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Em Mensagem ao Povo Brasileiro, bispos denunciam corrupção que “subtrai o que pertence aos mais pobres”

No final da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida de 28 de agosto a 2 de setembro, os bispos tem lançado uma Mensagem ao Povo sobre o Momento Atual, um costume nas últimas assembleias do episcopado brasileiro. O texto começa afirmando ter presente “a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa de gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência”, dizendo assumir as alegrias e esperanças do povo. Os bispos insistem na necessidade de traduzir a fé “em compaixão e solidariedade concretas”. Daí “o compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural”, incluindo aí a família, a ecologia integral e o estado democrático. Os bispos mostram preocupação diante do “tempo difícil em que vivemos”, que aparece na situação de “complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira”. Nessa perspectiva, os bispos denunciam “os alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas”, algo motivado pelo desemprego, a falta de acesso à educação de qualidade para todos, a fome. A Mensagem faz um firme chamado a proteger a jovem democracia brasileira, chamando a um amplo pacto nacional. Ainda mais no ano em que o Brasil comemora o bicentenário de sua Independência, que deve levar a “ter presente que somos uma nação marcada por riquezas e potencialidades, contudo, carente de um projeto de desenvolvimento humano, integral e sustentável”. Junto com isso, se faz o chamado ao “compromisso autêntico com a verdade, com a promoção de políticas de Estado capazes de contribuir de forma efetiva para a diminuição das desigualdades, a superação da violência e a ampliação do acesso a teto, trabalho e terra”. Tudo isso desde a cultura do encontro e do diálogo, em busca de “ser uma nação realmente independente e soberana”. Os bispos mostram suas preocupações: a manipulação religiosa e a disseminação de fake News. Também denunciam “a corrupção, histórica, contínua e persistente”, que “subtrai o que pertence aos mais pobres”. Junto com isso insiste na promoção da Lei da Ficha Limpa, em vista do processo eleitoral que o Brasil está vivendo, ameaçado por tentativas de ruptura da ordem institucional. Diante dessa conjuntura, os bispos do Brasil reiteram “nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições”, chamando à participação no processo eleitoral e escolher candidatos “que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum”. Leia na íntegra a Mensagem da CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Papa Francisco acolhe com empatia os novos Estatutos da Conferência Eclesial da Amazónia

Na manhã de sexta-feira, 2 de setembro, o Papa Francisco recebeu a Presidência da Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA). O objetivo da reunião foi o de lhe apresentar os novos estatutos modificados que explicitam a identidade eclesial e amazónica da CEAMA. Uma audiência que o Cardeal Pedro Barreto definiu como “uma experiência de grande empatia com o Sumo Pontífice. Empatia porque vimos claramente que ele aceitou este processo sinodal que levou à Conferência Eclesial da Amazónia”. O Santo Padre e a CEAMA viveram desde o início uma grande comunhão, como o seu presidente assinala. Os novos estatutos baseiam-se, sublinha o cardeal peruano, “na orientação do Vaticano II, especialmente na sua eclesiologia do Povo de Deus com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, e os novos estatutos também assumem a missão da Igreja que o Vaticano II inclui na Constituição Pastoral Gaudium et Spes“. O Cardeal Barreto sublinha também que “de uma forma muito particular, os estatutos incorporam o Documento Final do Sínodo para a Amazónia e a exortação apostólica Querida Amazónia, em que o Papa Francisco assume o Documento Final”. O presidente da CEAMA destaca “a sabedoria do Santo Padre, que vem de um profundo discernimento que ele experimentou como Bispo de Roma e que ele nos transmite, encorajando-nos a viver uma experiência sem precedentes, mas que ele confirmou: a criação pública, canónica e jurídica desta Conferência Eclesiástica da Amazônia, motivo de alegria perante uma realidade irreversível na história da Igreja, por ser a primeira Conferência Eclesiástica de uma região, um bioma com uma grande biodiversidade e uma grande diversidade cultural, que, como diz o próprio Papa Francisco, são os guardiões da natureza”. Finalmente, o Cardeal Barreto quis reafirmar