, Dom Luiz insistiu ao novo cardeal que agora assume um serviço. O prefeito da cidade, Davi Almeida, que disse viver sua fé na Igreja Adventista, reconheceu a importância da Igreja católica na vida da sociedade, uma Igreja que vive a fé na prática, uma Igreja que faz o bem sem olhar a quem, algo que ele disse ter experimentado na vida da sua família. Ele reconheceu e mostrou sua gratidão pelo trabalho que a Igreja católica faz, inclusive chegando ondo o governo não chega. O prefeito definiu como uma honra para o Amazonas a nomeação do novo cardeal, pedindo para ele que Deus o ilumine e proteja, e que “possa continuar esse trabalho fantástico que a Igreja católica desenvolve em todo o mundo especialmente aqui no Estado do Amazonas”. Também definiu como “um dia muito feliz, um dia muito importante, que nós estamos celebrando aqui mais um gesto que o Papa Francisco faz com a Amazônia”, o governador do Estado do Amazonas. Wilson Lima lembrou do Sínodo para a Amazônia e da relevância que teve o momento em que o Vaticano abriu suas portas para que governadores, prefeitos, pensadores da Amazônia estivessem discutindo a Amazônia dento do Vaticano, reconhecendo o papel do saudoso Dom Cláudio Hummes para que esse momento acontecesse, definindo o cardeal recentemente falecido como “essa voz no Vaticano em defesa da Amazônia”. O Governador definiu Dom Leonardo como “representante da Amazônia”, destacando a importância de a Amazônia ter essa voz junto ao Vaticano, junto à Igreja católica, junto ao Papa, porque o mundo todo conhece a palavra Amazônia, o mundo todo ouve falar da Amazônia. Uma palavra que é referida aos recursos naturais e preservação, segundo Wilson Lima, que afirmou a maior importância da proteção do cidadão, algo que disse ter visto no novo cardeal, que vê como mais uma voz junto ao Papa Francisco das populações indígenas, os negros, os ribeirinhos, os caboclos. Por isso, o governador desejou sucesso na missão e as bençãos de Deus para Dom Leonardo, colocando o Estado do Amazonas a disposição para “defender a nossa Amazônia”. Saudando os presentes e aqueles que acompanharam o evento através dos meios de comunicação, o novo cardeal reconheceu que sua alegria diante de sua nomeação não foi algo pessoal, e sim “ouvir de as pessoas dizerem, o Papa mais uma vez se lembrou da Amazônia”. O Arcebispo de Manaus afirmou que “o Brasil era conhecido um tempo pelo futebol e pelo samba. Hoje mundialmente quando se vai, se escuta sempre de novo Amazônia”, um tema sempre presente nas muitas entrevistas que teve que dar em Roma com motivo do consistório. Lembrando das palavras do Arcebispo emérito, ele definiu o povo da Amazônia como “um povo acolhedor, um povo fraterno, um povo de uma fé profunda”. O novo cardeal denunciou que “a violência que se encontra hoje na nossa região, ela não é daqui, ela vem de fora”. Alguém que se sente em casa na Amazônia, disse que “o Papa Francisco pensou na Amazônia ao nomear um bispo cardeal”, afirmando ser o cardeal da Pan-Amazônia, que inclui nove países. Dom Leonardo disse ir fazer “todo o esforço para que a nossa Igreja de Manaus continue sempre a ser uma Igreja profundamente missionária, com uma presença contínua, para que nossa Igreja esteja junto aos nossos pobres, para que todas as pessoas que têm necessidade possam ser acolhidas, independentemente da religião, de raça, de cor, independente também de nação”. Finalmente, Dom Leonardo lembrou das palavras do Papa Francisco na missa do dia 30 de agosto, onde ele dizia que “deveríamos ser pessoas que admiram, admirar Deus presente no meio de nós, admirar as ações de Deus, sermos…
Leia mais

Dom Luis Marín: “Na sinodalidade sou a favor da ‘política das três pes’: paciência, perseverança e presença”