que “o Papa Francisco, com uma lucidez impressionante aos 85 anos de idade, e que está a viver a experiência de um processo sinodal que está em curso e que é definitivamente um sinal de esperança para a Igreja universal“. A partir daí vê este momento como algo muito importante, sublinhando que é motivo de “muita alegria, muita esperança porque a CEAMA é uma realidade na vida da Igreja e da missão evangelizadora na Amazónia”. Os estatutos, como o Papa Francisco salientou, podem não ser perfeitos, dada a novidade da CEAMA e o seu sentido eclesial, mas não pode haver razão para se preocupar em cometer erros, porque o importante é “avançar, como uma planta que temos de regar“, disse o Padre Alfredo Ferro, SJ. Durante a audiência, o Papa Francisco foi informado sobre diferentes aspectos. Dom Eugenio Coter, falou-lhe sobre o encontro realizado com o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sobre o Rito Amazónico, que teve lugar a 1 de setembro. Pela sua parte, o secretário executivo falou-lhe do trabalho dos núcleos em que a CEAMA está dividida: pastoral intercultural, formação, ministério da mulher. Segundo o Padre Ferro, o Papa salientou a importância de se avançar na questão do ministério das mulheres, reconhecendo a sua liderança e apelando a uma reflexão teológica muito mais profunda sobre este ministério. Do mesmo modo, o Santo Padre foi informado por Mauricio López sobre o progresso do programa universitário amazónico, uma universidade desde a Amazónia, desde os territórios, desde as proposta das comunidades e das necessidades concretas. Neste sentido, foi-lhe falado da inauguração da Cátedra Cardeal Claudio Hummes, que teve lugar na semana passada em Quito durante uma reunião em que se discutiu a Universidade Amazónica. A figura do Cardeal Hummes esteve muito presente no diálogo com o Papa, de acordo com Alfredo Ferro. Quanto àquele que foi o primeiro presidente da CEAMA, o Papa Francisco recordou que durante a sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude em 2013, o Cardeal Hummes fez-lhe ver que a América Latina não poderia ser compreendida sem a Amazónia e o planeta não poderia ser compreendido sem a Amazónia, algo que ressoava com o Papa. Uma audiência na qual o Papa Francisco recebeu vários presentes, incluindo uma virgem de barro feita por uma camponesa, ou vários objetos feitos de pau Brasil, lembranças oferecidas pela REPAM e CEAMA ao Santo Padre. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

De volta para casa, colocar a mão na massa para implementar a Reforma da Igreja

Um encontro de todos os cardeais é coisa rara, acontece quando um Papa morre e tem que eleger o sucessor e mais alguma vez que o Santo Padre decide reunir seus colaboradores mais próximos para refletir sobre assuntos importantes na vida da Igreja. Quando o Papa Francisco foi escolhido em 2013, um dos pedidos que recebeu foi a reforma da Cúria Vaticana. Para isso iniciou-se um processo de discernimento que pudesse ajudar a descobrir os novos caminhos que a Igreja católica precisa. Não só aqueles que estão no Vaticano, mas também todos os batizados e batizadas que vivenciam sua fé em todos os cantos do Planeta. Mais do que normas concretas, o Papa Francisco chamou a anunciar o Evangelho, um pedido que aparece na Constituição Apostólica que ele escreveu para recolher o refletido ao longo de nove anos. Seu nome é Praedicate Evangelium, que a gente poderia traduzir por pregai o Evangelho. Aprofundar no conteúdo do texto do Papa tem sido a motivação dos quase duzentos cardeais que se reuniram no Vaticano na segunda e terça-feira. Dentre eles, pela primeira vez, um cardeal da Amazônia, o Arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, alguém que tem mostrado seu compromisso em levar o clamor da Amazônia e de seus povos até o Santo Padre. A Amazônia tem um lugar preferente no coração do Papa Francisco. Ele tem mostrado repetidamente sua preocupação e carinho pelo bioma amazônico, seus povos e sua Igreja, com gestos concretos que demostram essa afirmação, dentre eles o Sínodo para a Amazônia, que também pode ser visto como momento em que surgiram aportes importantes nesse processo de reforma que agora tem ficado mais explícito de por onde deve avançar. O encontro dos cardeais com o Papa tem destacado elementos que tem que estar presentes na vida da Igreja: a comunhão, a missão, a presença no meio dos pobres, a presença dos leigos, também das mulheres, em espaços de toma de decisão, dentre outros elementos chamados a ajudar na implementação da Reforma. Nessa implementação em todos os níveis de Igreja está o passo decisivo desse processo. É hora de colocar a mão na massa e traduzir em gestos, atitudes e propostas o espírito da Praedicate Evangelium. Quem faz parte da vida da Igreja católica tem que se perguntar: o que deveria ser feito em nossa comunidade, em nossa paróquia ou área missionária, em nossa diocese para aos poucos implementar a reforma? Toda reforma precisa de mudanças, nem sempre fáceis de assumir, mas que são necessárias para implementar tudo aquilo que pode fazer realidade o que é procurado, uma Igreja que responda melhor ao desígnio de Deus, uma Igreja mais viva, melhor presença de Jesus Cristo no meio de seu povo. É tempo disso, de concretizar e fazer carne o que está no papel. Só assim a gente vai poder dizer que a reforma está andando. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Em Carta ao Papa, Bispos do Brasil alegram-se pela nomeação cardinalícia de dois de seus membros

Os bispos do Brasil, reunidos na 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enviaram uma Carta ao Papa Francisco (ver aqui), onde relatam ao Santo Padre os acontecimentos mais importantes que fazem parte da vida da Igreja do Brasil: 70 anos da CNBB, 15 anos de Aparecida, 18º Encontro Eucarístico Nacional. Tudo isso em espírito de colegialidade e sinodalidade, atitudes presentes no tema da 59ª Assembleia Geral da CNBB. O texto, assinado pelos 4 membros da Presidência, fala sobre “a conclusão da fase diocesana do Sínodo em todas as Igrejas Particulares do Brasil o que nos proporcionou a oportunidade de conhecer um retrato da escuta sinodal realizada nas comunidades eclesiais de todo o nosso País”. A carta faz um listado dos pontos fundamentais que ao longo da Assembleia estão sendo abordados pelos bispos brasileiros, destacando dentre eles a pesquisa “Saúde Integral do Clero”, que segundo recolhe o texto, busca “traçar um diagnóstico do estado da saúde dos ministros ordenados”. A pesquisa mostrou que “muitos dos problemas de sofrimento psíquico, cansaço por sobrecarga de atividades, experiências de solidão, estilo de vida sedentário e pouco saudável, que já existiam de modo latente, foram agravados com a pandemia de Covid-19”. O propósito da Igreja do Brasil é “encontrar caminhos de acompanhamento pastoral dos ministros ordenados, no horizonte da melhora da nossa qualidade de vida e de ministério”. Um outro elemento importante que a Carta ao Papa Francisco dos Bispos do Brasil recolhe são eleições do próximo mês de outubro, algo que acontece no mesmo ano em que o país comemora 200 anos da sua Independência, mostrando preocupação diante do “clima de tensão entre os Poderes da República”. Diante desta situação que o Brasil está vivendo, seus bispos afirmam ter “se esforçado para animar as pessoas e as organizações da sociedade civil, através do Pacto pela Vida e pelo Brasil, dentro da tônica de amizade e cooperação social”. Uma atitude motivada pela “irrenunciável missão de nos empenharmos na promoção da pessoa humana à luz da fé cristã”. Os bispos manifestam ao Papa Francisco “proximidade fraterna e apoio no exercício do seu ministério petrino”, que definem como “serviço exigente e indispensável à unidade e comunhão da Igreja Católica”, afirmando que “em que pesem os desafios, o seu testemunho segue luminoso e fecundo para vida da Igreja”. Finalmente, os bispos do Brasil, que ao longo deste ano estão realizando a Visita Ad Limina, mostram “comunhão com o consistório que ora se realiza”, manifestando sua alegria “pela nomeação cardinalícia de Dom Leonardo Ulrich Steiner e Dom Paulo Cézar Costa”. Ao Papa Francisco dizem assegurar-lhe suas preces e “com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, rogamos bênçãos profusas sobre Vossa Santidade e seu ministério”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Edson Damian destaca alegria dos bispos se encontrarem na 59ª Assembleia da CNBB após 3 anos