O Sínodo sobre a Sinodalidade está a avançar e acaba de completar a sua primeira fase, a chamada fase diocesana. Isto sem esquecer que “a sinodalidade nunca acaba, porque pertence à Igreja na sua essência“. Dom Luis Marín de San Martín, subsecretário do Sínodo, fala-nos sobre isto. Expressando a sua gratidão pelo caminho percorrido, “uma excelente base para avançar”, salienta “o entusiasmo que existe sobretudo entre os leigos pela proposta sinodal“, o que o impressiona. Mas ao mesmo tempo reconhece que “ainda há muito clericalismo: se o pároco, ou o bispo, for favorável, a sinodalidade prossegue, e se não for, pode impedi-la”. São dificuldades que se deparam com o que ele chama a “política dos três pes“: paciência, perseverança e presença. Para os enfrentar, o que nem sempre é fácil, “a primeira coisa é cuidar e aprofundar a experiência de Cristo”, para superar o individualismo egoísta, o que segundo o subsecretário do Sínodo “é um verdadeiro escândalo”, e para nos ajudarmos uns aos outros. Um caminho no qual “é necessário tomar decisões que talvez sejam arriscadas, tomar medidas, procurar sempre como servir melhor“. É uma questão de assumir que “toda a Igreja está a evangelizar, pois é comunitária e sinodal”, que “a exigência de testemunhar Cristo é para cada cristão, todos nós devemos evangelizar”, superando o pessimismo e o medo. Também superar a tentação do igualitarismo e o desejo de avançar com base nas maiorias, salientando que o caminho a seguir é a comunhão. Está agora a começar uma nova fase, a fase continental, algo novo na história dos sínodos, que tomará medidas que conduzirão ao Instrumentum Laboris para a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizará em outubro de 2023. O Secretariado do Sínodo manifestou a sua vontade de “esclarecer, acompanhar e ajudar em tudo o que for necessário“. A primeira etapa do Sínodo, a etapa diocesana, acaba de terminar. Sabendo que ainda não viu em profundidade tudo o que chegou, quais são as suas primeiras impressões? Concluímos a fase diocesana, mas a primeira coisa a lembrar é que a sinodalidade nunca acaba, porque pertence à Igreja na sua essência. A Igreja é sempre sinodal, em todas as suas realidades e em todas as suas manifestações. A conclusão da fase diocesana não significa o fim do processo sinodal, nem mesmo no que diz respeito à realidade diocesana ou nacional. As conferências episcopais, dioceses e paróquias devem continuar a trabalhar e a desenvolver os temas que aparecem nas respectivas sínteses. As sínteses são um ponto de partida, não um ponto de chegada. Podemos dizer que, em geral, a chama da sinodalidade foi acesa. De fato, 98% das Conferências Episcopais nomearam uma pessoa de referência sinodal e quase a mesma percentagem delas enviou a síntese. Uma percentagem tão elevada nunca foi atingida em sínodos anteriores. Estamos muito gratos a todos aqueles que tornaram isto possível, especialmente às equipes sinodais e a todos aqueles que levaram a sério esta oferta de graça e colaboraram. Certamente, no que diz respeito às conferências episcopais, o processo tem corrido muito bem. Mas ainda há muito a fazer. Precisamos de refletir sobre como melhorar a audição, a abertura, a inclusão, o discernimento, o testemunho, etc. Estas são questões que precisamos de considerar e que nos devem ajudar a continuar ao longo do caminho, corrigindo onde for necessário. Mas não há dúvida de que temos uma excelente base para avançar, para continuar a avançar. Outros aspectos a destacar, em termos de realizações e desafios? Estamos perante um precioso testemunho de vitalidade na Igreja, de comunhão na fé, que não muda, mas é melhor compreendido e aprofundado como uma experiência do Cristo vivo. Ao mesmo tempo, existe uma abertura progressiva à pluralidade, à integração das diferenças como enriquecimento mútuo. Somos desafiados a desenvolver a dimensão espiritual