Um começo com grande alegria, afirma Dom Edson Damian diante do início dos trabalhos da segunda fase da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida de 28 de agosto a 2 de setembro, dando continuidade â primeira fase que foi realizada em modo virtual no mês de abril. O presidente do Regional Norte1 afirma que essa alegria é em primeiro lugar pelo fato dos bispos se encontrar depois de três anos, ressaltando que “a palavra comunhão, nessa hora ela tem um peso muito especial”. Dom Edson destacou a importância de festejar os 70 anos da CNBB, dizendo “lembrar pessoas que marcaram profundamente a caminhada da nossa Igreja. Como não lembrar Dom Helder Câmara, Dom José Maria Pires, Dom Ivo Lorscheiter, Dom Aloysio Lorscheiter, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Luciano Mendes de Almeida”. O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira afirma que “não por acaso iniciamos a Assembleia no dia em que faleceram esses três grandes que partiram no mesmo dia: Dm Helder, Dom Luciano e Dom José Maria”. Ele insiste na “comunhão com aqueles que nos precederam e aqueles que hoje estão a frente das nossas Igrejas”. Dom Edson lembrou as três palavras que estão envolvendo a nossa caminhada sinodal: comunhão, participação e missão, afirmando que “a CNBB vivencia esses valores desde o Concílio Vaticano II”. O Presidente do Regional Norte1 diz que “a nossa Igreja no Brasil foi aquela que na América Latina mais assumiu o Concílio Vaticano II, e por isso comunhão, participação e missão são palavras chaves em nossa vida e em nosso ministério”. Dos trabalhos do primeiro dia, Dom Edson destacou a análise de conjuntura sociopolítica e econômica, “muito bem-feita, porque descreve a situação gravíssima do nosso país. Valores fundamentais como a Constituição, a democracia, a lisura das eleições estão sendo desacreditas e colocadas em jogo por um governo que está desmontando os direitos sociais em nosso país e a Constituição”. A Igreja do Brasil “sempre defendeu a política como prática do Bem comum, a democracia como participação do povo, as eleições como um momento de escolher as pessoas que estão mais preparadas para fazer da política a arte do bem comum e viver a caridade, a fraternidade e a amizade social, como nos ensina o Papa Francisco na Fratelli tutti”. Dom Edson Damian insiste em que “nós começamos muito bem a nossa assembleia”, relatando alguns aportes dos bispos, como o valor do Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro, a programação da 6ª Semana Social Brasileira: O Brasil que queremos, por Terra, Teto e Trabalho para todos, o Documento Encantar a Política e a Cartilha das Eleições, que está sendo trabalhada nas nossas comunidades”. O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cacheira enfatizou que “a nossa Igreja está envolvida com a Política, com P maiúsculo, a busca do bem comum, da justiça, da fraternidade e da paz para todos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Sérgio da Rocha: “A dimensão de serviço, de missão, são fundamentais para a Cúria Romana”

Um encontro para refletir sobre a última Constituição Apostólica do Papa Francisco: Praedicate Evangelium. Esse é o propósito do encontro que nos dias 29 e 30 de agosto, na Sala do Sínodo, reúne todos os cardeais da Igreja, também os eméritos. Um deles é o Arcebispo de Salvador de Bahia, Dom Sérgio da Rocha, que vê esse momento como “muito especial, de vivência da colegialidade entre nós bispos, mas muito atentos, muito em sintonia com a missão da Igreja no mundo inteiro”. O Primaz do Brasil lembra que “o Papa Francisco tem falado muito em sinodalidade e naturalmente em colegialidade episcopal”, destacando que é um momento “de vivência da própria sinodalidade entre os cardeais, que somos os primeiros a estar em sintonia com o Papa Francisco e a valorizar sempre mais essa proposta do caminhar juntos nas várias instâncias da própria Igreja”. O Cardeal da Rocha reconhece que “sempre se espera por reformas ou por iniciativas que expressem mudanças de ordem prática, mas acima de tudo é necessário acolher o Espírito da própria constituição, da própria proposta para a Cúria Romana, que é justamente de comunhão, de serviço e missão”. Ele insiste na necessária “vivência da comunhão, vivência da missão numa atitude permanente de serviço, de Igreja servidora e solidária”. Nesse sentido, Dom Sergio afirma que isso tem que ser assumido pela Cúria Romana “em seu dia a dia e nas suas estruturas, aquilo que se quer para toda a Igreja, que nós sejamos mesmo uma Igreja que promova sempre mais, vivencie sempre mais a comunhão, essa dimensão do serviço, os que estão atuando na Cúria Romana são servidores e hoje servidoras da Igreja, e é claro, em vista da missão da Igreja”. O Arcebispo de Salvador não hesita em dizer que “essa dimensão de serviço, de missão, são fundamentais para a Cúria Romana, assim como para o conjunto da Igreja”. Estamos diante de um convite do Papa, também para a Cúria, que “quer incluir nessa perspectiva sinodal o conjunto da Igreja”. O propósito do Papa, segundo o Primaz do Brasil, é “tornar a Cúria Romana sempre mais participativa em relação à diversidade, à pluralidade da Igreja no mundo”. Ele destaca a importância de “que a Cúria conte cada mais com a diversidade de vocações e ministérios, mas também com a diversidade regional, a pluralidade de expressões da Igreja no mundo, já que nós temos tido um esforço muito bonito do Papa em trazer para a Cúria Romana, representantes da Igreja nos vários continentes”. Dom Sérgio da Rocha insiste em que “a catolicidade da Igreja, na sua essência mais genuína, exige esta pluralidade da Igreja na sua atuação”. Ele diz que “aqueles que atuam na Cúria, podem expressar bem melhor e cumprir bem melhor a realidade pluriforma da própria missão da Igreja no mundo, sempre buscando aquilo que é essencial, aquilo que nos une como Igreja. Mas sem dúvida que essa representação contando sobretudo hoje com a presença de mulheres, é fundamental”. O purpurado coloca como exemplo o Dicastério para os Bispos, do qual faz parte, mostrando sua alegria e felicitando o Papa Francisco “pela escolha de mulheres para integrar o próprio dicastério”, algo que considera de grande relevância, diante desta “tarefa muito exigente que é a do Dicastério dos Bispos”. Uma diversidade que se faz presente no Colégio Cardinalício, que “ajuda a nós cardeais, porque é muito importante que cada cardeal tenha também outras perspectivas, conheça ou ouça a respeito de outras realidades da Igreja no mundo para poder ajudar melhor ao Papa no nosso serviço à Igreja”, ressalta Dom Sérgio. Ele destaca que “nós cardeais somos servidores da Igreja, em primeiro lugar ao serviço do próprio Papa, daquilo que o Papa define como serviço para cada cardeal”. Essa presença de cardeais das mais diferentes regiões do mundo, aqueles que muitas vezes chamam de periféricos, de regiões com uma importância que se considera secundária na geopolítica atual mundial, o Papa ao fazer isso, diz o Arcebispo de Salvador, “está não só valorizando a Igreja que está presente no mundo inteiro, nos diferentes contextos socioculturais, mas também com isso a Igreja local, através de seus cardeais possa contribuir melhor com o Colégio Cardinalício, mas sobretudo com o Papa, de quem nós estamos ao serviço”. Ele vê como sinal de esperança essa pluralidade de origens dos próprios cardeais, algo que “tem um significado eclesiológico muito bonito, enquanto expressão da catolicidade da Igreja, essa pluralidade de origens dos próprios bispos, mas também tem uma dimensão pastoral, de ordem prática, de que com essa presença plural a Igreja possa realizar cada vez melhor a sua missão buscando sim a unidade, mas sempre respeitando a pluralidade dos contextos onde a missão acontece”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Verônica Rubi: “A verdadeira humildade, tem a ver com a modéstia, com a entrega e com o serviço”

Lembrando que neste vigésimo segundo domingo do Tempo Comum é o Dia Nacional do Catequista, Verónica Rubi inicia o comentário ao Evangelho, dizendo querer “lembrar, rezar e agradecer pela vida de nossos catequistas, essas pessoas que nos testemunham as verdades da fé, nos ajudam a conhecer o Amor do Pai, nos animam a seguir os passos de Jesus e nos ensinam a ser dóceis ao Espírito Santo, a Divina Ruah, a cada uma delas nossa gratidão”. Segundo a missionária leiga na Diocese de Alto Solimões, “o Evangelho deste domingo nos apresenta Jesus na casa de um fariseu, onde tinha ido a comer, aí observa as atitudes dos convidados e por amor a seus discípulos e a cada uma de nós, conta duas histórias, que também tratam de comida, mais que nos ajudam a refletir sobre nossas atitudes e motivações mais profundas”. Analisando a primeira parábola, Verônica diz que “nos fala de não ocupar o primeiro lugar, de não nos preocuparmos por reconhecimentos ou distinções, de não nos deixarmos consumir pelo desejo de poder como privilégio sobre outros. Nos fala de ocupar o último lugar, não em falsa humildade, ocultando a soberba e fingindo ser o que não somos, e sim na verdadeira humildade que é reconhecer que somos pequenos frente à grandeza de Deus. A verdadeira humildade, tem a ver com a modéstia, com a entrega e com o serviço, reconhecendo-nos irmãos e irmãs com a mesma dignidade por ser filhos de Deus”. A missionária, analisando a segunda parábola, destaca que “Jesus nos faz refletir sobre a motivação pela que fazemos as coisas, o que movimenta nossas ações? É o desejo de recompensa, de obter algo em troca?” Verônica destaca que “a parábola nos dá a dica da Felicidade que radica em partilhar a vida