e orante em todo o processo, que é verdadeiramente uma dimensão de escuta e discernimento no Espírito Santo. E o desafio da comunidade, da fraternidade eclesial, que o eixo da vida da Igreja seja o amor, a caridade. Ninguém é supérfluo. Outro tema muito positivo é o entusiasmo que existe, especialmente entre os leigos, pela proposta sinodal. É impressionante. Infelizmente, porém, há grupos ou indivíduos que não encontraram canais de escuta e participação. O cenário básico para o desenvolvimento da sinodalidade é a paróquia. A maioria deles tem funcionado muito bem. Mas noutros, o pároco ignorou ou bloqueou o processo. Isto mostra-nos que ainda há muito clericalismo: se o pároco, ou o bispo, for favorável, a sinodalidade vai em frente, e se não for, pode bloqueá-la. Devemos avançar para outro estilo, outra forma de viver a eclesialidade: da dimensão do serviço e não do poder, da participação e da corresponsabilidade. Além disso, há grupos, especialmente os que se encontram à margem ou na periferia, que nos enviaram as suas sínteses diretamente para a Secretaria do Sínodo. Muitos já chegaram. Alguns mostram a sua desconfiança a nível paroquial ou diocesano. O que fizemos, na maioria dos casos, foi redirecionar todo este material para a respectiva Conferência Episcopal, para que possa ser integrado. Quando tal não foi possível, retomámos as sínteses no nosso material para estudo e discernimento. Gostaria também de destacar a bela experiência de comunicação, escuta, intercâmbio e relacionamento que temos tido, desde a Secretaria do Sínodo, com os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo, com os patriarcas orientais, com tantos bispos, com os representantes da vida consagrada e movimentos laicais, com os dicastérios da Cúria Romana. Tem sido e continua a ser imensamente rico. Pessoalmente, esta experiência ajudou-me a conhecer e amar mais a Igreja, a diferenciar o essencial do acessório ou circunstancial, a valorizar o que une, a ser solidário com as Igrejas em peregrinação no meio das dificuldades e da dor, a ter consciência da urgência da evangelização. Fez-me crescer como cristão, religioso e bispo. Face a estes desafios, como convencer aqueles que têm mais dificuldade em entrar nesta dinâmica? Todos temos de compreender e aceitar que a sinodalidade é algo que pertence à…
Leia mais

Ir. Cidinha Fernandes: “O jeito de amar de Jesus é o de dar a própria vida”

No início do Mês da Bíblia, neste vigésimo terceiro domingo do Tempo Comum, a Ir. Cidinha Fernandes nos faz ver que “somos convidados a tomar nas mãos a Palavra de Deus, palavra a ser lida, escutada, refletida, vivenciada como compromisso cotidiano na vida pessoal, familiar, na comunidade e no mundo”. Comentando a leitura do livro da Sabedoria, a religiosa Catequista Franciscana nos questiona: “qual é a pessoa que pode conhecer os desígnios de Deus?”, ao que responde que “este propósito é dado a quem busca a sabedoria e o Espírito de Deus”. No evangelho de Lucas (14, 25-33), é relatado que grandes multidões acompanhavam Jesus. A essas multidões, Jesus as fala “das condições para o seguir, da necessidade de se desapegar de pai, mãe, filhos, e da própria vida para ser discípulo, discípula  e acrescenta que é preciso tomar a cruz e caminhar atrás Dele, Jesus. Reflete sobre a necessidade de verificar o que é necessário para se terminar um projeto iniciado, utilizando como exemplos a construção de uma torre, ou o rei que vai enfrentar um adversário. Conclui dizendo que, quem não renunciar a tudo o que tem não pode ser discípulo”. Segundo a Ir. Cidinha, “Jesus é radical!”. Ela insiste em que “para ser discípulo é tudo ou nada, ele quer ser o primeiro em nossas vidas e não um terceiro. No momento em que Ele fala às multidões está caminhando para Jerusalém para doar a própria vida, e por isso nos pede tudo, sua mesma qualidade de entrega, a vida toda e na totalidade.  