e fazer o bem a quem não poderá retribuir-nos, fala dos pobres, os aleijados, os coxos, os cegos, quem são eles na nossa vida, hoje? Com quem Jesus nos convida encontrar a felicidade? Nesta segunda parábola descobrimos a importância da Gratuidade, de fazer o bem por amor. Gratuidade e sinónimo de entrega, liberdade, amor desinteressado, maturidade, doação”. Finalmente, lembra que “as duas virtudes que o Evangelho nos traz, humildade e gratuidade, são o caminho para encontrar nosso lugar na festa da vida. Vamos com coragem e determinação a viver o Amor de Deus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Seguir Jesus “no caminho de sua missão”, chamado do Papa aos novos cardeias

Seguir Jesus é o chamado que todo batizado recebe, um chamado que com o decorrer dos anos vai se concretizando de diferentes modos, até chegar a assumir cargos, serviços, também na Igreja, que muitas vezes mostram que os caminhos de Deus sempre nos surpreendem. Ser cardeal tem se tornado algo diferente, uma afirmação que neste 27 de agosto ficou mais uma vez confirmada. Durante muitos anos as sedes cardinalícias se tornaram costume na vida da Igreja. Hoje, ser cardeal é algo que escapa às especulações, qualquer um pode ser cardeal, inclusive um dalit, um intocável no sistema de castas indiano, um bispo com pouco mais de mil católicos na sua diocese, que ainda diz não ter assimilado o que representa sua nova missão, ou alguém que mora no meio da floresta amazônica, e sente seu chamado como um elemento que impulsiona a nova tarefa que o Papa o tem encomendado. São as surpresas de um Papa que nas suas primeiras palavras como pontífice disse ter chegado do fim do mundo, algo que tem marcado sua vida, no seu jeito de viver e de agir, se deixando guiar pelos sonhos que nascem de Deus e se concretizam em caminhos novos para uma Igreja chamada a responder ao chamado do Espírito. O importante é assumir que “o Senhor chama-nos novamente a colocarmo-nos atrás dele, a segui-lo no caminho de sua missão”, segundo o Papa Francisco lembrou aos neo-cardeais. Uma missão que é serviço, enfatizou o Santo Padre, consequência do fato de ser enviados por Jesus, que “quer comunicar-nos a sua coragem apostólica, o seu zelo pela salvação de cada ser humano, sem excluir ninguém”. Seguindo a imagem do fogo, o Papa Francisco afirmou que em Jesus, “a misericórdia do Pai arde no seu coração”.  Ser cristão, também ser cardeal é assumir a “corrida missionária” presente no apóstolo Paulo, “guiada, sempre impulsionada pelo Espírito e pela Palavra”, um fogo presente na vida de “tantos missionários que experimentaram a cansativa e doce alegria de evangelizar, e cuja própria vida se tornou evangelho, porque acima de tudo foram testemunhas”, ressaltou o Bispo de Roma. Ele foi relatando como o fogo, que se torna presente nas brasas, acompanha a vida do povo de Deus, um Deus que é “mansidão, fidelidade, proximidade e ternura”. Um fogo das brasas que se fez presente na vida dos santos, colocando como exemplo São Carlos de Foucauld, mas também em tantos santos e santas que são presença de Deus “no local de trabalho, nas relações interpessoais, nas reuniões das pequenas fraternidades”, mas também na vida sacerdotal “entre o povo da paróquia”, na vida conjugal, na vida dos idosos. O Papa citou o exemplo dos cardeais Casaroli e Van Thuân, exemplos de amor nas grandes e nas pequenas coisas, afirmando que “este é o coração de um padre, o coração de um Cardeal”. Aos novos purpurados, o Papa Francisco chamou a voltar o olhar para Jesus, pois ele quer acender o fogo “novamente nas margens das nossas histórias diárias”. É ele que chama pelo nome e pergunta: “posso contar contigo?“. Aos poucos a universalidade da Igreja vai se tornando uma realidade explícita no colégio cardinalício, cada são mais os países que têm um cardeal entre seus cidadãos. Cardeais que parecem se perguntar o porquê Deus, Jesus e o Santo Padre querem contar com eles. As respostas irão aparecendo aos poucos, na simplicidade presente em quem não tem problema em se sujar as mãos para servir a esse povo simples que muitos deles pastoreiam, superando dificuldades que não dificultam, mas animam a ir além, sendo firmes na missão de uma Igreja que continua chamando pelos caminhos de Deus, sempre surpreendentes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encontro fraterno de formação dos missionários/as da Tríplice Fronteira: Brasil- Peru- Colômbia

O Espírito Santo já soprava e nos convidava a escutar o clamor dos pequenos e oprimidos quando em abril passado no final do nosso ultimo encontro dos missionários e missionárias da tríplice fronteira decidimos fazer o próximo momento em Atalaia do Norte. Os trágicos eventos que se sucederam foram o estopim da explosão que revelou para o Brasil e o mundo o quanto é preocupante e desafiadora a situação de insegurança e de descaso com os povos originários e ribeirinhos na nossa região. Com o intuito de antecipar uma Igreja sinodal na Amazônia fizemos nosso encontro com o tema a Sinodalidade e o grito de tudo e de todos pelo Bem Viver na tríplice fronteira. Nosso objetivo era escutar os indígenas e ribeirinhos, conhecer a realidade, dialogar e propor ações missionárias dentro do espírito sinodal para garantir a vida com sustentabilidade, dignidade, justiça e paz. O encontro aconteceu dias 23 e 24 de agosto na paroquia São Sebastião de Atalaia e 36 pessoas participaram. Lideranças indígenas expuseram e partilharam conosco suas vidas, culturas e desafios.  Queríamos ouvi-los para dar melhor resposta com uma evangelização encarnada. Precisamos conhecer mais para poder amar mais e melhor. Falaram os representantes do governo municipal, das associações dos indígenas e das organizações de mulheres. O representante dos ribeirinhos não pode se fazer presente. Os desafios são grandes porque o espaço é de 8,5 milhões de hectares. Habitado pelos mayurunas, matís, marubos, kurubos, canamaris e 23 referencias de indígenas isolados. É a segunda maior área demarcada do país. Existem fragilidades na vigilância pelo bom uso e preservação desse território. Falta um acompanhamento pedagógico para o cuidado do bioma, salvaguarda da cultura e retorno dos jovens que se formam na cidade para as aldeias. É preciso promover a geração de renda e uma economia justa e sustentável. Muitos indígenas se dedicam ao plantio da droga para obter dinheiro. Existe o esvaziamento das aldeias. O poder público não garante a segurança, a saúde, educação Muitos indígenas evadem para as cidades onde vivem como seres “invisíveis” aos olhos das autoridades e da população. Sua cultura, língua, pajelança, medicina, música e os saberes tradicionais são relegados pelos mais jovens. Assim o território é invadido pelos exploradores que encontram o espaço livre. O pedido feito a nós foi para nos aproximar mais dessa realidade indígena, participar das associações existentes, apoiar as iniciativas locais nas aldeias e nas cidades, promover capacitações técnicas, o retorno da pastoral da criança e da pastoral indigenista. Foi realçada a importância da interculturalidade e superar o conhecimento superficial e folclórico que temos dos povos originários. Que precisamos todos ter mais cuidado e preocupação com a natureza. Os indígenas e ribeirinhos precisam se organizar e trabalhar juntos no agro extrativismo sustentável, no manejo dos lagos, sempre focados na defesa da vida. Isso exige muito diálogo e calma para criar confiança e evitar violência. Foi relatado o caso dos ribeirinhos implantados nas “colocações”. Sempre trabalharam, cortavam a madeira e pescavam, mas ficavam endividados e nem casa própria tinham para morar, porque quem levava vantagem era quem negociava a produção. A floresta é a nossa família e todos os que a defendem são nossos “parentes”. A natureza é nossa mãe e somos filhos dela e do Deus Tamacuri. Somente pensando diferente seremos pessoas diferentes. O rio, ontem fonte de vida, hoje se tornou perigoso. Um rio sem lei, dominado pelos narcotraficantes. Os indígenas são os guerreiros da floresta, mas suas vidas e de seus líderes são ameaçadas e o medo reina. Os indígenas querem viver em paz e em harmonia. Tem vida, tem terra, tem água, tem alegria para todos, menos para os garimpeiros, madeireiros, caçadores, pescadores, fazendeiros que depredam e contaminam nossa Amazônia e os traficantes de pessoas que comercializam nossa gente. Os indígenas não atrapalham o progresso, mas não querem que sigamos com a lógica de destruição, roubo e morte da época colonialista. Foi relatado o caso do indígena que foi a São Paulo para um encontro e começou a sangrar pelo nariz devido a poluição. Que foi preciso ir um deles para Nova York para falar porque está acontecendo a mudança de clima e o aquecimento global. Ele lembrou que os jornais nos Estados Unidos estamparam que era hora de “Amazoniar a América”. Por isso temos que lutar todos pelo bem viver de todos. Temos que ficar de olho com as ações que causam danos para a natureza e as pessoas. O grito dos indígenas foi também para que ajudemos a dar as