Ele não aceita menos do que podemos dar.  Jesus é o centro da vida do discípulo, quem ama põe o Amado no centro de tudo!”. Em relação com nossas vidas, a religiosa afirma que “vamos aprendendo de Jesus essa qualidade de amar, precisamos crescer no amor, o que exige …treinar, treinar e treinar, cair, cair, mil vezes, mas também levantar e de novo, recomeçar, nos colocar no Caminho Dele”. Ela insiste em que “enquanto caminho vou me apaixonando cada vez mais por Jesus, por seu projeto e, assim vou me transformando, modificando, modelando o meu jeito de ser, de relacionar e de entregar a própria vida”. “Jesus não pede que não eu ame a mim mesma, meus pais. Ele pede que eu ame a mim mesma, aos meus pais e os outros como Ele Ama”, segundo a missionária na Diocese de São Gabriel da Cachoeira. Ela destaca que “o jeito de amar de Jesus é o de dar a própria vida, em solidariedade, cuidado, como totalidade. Um jeito de amar que   assume a cruz como caminho, não por gostar de sofrer, mas a cruz como caminho de solidariedade e de amor”. Um Evangelho que “nos desafia a não transformar o outro, a outra em objeto de satisfação, de lucro, prazer, não é um amor egoísta, egocêntrico, não toma posse, mas se abre para doar, gerar, cuidar da vida”, ressalta a religiosa. Um seguimento de Jesus, um discipulado que “não é algo imposto”, afirmando que “é preciso querer ser discípulo”, como Jesus nos fala: “se alguém vem a mim”. Tudo isso, “evoca uma liberdade que só quem ama é capaz de oferecer, acolher e compreender. Quem escolhe ser discípulo, discipula, trilha um caminho de liberdade amorosa que o faz capaz de desapegar, de não possuir nada, até a própria vida”. Finalmente, a Ir. Cidinha afirma que “a palavra de Deus para nós é um grito de profecia neste mundo, que para ser feliz não é preciso possuir muito, tomar posse do outro, da terra, o   que priva o ser humano de sua liberdade plena”. Por isso a religiosa pede, “que sejamos capazes de, a cada dia ir aprendendo de Jesus o jeito de amar, na radicalidade do tudo, o que nos caracteriza como seus seguidores e seguidoras”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Leonardo Steiner chama a “voltarmos nosso olhar para a Amazônia que nos ensina e sempre nos acolhe”

A 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi encerrada nesta sexta-feira, 2 de setembro com uma celebração eucarística no Santuário Nacional de Aparecida, Padroeira do Brasil, presidida pelo Arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, que definiu a celebração como momento para louvar e agradecer a Deus que acompanhou o caminhar da CNBB ao longo de 70 anos. Refletindo sobre as leituras da liturgia do dia, Dom Leonardo, criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório celebrado na Basílica de São Pedro no dia 27 de agosto, afirmou que “somos sempre novos surpreendidos pelo amor com que somos amados, amadas, um amor redentor, libertador, gratuito”. Segundo o Arcebispo da capital do Amazonas, “somos todos participantes do verdadeiro banquete onde fomos conquistados, atraídos pelo amor que nos amou primeiro”. Dom Leonardo questionou sobre a possibilidade de que “nos tenhamos descuidado e entrado na sonolência, no distanciamento, da relação, do convívio”. Segundo o cardeal, “perdemos o cuidado e o cultivo da proximidade, da maturação, de uma relação de amor”. Desde a presença do esposo, ele fez ver que isso “exige maior maturidade, despojamento, liberdade, sintonia, pois é uma relação santificadora onde somos sempre mais revestidos do esposo”. Recordando as palavras de São Paulo, onde diz “já não eu vivo, mas Cristo vive em mim”, Dom Leonardo lembrou que quando vivemos na proximidade do Esposo, “somos sempre alimentados pela sua presença, mas também dos apareceres do caminho”. Nessa perspectiva, falando sobre o jejum, o cardeal afirmou que “jejuar por jejuar não desperta para a grandeza e a nobreza do seu seguimento”, definindo o jejum como “o exercício do vazio, do esvaziamento, uma abertura de receptividade, uma espera, uma saudade. Jejum, abrir espaço, ser receptividade do mistério que transforma”, referindo esse jejum ao Mistério da Cruz. No jejum da relação, afirmou Dom Leonardo, “há possibilidade de uma intimidade transformativa, vida nova, Ressurreição”, ressaltando que “no esvaziamento de nós mesmos nasce a possibilidade da fecundação da vida nova, pela suavidade da gratuidade Cruz-Ressurreição, isto é amor”. Aprofundando na reflexão sobre o jejum, o purpurado se referiu à ausência do esposo, que “nos leva â saudade, saudade do tempo da graça, saudade do tempo do amor”. O cardeal questionou: “as intempéries da vida que cobrem às vezes a nossa cotidianidade, a nossa nobreza e dignidade, justiça, fraternidade, paz, democracia, ética, estão a nos despertar para um jejum?”. Uma questão que cada vez mais cobra uma resposta da sociedade brasileira diante da atual situação pela qual o país está passando, como foi recolhido na Mensagem ao Povo Brasileiro sobre o Momento Atual. Dom Leonardo chamou a “despertamos para a necessidade da ética, da democracia, da justiça, da dignidade”. A ausência de democracia, de paz, “começamos a perceber a importância de todos esses elementos”, enfatizou Dom Leonardo, pois “caso contrário perderemos os olhos, o olfato, as cores, os sabores da nossa convivência social”. Um jejum que na parábola do Pai misericordioso “trona-se caminho de retorno”, recebendo o filho “beijos e abraços que o devolvem ao banquete do amor”. Por isso, ele chamou a “sermos fiéis e não abandonarmos o convívio”, e junto com isso a “permanecermos fielmente no aconchego da graça do amor”. Falando sobre a Assembleia presencial, Dom Leonardo vê isso, depois de 3 anos de ausência de encontro entre os bispos em consequência da pandemia, como oportunidade para “estarmos na comunhão, na colegialidade”, como momento “para percebermos as graças e as belezas das nossas igrejas particulares”. O novo cardeal da Amazônia, citando Querida Amazônia, disse que “expressamos uma Igreja que busca uma hermenêutica da totalidade”, afirmando que “todas as realidades necessitam de transformação, dignificação, santificação”, insistindo mais uma vez em “como nos fez bem estarmos juntos, na mesma comunhão, com as nossas diferenças, com os nossos sonhos”. O Arcebispo de Manaus chamou a “voltarmos nosso olhar para a Amazônia, a Querida Amazônia, os povos, as culturas, a prodigalidade na natureza, a força suave das águas, a solidariedade, o acolhimento do nosso povo, a alma religiosa dos pequeninos, a pobreza e os pobres, a originalidade dos povos, a Amazônia que nos ensina e sempre nos acolhe”. Uma região onde “essa Igreja missionária que navega nas contrariedades e que constitui comunidades de base com a força dos leigos, uma verdadeira presença viva, com a força e a presença da Vida Religiosa e de tantos missionários presbíteros”. Uma Igreja, citando palavras do Documento de Santarém, “encarnada e libertadora”. Isso, “numa Amazônia de mil rostos e mil sonhos, sempre mais delapidada, destruída, poluída, violentada, no entanto sempre mais amada”. Por isso, o cardeal fez ver que “não necessitemos jejuar por ter perdido a poesia, os lares, as culturas, as criaturas, tudo o que abriga e deixa ser”. Mas também que “não necessitemos jejuar, sentir saudades do tempo em que tínhamos uma casa para a qual sempre podíamos voltar, uma casa para todos”. Palavras que Dom Leonardo encerrou pedindo que “permaneçamos sempre com o Esposo, permaneçamos sempre a caminho”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1