condições dignas para que possam permanecer nas suas aldeias e que essas áreas sejam efetivamente protegidas. O clamor deles tem a esperança de que chegue aos ouvidos dos brasileiros que têm o comando das forças armadas, que têm a missão de garantir a integridade do nosso povo e do nosso território. O grito lançado foi para que mais que construir e edificar igrejas, como fazem muitas denominações religiosas, precisamos construir um habitat saudável e amoroso e edificar pessoas novas que vivam com amor e em harmonia com tudo e com todos. Sempre respeitando a identidade dos povos originários e a sua força espiritual. Jesus orava, mas não vivia de joelhos. Ele não era sacramentalista e nem tradicionalista. Por isso, não devemos satanizar os ritos religiosos e culturais dos indígenas. O clamor final dos expositores foi que a nossa Igreja, através de seus organismos, faça ressonância desse grito em favor da proteção dos povos originários e do seu território em todos os níveis nacionais e internacionais. Foi preciso que pessoas que nos defendiam e que queríamos bem fossem mortas para o governo acordar e ver o nosso pesadelo. Temos que fazer mais e discursar menos. Nesse sentido e porque temos que ousar mais, primeirar, esperançar e amorizar e ouvir bem mais nossos povos originários, foi decidido fazer uma carta dirigida aos fiéis e autoridades das nossas Igrejas na tríplice fronteira para ecoar o grito desse povo sofrido.  A súplica foi: não nos deixem gritar só! Não desistam de lutar por nós! Ao final do…
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Um cardeal Franciscano e de Francisco

No dia 29 de maio, os primeiros raios de sol em Manaus traziam uma notícia que foi motivo de surpresa para muita gente. Na verdade, conhecendo a lógica do Papa Francisco, a escolha de um cardeal da Amazônia era algo esperado. Ele é um Papa que gosta de ter por perto àqueles que vivem nas periferias, pois é lá onde ele encontra as luzes para seu pontificado. Foi nesse dia que, mais uma vez sem avisar ninguém, o Papa Francisco convocou um novo consistório, que será realizado neste sábado, 27 de agosto, na Basílica de São Pedro. Entre os novos purpurados estará o Arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, a quem muitos já chamam o cardeal da Amazônia ou o cardeal da floresta. A nomeação de Dom Leonardo é mais um exemplo do que tem acontecido em todos os consistórios convocados até agora pelo Papa Francisco, onde sempre aparecem bispos de lugares desconhecidos e que nunca tiveram um representante dentro do Colégio Cardinalício. Pela primeira vez na história, um bispo da Amazônia terá uma vaga no Colégio Cardinalício. Desde o primeiro momento, Dom Leonardo deixou claro que sua nomeação não era algo que fizesse referência exclusiva a sua pessoa, e sim um serviço que assumia em nome da Igreja e dos povos da Amazônia. Uma região, uns povos e uma Igreja que ocupam um lugar importante no coração do Papa Francisco, que convocou um Sínodo para a Amazônia que está mudando a história da Igreja universal. Dom Leonardo é franciscano, a ordem fundada pelo Santo de Assis, que viveu e deixou como carisma o amor aos pobres e à Irmã Mãe Terra, algo que desde o início de seu pontificado foi assumido pelo primeiro Papa que assumiu o nome de Francisco. O Papa Bergoglio é um jesuíta com coração franciscano, grande amigo do Cardeal Hummes, o franciscano recentemente falecido, que dedicou os últimos anos de sua vida à Amazônia. Nos primeiros dias como Bispo de Roma, o Papa Francisco afirmou que ele gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres, e sua primeira encíclica, Laudato Si´, pode ser considerada uma atualização do vivido e defendido pelo Santo de Assis oito séculos atrás. São princípios que guiam a vida do novo cardeal, quem acostuma se encontrar e distribuir alimentos para os moradores de rua de Manaus. Um arcebispo que apoia decididamente o trabalho com os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas, que denuncia os graves impactos que sofre o bioma amazônico, em consequência da falta de respeito pelas leis e princípios ambientais. A nomeação de Dom Leonardo como cardeal é motivo de alegria, mas também de esperança, pois a Amazônia terá mais alguém entre os colaboradores mais próximos do Santo Padre. O colégio cardinalício contará com uma voz que, como já está fazendo desde que assumiu o pastoreio da Igreja de Manaus, vai defender a vida que se faz presente de modos tão diferentes na Querida Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar